OLIVÂNIA GONÇALVES SEGUNDO



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Transcrição:

OLIVÂNIA GONÇALVES SEGUNDO CONDIÇÕES DE ARMAZENAMENTO DOS MEDICAMENTOS DA CENTRAL DE ABASTECIMENTO FARMACÊUTIO E DAS UNIDADES BÁSICAS DE SAÚDE DO MUNICÍPIO DE JAGUARETAMA. Monografia submetida a Escola de Saúde Pública do Ceará, como parte dos requisitos para a obtenção do titulo de Especialização em Assistência Farmacêutica. Orientadora: Ana Cláudia de Araújo Teixeira Jaguaretama CE 2007

2 OLIVÂNIA GONÇALVES SEGUNDO CONDIÇÕES DE ARMAZENAMENTO DOS MEDICAMENTOS DA CENTRAL DE ABASTECIMENTO FARMACÊUTIO E DAS UNIDADES BÁSICAS DE SAÚDE DO MUNICÍPIO DE JAGUARETAMA. Especialização em Assistência Farmacêutica Escola de Saúde Pública do Ceará Data da Aprovação: /Agosto/2008 BANCA EXAMINADORA Ana Cláudia Araújo Teixeira Orientadora Solange Cecília Cavalcante Dantas Mestre Domingos Sávio Carvalho de Sousa Mestre

3 Minha homenagem especial, Dra. Ana Cláudia de Araújo Teixeira pela prestimosa colaboração, competência e dedicação demonstrada. A ela que prontamente se dedicou na orientação dessa monografia, tornando assim possível de concretizá-la, minha gratidão.

4 AGRADECIMENTOS A Deus que me deu forças para enfrentar os desafios e superar os obstáculos. A minha mãe, que sempre me incentivou na busca de novos conhecimentos. A Dr. Ricardo Carvalho de Azevedo e Sá, que de maneira tão sábia, coordenou o curso. Minha admiração e gratidão o a Dra. Mara Sônia Felício Magalhães que durante o curso mostrou mais que competência, o que é peculiar. Demonstrou amar a profissão e ao próximo. A Dra. Luzia Cunha Brito, na época Secretária de Saúde do Município de Jaguaretama, que me proporcionou a oportunidade de realizar este curso de especialização. Enfim, a todos que tornaram possível a realização do Curso de Especialização em Assistência Farmacêutica.

5 O homem que consagra suas horas com infatigável empenho a honrosos objetivos, traça luminosamente o seu objetivo. Edward Kong

6 LISTA DE QUADROS Quadro 01 Escalas de temperatura na área de estocagem de medicamentos... 16 Quadro 02 Indicativos de possíveis alterações na estabilidade dos medicamentos... 18

7 LISTA DE TABELAS Tabela 01 Condições estruturais externas dos locais de armazenamento de medicamentos no município de Jaguaretama Ceará/2007... 29 Tabela 02 Condições estruturais internas do local de armazenamento de medicamentos quanto às dimensões do prédio, condições ambientais, conservação, higienização, inspeções elétricas no município de Jaguaretama Ceará/2007... 30 Tabela 03 Armazenamento de medicamentos observando os fatores extrínsecos relacionados com a sua estabilidade no município de Jaguaretama Ceará/2007... 31 Tabela 04 Rotinas de estocagem de medicamentos nas Unidades Básicas de Saúde do município de Jaguaretama Ceará/2007... 33 Tabela 05 Condições de transporte de medicamentos para as farmácias das Unidades Básicas de Saúde do município de Jaguaretama Ceará/2007... 34

8 SUMÁRIO LISTA DE QUADROS LISTA DE TABELAS RESUMO 1 INTRODUÇÃO... 10 2 REVISÃO DA LITERATURA... 12 3 OBJETIVOS... 23 4 METODOLOGIA... 24 5 RESULTADOS E DISCUSSÕES... 29 6 CONCLUSÃO... 36 7 SUGESTÕES... 38 8 REFERÊNCIAS... 39 ANEXOS

