A CADEIA PRODUTIVA E O AMBIENTE EXTERNO DA INDÚSTRIA DE MÓVEIS NO ESTADO DO PARÁ. 1



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Transcrição:

A CADEIA PRODUTIVA E O AMBIENTE EXTERNO DA INDÚSTRIA DE MÓVEIS NO ESTADO DO PARÁ. 1 Fernando Antônio Teixeira Mendes Antônio Cordeiro de Santana David Ferreira Carvalho Sérgio Castro Gomes RESUMO Este trabalho mostra o comportamento das variáveis relacionadas ao ambiente externo e a cadeia produtiva da indústria de móveis no Estado do Pará, como um dos componentes da competitividade desse setor. O estudo foi realizado na Região Metropolitana de Belém e no município de Paragominas, consideradas como representativas ao setor pesquisado. Uma das conclusões do trabalho, infere que a indústria de móveis no Estado do Pará ainda está em formação, e como tal, as influências externas mostram a necessidade do amadurecimento empresarial, e os elos da cadeia produtiva carecem de uma construção mais sedimentada. Palavras chave: Indústria de móveis cadeia produtiva competitividade. INTRODUÇÃO A indústria de madeira do Estado do Pará engloba uma gama bastante diferenciada de empresas e de produtos. Um grupo de empresas produz madeira beneficiada (tábua, barrotes, pranchas, etc.), outro grupo produz compensado e laminado de madeira, outro grupo produz artefatos (esquadrias, portas, janelas, perna manca, molduras para quadros, deck de piscina, utilidades de cozinha) e outro grupo produz móveis, casas pré-fabricados, modulados, etc. É comum encontrar empresas trabalhando com várias linhas de produtos, juntamente com serviços de carpintaria. Muitas destas empresas produzem apenas para o mercado de Belém e cidades do interior do Pará, em que o produto apresenta baixa qualidade. Neste universo de empresas, a grande maioria pertence ao setor informal. Por outro lado, é considerável o número de empresas que exportam para as Regiões Nordeste, Sudeste e Sul e para o mercado internacional. Todas estas empresas são formais e, muitas delas, empregam tecnologia moderna e o produto apresenta um alto padrão de qualidade. Este estudo está limitado em dois aspectos: um que analisa as empresas pesquisadas no que diz respeito ao seu ambiente externo, tendo como foco a variável informação a ligação mais próxima às perspectivas de mudanças para o setor de móveis; outro, que investiga a formatação da cadeia produtiva, buscando entender como as etapas da produção de móvies estão integradas. A compreensão desse processo e de sua aplicação é de grande valia para os empresários, profissionais de administração de empresas, economistas, instituições destinadas à formulação de políticas e instituições de desenvolvimento, como é o caso do Banco da Amazônia S.A. (BASA) e da Agência de Desenvolvimento da Amazônia (ADA), no sentido 1 Este trabalho é parte do projeto de pesquisa Organização e competitividade da indústria de móveis no Pará: 1990 2000, financiado pela FIDESA e coordenado pelos professores da UNAMA David Carvalho Ferreira e Antonio Cordeiro de Santana.

de oferecer base para a tomada de decisão no que tange à aplicação dos recursos do Fundo de Financiamento da Região Norte (FNO) em programas arrojados de desenvolvimento industrial sustentável. OBJETIVOS O objeto da pesquisa é a indústria de móveis de madeira do Pará. O destaque das empresas de móveis (dentro da indústria de madeira) está no fato de adicionar valor ao produto (madeira) por meio do aproveitamento total, até os menores pedaços, na utilização de estratégias empresariais arrojadas de administração (tipo o sistema just-in-time) e centrar esforço no treinamento e conscientização da mão-de-obra, para reduzir desperdícios e alcançar qualidade total para atender a um mercado global segmentado e os nichos de mercados identificados em nível nacional e internacional. Inicialmente, com relação ao ambiente externo, o estudo busca evidenciar a participação das empresas em entidades setoriais, sua relação com o crédito de terceiros (origem, formas e dificuldades), assistência técnica e gerencial, as estratégias da empresa para a sua manutenção nesse tipo de mercado, disponibilidade de informações e acompanhamento de tendências. Quanto à cadeia produtiva, estudou-se a relação das empresas de móveis com os fornecedores, clientes, exportação, comercialização, mercado e fatores de inserção, e planejamento futuro. PROBLEMA Como já informado nesse trabalho o objeto da pesquisa é a indústria de móveis de madeira do Pará. O destaque das empresas de móveis (dentro da indústria de madeira) está no fato de adicionar valor ao produto (madeira) por meio do aproveitamento total, até os menores pedaços, na utilização de estratégias arrojadas de administração (tipo o sistema just-in-time) e centrar esforço no treinamento e conscientização da mão-de-obra, para reduzir desperdícios e alcançar qualidade total para atender a um mercado global segmentado e os nichos de mercados identificados em nível nacional e internacional. A indústria de móveis de madeira vem contribuindo para manter o emprego no setor da indústria de madeira beneficiada e, por extensão, da indústria de extração de madeireira. Assim, é fundamental conhecer: como as empresas estão se estruturando para dar conseqüências às suas aspirações de manutenção no mercado? METODOLOGIA Área de estudo e base de dados Para o cálculo da amostra da presente pesquisa se optou em usar uma técnica de amostragem probabilística pelo fato de existir o cadastro de empresas que atuam na atividade de produção de móveis e por disponibilizar a variável número de funcionários, o que tornou possível o cálculo da dispersão do número de funcionários na Região Metropolitana de Belém e no município de Paragominas, usadas como unidades de estudo por serem as mais representativas no Estado do Pará para o setor de móveis. Área de abrangência

