Uma solução em Software Livre para PEP na área da Computação Móvel



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Transcrição:

Uma solução em Software Livre para PEP na área da Computação Móvel Carlos F. Crispim Junior 1, Anita Maria da Rocha Fernandes 2 1,2 Laboratório de Inteligência Aplicada Universidade do Vale do Itajaí (UNIVALI) Caixa Postal 360 88.302-202 Itajaí SC Brazil {cfcj,anita.fernandes}@univali.br Abstract. This project is about the implementation of a computer-based patient record (CBPC) accessible by mobile devices, developed with free programming languages and projects. Thus, this project is based on Java Server Pages (JSP) technology and on the free project WURFL with its implementation in JSP technology, called WALL. The area of approach of the CBPC was the emergency Medicine and Nursing, with intention to provide information about the patient health-care history at situations which mobility is key-point. These are situations where that information about health-care history generally is not available or its way of storage makes it difficult to access, as CBPC for desktop or patient record in paper. Resumo. Este projeto trata da implementação de um prontuário eletrônico do paciente (PEP) para acesso em dispositivos móveis, desenvolvido através de linguagens de programação e projetos gratuitos. Sendo assim este projeto se baseou na tecnologia Java Server Pages (JSP) e no projeto livre WURFL com sua implementação na tecnologia JSP, chamada WALL. A área de enfoque do PEP foi a Medicina e a Enfermagem Emergenciais, com intuito de prover as informações do histórico de saúde do paciente em situações as quais a mobilidade é ponto-chave. São situações em que essas informações de saúde geralmente não estão disponíveis ou seu meio de armazenamento dificulta o acesso, como PEP para computadores mesa ou prontuário em papel. 1. Introdução A Computação Móvel (CM) cresce a cada dia, somente no Brasil têm-se 44 milhões de assinaturas GSM, no México 26 milhões e na Colômbia 13 milhões, sendo estes três os maiores usuários dessa tecnologia na América Latina [Alencar 2006]. A área da saúde tem se mostrado aderente ao uso da informática para automatizar seus atendimentos ao paciente utilizando sistemas de PEP (Prontuário Eletrônico do Paciente) e não mais apenas sistemas financeiros. Ferramentas de apoio a decisão e diagnóstico, digitalização de radiografias, automatização de resultados de análises laboratoriais, entre outros já estão se tornando integrados. A área de CM apresenta evolução em seus dispositivos, muitos com maior capacidade de armazenamento e processamento que seus antecessores como também expansão dos tipos de conectividade possíveis.

O profissional de saúde precisa de mobilidade. As informações sobre seus pacientes precisam acompanhar essa demanda e estarem disponíveis para o mesmo durante seus atendimentos. Com esse intuito, esse projeto procurou desenvolver uma ferramenta de PEP para acesso em dispositivos móveis com enfoque em um estudo de caso pertencente às áreas de Medicina e Enfermagem Emergencial. Para desenvolver este projeto foram pesquisadas tecnologias e projetos livres que possuíssem como filosofia promover a compatibilidade entre as aplicações desenvolvidas e a variedade de dispositivos no mercado, sem aumentar os custos nem o tempo de desenvolvimento. Sendo assim, o projeto WURFL e sua implementação em JSP foram escolhidos por permitirem a criação de uma aplicação em uma linguagem abstrata que é convertida dinamicamente na linguagem de marcação de texto conhecida pelos dispositivos. Este artigo apresentará nas próximas sessões os conceitos de Computação Móvel, as experiências de PEP na CM além do projeto em si. 2. Computação Móvel A Computação Móvel é a área da computação responsável pelo desenvolvimento de aplicações que tenham como ambiente de funcionamento os computadores portáteis e realizem troca de dados independente da localização do usuário, se beneficiando principalmente de tecnologias wireless e autonomia de fonte de energia [Turisco e Case 2001]. Trata-se de um novo paradigma com base em características como mobilidade, processamento e comunicação, procurando independência de tempo e local por parte do usuário [Figueiredo e Nakamura 2003]. Esta área da computação, CM, tem por objetivo desenvolver novas aplicações adaptadas a este contexto de estrutura e não migrar aplicações de computador fixo para os dispositivos móveis, pois essas aplicações possuem outros conceitos e conseqüentemente necessitam de outros tipos de recursos [Yeung, Pangs e Tephenson 2002]. Alguns dos principais desafios para a Computação Móvel de acordo com Kotz e Chen (2000) são: Características do ambiente: destaque para largura de banda geralmente limitada, altas taxas de erro devido a desconexões freqüentes e interferências devido à mobilidade; Energia: a mobilidade implica em fonte de energia própria, geralmente se utilizando baterias que em suma possuem baixo tempo de uso e de vida; Interface com os Dispositivos Móveis: telas pequenas e mecanismos de interação restringem a entrada de dados; Capacidade de Processamento: em grande maioria esses dispositivos possuem restrições tanto de processamento quanto memória; e Segurança: redes sem fio são mais sujeitas a ataques maliciosos, pois seu meio de propagação é o ar, sendo suscetíveis à interceptação de dados.