9 RESUMO O presente trabalho tem como propósito analisar as condições de armazenamento dos medicamentos da Central de Abastecimento Farmacêutico e das Unidades Básicas de Saúde no município de Jaguaretama Ceará. Tendo como objetivos específicos: verificar as condições estruturais físicas internas e externas dos locais de armazenamento de medicamentos; analisar os fatores extrínsecos que podem interferir na estabilidade dos medicamentos; verificas se as rotinas estão de acordo com as normas de boas práticas estabelecidas; verificar as condições de transporte de medicamentos. A metodologia baseou-se em um estudo descritivo e observacional, obtidos através da técnica de observação direta realizada na Central de Abastecimento Farmacêutico e nas Unidades Básicas de Saúde do referido município, no período de 1º de abril a 30 de junho de 2007. De acordo com os resultados obtidos, algumas Unidades necessitam de reformas e de identificação externa. As dimensões dos locais de armazenamento não são proporcionais às necessidades operacionais dos serviços, as inspeções nas instalações não são ideais e também não existem telas nas janelas. Foi identificada a inexistência de termômetro para aferição da temperatura no local de forma sistemática. Os medicamentos não são ordenados por nome genérico, lote e validade; os lotes não são estocados separadamente; os medicamentos de validade mais próxima ao vencimento não são colocados na frente das prateleiras e não há uma distância satisfatória entre os produtos das paredes e teto. Os veículos que transportam os medicamentos são fechados. Os motoristas que conduzem os veículos que transportam os medicamentos costumam deixá-los expostos ao calor. Diante do exposto a Central de Abastecimento e as Unidades Básicas de Saúde, necessitam passar por uma reforma estrutural e organizacional, para assim, adequar-se as normas de boas práticas de estocagem.

10 1 INTRODUÇÃO Na tentativa de promover a saúde nos serviços públicos e privados, a Assistência Farmacêutica tem sido uma forte aliada, através de apoio às ações de saúde e a melhoria da qualidade de vida da população, porém não basta dispensar o medicamento e sim ofertá-lo com qualidade e de forma racional. Tendo em vista que o medicamento representa perspectiva de resolutividade de grande parte dos graves problemas da saúde, a preservação da sua qualidade deverá ser garantida desde a fabricação até a dispensação ao paciente. Desta forma as condições de estocagem, distribuição e transporte devem ser adequados, para assim manter a qualidade dos medicamentos dentro de padrões ideais. As boas práticas de estocagem do medicamento são requisitos indispensáveis para sua preservação, pois os fármacos são produtos de natureza perecível. A manutenção de sua estabilidade durante sua distribuição e armazenamento é fundamental para garantir sua efetividade, reduzir perdas e minimizar gastos. O uso irracional e desnecessário de medicamentos e a automedicação, são alguns dos fatores que levaram à necessidade de definir uma política de medicamentos no Brasil. A aprovação da Política Nacional de Medicamentos foi de suma importância para o Sistema Único de Saúde, porque tem o propósito de garantir a necessária segurança, eficácia e qualidade dos medicamentos, a promoção do uso racional e o acesso da população àqueles considerados essenciais. A complexidade de desafios a ser enfrentados pela Assistência Farmacêutica, leva à imprescindibilidade do engajamento do farmacêutico em campanhas educativas sobre o uso racional e à conscientização do usuário sobre a necessidade de manter o fármaco em

11 condições ideais para a sua conservação, como: mantê-lo ao abrigo da luz, do calor e da umidade, garantindo assim a qualidade do medicamento. A forma de armazenamento dos medicamentos é certamente um dos mais gritantes problemas da Assistência Farmacêutica, tendo em vista que são notórios os desperdícios que ocorrem devido ao não cumprimento das normas e procedimentos de boas práticas de estocagem, falta de infra-estrutura dos locais que os armazenam e consequentemente evidências de prejuízos financeiros e porque não dizer danos a saúde da comunidade, pois tudo isso implica ao não cumprimento do uso racional dos medicamentos. Ao fazermos uma análise das condições de armazenamento da Central de Abastecimento Farmacêutico e das Unidades Básicas de Saúde que dispensam medicamentos, no município de Jaguaretama, constatamos falhas nas rotinas de estocagem e nas condições relacionadas a fatores extrínsecos que afetam a estabilidade dos medicamentos, então sentimos a necessidade de realizar uma pesquisa aprofundada nesta área, pois somente assim poderemos detectar de forma mais detalhada a situação e, a partir daí, perseguiremos na construção de uma forma mais adequada de armazenamento e então contribuiremos para uma mais rápida resolutividade do nosso objetivo, que é oferecer à população o acesso ao medicamento, assegurando sua qualidade desde o recebimento até sua dispensação.