O levantamento foi realizado nos municípios de Região Metropolitana de Belém compreendendo Belém, Ananindeua, Marituba e no município de Paragominas. População alvo A população pesquisada é formada por todas as unidades empresarias que produzem móveis de madeira ou um produto conjugado de madeira com outros materiais e que atuam no mercado de maneira formal ou informal, sejam elas micro, pequenas, médias e grandes empresas. Cadastro utilizado O cadastro utilizado para determinação do nível de homogeneidade e seleção das amostras foi obtido junto ao SEBRAE e contempla as empresas que atuam de maneira formal e informal em cada um dos municípios. Vale ressaltar que foi feita uma correção de 20% no número de empresas do cadastro para que fossem contempladas as médias e grandes empresas do setor. Cálculo do tamanho da amostra Em função das limitações do cadastro do SEBRAE, se optou por usar a formulação do tamanho da amostra na amostragem aleatória simples para o caso de populações finitas definida por n = Z 2 2 Z S 2 S + e 2 2 N ( N 1) em que S = desvio padrão da média da amostra Z = valor da variável normal reduzida para o nível de confiabilidade desejado e = erro máximo admitido N = número de elementos da população n = número de elementos da amostra O tamanho das amostras da RMB e o município de Paragominas são apresentados na tabela abaixo para um nível de confiança de 95%. Tabela 1 Distribuição do tamanho amostral segundo os municípios Municípios População Erro amostral Tamanho da amostra RMB 337 1,94 32 Paragominas 45 2,15 26 Fonte: SEBRAE Instrumental de Pesquisa e Análise De posse da amostra desenvolveu-se um questionário com perguntas fechadas, aplicadas entre os empresários selecionados pela amostra, sendo em seguida feitas as análises tabulares de freqüências simples e relativa. DISCUSSÃO DOS RESULTADOS Ações no ambiente externo das empresas

A análise das empresas no que diz respeito ao seu ambiente externo tem na variável informação uma das peças que a liga às perspectivas de mudanças aqui também previsto as tendências nesse ambiente, dado a relação de dependência entre ambos (empresa e ambiente externo). Considera-se que a percepção dos sinais transmitidos pelo ambiente externo às empresas, cria a capacidade de se projetar estratégias de curto, médio e longo prazos, com vistas a permitir mobilidade no caso de mudanças repentinas. É oportuno destacar que é nessa inter-relação que as experiências entre os atores consegue avançar, fazendo com que todos criem um ambiente renovado para negociações mais permanentes no mercado. Muito embora seja uma decisão interna na empresa, fazer parte das entidades de classe que abriguem seu segmento permitem fazer as primeiras relações externas, mesmo que seja entre concorrentes. Nesse estudo, verificou-se uma igualdade entre aqueles que participam (50%) e não participam (50%) de associações ou entidades setoriais. Entre aquelas que responderam positivamente (Tabela xx), destacaram-se os que pertencem às Cooperativas de Produção (32,6%) e às Associações de Classe (28,3%). Não muito distante dessas duas preferências, aparecem em igualdades de condições os que participam de Sindicatos de produtores e a outras Associações do setor de móveis (17,4%). Tabela 2 Sua empresa participa de associações ou entidades setoriais? Sindicatos e produtores 8 17,4 Cooperativas de produção 15 32,6 Associações de classe 13 28,3 Consórcio / Cooperativo de vendas 2 4,3 Outras associações do setor de móveis 8 17,4 Total 45 100,0. É notório que estar vinculado a uma entidade de representação, facilita as interações entre os diferentes níveis de contatos da empresa, quer seja no âmbito privado ou governamental; a prudência aponta para ações coordenadas, desse modo é fundamental que a consciências associativa seja uma tônica entre os empresários da indústria de móveis no município de Paragominas. Tabela 3 Quais as três principais dificuldades de acesso ao credito? Falta de documentação 20 9,4 Prazos de pagam curtos 25 11,8 Encargos financeiros altos 26 12,3 Restrição cadastral 17 8,0 Projeto incompleto 3 1,4 Exigência de garantias 37 17,5 Juros Elevados 39 18,4 Falta de relacionamento bancário 16 7,5