A CM abrange como dispositivos aderentes as suas aplicações os telefones celulares, o PDA (Personal Digital Assistant), os pagers, os notebooks, os tablets, entre outros [Turisco e Case 2001]. O PDA, por exemplo, é um dispositivo portátil que cabe na palma da mão com o propósito de prover funções de organizador pessoal, armazenando dados de interesse do usuário para visualização a qualquer momento e lugar. São computadores de tamanho reduzido com restrições na capacidade de processamento, memória e entrada de dados [Figueiredo e Nakamura 2003]. Os telefones celulares, antes apenas utilizados para comunicação por voz, já apresentam consideráveis melhorias em processamento e capacidade de armazenamento, além de acesso a Internet e outras características semelhantes ao PDA [Figueiredo e Nakamura 2003]. Outros dispositivos chamados de smartphones, que se caracterizam por ser uma fusão das funcionalidades dos PDAs e dos telefones celulares, contam com as facilidades de ambos: telefonia móvel e PDA. Suportam tráfego de dados pela rede, acessam a web, enviam e recebem e-mails, possuem caderno de endereços, executam aplicações que podem ser instaladas pós-fábrica, dentre outras características [Figueiredo 2005 e Turisco e Case 2001]. 3. PEP e a CM O prontuário do paciente foi desenvolvido com o intuito de prover a profissionais de saúde um registro sistemático de fatos e acontecimentos clínicos sobre o paciente em questão. Essas informações servem de apoio para a evolução e a continuidade dos cuidados para com a saúde da pessoa envolvida [Marin, Massad e Azevedo 2003]. Relata-se como função básica de um prontuário o apoio ao processo de atenção à saúde, de forma a atuar como fonte de informação clínica e administrativa constituindose em um meio de comunicação e compartilhamento das informações para a equipe de atenção básica [Marin, Massad e Azevedo 2003]. O Prontuário Eletrônico do Paciente é dito como a estrutura computacional que dá suporte as informações do paciente integrando a organização. Tem por objetivo unificar todos os dados produzidos independente de formato, época, profissional de saúde ou local. Em palavras simples, seria a estrutura eletrônica que suporta o armazenamento da informação sobre o estado de saúde do paciente durante sua vida [Marin, Massad e Azevedo 2003]. Já a Telemedicina, segundo Motta e Motta (2000), pode ser caracterizada como a transferência de dados médicos através dos meios de telecomunicação de uma localidade para outra. Pode-se dizer então, que o tráfego da informação do paciente e a automação da recuperação de informação aparentam ser uma tendência na área da informática da saúde, e assim a mobilidade dessas informações, permitindo ao profissional de saúde em exercício um atendimento mais consciente de seu paciente, provido pelos constantes avanços da Computação Móvel e seus dispositivos. Para tanto, a construção de um PEP acessível via dispositivo móvel garante a mobilidade necessária a esses profissionais, permitindo que os mesmos desempenhem suas tarefas diárias mais rapidamente, eliminando a necessidade de carregar prontuários