12 2 REVISÃO DA LITERATURA Assistência Farmacêutica pode ser definida como um grupo de atividades relacionadas com o medicamento, com o objetivo de apoiar as ações de saúde demandadas por uma comunidade. Vale ressaltar que a Assistência Farmacêutica envolve ações relacionadas com o abastecimento dos medicamentos em todas e em cada uma das etapas constitutivas, como a conservação e controle de qualidade, a segurança e a eficácia terapêutica dos medicamentos, o acompanhamento e a avaliação da utilização, a obtenção e difusão de informações sobre medicamentos e a educação permanente dos profissionais de saúde, do paciente e da comunidade para assegurar o uso racional de medicamentos (BRASIL, 1998). Para a efetiva implantação da Assistência Farmacêutica, o Ministério da Saúde orienta que é fundamental ter como princípio básico e norteador o Ciclo da Assistência Farmacêutica, que é um sistema formado peças etapas de seleção, programação, aquisição, distribuição e dispensação, com suas interfaces nas ações da atenção à saúde. (BRASIL, 1998). Segundo Marin (2003, p.131) as atividades de armazenamento e aquisição, mesmo que envolvam algum investimento inicial, representam uma relação de custo/benefício e custo/efetividade muito favorável em função da redução de perdas, da garantia da integridade e qualidade dos medicamentos. O armazenamento e a distribuição são etapas do ciclo da Assistência Farmacêutica que visam, como finalidades precípuas, a assegurar a qualidade dos medicamentos através de condições adequadas de armazenamento e de controle de estoque eficaz, bem como garantir a disponibilidade dos medicamentos em todos os locais de atendimento ao usuário. (MARIN, 2003, p.197).

13 2.1 Armazenamento procedimentos técnicos e administrativos Segundo Vecina Neto e Reinhard Filho (1998) o armazenamento constitui-se como um conjunto de procedimentos técnicos e administrativos que envolvem diversas atividades: Recebimento de medicamentos Ato de examinar e conferir os medicamentos de forma detalhada, observando de acordo com as características de cada produto, seu estado de conservação e conferindo as quantidades conforme a solicitação e documentação. Estocagem ou guarda Ato de arrumar os medicamentos em certa área definida de forma organizada, para o maior aproveitamento possível de espaço e dentro de parâmetros que permitam segurança e rapidez. Segurança Capacidade de manter o material de forma que estejam protegidos contra danos físicos, furtos e roubos. Conservação Capacidade de manter as características fisico-químicas dos medicamentos durante o período de estocagem. Controle de estoque Ato de monitorar a movimentação física dos produtos (entrada, saída e estoque). Entrega Os medicamentos devem ser entregues de acordo com a necessidade do solicitante, garantindo adequadas condições de transporte, rastreabilidade do produto e a preservação da identificação até o consumidor final. (MARIN, 2003).

14 2.2 Estabilidade dos medicamentos: Todo medicamento sofre alterações. São variáveis que podem ser refletidas ou não. O que leva à perda total ou parcial de sua atividade, ou podem formar outros produtos, cuja toxicidade pode ser mais elevada do que a do produto original. Estabilidade é o período pelo qual os medicamentos mantém suas características físicas, químicas e farmacológicas, dentro dos limites estabelecidos, desde o processo de fabricação até o período de vida útil. (Pharmácia Brasileira, 2001) 2.2.1 Classificação da estabilidade A estabilidade, segundo Defilippe (1985) pode ser classificada em: química, física, microbiológica, terapêutica e toxicológica. Química Cada substância ativa, do medicamento, deverá manter sua integridade e sua potência declarada, no rótulo do produto, dentro dos limites especificados. Física Os medicamentos deverão manter suas propriedades físicas originais, incluindo aparência, cor, sabor, odor, ph, viscosidade, dureza, uniformidade, etc. As propriedades físicas deverão permanecer praticamente inalteradas. Microbiológica A esterilidade ou resistência, do medicamento, ao crescimento de microorganismos deverá permanecer dentro dos limites estabelecidos. Agentes antimicrobianos presentes devem manter sua eficácia dentro dos limites especificados.