Nenhuma dificuldade 2 0,9 Outros 27 12,7 Total 212 100,0 Como parte de uma política econômica que tem prejudicado o setor produtivo, os juros elevados aparece como o mais importante, representando 18,4% dos entrevistados. Mesmo sem saída para levantar fundos alternativos, o fato dos bancos serem muito exigentes quanto às garantias, são para 17,5% dos entrevistados também um fator bloqueador no acionamento desse instrumento. Também foram relevantes os encargos financeiros muito altos (12,3%), o curto período de tempo para pagamento de empréstimos (11,8%) e, outras causas (12,7%), cuja mais referenciada foi o excesso de burocracia (70,4%) entre a intenção e obtenção do crédito. Constatou-se que na área de estudo a utilização do crédito de terceiros (bancário) ainda não é uma prática corriqueira. Quando se referenciou a tomada de crédito nos últimos cinco anos, especificando-se o de curto prazo (capital de giro), apenas 17,4% das empresas acionaram esse sistema; se de longo prazo, somente 24,4% das empresas tiveram acesso. Entre as empresas que tiveram acesso a empréstimos de curto e longo prazo, 26,9% veio de pessoas física, em igual participação relativa (15,4%) o acesso foi feito de pessoa jurídica e empréstimos de bancos oficiais (BASA, BB, BNDDES, CEF e Bancos Estaduais). É importante ressaltar que opções como FNO, Banco do Povo, Desconto de Duplicatas e SUDAM, enquadradas nessa pesquisa como outro tipo de origem de crédito, foram acionadas por 19,2% dos empresários entrevistados, sendo que o FNO participou com 40% desse total (Tabela 4 e 5). Tabela 4 Qual a origem dos empréstimos? Empréstimo de pessoa física 7 26,9 Empréstimo de pessoa jurídica não bancária 4 15,4 Empréstimo de Bancos Privados 3 11,5 Empréstimo de Bancos Oficiais (BASA, BB, BNDES, CEF, Bancos Estaduais) 4 15,4 Crédito bancário direto ao consumidor 3 11,5 Outro 5 19,2 Total 26 100,0 Tabela 5 Outras formas de empréstimo Modalidade Freqüência Percentual FNO 2 40,0 Banco do Povo 1 20,0 Descontos de duplicatas 1 20,0 Sudam 1 20,0 Total 5 100,0

Mesmo tendo tido acesso ao crédito, outras barreiras são encontradas, agora na liquidação do empréstimo. Para esse caso, também é nos juros elevado que se concentra a preocupação de 26,5% dos empresários entrevistados; seguido pelo prazo (curto) de pagamento (17,6%) e, para 14,7% dos entrevistados a que na demanda por móveis também é um fator que tem determinado o cumprimento de suas obrigações na liquidação do crédito (Tabela 6). Tabela 6 Quais as três principais dificuldades para liquidação do crédito? Juros elevados 36 26,5 Lucro efetivo menor que o lucro esperado 11 8,1 Retração do mercado 16 11,8 Crise econômica nacional 14 10,3 Crise econômica mundial 1 0,7 Queda na demanda por móveis 20 14,7 Prazos de pagamentos curtos 24 17,6 Divergências entre os fluxos de vendas e os de pagamentos dos créditos 10 7,4 Outros 4 2,9 Total 136 100,0 Um fator importante na dinamização das empresas de um modo geral, é a preocupação quanto ao seu assessoramento técnica e/ou gerencial. O setor moveleiro encontra-se ainda na sua fase embrionária de organização, portanto ressente-se de aportes externos que possam proporcionar melhores e mais rápidos conhecimentos inerentes a essa atividade, requerendo assistência sistemática e de qualidade. A despeito dessa necessidade, somente 33,7% dos empresários recebem algum tipo de assistência técnica ou gerencial, e desse total 96,6% vem do SEBRAE, isso pode ser traduzido em liderança de governança no setor, o que repercutirá em vantagens competitivas aos seus filiados (Tabelas 7 e 8). Tabela 7 Recebe algum tipo de assistência técnica ou gerencial? Itens de resposta Freqüência Percentual Sem resposta 1 1,2 Sim 29 33,7 Não 56 65,1 Total 86 100,0 Tabela 8 Outro tipo de assistência técnica ou gerencial