em papel ou do deslocamento até o computador de mesa mais próximo a fim de verificar as informações do próximo paciente. Sendo esta última opção quase impraticável no ambiente de um ambulatório, pois diminuiria consideravelmente a eficiência do atendimento, sendo que para realidade do país, traria mais mora ao processo já lento pelo grande demanda. Essas soluções móveis também se aplicam aos atendimentos emergenciais, onde os profissionais prestadores dos primeiros socorros podem ter de efetuar ações no meio de uma avenida ou de uma rua ou em uma região mais afastada em que qualquer informação sobre a história da saúde do paciente pode contribuir para elevar as chances de salvar a vida do mesmo. Exemplos de aplicações nesta área são o PDAEmbu, a aplicação de Salomão Singulem e a iniciativa do INCOR. O PDAEmbu tem por objetivo realizar a coleta e a análise de informações do paciente de forma organizada, utiliza do J2ME (Java 2 Micro Edition) e seu modelo de dados provém do modelo de entrevista criado pelos alunos de Medicina da UNIFESP [Moraes, Pisa e Lopes 2004]. A aplicação de Salomão e Singulem (2004) também proveniente da UNIFESP, e destinada ao atendimento médico, atua tentando minimizar a perda de informações dos atendimentos que ocorrem fora dos consultórios, em situações onde o profissional de saúde presta atendimento via telefone celular. Foi desenvolvida com as tecnologias proprietárias Visual Basic e AppForge. Já o INCOR (Instituto do Coração) procura estender seu sistema de prontuários aos dispositivos móveis, sendo a solução adotada a conversão dinâmica das páginas existentes no contexto de páginas para os novos dispositivos [Murakami et al., 2004]. Sendo assim desenvolveu sua própria solução, enquanto esse projeto decidiu adotar um recurso já existente, economizando tempo para desenvolver outras funcionalidades. 4. WURFL, WALL e JSP O projeto WURFL é um projeto de utilização livre, cujo objetivo é possibilitar a construção de aplicações compatíveis com as diversas linguagens de visualização pertencentes ao WAP, sem a necessidade do programador se preocupar em modificar o código da aplicação para cada uma das linguagens. Para tanto esse projeto se baseia no armazenamento de conjunto de arquivos XML contendo as especificações de diversos telefones celulares, agrupados em famílias de dispositivos com características semelhantes. Exemplos de características analisadas e tratadas são o tamanho do visor (tela), a linguagem de marcação (visualização) suportada, se possui suporte a cores, o tipo de codificação de caracteres, etc. A atualização dessa base de informações é realizada através das contribuições do mundo todo [Passani 2006]. O WURFL possui implementações em várias linguagens de programação como PHP, Java, Perl, Python, Ruby, dotnet, entre outros. Uma das implementações é o WALL, que utiliza um servidor Java/JSP e uma arquitetura da aplicação baseada no modelo cliente-servidor web. O WALL serve como uma linguagem de marcação intermediária, com sintaxe semelhante ao HTML, que ao ser utilizada em sua totalidade, permite um desenvolvimento independente de linguagem de marcação [Passani 2006].

Seu funcionamento se baseia na conversão dinâmica da linguagem abstrata para a linguagem de marcação WAP adequada ao dispositivo que solicitou a informação, sendo também possível misturar a linguagem WALL com marcações WAP (WML, chtml, etc) [Passani 2006]. O JSP que é utilizado como linguagem de programação, nasceu em 1998 e possibilita a qualquer um que tenha conhecimentos sobre HTML a construção de aplicações web dinâmicas pessoais até de porte empresarial. Esta linguagem baseia-se no Java e aproveita muitas das classes e funcionalidades do mesmo para o ambiente dos servidores web [Pekowsky 2003]. A utilização do JSP se justificou como linguagem para construção dinâmica das páginas da aplicação, já que o WALL por si só apenas trata a compatibilidade da aplicação em questões de interface. Dentre as aplicações de servidores web capazes de suportar essas tecnologias (JSP e WALL) estão o Jakarta Tomcat e o Resin, sendo o primeiro deles utilizado para este projeto. Em relação a tecnologias semelhantes, o ASP.NET Mobile Controls assemelha-se ao WALL/ WURFL, porém além se ser proprietário, não apresenta a mesma abrangência que o WALL, em torno de 200 dispositivos, contra 5000 aproximadamente. 5. Projeto Este projeto desenvolveu um PEP acessível a partir de dispositivos celulares, sendo a codificação baseada no uso de tecnologias livres que possuíssem grande abrangência perante os tipos de telefones celulares existentes. A arquitetura do sistema se baseia no WALL atuando na camada de apresentação da aplicação, onde adapta dinamicamente as páginas WAP, construídas em sua linguagem abstrata, para a linguagem suportada pelo dispositivo que efetuou o acesso. O JSP atua logo abaixo dessa camada, integrando a apresentação com a lógica de negócio e comunicando-se com a camada inferior de banco de dados. Esse tipo de arquitetura foi escolhido por facilitar a manutenção e concentrar o processamento do lado do servidor, limitando o dispositivo a visualização, o que aumenta a compatibilidade de toda aplicação. Em comparação as aplicações semelhantes, as soluções adotadas por Salomão e Singulem e no PDAEmbu não se aplicam por armazenar parte da aplicação no dispositivo. Em relação ao o contexto desta aplicação de PEP, a mesma se destina a Enfermagem e a Medicina Emergencial com em Cardiologia, sendo desenvolvida como uma ferramenta de apoio para profissionais que prestam acompanhamento a pacientes em situações como pós-cirurgia, primeiros socorros e ambulatórios, que justifiquem a demanda por mobilidade. 5.1 Análises Após o desenvolvimento da aplicação retiraram-se algumas considerações sobre a utilização do projeto WURFL/ WALL em combinação com o JSP. Entre elas está a flexibilidade de se misturar a linguagem intermediária com linguagem de marcação WAP combinando WALL e WML ou chtml, diminuindo a compatibilidade, mas também fortificando alguns itens para desenvolvimento específico. Um exemplo disso está no uso