15 Terapêutica Os medicamentos deverão manter sua atividade terapêutica inalterada. Toxicológica Não deverá ocorrer aumento significativo de toxicidade dos medicamentos. 2.2.2 Fatores que afetam a estabilidade Segundo Moura (1989) existem fatores intrínsecos e extrínsecos que afetam a estabilidade dos medicamentos e sua ação natural do tempo já está considerada na atribuição do prazo de validade dos medicamentos. Fatores Intrínsecos Os fatores intrínsecos estão relacionados ao processo de fabricação do medicamento: Procedimentos; Métodos; Técnicas; Equipamentos; Envase; Embalagens; Princípios ativos; Princípios inativos (conservantes, corantes, aromatizantes); Interações entre fármacos e solventes adjuvantes; ph do meio;

16 Tamanho das partículas; Alteração nos aspectos físicos (precipitação, presença de gases, uniformidade da dose, recipiente, grau de impureza); Incompatibilidades. Fatores extrínsecos Estão relacionados às condições ambientais. Temperatura é uma condição ambiental diretamente responsável por grande número de alterações e deteriorações nos medicamentos. Elevadas temperaturas são contra-indicadas para os medicamentos porque podem acelerar a indução de reações químicas, ocasionando a decomposição dos medicamentos e alterando sua eficácia. Para o controle de temperatura é necessário a utilização de termômetros nas áreas de estocagem, com registros diários em mapas de controle, registro mensal consolidado, elaboração de relatórios, com gráficos demonstrativos, para correção de eventuais anormalidades. Quadro 1: Escalas de temperatura na área de estocagem de medicamentos: ESCALAS DE TEMPERATURA Fria ou refrigerada Fresca Ambiente Quente VALOR 2-8 º C 8-15 º C 15 30 º C Acima de 30º C

17 Umidade Dependendo da forma farmacêutica do medicamento, a alta umidade pode afetar a estabilidade do mesmo, favorecendo o desenvolvimento de fungos e bactérias, podendo desencadear reações químicas. Luminosidade A incidência direta de raios solares sobre os medicamentos acelera a velocidade das reações químicas, alterando a estabilidade dos mesmos. Essa ação leva à ocorrência de reações químicas (principalmente de oxi-redução). O local onde os medicamentos são armazenados, deve possuir, de preferência, iluminação natural adequada. No caso de iluminação artificial, recomenda-se a utilização de lâmpadas fluorescentes (luz fria). Ventilação A circulação interna de ar deve ser mantida para conservação dos produtos. Janelas (elementos vazados) facilitam a ventilação natural. Manuseio O manuseio inadequado dos medicamentos pode afetar a sua integridade e estabilidade. Toda a equipe, incluindo motoristas, deve ser sensibilizada e treinada quanto ao manuseio e transporte adequado dos medicamentos. De acordo com BRASIL, Ministério da Saúde, 2004, existem indicativos de alterações na estabilidade dos medicamentos, conforme mostra o quadro seguinte:

18 Quadro 2: Indicativos de possíveis alterações na estabilidade dos medicamentos FORMAS FARMACÊUTICAS ALTERAÇÕES VISÍVEIS Comprimidos Drágeas Pós efervescentes Pó e grânulos Cremes e pomadas Supositórios Soluções / xaropes / elixires Precipitação Formação de gases Soluções injetáveis Suspensão Tinturas/extratos Emulsões Quantidade excessiva de pó Quebras, lascas, rachaduras na superfície Manchas, descoloração, aderência entre os comprimidos, formação de cristais sobre o produto. Fissuras, rachaduras nas superfícies Crescimento da massa Pressão gasosa Presença de aglomerados Mudança na cor Endurecimento Diminuição do volume por perda de água. Presença de líquido ao apertar a bisnaga Formação de grânulos e textura arenosa Amolecimento Enrugamento Manchas de óleo Turbidez, presença de partículas, formação de cristais Vazamento Mudança na coloração Precipitação, presença de partículas e grumos Cheiro forte Mudança de coloração Liberação de gases Mudança de coloração Turbidez Formação de gases Quebra de emulsão Mudança de coloração Mudança de odor 2.3 Formas de estocagem de medicamentos Segundo Marin (2003), a estocagem dos medicamentos depende da dimensão, do volume e de produtos a serem estocados, do espaço disponível e das condições de conservação exigidas.