Qual? Freqüência Percentual Sebrae 28 96,6 ASTRA (Prof. Raimundo Cabral) 1 3,4 Total 29 100,0 Das empresas que não recebem nenhum tipo de assistência técnica e/ou gerencial (65,1%), identificou-se três dificuldades importantes: existem aquelas que mesmo conhecendo os serviços nunca os procurou (31,3%), constituindo-se numa decisão bastante controversa haja vista a constatação de que um pólo moveleiro ainda está no seu embrião, portanto carente em assistência técnica; para 25,3% os serviços disponíveis pelas entidades de classe ou pelos governos, são totalmente desconhecidos, implicando em falta de divulgação; e, também pode ser encontrado aquelas empresas que apesar de procurarem os serviços, concluem que tais serviços não se adequam às suas necessidades (22,9%), indicando uma falta de orientação aos empresários, o que reflete uma ação mais efetivas de coordenação dos poderes constituídos que fazem parte da cadeia produtiva de móveis, buscando estimular sua organização, objetivando diminuir a sua vulnerabilidade (Tabela 9). Tabela 9 Quais as duas principais dificuldades para receber assistência técnica/gerencial de entidades governamentais e não governamentais (Sebrae, Senai, Embrapa, Universidades)? Não conhece os serviços disponíveis 21 25,3 Não possui pessoal técnico qualificado para receber a assistência 2 2,4 Conhece os serviços mais nunca procurou 26 31,3 Centro de apoio técnico/gerencial estão em locais distantes 4 4,8 Encontrou dificuldades de acesso (entraves burocráticos, dificuldades de comunicação, etc.). 19 22,9 Procurou os serviços acima, mas estes não foram considerados adequados às necessidades. 5 6,0 Teme que estes serviços sejam onerosos 6 7,2 Total 83 100,0 Como a via de negócios incluindo a exportação, foi detectada no setor moveleiro das empresas estudas, é óbvio que as exigências desse mercado estejam de alguma forma transformando o pensar do empresário, e assim, fazendo-o rever suas estratégias de produção. Com relação às exigências internas e externas, as normas técnicas para os produtos destaca-se como a mais importante (28,1%), acompanhada pelas exigências de proteção ambiental (24,6%), o padrão de embalagem (22,8%) e as normas técnicas da série ISO (15,8%) (Tabela 10). Tal resultado corrobora com aqueles apontados nos estudos da Abimovel quando analisou o panorama nacional da indústria de móveis no Brasil, apontando esse setor como de grande informalidade, gerando ineficiências em toda a cadeia industrial, dificultando, dentre outras coisas, a introdução de normas técnicas para a padronização de móveis.

Tabela 10 Que exigências do mercado (nacional/internacional) para exportação incidem sobre principais produtos? Três principais exigências Freqüência Percentual Normas Técnicas para o Produto 16 28,1 Exigências de proteção ambiental 14 24,6 Padrão de embalagem 13 22,8 Normas técnicas de processo (série IS0) 9 15,8 Nenhuma 3 5,3 Exigências fitossanitárias/toxicológicas 1 1,8 Outras 1 1,8 Total 57 100,0 Manter-se num mercado onde a cooperação e a organização ainda são muito insipientes, requer um mínimo de estratégia. Desse modo, a pesquisa tentou inferir qual tem sido o comportamento dos empresários nessa preparação. Contatou-se que fazer investimento na qualidade do produto (16%) e identificar o comportamento do consumidor (13,6%), são as duas estratégias mais argüidas pelos empresários. Outras estratégias, tais como: propagando e marketing, diferenciação de produto, treinamento e pesquisa de preços da concorrência, também devem ser efetivadas (Tabela 11). Tabela 11 Quais estratégias sua empresa utiliza para se manter no mercado (nacional/internacional)? Propaganda e marketing para vender o produto no mercado 7 8,6 Pesquisa para identificar o comportamento do consumidor 11 13,6 Fazendo investimento em qualidade do produto 13 16,0 Fazendo a diferenciação de produtos com mesma qualidade 7 8,6 Utilização de tecnologia para aproveitar matéria-prima e reduzir custos 5 6,2 Investindo no treinamento de mão-de-obra 7 8,6 Realização de pesquisa de preços dos concorrentes 7 8,6 Atendimento aos padrões de qualidade e de não agressão ao meio ambiente 7 8,6 Outros 17 21,0 Total 81 100,0