de WMLScript, não suportado pelo WURFL, provavelmente por não ser compatível com todas linguagens de marcação presentes no projeto. Uma desvantagem encontrada está em não se conseguir inserir entre as marcações da linguagem abstrata os comandos JSP. Este fato criou dificuldades em momentos em que se desejava inserir conteúdo dinamicamente em campos de formulário ou alterar propriedades de marcações. Nos testes em simuladores, a biblioteca WURFL cumpriu o que prometia convertendo adequadamente a linguagem de marcação intermediária para o OPENWAVE V7 Simulator. Testes em navegadores de computador pessoal também foram efetivos na execução da aplicação desenvolvida, tendo sua linguagem de marcação gerada adequadamente. O uso de cookies, que são pequenos arquivos que guardam conteúdo no dispositivo que realizou o acesso, ou sessões, que são informações guardadas geralmente no servidor da aplicação sobre o acesso da máquina cliente, também não foram permitidos pela programação. Isto pelo menos quando se utilizava o WALL na configuração padrão. Para contornar estas restrições, algumas estratégias foram utilizadas baseando-se no uso de banco de dados ou na implementação da entrada de dados de forma diferenciada, como, por exemplo, o uso de uma lista numerada deixando a critério do usuário inserir o código do paciente listado que representa sua escolha. 5.2 Sistema Após uma revisão das tecnologias utilizadas na implementação da aplicação, do contexto do projeto, e das análises sobre o desenvolvimento, são abordados algumas telas e funcionalidades da aplicação desenvolvida. As funcionalidades presentes no sistema são divididas entre cadastros e suas respectivas visualizações. Entre os tópicos da área da saúde abordados estão informações sobre: Antecedentes Clínicos, Avaliação Cardiovascular, Avaliação Neurológica, Avaliação Neurológica e Evolução. O caráter das informações é emergencial e, portanto, as mesmas são armazenadas de forma sucinta e objetiva. A Figura 1 apresenta as telas de visualização das informações de identificação do paciente, cadastro da avaliação cardiovascular e visualização de informações da avaliação respiratória, respectivamente. Figura 1. Identificação do Paciente, Avaliação Cardiovascular e Respiratória.