19 medicamentos: Existem vários equipamentos que podem ser utilizados no armazenamento de Estrados/pallets São plataformas horizontais de tamanhos variados, e fácil manuseio, utilizados na movimentação e estocagem de grandes volumes. Dimensões Recomenda-se o padrão internacional, 1,10 X 1,10m, devendo manter determinada distância (altura) do solo para evitar acúmulo de poeira e sujidades. Tipos Podem ser de madeira, fibras, alumínio, borracha, sendo os de madeira, os mais utilizados (embora os de madeira absorvam muita umidade e poeira). Atualmente, vêem sendo utilizados os de borrachas, pela facilidade de limpeza, manuseio e diversidade de cores, o que pode proporcionar um diferente layout às áreas de estocagem. Prateleiras Constituem o meio de estocagem mais simples e econômico para estocagem para produtos leves e estoque reduzidos. As estantes devem ser arrumadas de costas entre si, mantidas a uma certa distância das paredes e do teto, evitando formação de zonas de calor, facilitando uma boa circulação interna de ar. O empilhamento do medicamento deve obedecer às recomendações do fabricante quanto ao limite de peso e número de volumes, para evitar desabamentos e alterações nas embalagens, por compressões. As pilhas devem ser feitas em sistema de amarração, deve-se manter distância entre elas e entre as paredes, garantindo uma boa circulação de ar (MARIN,2003). Armários Em geral, recomenda-se o uso de armários para o armazenamento dos medicamentos sujeitos ao controle especial (Portaria, 344/98).

20 2.4 Formas de armazenamento De acordo com Rojas (1994) para um armazenamento eficiente, os medicamentos devem estar dispostos de forma adequada para facilitar o acesso, a identificação, o manuseio, o controle, a distribuição e as operações de inventário e balanços. Os medicamentos podem estar organizados de diversas formas: alfabética, forma farmacêutica, grupo terapêutico, nível de atenção, alfanumérico. Ordem alfabética Baseia-se no nome genérico do produto farmacêutico, é de utilidade, uma vez que permite ao operador estabelecer uma seqüência na tomada de pedidos ou trabalhos de contagem. Forma farmacêutica Baseia-se na organização conforme a forma farmacêutica do produto, oferece a vantagem de evitar que ocorram erros na contabilização ou despacho do produto. Contribui com a racionalização do espaço. Grupo terapêutico Os medicamentos são organizados por grupos terapêuticos. É bastante utilizado e possibilita o controle de inventários, ao cobrir um número amplo de produtos em uma mesma classe. Alfanumérico Utiliza o sistema de sinalizações nas áreas, prateleiras e estrados, do tipo alfanumérico. É indicado principalmente para grandes quantidades, exige muita atenção nos registros do movimento para que sejam colocados corretamente. 2.5 Armazenamento de medicamentos sujeitos a controle especial (Portaria 344/98) Os medicamentos sujeitos a controle especial, por exigência da portaria 344/98 devem ser adquiridos, armazenados e dispensados segundo critério definidos na portaria.

21 Quanto à guarda das substâncias constantes na listas deste regulamento técnico, bem como os medicamentos que as contenham existentes no estabelecimento comercial, indústria ou unidade de saúde, conforme artigo 67 da Portaria 344/98, deverão ser obrigatoriamente guardados sob chave ou outro dispositivo que ofereça segurança em local exclusivo para este fim, sob a responsabilidade do farmacêutico ou químico, quando se tratar de indústria farmacoquímica. Recomenda-se que haja uma sala ou armário reservado para o armazenamento destes medicamentos, a sala deve atender às exigências sobre a ventilação, temperatura, condições de luminosidade e umidade que também são necessárias para a área de armazenamento geral. As entradas e saídas de medicamentos devem ser registradas em livros próprios de acordo com a legislação específica (Portaria 344/98) sob controle e responsabilidade do farmacêutico. 2.6 Repercussão da instabilidade de medicamentos É sabido que na natureza não se encontra nenhum exemplo de estabilidade e que a vida é um permanente estudo de instabilidade, na qual o fator tempo é essencial, podendo ocorrer mudanças de forma lenta ou rápida. A estabilidade dos medicamentos vai depender de vários fatores dentre os quais destacam-se: os fatores ambientais, proporcionando maiores riscos de interações físicas, químicas e microbiológicas. Ressaltamos que o transporte de produtos farmacêuticos de uma região climática para outra diferente e o tempo de armazenamento maior que o pré estabelecido, são fatores que podem interferir na estabilidade dos mesmos.

