AVALIAÇÃO DO CONSUMO DE CÁLCIO EM



Documentos relacionados

ALIMENTAÇÃO SAUDÁVEL NA INFÂNCIA

Osteoporose Prevenção e Tratamento

Dossier Informativo. Osteoporose. Epidemia silenciosa que afecta pessoas em Portugal

NUTRIÇÃO DE GATOS. DUTRA, Lara S. 1 ; CENTENARO, Vanessa B. 2 ; ARALDI, Daniele Furian 3. Palavras-chave: Nutrição. Gatos. Alimentação.

1,ROT000LO :11_ SP :8/NOW201: 18:

Nutrientes. E suas funções no organismo humano

4º ano. Atividade de Estudo - Ciências. Nome:

Teste seus conhecimentos: Caça-Palavras

PROMOVENDO A REEDUCAÇÃO ALIMENTAR EM ESCOLAS NOS MUNICÍPIOS DE UBÁ E TOCANTINS-MG RESUMO

Maio Mais saúde e bem estar para você e seus colaboradores. Maior produtividade para sua empresa.

NECESSIDADES NUTRICIONAIS DO EXERCÍCIO

A DIETA CERTA SAÚDE IATE

Uso de suplementos nutricionais por idosos praticantes de atividades físicas em Bambuí e Uberaba.

ESTRESSE OCUPACIONAL SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHO

VITAMINA K2. Saúde Óssea e Cardiovascular

Vida saudável. Dicas e possibilidades nos dias de hoje.

Congregação das Filhas do Amor Divino

Análise Nutricional do Contador de Pontos (Carinhas)

E L R O R B ETSE SO L O R C FALAS O VAM

Reabilitação fisioterapêutica do idoso com osteoporose

Apresentação. O que significam os itens da Tabela de Informação Nutricional dos rótulos

MEDICINA PREVENTIVA HÁBITOS ALIMENTARES

Lara Ribeiro Sisti Luisa de Albuquerque Philippsen Laudicéia Soares Urbano INTRODUÇÃO

Para não cair, a melhor dica é se prevenir.

EDUCAÇÃO NUTRICIONAL NA INFÂNCIA: INTRODUÇÃO DOS VEGETAIS NA REFEIÇÃO DAS CRIANÇAS

Alterações dos tecidos ósseo e articular na terceira idade. Fluxo do conteúdo. Fluxo do conteúdo. OSTEOPOROSE Caracterização

AVALIAÇÃO NUTRICIONAL DE ÍNDIVIDUOS IDOSOS

ESTADO D O AMAZONAS CÂMARA MUNICIPAL DE MAN AUS GABINETE VEREADOR JUNIOR RIBEIRO

IMPORTÂNCIA DA EDUCAÇÃO NUTRICIONAL NA INFÂNCIA

QFase REVISTA TJ 11. Tiago Elias Junior. Volume 02 julho/2014 Ano 1 Bebedouro SP. Redator chefe. Experiências. Bebe da Semana. Obesidade infantil

Nathallia Maria Cotta e Oliveira 1, Larissa Marques Bittencourt 1, Vânia Mayumi Nakajima 2

Redações vencedoras II Concurso de Redação (2014)

LEVANTAMENTO DOS FATORES DE RISCO PARA OSTEOPOROSE E QUEDAS EM VISITANTES DO ESTANDE DA LIGA DE GERIATRIA E GERONTOLOGIA DO XVI ECAM

Tipos de Diabetes e 10 Super Alimentos Para Controlar a Diabetes

10 Alimentos importantes para sua saúde.

Hábitos alimentares e estilo de vida saudáveis

Fenilcetonúria Tratamento e Acompanhamento Nutricional

SUMÁRIO OBESIDADE...4 OBESIDADE EM ADULTOS...5 PREVENÇÃO...6 EM BUSCA DO PESO SAUDÁVEL...7 TRATAMENTO...9 CUIDADOS DIÁRIOS COM A ALIMENTAÇÃO...