Como já verificado em discussão anterior, num mercado competitivo acompanhar suas tendências torna-se indispensável na inserção/manutenção das empresas. Para os empresários do setor moveleiro estudado, 28,6% utilizam-se das feiras e congressos, 25% de informações repassadas pelos clientes e 23,2% acompanham as tendências do mercado por revistas técnicas (Tabelas 12). Como conseqüência do perfil do setor, um percentual expressivo de empresários não faz qualquer tipo de acompanhamento (13,4%), permitindo-se inferir que sua vulnerabilidade em relação a concorrentes mais interessados é maior. Fica muito difícil esperar que esse tipo de empresa possa vir galgar melhores e maiores espaços entre seus pares. Tabela 12 Como a empresa acompanha as tendências do mercado (nacional/internacional)? Através de feiras e congressos 32 28,6 Revistas técnicas 26 23,2 Informações repassadas pelos clientes 28 25,0 Fornecedores de equipamentos e insumos 8 7,1 Não acompanha 15 13,4 Outros 3 2,7 Total 112 100,0 Como já discutido anteriormente, este é um setor nos seus primórdios. Sendo assim, as ocorrências no local ainda são aquelas que mais o influenciam. Constatando tal fato, verificou-se o sistema de informação segue estritamente essa tendência. Na Tabela 13 verifica-se que a busca e disponibilidade de informações estão concentradas na região onde esta se desenvolvendo o setor moveleiro, pois 21,9% das empresas tem informação dos concorrentes locais, 18,7% dos fornecedores locais, 16,6% dos preços praticados pelas empresas locais e 12,3% dos clientes locais. Tabela 13 Disponibilidade de informações sistemáticas e regulares das empresa moveleiras. Concorrentes locais 41 21,93 Concorrentes em outros estados 5 2,67 Preços praticados pelas empresas locais 31 16,58 Fornecedores locais 35 18,72 Fornecedores em outros estados 5 2,67 Preços praticados por grandes empresas 8 4,28 Clientes locais 23 12,30 Clientes em outros estados 4 2,14 Clientes internacionais 1 0,53 Processos produtivos e tecnologias 7 3,74 Índices econômicos globais e setoriais 1 0,53 Não dispõe 26 13,90

Total 187 100,00 Cadeia produtiva da indústria de móveis no Pará Segundo Michellon (1999), o termo cadeia produtiva vem sendo mais utilizado nas análises ligadas ao setor rural, podendo-se, de antemão, afirmar que o agribuisiness representa o aspecto coletivo da agropecuária, enquanto a cadeia produtiva representa o aspecto singular, ou seja, quando se fala em agribusiness, complexo agroindustrial ou sistema agroindustrial refere-se ao todo, e quando se fala em cadeia produtiva refere-se a um produto em particular. Santana e Amin (2002), citando a definição tradicional de agribusiness apresentada por Davis & Goldeberg (1957), também propugnam da mesma idéia quando afirmam que quando o foco da análise atinge apenas um produto específico, como se fosse um recorte dentro do agronegócio, tem-se o conceito de cadeia produtiva. Também é dos mesmos autores a contribuição de que tal conceito, por ser aderente às relações de insumo-produto e aos conceitos de encadeamentos retrospectivos e prospectivos, são mais abrangentes já que analisam o fluxo de ligações intersetoriais a partir de quatro segmentos de atividades, quais sejam: as fornecedoras de insumos e bens de capital, as de produção propriamente dita, as de armazenamento e processamento agroindustrial e as de distribuição, assistência técnica, suprimento financeiro e suporte a pesquisa. Afirmam ainda que é necessário atualizar essa concepção de agronegócio, tornando-a mais dinâmica com a incorporação de mais duas dimensões: aquelas relacionadas às instituições e órgãos de governo relacionados ao agronegócio e a coordenação vertical e dinâmica competitiva das atividades produtivas. Tabela 14 Qual o número de fornecedores de matéria-prima, insumos e serviços regulares para sua empresa? Numero de fornecedores Freqüência Percentual Sem resposta 1 1,2 1 1 1,2 2 16 18,6 3 10 11,6 4 15 17,4 5 11 12,8 6 5 5,8 7 10 11,6 8 6 7,0 10 3 3,5 14 1 1,2 19 1 1,2 20 2 2,3 35 1 1,2 40 1 1,2

50 1 1,2 60 1 1,2 Total 86 100,0 Especificamente, para os fins a que se destina esse estudo, tem-se que cadeia produtiva de móveis no Estado do Pará tem no fornecimento da matéria prima uma das principais vantagens, já que a sua participação na concepção do produto final o móvel em termos médios, não se constitui em obstáculo à produção. Com relação aos fornecedores de matéria prima para o setor moveleiro na área estudada, a pesquisa identificou que em relação à quantidade existe uma variabilidade muito grande. Acredita-se que pelo fato do setor ainda estar em formação, e conseqüentemente pouco organizado no que diz respeito às compras, essa situação pode ser tida como normal. Os dados mostraram número de fornecedores, em média, está variando entre 1 e 8 (Tabela 14), existindo ocorrência de até 60 fornecedores. Nesse mesmo aspecto, verificou-se que as empresas têm se relacionado mais freqüentemente com o comércio varejista (36,1%) e com as serrarias (31,9%), e já começando a existir uma certa influência dos fornecedores que trabalham com laminado e compensado (13,3%) (Tabela 15). Para Abmovel, a carência de fornecedores experientes no plantio especializado, assim como no processamento primário e secundário de madeira, constitui-se também numa dificuldade para difusão de novas matérias-primas para confecção do móvel. Mesmo tendo uma participação pequena dos fornecedores de MDF (3%), é importante a constatação do fornecimento dessa modalidade de matéria-prima, pois segundo a Abimovel com o seu surgimento no Brasil apenas em 1997, e com utilização restrita às grandes empresas, tal comportamento tem sido diferente na região estudada já que a maioria das empresas estudadas enquadrou-se entre mini e pequenas, demonstrando que existe uma busca entre os empresários da modernidade que o setor oferece. Tabela 15 Com que tipo de fornecedor sua empresa se relaciona com mais freqüência? Comércio varejista 60 36,1 Comércio atacadista 12 7,2 Serrarias 53 31,9 Empresa de laminado / compensado 22 13,3 Micro e/ou pequena empresa industrial 10 6,0 Média e/ou grande empresa industrial 4 2,4 Empresas de placa de madeira-mdf 5 3,0 Total 166 100,0. Essa integração poderia estar relacionada com a ação dos fornecedores sobre as empresas do setor moveleiro. Contudo, parece não ser essa a razão principal, pois ao se investigar os critérios na seleção dos fornecedores esse parâmetro não aparece como um dos indicadores. Na Tabela 16, que discrimina os critérios de seleção, constata-se que o preço da