22 Diante do exposto, é comprovado que a instabilidade dos fármacos implicará em uma mudança da pureza, inocuidade, potência e eficácia do produto. Dessa forma contribuindo de maneira negativa, visto que uma vez a estabilidade do medicamento comprometida, certamente acarretará em sérios problemas a saúde dos usuários, pois além de não resolver o problema a qual o medicamento se propunha, irá ser somado a outros fatores mais agravantes.

23 3 OBJETIVOS 3.1 Objetivos gerais: Analisar as condições de armazenamento da Central de Abastecimento Farmacêutico e das Unidades Básicas de Saúde Públicas do município de Jaguaretama Ceará, conforme as boas práticas dos manuais de armazenamento. 3.2 Objetivos específicos: Verificar as condições estruturais físicas internas e externas dos locais de armazenamento de medicamentos; Analisar os fatores extrínsecos que podem interferir na estabilidade dos medicamentos; Verificar se as rotinas estão de acordo com as normas de boas práticas de estocagem estabelecidas; Verificar as condições de transporte de medicamentos.

24 4 METODOLOGIA 4.1 Desenho de estudo Estudo descritivo e observacional sobre as condições de armazenamento dos medicamentos da Central de abastecimento Farmacêutico e das Unidades Básicas de Saúde no município de Jaguaretama Ceará. 4.2 Local da pesquisa A pesquisa foi realizada no município de Jaguaretama Ceará. 4.2.1 Caracterização do Município Localização situado em pleno sertão médio Jaguaribe, Jaguaretama possui uma área de 1870,80 Km (2003), visto que parte do seu território foi doado a Nova Jaguaribara, em virtude da Barragem do Castanhão. Acesso O município dista 240 Km de Fortaleza, capital cearense, cujo acesso é feito através da rodovia BR - 116, CE - 138 (de Cristais à Morada Nova) e CE 371 (Morada Nova à Jaguaretama)

25 Limites do Município Limita-se ao Norte com Morada Nova e Banabuiú. Ao Sul: Jaguaribe e Alto Santo, ao Oeste: Solonópole e Banabuiú, ao Leste: Jaguaribara. Possui uma altitude de 725m, latitude 5:4,31 e longitude w:39,37. Densidade populacional É representada por 18.202 habitantes, destes 7.366 vivem na área urbana e 10.836 na zona rural, com uma densidade demográfica equivalente a 9,69 hab/km. (IBGE, 2004) Clima O clima do município é predominantemente quente e seco. Educação Na área da educação, o município pertence à jurisdição da CREDE-11 (Jaguaribe CE). Tendo no município 03 (três) Escolas Estaduais e 35 (trinta e cinco) municipais e 02 (duas) particulares. A taxa de analfabetismo da população com mais de 15 (quinze) anos de idade é de 18% (dezoito por cento) e o índice de abandono escolar dos alunos matriculados nas oito séries de Ensino Fundamental corresponde a 11% (onze por cento). (Censo Escolar, 2004) Serviços de saúde No município de Jaguaretama existe estruturas físicas na área de saúde compostas por: 01(um) Hospital e Maternidade; 05 (cinco) Unidades Básicas de Saúde; 01 (um) Laboratório de Análises Clínicas; e 01 (uma) Unidade de Fisioterapia. Os recursos humanos compreendem: 12 (doze) médicos; 07 (sete) enfermeiros(as); 05 (cinco) dentistas; 02 (dois) fisioterapeutas; 01 (um) farmacêutica-bioquímica; 01 (um) fonoaudiólogo; 01 (um) psicólogo; 01 (um) assistente social; 01 (um) veterinário e demais profissionais da área de saúde de nível médio que apóiam, auxiliam e completam o sistema local de saúde. Atualmente, o nível de gestão é plena.