Tipos de Câncer. Saber identifi car sinais é essencial.

PRIMEIRA FRATURA. FAÇA COM que A SUA SEJA A SUA ÚLTIMA.

Hábitos saudáveis na creche

Nós precisamos de beber água para sobreviver!... A. água representa cerca de 60 a 70% do peso corporal e é. do organismo ocorram adequadamente.

Alimentação Saudável

Dietas Caseiras para Cães e Gatos

OS 5 PASSOS QUE MELHORAM ATÉ 80% OS RESULTADOS NO CONTROLE DO DIABETES. Mônica Amaral Lenzi Farmacêutica Educadora em Diabetes

Pesquisa revela que um em cada 11 adultos no mundo tem diabetes

PAPEL DO NUTRICIONISTA NO SISTEMA DE SAÚDE¹

PERFIL DOS PACIENTES PORTADORES DA OSTEOPOROSE ATENDIDOS PELO COMPONENTE ESPECIALIZADO DA ASSISTÊNCIA FARMACÊUTICA

Os erros que te impedem de emagrecer!

SAL. Sistema de Planeamento e Avaliação de Refeições Escolares. Newsletter n.º16 Dezembro 2012

AÇÕES DO PIBID BIOLOGIA NA PROMOÇÃO DE HÁBITOS ALIMENTARES SAUDÁVEIS ENTRE ADOLESCENTES DO ENSINO MÉDIO ATRAVÉS DA ARTICULAÇÃO COM A ESCOLA

8 atitudes radicais que você deve evitar para emagrecer. Piccola Italia Bangu Culinária italiana saudável, feita à mão

Calcium Sandoz F. Calcium Sandoz FF NOVARTIS BIOCIÊNCIAS S.A. Comprimido Efervescente. 500mg de cálcio mg de cálcio

CIÊNCIAS PROVA 2º BIMESTRE 8º ANO PROJETO CIENTISTAS DO AMANHÃ

Educação Nutricional para o Adulto (20 a 59 anos)

Conteúdos Atividades de revisão da 2ª avaliação do 4º bimestre - Ciências da Natureza

E E R D A B DISEB SO O RA S FALOM VA

ANALISE DA CONCENTRAÇÃO DE CLORO ATIVO EM ÁGUAS SANITÁRIAS COMERCIALIZADAS EM PARÁ DE MINAS SUBMETIDAS A DIFERENTES FORMAS DE ARMAZENAMENTO.

Mercado de Trabalho. O idoso brasileiro no. NOTA TÉCNICA Ana Amélia Camarano* 1- Introdução

CONCEITO DE SAÚDE: VISÃO DE ALUNOS DO 4º CICLO DO ENSINO FUNDAMENTAL

INTRODUÇÃO. Diabetes & você

PREVENÇÃO DAS DOENÇAS CRÔNICAS NÃO TRANSMISSÍVEIS PREVENIR É PRECISO MANUAL DE ORIENTAÇÕES AOS SERVIDORES VIGIAS DA PREFEITURA DE MONTES CLAROS

EXCESSO DE PESO E SUA ASSOCIAÇÃO COM A ALIMENTAÇÃO ESCOLAR ENTRE CRIANÇAS DE UMA ESCOLA MUNICIPAL DE MINAS GERAIS 1

EDUCAÇÃO NUTRICIONAL ENTRE CRIANÇAS

ROTEIROS E ORIENTAÇÕES PARA OS RELATÓRIO DE ESTÁGIO NA ÁREA DE:

A IMPORTÂNCIA DA ALIMENTAÇÃO SAUDÁVEL NO PERÍODO DO CLIMATÉRIO 1

APOSTILA AULA 2 ENTENDENDO OS SINTOMAS DO DIABETES

JORNALZINHO DA SAÚDE

Preciso saber para fazer render

Malhar em jejum é nova 'modinha' para perda de gordura Sex, 20 de Dezembro de :38 - Última atualização Sex, 20 de Dezembro de :11