matéria-prima é o mais importante para 30,3% das empresas pesquisadas, vindo logo em seguida a qualidade do produto, isso para 25,9% das mesmas empresas. Merecem destaque, também, com relação aos critérios de seleção dos fornecedores, as condições de pagamento oferecidas (14,7%) e a pontualidade da entrega (10,8%). Tabela 16 Quais os principais critérios de seleção dos fornecedores de matéria-prima para sua empresa? Critérios de seleção Freqüência Percentual Preço da matéria-prima 76 30,3 Qualidade do produto 65 25,9 Pontualidade na entrega 27 10,8 Atendimento 16 6,4 Únicos no mercado 2 0,8 Condições de pagamento 37 14,7 Menor prazo de entrega 6 2,4 Confiança / conhecimento 19 7,6 Flexibilidade (na especificação do insumo). 1 0,4 Outros 2 0,8 Total 251 100,0 Em relação aos seus clientes, as empresas concentram suas ações, principalmente, no consumidor final (46,7%), no comércio varejista (21,8%) e de forma ainda tênue nas estruturas governamentais (10,3%) (Tabela 17). É possível que a retração econômica vivida atualmente no país tenha empurrado as empresas para o tratamento direto, ou seja: suas empresas usando a venda direta ao consumidor. Uma outra contribuição a essa constatação está no fato de 91,9% das empresas estudadas não se relacionam com grandes empresas, e quando isso acontece, ou são subcontratadas para fornecer produtos acabados (2,3%) ou é ocasionalmente contratada para o fornecimento de matéria prima (3,5%) Tabela 17 Defina o tipo dos três principais clientes da sua empresa? Comércio varejista 36 21,8 Comércio atacadista 7 4,2 Grande empresa de móveis 4 2,4 Comercial exportadora 1 0,6 Consumidor final 77 46,7 Governo 17 10,3 Micro e/ou pequena empresa industrial 5 3,0 Empresa prestadora de serviço 8 4,8 Outros 10 6,1 Total 165 100,0

Com relação ao mercado, verificou-se que o mesmo se concentra no nível local. Quando se tenta inferir sobre o comércio de móveis das empresas com outros Estados, contata-se que 46,5% não vende para outra região e 36% das empresas nem sabem responder a essa questão. Dos que mantém negócios interestaduais (17,5%), procedem assim entre 1 e 5 anos (Tabela 18), sendo que suas ações estão dirigidas para as Regiões nordeste (14%), sudeste (2,3%) e sul (1,2%) (Tabela 19). Tabela 18 Há quanto tempo sua empresas vende no mercado nacional? Sem resposta 31 36,0 Menos de 1 ano 1 1,2 De 1 a 2 anos 4 4,7 De mais de 2 a 5 anos 5 5,8 Mais de 5 anos 5 5,8 Não vende para outra região 40 46,5 Total 86 100,0 Tabela 19 Qual a base de mercado de seus produtos no mercado nacional? Itens de resposta Freqüência Percentual Sem resposta 71 82,6 Região nordeste 12 14,0 Região Sudeste 2 2,3 Região Sul 1 1,2 Total 86 100,0 Muito embora a grande maioria das empresas moveleiras da região estudada ainda não mantenha negócios em nível nacional, 74,4% têm como planejamento futuro penetrar nesse mercado (Tabela 20). Tabela 20 A venda para outra região faz parte dos planos da sua empresa? Sem resposta 2 2,3 Sim 64 74,4 Não 20 23,3 Total 86 100,0 Das empresas pesquisadas somente 7% exportam seus produtos, sendo 5,8% de forma direta e 1,2% através de outras empresas industriais (Tabela 21). Os países na União Européia, do Pacto Andino e do Caribe são a base dos principais clientes. Talvez sem