26 4.3 Universo estudado Central de Abastecimento Farmacêutico e as cinco Unidades Básicas de Saúde no município de Jaguaretama-Ceará. A Central de Abastecimento Farmacêutico (CAF) e as cinco Unidades Básicas de Saúde (UBS) é composta por apenas uma farmacêutica e três funcionárias de nível médio que ficam na CAF e dá suporte técnico para as demais unidades. Foram estabelecidos alguns critérios para a organização dos medicamentos através de rotinas, tais como: Organizá-los por ordem alfabética; Separá-los por nome genérico, date e validade; Ter sempre o cuidado de colocar o de validade maus próximo ao vencimento na frente, para evitar desperdícios. A Central de Abastecimento Farmacêutico está localizada no Hospital e Maternidade Adolfo Bezerra de Menezes e as outras farmácias situam-se nas Unidades Básicas de Saúde do Programa de Saúde da Família (PSF). É na Central de Abastecimento Farmacêutico que ocorre a distribuição dos medicamentos para as unidades de saúde. Descrição dos Serviços: A distribuição dos medicamentos para as Unidades Básicas de Saúde só poderá ser realizada depois que comprovada a entrega do Mapa de Estoque de Medicamento; Obedecer a um dos critérios de entrega do medicamento (sempre do que estiver com a validade mais próxima ao vencimento); Anotar a entrega do estoque de medicamento na ficha (Nota de Medicamento Fornecido) com assinatura do recebedor e de quem autorizou.

27 Quanto a média diária de pacientes atendidos na Central de Abastecimento é em torno de 80 (oitenta) pacientes, enquanto que nas Unidades essa média é de aproximadamente 30 (trinta). 4.4 Coleta de dados 4.4.1 Período De 1º de abril à 30 de junho de 2007. 4.4.2 Instrumentos utilizados Foi realizada a observação direta com a utilização de um check-list, no qual foram registradas as condições estruturais físicas externas e internas, as rotinas de estocagem, os fatores extrínsecos relacionados a estabilidade dos medicamentos, e o transporte dos mesmos no universo estudado. 4.4.3 Estudo piloto Foi realizado um estudo piloto para verificar a adequação do instrumento de coleta de dados, quanto à pertinência dos itens a serem observados e do tempo da coleta de dados.

28 4.4.4 Variáveis estudadas Estrutura física externa; Estrutura física interna. 4.4.5 Fatores extrínsecos relacionados à estabilidade Temperatura; Umidade; Luminosidade; Ventilação. 4.4.6 Condições ideais de estocagem de medicamentos 4.4.7 Condições adequadas para transportar medicamentos 4.5 Análise e interpretação dos dados e tabelas. Análise descritiva e observacional das variáveis apresentadas na forma de quadros 4.6 Aspectos éticos O projeto foi submetido à apreciação do gestor municipal da área de saúde para aprovação de sua execução.

29 5 RESULTADOS E DISCUSSÕES 5.1 Condições estruturais externas Araújo (1995) cita que no local que dispensa medicamentos deve existir uma identificação bem visível para facilitar a sua localização por parte dos usuários, ser de fácil acesso e as circunvizinhanças isentas de contaminação ambiental, para o bom desempenho dos serviços. TABELA 01 Condições estruturais externas dos locais de armazenamento de medicamentos do município de Jaguaretama Ceará/2007. CONDIÇÕES EXTERNAS POR UNIDADES DE SIM SAÚDE 1. Prédio em bom estado de conservação 04 02 2. Existência de identificação externa 02 04 3. Vias de acesso ao local são adequadas 06-4. circunvizinhanças estão isentos de contaminação ambiental. NÃO 05 01 De acordo com a Tabela 01 observa-se que quanto às condições estruturais externas do local de armazenamento de medicamentos em quatro unidades de saúde, apresentam-se em condições adequadas, enquanto duas unidades necessitam de reforma. A identificação externa de formação estava ausente em quatro unidade e presente somente em duas. Em todos os locais verifica-se que as vias de acesso são adequadas.