Estatística na vida cotidiana: banco de exemplos em Bioestatística

DOSSIER INFORMATIVO. Descodificar o conceito dos antioxidantes

CUIDADOS A TER COM O ANIMAL GERIÁTRICO

O desafio hoje para o Pediatra e também para sociedade é cuidar das crianças que vão viver 100 anos ou mais e que precisam viver com qualidade de

Respeito às pessoas idosas. Respeito às pessoas idosas

ALIMENTOS FUNCIONAIS: UMA ALTERNATIVA PARA A TERCEIRA IDADE

Convivendo bem com a doença renal. Guia de Nutrição e Diabetes Você é capaz, alimente-se bem!

PREVINA O CÂNCER DE PRÓSTATA

Como nosso corpo está organizado

Mas, antes conheça os 4 passos que lhe ajudará a eliminar e viver para sempre sem celulite.

O Consumo de Tabaco no Brasil. Equipe LENAD: Ronaldo Laranjeira Clarice Sandi Madruga Ilana Pinsky Ana Cecília Marques Sandro Mitsuhiro

A Organização da Atenção Nutricional: enfrentando a obesidade

Projeto Ação Social. Relatório equipe de Nutrição Responsável pelos resultados: Vanessa de Almeida Pereira, Graduanda em Nutrição.

MITOS E VERDADES SOBRE A CORRIDA DE RUA Corrida e Cia. Home (

ALUNOS INCRÍVEIS. Cristina Fonseca Educadora Parental Family Coach

FONTES E FORMAS DE ENERGIA

Novas curvas de avaliação de crescimento infantil adotadas pelo MS

UNIVERSIDADE FEDERAL DO TRIÂNGULO MINEIRO HOSPITAL DE CLÍNICAS COMISSÃO DE CONTROLE DE INFECÇÃO HOSPITALAR PROTOCOLOS DE CONTROLE DE INFECÇÃO

PROPONDO UM PROGRAMA DE EDUCAÇÃO ALIMENTAR NA ESCOLA: DO ASPECTO INFORMATIVO À PRÁTICAS TRANSFORMADAS

Criança nutrida & criança Vitaminada

ALIMENTAÇÃO SAUDÁVEL E HORTA ORGÂNICA: UMA EXPERIÊNCIA NO ENSINO FUNDAMENTAL DOS ANOS INICIAIS

O que é a osteoporose?

Processo de envelhecimento

PROC. Nº 0838/06 PLL Nº 029/06 EXPOSIÇÃO DE MOTIVOS

UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA CENTRO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E DA SAÚDE DEPARTAMENTO DE NUTRIÇÃO E SAÚDE 14. BOLO SETE GRÃOS

TRIAGEM DE OSTEOPOROSE E OSTEOPENIA EM PACIENTES DO SEXO FEMININO, ACIMA DE 45 ANOS E QUE JÁ ENTRARAM NA MENOPAUSA

Neste início de século observamos no mundo uma economia

DESCRIÇÃO DAS PRÁTICAS DE GESTÃO DA INICIATIVA

Light ou diet? O consumo de produtos diet e light cresceu em grande escala no mercado mundial. É visível

Transcrição:

AVALIAÇÃO DO CONSUMO DE CÁLCIO EM MULHERES SAUDÁVEIS* Aline Cristina Belarmino** Camila Gravena** Debora Fabiane Pomponio** Ana Carolina Carneiro*** Introdução De todos os minerais do organismo, o cálcio de longe aparece em quantidade maior. A quantidade total de cálcio no organismo está em constante equilíbrio com as fontes alimentares e com o cálcio tecidual nas várias partes do organismo (Williams, 1997). O cálcio é fundamental para o crescimento porque ele faz parte de inúmeras reações orgânicas. Entre essas reações destaca - se a liberação de energia para a contração muscular, que é dependente da presença de cálcio (Dutra de Oliveira, 1998). Em um bom estado de saúde, o organismo mantém uma constante taxa de renovação de cálcio no tecido ósseo, que é o principal sítio de armazenamento deste mineral. Cerca de 99% do cálcio do organismo está contido em ossos e dentes. Entretanto, esse não é um estoque estático (Williams, 1997). O tecido ósseo está constantemente sendo fabricado e reformulado de acordo com as várias necessidades do organismo em resposta ao estresse. E, durante todo esse tempo, o organismo mantém um equilíbrio dinâmico. Em certas condições ou doenças, a retirada pode exceder os depósitos e um equilíbrio negativo de cálcio pode ocorrer (Williams, 1997). As funções do cálcio estão diretamente relacionadas à formação dos ossos e dentes, além de participar do crescimento e ser um cofator/regulador em várias reações bioquímicas. A coagulação sanguínea também é dependente da presença de cálcio (Dutra de Oliveira, 1998). * Trabalho de conclusão de curso. O presente projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética do Centro Universitário de Araraquara UNIARA de acordo com o protocolo número 165, de 16 de janeiro de 2004. ** Alunas do curso de Graduação em Nutrição do Centro Universitário de Araraquara UNIARA. *** Professora Mestre do Curso de Nutrição do Centro Universitário de Araraquara UNIARA e Orientadora do trabalho. A média da recomendação atual de cálcio para mulheres na faixa etária de 31 a 70 anos é de 1100 mg/dia, segundo a Dietary Reference Intakes DRI (NRC,1997). O cálcio está significativamente presente em um pequeno número de alimentos, sendo considerada a fonte mais importante o leite e seus derivados. Podemos também destacar outros alimentos que contém cálcio, como a sardinha, o brócolos e a semente de gergelim. Dessa maneira, a contribuição dos alimentos na oferta de cálcio é a seguinte: 75% provém do leite e derivados; 7% de carnes e ovos; 6% de vegetais e 12% de outras fontes, como a ingestão de cálcio sob a forma de medicamentos (Dutra de Oliveira, 1998). O consumo de cálcio até a adolescência é um pré-requisito importante no desenvolvimento máximo da massa óssea na vida adulta O estilo de vida sedentário e uma alimentação pobre em cálcio é um importante determinante da probabilidade de desenvolver mais tarde a osteoporose (Lanzillotti et al, 2003). Um fator que pode se tornar prejudicial à saúde óssea é o consumo dietético inadequado de cálcio, pois uma das principais deficiências nutricionais em mulheres no climatério refere-se a esse nutriente. Este fato compromete a mineralização e a manutenção óssea, promovendo, dessa forma, o agravamento da osteoporose. De fato, alguns estudos sobre consumo alimentar mostram que, dos nutrientes avaliados, o cálcio é o que apresenta maior inadequação (Montilla, 2004). A osteoporose é uma doença caracterizada por uma redução progressiva na quantidade de massa óssea e deterioração da micro-arquitetura do tecido ósseo, levando à fragilidade mecânica e conseqüente predisposição a fraturas com trauma mínimo, atingindo a todos, em especial as mulheres após a menopausa A osteoporose tem sido reconhecida como o principal problema de saúde pública da mulher idosa, afetando cerca de 30% das mulheres no período pósmenopausa, o que a torna a doença crônica mais prevalente nesse grupo etário Entre as principais morbidades que acometem a mulher no climatério inclui-se a osteoporose, doença de grande impacto tanto à saúde pública como ao sócio - econômico, em função de seus altos custos diretos e indiretos. Além disso, com o aumento da expectativa de vida, cresce também o número de idosos e de fraturas osteoporoticas, particularmente em mulheres. Segundo dados recentes, no grupo etário de 50 anos, verificam-se cinco mulheres acometidas por osteoporose para cada homem. Elas são especialmente vulneráveis, em decorrência da progressiva função ovariana e conseqüente produção de seus hormônios esteróides. Este processo inicia-se a partir dos 35 anos, quando a mulher apresenta redução lenta de massa óssea, acentuando-se REVISTA UNIARA, n.16, 2005 203 204