perceber, o setor moveleiro do Estado está seguindo a tendência nacional, no que se refere ao destino do produto para o mercado externo. Em dados apresentados pela Abmovel, as exportações brasileiras são pouco diversificadas, sendo que 10 países absorvem mais de 80% do total das exportações, sendo que a Europa (50%) lidera as importações. O que pode se constituir uma novidade como mercado, são as negociações já iniciadas com o Caribe. Uma inferência importante foi a que para 54,7% das empresas pesquisadas a exportação faz parte do seu planejamento futuro. Tabela 21 Se sua empresa exporta, como realiza? Sem resposta 80 93,0 Diretamente 5 5,8 Por outras empresas industriais 1 1,2 Total 86 100,0 Além dos fatores como escala, qualidade do produto e infraestrutura adequada como pré-condição para o estabelecimento de negócios internacionais, a pesquisa constatou que dos três principais fatores que favorecem a inserção das empresas no mercado internacional, o preço é o principal deles (24%), seguido pela qualidade do produto (22,4%) e o prazo de entrega (16%) (Tabela 22). Evidentemente que, dado o porte da maioria das empresas desse setor, tais fatores constituem-se em óbices de inserção, já que eles predominam apenas nas médias e grandes empresas. Tabela 22 Quais os três principais fatores que favorecem a inserção da sua empresa nos mercados nacional/externo Preço competitivo 30 24,0 Qualidade do produto 28 22,4 Prazo de entrega 20 16,0 Tipo de produto 16 12,8 Apoio do governo 7 5,6 Infra-estrutura adequada 5 4,0 Acesso à assistência técnica 4 3,2 Disponibilidade do produto para entrega 4 3,2 Outros 3 2,4 Participação em feiras e exposições 2 1,6 Baixos custos de produção 2 1,6 Logística eficiente de transporte 1 0,8 Canal de comercialização adequada 1 0,8 Embalagem 1 0,8 Energia e telecomunicação 1 0,8 Total 125 100,0

Dos outros fatores considerados por 2,4% das empresas entrevistadas, 25% delas consideram a Pronta Entrega com aquele que a insere no mercado, quer seja nacional ou externo; os demais (75%), declinaram Não fazer parte desses mercados. Como um setor em formação, muitos são os problemas a serem superados, principalmente no que se refere ao acesso a outros mercados. A pesquisa procurou identificar os cinco mais importantes entre as empresas participantes do estudo, dentre os vários enumerados (Tabela 23) a falta de financiamento para o setor moveleiro foi o mais destacado (17,2%), seguido pela a burocracia excessiva (11,3%), traduzida pelas tradicionais exigências do governo federal quanto à documentação, classificação de produto, selos, etc., com reflexos mais agudos nas micro e pequenas empresas que, via de regra, estão desassistidas quanto à documentação e registros da empresa, indicando que urgência uma melhoria no sistema de orientação que é prestado pelas entidades de classe e os governos federal, estadual e municipal. Uma das possibilidades nos elos que compõem as diferentes tipologias de cadeias produtivas é a subcontratação da produção ou serviços. Refere-se principalmente ao repasse de tarefas a outra empresa por diferentes motivos incapacidade operacional, tempo, mão-deobra suficiente e capaz, etc. Tabela 23 Atualmente quais são os cinco principais problemas do acesso a outros mercados (nacional/externo) Falta financiamento 61 17,2 A burocracia é excessiva 40 11,3 Falta de publicidade 34 9,6 Falta de contato com representações estrangeiras e, no Brasil, dificuldades em associar-se com sócios estrangeiros. 24 6,8 Desconhecimento de quem são os importadores no exterior e de como acessá-los 24 6,8 Custos portuários ou de transportes elevados 21 5,9 Exigências de normas técnicas 20 5,6 Falta de participação em feiras ou em exposições internacionais 20 5,6 Desconhecimento dos procedimentos administrativos 17 4,8 Insuficiência do volume de mercadorias a ser exportado 15 4,2 Outro 13 3,7 O produto não tem preço competitivo 11 3,1 As barreiras alfandegárias impedem 10 2,8 Exigências legais dos clientes 10 2,8 A especificação do produto da empresa não é adequada 8 2,3 O tipo de produto da sua empresa não tem mercado externo 7 2,0 A empresa não desenvolve um controle de qualidade compatível 7 2,0 Embalagem ou acondicionamento inadequados 5 1,4 Dificuldades no cumprimento de prazos contratuais 5 1,4 Design do produto inadequado 3 0,8 Total 355 100,0