6. Conclusões Em suma a aplicação desenvolvida efetua todas as funcionalidades definidas em seu projeto, porém algumas considerações sobre as tecnologias usadas como a implementação do WURFL para servidores JSP, WALL devem ser feitas. Ao se implantar o controle de usuário, geralmente se utiliza cookies ou sessões do servidor, porém houve a necessidade de se implementar um controle baseado em IP (Internet Position) e banco de dados devido às primeiras soluções relatadas não funcionarem ao serem testadas no simulador. Inserções dinâmicas de conteúdo via JSP nas marcações da linguagem WALL também não foram possíveis na versão padrão do projeto WURFL. Então algumas adaptações tiveram de ser realizadas para com a lógica de funcionamento do sistema. Sendo assim, pode-se concluir que o uso da implementação WALL garante compatibilidade durante o desenvolvimento. Porém ao se utilizá-la em totalidade, alguns itens devem ser ponderados, como design da interface e flexibilidade das marcações, como troca dinâmica de conteúdo. Esta preocupação é necessária por que à medida que se prioriza o uso de marcações WALL os dois itens acima citados tendem a serem degradados, ou seja, caso seja demandado um ambiente compatível em primeiro lugar e o layout e a troca de conteúdo dinâmica não seja necessária, o uso do WALL é recomendado. Caso contrário, se um layout melhor elaborado é preciso, como em aplicações de entretenimento em que alterações dinâmicas do conteúdo também são interessantes, como preenchimento de caixas de seleção de conteúdo à medida que o usuário informa seus dados são necessárias, deve-se ponderar a utilização de uma linguagem de marcação WAP específica. O WML, por exemplo, geralmente é suportado pela maioria dos celulares com navegadores por questões de compatibilidade com versões anteriores. O desenvolvimento pode também ser restrito utilizando o X-HTML se os dispositivos que se pretende alcançar são mais sofisticados. 7. Trabalhos Futuros Este projeto produziu um protótipo de PEP na área da Medicina e Enfermagem Emergencial. Desta forma, devido a seu caráter de análise e testes o mesmo possui armazenamento de informações de forma sucinta e específicas. Como trabalhos futuros pode-se relatar um estudo mais aprofundado do WALL a fim de procurar formas de alterar o conteúdo de campos de formulário dinamicamente, de forma promover uma melhor interação com o usuário. Melhorias na forma de interação e no design da aplicação podem ser realizadas com o intuito de melhorar o uso da aplicação, contribuindo para uma maior satisfação dos usuários. Expansões da área de domínio também podem ser abordadas, tornando o PEP produzido mais amplo, de forma a contemplar outros conceitos da área de saúde que venham a se mostrar importantes nos atendimentos emergenciais. Outra possibilidade está no armazenamento e tratamento de fotos, onde as mesmas podem ser retiradas no local do atendimento através dos telefones celulares

equipados com câmeras e serem enviadas para armazenamento no sistema de banco de dados para posterior análise. Referências Alencar, P. (2006) Data info, Info, São Paulo, n. 242, p. 32. Figueiredo, C.M.S. e Nakamura, E. (2003), Computação móvel: novas oportunidades e desafios. Revista T&C Amazônia, [S.l], n. 2, jun. <http://portal.fucapi.br/tec/index.php>, Maio. Figueiredo, T.H.P. (2005) MultiMAD: uma ferramenta multimodelo de desenvolvimento de aplicações para dispositivos móveis, 121 f, (Mestrado), Programa de Pós-Graduação em Ciência da Computação, Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte. Kotz, D. e Chen, G. (2000) A survey of context-aware mobile computing research. (Relatório Técnico). Marin, H.F., Massad, E. e Azevedo, R.S.N. (2003) O Prontuário Eletrônico do Paciente na Assistência, Informação e Conhecimento Médico, São Paulo: H. de F. Marin, 213 p., (ISBN: 85-903267-1-3). Moraes, D.A., Pisa, I.T. e Lopes, P.R.L. (2004) Protótipo para Coleta de Informações em Saúde Utilizando Dispositivos Móveis. In: Congresso Brasileiro de Informática na Saúde, IX, 2004, Ribeirão Preto. Anais... Ribeirão Preto: USP. Motta, V.T e Motta, L.R. (2000) Informações Biomédicas na Internet, Porto Alegre: Médica Missau, p.134-135. Murakami, A., Kobayashi, L.O.M., Tachinardi, U., Gutierrez, M.A., Furuie, S.S., Pires, Fábio A. (2004) Acesso a Informações Médicas através do Uso de Sistemas de Computação Móvel. In: Congresso Brasileiro de Informática na Saúde, 9, 2004, Ribeirão Preto. Anais... Ribeirão Preto: USP. Passani, L. (2006) So...What is WURFL?, [S.l.]: WURFL, <http://wurfl.sourceforge.net/>, Maio. Pekowsky, L. (2003) Java Server Pages. [S.l.]: Adisson Wesley, p.368. (ISBN: 0-321-15079-1). Salomão, P. e Singulem, D. (2004) Utilização do Computador de Mão Integrado à Telefonia Celular no Atendimento Médico: Desenvolvimento de Sistema e Avaliação. In: Congresso Brasileiro de Informática na Saúde, 9, 2004, Ribeirão Preto. Anais... Ribeirão Preto: USP. Turisco, F. e Case, J. (2001) Wireless and Mobile Computing, Oakland: California Health-care Foundation. (ISBN: 1-929008-72-4). Yeung, A., Pang, N. e Stephenson, P. (2002) Oracle 9i Mobile, [S.l.]: Oracle Press, 624p. (ISBN: 0-07-222455-X).