após os 50 anos, momento em que comumente ocorre a menopausa (Montilla, 2004). A osteoporose, do ponto de vista econômico e social, é uma enfermidade que traz prejuízos, quer pela incapacitação dos pacientes quer pelo tratamento prolongado das fraturas decorrentes dela. Dados mostram que um terço dos indivíduos que fraturam o colo do fêmur ficam incapacitados definitivamente para caminhar, enquanto que essas fraturas reduzem o tempo de vida de 10% a 20%, ocorrendo a morte nos primeiros seis meses depois da fratura (Lerner et al., 2000). Após os 40 anos de idade, com o inicio da menopausa, a perda de massa pode chegar a 50% no osso trabecular e a 30% no osso cortical, nos primeiros 20 anos. Nesta etapa da vida, há falta de estrógeno, que dificulta a absorção e fixação de cálcio nos ossos, tornando-os mais frágeis e suscetíveis a fraturas A idade, o histórico familiar de osteoporose, ossatura pequena, a menopausa, baixos níveis de testosterona, vida sedentária, fumo, álcool e o consumo de alguns medicamentos como corticóides e anticonvulsivantes são alguns fatores que aumentam a probabilidade de desenvolvimento da osteoporose (Hirschbruch, 1999). Uma das medidas preventivas da osteoporose é assegurar o consumo adequado de cálcio dietético para garantir que o indivíduo atinja o pico de massa óssea geneticamente determinado (que acontece entre 25 e 30 anos), mantendo essa massa na idade adulta e apresentando perda mínima na velhice (Lerner et al., 2000). A prática regular de algum tipo de atividade física leva o organismo a fixar mais o cálcio nos ossos. Tais exercícios incluem caminhadas, corrida, dança, ciclismo e levantamento de peso (Hirschbruch, 1999). O exercício pode suspender a perda de massa óssea e levar a um bem estar aumentado, com uma melhora no controle muscular, podendo prevenir quedas ou, ao menos, torná-las menos traumáticas (Mahan, 1998). O exercício regular pode conservar e até mesmo aumentar a massa óssea dos idosos e afastar as destruições provocadas pela osteoporose (Katch, 1996). Algumas vitaminas e minerais exercem um papel importante na fixação do cálcio nos ossos, como é o caso da vitamina D e K, do manganês e do boro. A vitamina D é ativada pela ação do sol na pele, portanto está diretamente relacionada à saúde dos ossos (Hirschbruch, 1999). Um estudo feito por Montilla et al (2003) revelou que um consumo de cálcio inadequado compromete ainda mais a saúde óssea da mulher no climatério. Considerou-se ainda que a proporção de mulheres com dieta adequada de cálcio foi baixa nos grupos etários de 30 50 anos e 51 65 anos. É necessário um esforço entre os profissionais de saúde no sentido de estimular o aumento do consumo de alimentos ricos em cálcio visando à prevenção da osteoporose e suas conseqüências (Lerner et al., 2000). Baseado nestes fatos e na grande importância desse mineral para prevenção de doenças ósseas, principalmente em mulheres, o objetivo deste trabalho foi avaliar o consumo de cálcio em mulheres saudáveis. Objetivos Objetivo geral Avaliar o consumo diário de cálcio em mulheres saudáveis. Objetivos específicos Avaliar o consumo de cálcio, carboidratos, proteínas, lipídeos e calorias através do recordatório de vinte e quatro horas. Avaliar o consumo de alimentos considerados fonte de cálcio, através do questionário de freqüência alimentar. Comparar os resultados obtidos com as recomendações da necessidade de cálcio segundo a DRI - Dietary Reference Intakes,1997. Casuística e métodos Casuística Foram entrevistadas 20 mulheres saudáveis com idade entre 40 e 55 anos nas cidades de Araraquara e São Carlos, estado de São Paulo, no período de junho de 2004. Métodos As participantes deste estudo foram submetidas a uma entrevista individual para preenchimento do questionário de identificação, recordatório de 24 horas, questionário para verificação do conhecimento das participantes sobre cálcio e osteoporose, questionário de freqüência alimentar com alimentos ricos em cálcio. Cada entrevista teve a duração de aproximadamente 30 minutos, sendo realizada pelas autoras desse trabalho. Recordatório de 24 horas O recordatório de 24 horas foi aplicado 2 vezes com cada uma das participantes, sendo a primeira no início da pesquisa, referente a um dia de ingestão alimentar da semana (de segunda a sexta feira), e a segunda no final da pesquisa, referente a um dia de ingestão alimentar do fim de semana (sábado ou domingo). No recordatório de 24 horas foi solicitado às participantes que REVISTA UNIARA, n.16, 2005 205 206