Com referência a indústria de móveis na região estudada este tipo de alternativa não é muito acessada pelos empresários do setor. Como pode ser verificado nos dados dipostos na Tabela 24, 88,4% dos entrevistados negaram usar essa possibilidade como meio de produção. Tal efeito pode estar relacionado ao tamanho médio das empresas (mini), bem como a recessão em que se encontra o setor, não permitindo grandes demandas por móveis à ponto de se discutir a necessidade de sub contratação de produção e serviços. Tabela 24 Sua empresa subcontrata a produção ou os serviços de outra empresa? Sim 10 11,6 Não 76 88,4 Total 86 100,0 Mesmo entre aquelas que se utilizam da sub contratação (11,6%), poucas são as empresas requisitadas para tal: em 60% dos casos, apenas uma empresa é sub contratada; chegando ao máximo de 4 sub contratadas para 10% dos caso (Tabela 25). Tabela 25 Quantas são as sub contratadas? Numero de subcontratadas Freqüência Percentual 1,00 6 60,0 2,00 3 30,0 4,00 1 10,0 Total 10 100,0 Ainda analisando aquelas empresas que se utilizam da sub contratação, é importante averiguar em que área está a sua atuação. Assim, a pesquisa permitiu aferir que em 40% dos casos a prestação de serviços na área de contadoria é aquela mais requisitada, seguida do de vidraçaria com 20%, além do serviço de refeição, contabilidade, metalúrgica/tapeçaria e madeira no varejo (Tabela 26). Tabela 26 Qual o ramo de atividade da sub contratada (móveis, vendas varejo, etc)? Serviços subcontratados Freqüência Percentual Contador 4 40,0 Madeira varejo 1 10,0 Escritório de contabilidade 1 10,0 Vidraçaria 2 20,0 Refeição 1 10,0 Metalúrgica /Tapeçaria 1 10,0 Total 10 100,0

Especificando a parte referente à produção de móveis, cujo destaque se dá pela disponibilidade da matéria-prima, investigou-se em que percentual ela era adquirida de outras empresas. Observou-se que das empresas que sub contratam produtos e serviços (10 empresas representando 11,6% do universo pesquisado), todas assim procedem e apenas uma recorre a sub contratação na razão de 10% da necessidade de sua matéria-prima (Tabela 27). Tabela 27 Qual o percentual da matéria-prima que é adquirido de outras empresas? Percentual de matéria-prima Freqüência Percentual 10,00 1 9,1 100,00 10 90,9 Total 11 100,0 CONCLUSÃO O estudo evidenciou que os empresários ainda estão aprendendo a viver num ambiente competitivo, onde a troca de informações, por mais contraditório que possa parecer, acaba sendo um fator de sucesso de seu empreendimento. Constatou-se que o fato deles já se encontrarem em formas associativas, quer seja em sindicatos, associação ou cooperativa de produção, pode servir como alavanca para decisões de produção mais modernas, tal como a compra conjunta e sistemática de matéria-prima e/ou insumo. Verificou-se também que a maioria dos investimentos do setor ainda é feito sem uma forte participação do poder público, haja vista que a maior parte do crédito vem de empréstimo de pessoa física (26,9%) ou jurídica não bancária (12%). Aliado a esse fato, as dificuldades de acesso ao crédito oficial está associado aos juros elevados e prazos inconsistentes ao retorno do investimento. Outro resultado interessante da pesquisa foi a constatação de, mesmo sendo uma atividade em desenvolvimento, a assistência técnica (ou gerencial) não é acessada por cerca de 65% dos empresários. Na cadeia produtiva o elo relacionado ao fornecimento de matéria-prima mostrou-se vantajoso, pois não aparece como obstáculo à produção. Existe uma gama de fornecedores (serrarias, varejistas, etc.) onde a média pode varia de 1 a 8, chegando ao máximo de 60, nas empresas demandantes. A seleção desses fornecedores é feita principalmente a partir do preço e da qualidade do produto ofertado. Quanto aos clientes, a maioria das empresas (47%) trabalham diretamente com o consumidor final, sem contudo, perderem seus nichos com os varejistas (22%) e o Governo (10%).

O mercado local ainda é aquele em que as empresas do setor investem mais as suas vendas. Entretanto, já planejam começar a expansão para mercados fora das fronteiras do Estado; somente 7% já estão exportando. A sub-contratação de trabalho na produção aparece como um dos elos da cadeia produtiva de móveis (12%), onde as deficiências na estrutura empresarial aparece como o principal fator na concepção desse tipo de estratégia. BIBLIOGRAFIA DAVIS, J. H.; GOLDEBERG, R. A. A concept of agribusiness. Boston : Havard University, 1957. MICHELLON, E. Cadeia Produtiva & Desenvolvimento Regional: uma análise a partir do setor têxtil do algodão no nordeste do Paraná. Maringá (PR) : Clichetec, 1999. 222p. SANTANA, A. C. de; AMIN, M. M. Cadeias produtivas e oportunidades de negócios na Amazônia. Belém (PA) : UNAMA, 2002. 454p.