descrevessem tudo o que ingeriram nas 24 horas anteriores à entrevista. Foi considerado o consumo de alimentos nas três refeições principais: desjejum, almoço e jantar, assim como nas refeições extras: colação, lanche e ceia. As quantidades dos alimentos ingeridos foram obtidas através de descrição de medidas caseiras (ex: colheres de sopa, colheres de arroz, xícaras de chá etc). Avaliação do conhecimento sobre osteoporose e cálcio O questionário para avaliar o conhecimento das participantes do projeto sobre funções e fontes de cálcio e conceito de osteoporose foi aplicado somente no início da pesquisa, com o objetivo de verificar se haviam dúvidas a respeito do assunto. Isso pode orientá-las a partir de suas respostas. Esta orientação foi feita no final da pesquisa através de um informativo confeccionado pelas autoras deste trabalho. As respostas das participantes foram comparadas aos conceitos básicos encontrados na literatura. Questionário de freqüência alimentar dos alimentos ricos em cálcio O objetivo do questionário de freqüência alimentar foi verificar quais alimentos ricos em cálcio eram consumidos pelas participantes e qual a freqüência. Foram consideradas as quantidades dos alimentos ingeridos ricos em cálcio, porém sem preocupação com o tipo de preparação utilizada ou combinação entre os alimentos. As quantidades dos alimentos foram obtidas através da descrição das medidas caseiras, utilizadas no recordatório de 24 horas. O cálculo da ingestão de cálcio e dos demais nutrientes (carboidratos, proteínas, lipídeos) e calorias foi realizado através do sistema de suporte à avaliação nutricional e prescrição de dietas Diet Pró versão 3.0 Sistema de Suporte à Avaliação Nutricional e à Prescrição de Dietas. Agromídea Software. Viçosa, 2002. Para a adequação da ingestão do cálcio foi utilizado como parâmetro as recomendações da DRI. Resultados e discussão Considerando a média da recomendação para cálcio, que é de 1100 mg/ dia, preconizada pela DRI, observamos por meio das Figuras 1 e 2 que o consumo de cálcio pelas mulheres do presente estudo apresentou-se abaixo do valor recomendado, correspondendo à média de 472,57 mg/dia (43%), referente a um dia da semana (típico) e uma média de 639,44 mg/dia (58%), referente a um dia do final da semana (atípico), sendo que nenhuma das participantes atingiu a ingestão recomendada para cálcio. Esses resultados foram inferiores aos obtidos por Montilla et al (2003) que verificou a ingestão de cálcio em mulheres de 35-50 anos e 51 65 anos e mostrou que 14,3% e 14,5% respectivamente conseguiram atingir o valor recomendado deste micronutriente. 5 5 Distribuição da Média do Consumo de C io e ordat rio e e omendação 472,57 Figura 1. Distribuição das médias do consumo de cálcio e recomendação referente a um dia alimentar típico, obtida através do recordatório de 24 horas. Distribuição da Média do Consumo de Cálcio ecordat rio e ecomendação 639,44 Figura 2. Distribuição das médias do consumo de cálcio e recomendação referente a um dia alimentar atípico, obtido através do recordatório de 24 horas. Quanto à distribuição dos macronutrientes, verificou-se que apesar dos percentuais estarem próximos aos valores recomendados estabelecidos para carboidratos (50-60%), proteínas (10-15%) e lipídios (20-30%), a maioria das mulheres estudadas mostrou distribuição inadequada, principalmente quanto às gorduras e proteínas, sendo que a média de ingestão foi de 31,6% e 17,6%, respectivamente para o dia típico e 16% de inadequação de proteína para o dia atípico, como mostram as Figuras 3 e 4. Os dados de inadequação obtidos dos macronutrientes concordam com os obtidos no estudo feito por Montilla et al (2003), onde é ressaltado que também o excesso de gordura dietética é prejudicial, pois favorece a obesidade, as doenças cardiovasculares, o câncer de mama e do endométrio, além de que o excesso protéico pode gerar aumento na excreção renal de cálcio, favorecendo a osteoporose. REVISTA UNIARA, n.16, 2005 207 208

6 2 Consumo dos Macronutrientes ecordat rio e ecomenda o 52,6 55,66 5,5 na infância, quando hábitos e atitudes estão em formação, sendo importante ressaltar que uma dieta equilibrada, contendo alimentos de todos os grupos, inclusive alimentos ricos em cálcio, é sugerida para diminuir os riscos de doenças osteoporoticas. Assim uma alimentação adequada instituída precocemente e mantida em todas as fases da vida representa um importante fator promotor de saúde. Figura 3. Percentual do consumo médio dos macronutrientes obtido a partir de um dia alimentar típico e suas respectivas recomendações. 6 Consumo dos Macronutrientes ecordat rio e ecomenda o 56 55 6 65 5 Figura 4. Percentual do consumo médio dos macronutrientes obtido a partir de um dia alimentar atípico e suas respectivas recomendações. Em relação à média do consumo de energia recomendada pela Recommende Dietary Allowances - RDA 1989, que é de 1900 Kcal/dia para mulheres na faixa etária estudada, observamos que essas mulheres apresentaram um consumo inferior ao recomendado, obtendo uma média de 1653,74 Kcal, correspondendo a 87% do total, referente a um dia da semana (típico) e 1822,37 Kcal, correspondendo a 96% do total, referente a um dia do final da semana (atípico). Foi observado no questionário de freqüência dos alimentos ricos em cálcio, que prevaleceu um maior consumo de leite integral (41%) e seus derivados, como o queijo minas (34%), iogurte (19%) e ricota (3%). Doce de leite, brócolos, sardinha, creme de leite, leite condensado, leite desnatado, foram outros alimentos também citados pelas participantes do estudo. Em relação ao conhecimento sobre o cálcio e osteoporose, 80% das mulheres deste estudo relataram conhecer a função do cálcio e 90% relataram conhecer os problemas que envolvem a doença, o que nos faz acreditar que mesmo sabendo dos benefícios desse nutriente na nutrição humana, as mesmas não atingiam a recomendação de ingestão do mineral. É de fato fundamental que a educação nutricional deva ser estimulada 6 5 Conclusões - Através dos dados obtidos pelos inquéritos alimentares, observamos no presente estudo um baixo consumo diário de cálcio dietético em mulheres saudáveis comparado à recomendação, segundo a DRI -1997. - O carboidrato apresentou consumo médio adequado, enquanto que a proteína e o lipídeo demonstraram um pequeno aumento na ingestão dietética diária. - Quanto ao consumo de energia, os valores encontrados apresentaramse um pouco abaixo do valor recomendado para a faixa etária estudada. - As fontes de cálcio citadas mais consumidas entre as mulheres deste estudo foram leite e derivados, como queijo minas e iogurte. - Assegurar o consumo adequado de cálcio dietético e estimular o aumento do consumo de alimentos ricos em cálcio desde a infância e em todas as fases da vida, visando a prevenção da osteoporose e suas conseqüências, é um esforço necessário entre os profissionais de saúde. Referências bibliográficas: DIETPRÓ Versão 3.0 Sistema de Suporte à Avaliação Nutricional e à Prescrição de Dietas. Agromídea Software, Viçosa, 2002. DUTRA de OLIVEIRA, J.E.; MARCHINI, J.S. In: DUTRA de OLIVEIRA, J.E.; MARCHINI, J.S. Macrominerais. Ciências Nutricionais. São Paulo: Sarvier. p.133-39, 1998. FONSECA, C.C.C.; CARVALHO, C.M.R.G.; NOGEUIRA, A.M.T., et al. Estado nutricional e consumo de cálcio de indivíduos com osteoporose. Nutrição Brasil, Rio de Janeiro: Atlântica, v.2, n.2, p.83-89, 2003. HIRSCHBRUCH, M.D.; CASTILHO S. Osteoporose. In: HIRSCHBRUCH, M. D.; CASTILHO, S. Nutrição e bem estar para a terceira idade. São Paulo: Editora CMS. p.93-101, 1999. REVISTA UNIARA, n.16, 2005 209 210

KATCH, F.I.; MCARDLE, W.D. Envelhecimento, exercício e saúde cardiovascular. In: KATCH, F.I.; MCARDLE, W.D. Nutrição, exercício e saúde. 4.ed. Rio de Janeiro: Medsi, p.513-549, 1996. LANZILLOTTI, H.S.; LANZILLOTTI, R.S.; TROTTE, A.P.R. Osteoporose em mulheres na pós-menopausa, cálcio dietético e outros fatores de risco. Revista de Nutrição, PUCAMP, Campinas, v.16, n.2, p.181-93, 2003. LERNER, B.R.; CHAVES, S.P.; LEI, D.M. et al. O cálcio consumido por adolescentes de escolas públicas de Osasco. Revista Nutrição da PUCCAMP, Campinas, v.13, n.1, p.57-63, 2000. MAHAN, L.K.; ESCOT-STUMP, S. Minerais. In: NARINS, D.M.C. KRAUSE Alimentos, nutrição e dietoterapia. 9.ed. São Paulo: Roca. p.123-166, 1998. WILLIAMS, R.S. Minerais. In: WILLIAMS, R.S. Fundamentos de nutrição e dietoterapia. 6.ed. Porto Alegre: Artmed, p.144-75, 1997. Resumo: Sabendo-se dos inúmeros benefícios que a ingestão de cálcio proporciona, em especial, às mulheres, o objetivo do nosso estudo foi avaliar o consumo diário de cálcio em mulheres saudáveis, comparando-o com as recomendações, a fim de verificar a adequação desse mineral na dieta, contribuindo assim para prevenção de doenças e melhoria da qualidade de vida. Palavras-chaves: Cálcio; Mulheres; Osteoporose. MAHAN, L.K.; ESCOT-STUMP, S. Nutrição na saúde óssea. In: MAHAN, L.K.; ESCOT-STUMP, S.; KRAUSE Alimentos, nutrição e dietoterapia. 9.ed. São Paulo: Roca. p.583-96, 1998. MONTILLA, R.N.G.; ALDRIGHI, M.F.N.; MENDES, J. et al. Avaliação do estado nutricional e do consumo alimentar de mulheres no climatério. Revista Associação Médica Brasileira, São Paulo, v.49, n.1, p.91-95, 2003. MONTILLA, R.N.G.; ALDRIGHI, M.F.N.; MENDES, J. et al. Relação cálcio proteína da dieta de mulheres no climatério. Revista Associação Médica Brasileira, São Paulo, v.50, n.1, p.16, 2004. NACIONAL RESEARCH COUNCIL. Dietary reference Intakes: for calcium, phosphorus, magnesium, vitamin D, and fluoride. Washington, D.C.,1997. 432p. NACIONAL RESEARCH COUNCIL. Recommended Dietary Allowances - RDA. 10 th ed. Washington, D.C.: National academic Press, 1989. WAITZBERG, D.L. Osteoporose. In: SZEJNFELD, V.L.; CASTRO, C.H.M. Nutrição oral, enteral e parenteral na prática clínica. 3.ed. São Paulo: Atheneu, p.1271-80, 2001. REVISTA UNIARA, n.16, 2005 211 212