30 Quanto à existência de contaminação ambiental, vê-se que em cinco unidades estão isentas e que em uma existe uma fossa que constantemente apresenta problemas. 5.2 Condições estruturais internas Segundo Silva (1998) para que haja uma conservação adequada dos medicamentos, necessário se faz que as condições estruturais internas atendam aos prérequisitos indispensáveis, tais como: portas, teto, piso e paredes em bom estado de conservação. A higienização do local é também outro critério imprescindível, para atingir esse objetivo. Tabela 02 Condições estruturais internas do local de armazenamento de medicamentos quanto às dimensões do prédio, condições ambientais, conservação, higienização, inspeções elétricas no município de Jaguaretama Ceara / 2007. CONDIÇÕES ESTRUTURAIS INTERNAS 1. As dimensões do prédio são proporcionais às necessidades operacionais do serviço. POR UNIDADE DE SIM SAÚDE NÃO 02 04 2. As partes estão em perfeitas condições. 06-3. O teto é adequado 06-4. O piso é de fácil limpeza 06-5. As paredes encontram-se de conformidade com os critérios. 05 01 6. O local é bem higienizado 04 02 7. Existe periodicamente de inspecção nas instalações elétricas. - 06 8. As janelas são teladas. - 06 A Tabela 02 mostra que em 02 (duas) farmácias as dimensões são proporcionais às necessidades operacionais dos serviços e 04 (quatro) precisam ser ampliadas. Já as portas, teto e piso são adequados nas 06 (seis) unidades.

31 Em 01 (uma) das unidades foi observada umidade nas paredes e as outras 05 (cinco) estão isentas de infiltração e umidade. A higienização é boa em 04 (quatro) unidades de dispensação de medicamentos e 02 (duas) apresentam-se em condições impróprias. Quanto à existência de telas nas janelas e a periodicidade de inspeções nas instalações elétricas, todas as 06 (seis) unidades não satisfazem estes itens. 5.3 Fatores Extrínsecos relacionados com a estabilidade do medicamento Moura (1989) relata que a estabilidade do medicamento, é de fundamental importância para que seu efeito terapêutico seja mantido. Para tanto não se pode esquecer de alguns critérios como: ausência de umidade, temperatura, ventilação e iluminação adequada. Cita que a umidade favorece o crescimento de fungos e bactérias e desencadeia algumas reações químicas. Recomenda a utilização de lâmpadas fluorescentes (fria) no caso de iluminação artificial. TABELA 03 Armazenamento de medicamentos, observando os fatores extrínsecos relacionados com a sua estabilidade no município de Jaguaretama Ceará / 2007. FATORES EXTRÍNSECOS RELACIONADOS COM A ESTABILIDADE POR UNIDADE DE SIM SAÚDE 1. Existe termômetro para aferição da temperatura. 01 05 2. Existe presença de unidade. 01 05 3. Foi observada incidência de raios solares nos medicamentos. NÃO - 06 4. A ventilação é natural. 04 02 5. Utiliza ventiladores. 02 04 6. A iluminação é adequada. 05 01

32 A Tabela 03 mostra que em 05 (cinco) farmácias inexistem termômetros para aferição da temperatura local de forma sistemática e somente em 01 (uma) verifica-se a presença de termômetro, através do qual é observada a temperatura e registrada. Em 05 (cinco) farmácias não foi observada umidade no local e em 01 (uma) foi identificada umidade nas paredes. Que não havia incidências de raios solares sobre nenhum medicamento nas 06 (seis) farmácias inspecionadas. Em 04 (quatro) farmácias a ventilação é natural, 02 (duas) utilizam ventiladores e nenhuma possui sistema de ar condicionado. Observa-se que em 05 (cinco) farmácias a iluminação é adequada e somente 01 (uma) faz uso de lâmpada fria. 5.4 Rotinas de estocagem Segundo Dupim (1999) para se evitar desperdícios ou problemas referentes a troca de medicamentos, deve-se atentar para o fato de manter os medicamentos ordenados por nome genérico, lote e validade e também mantê-los em suas embalagens originais.

33 TABELA 04 Rotinas de estocagem de medicamentos nas Unidades Básicas de Saúde do município de Jaguaretama Ceará / 2007. ROTINAS DE ESTOCAGEM 1. Medicamentos são ordenados por nome genérico, lote e validade. POR UNIDADE DE SIM SAÚDE NÃO 01 05 2. Lotes são estocados separadamente. 01 05 3. Medicamentos são mantidos nas embalagens originais. 06-4. Medicamentos estão estocados isolados a outros materiais (de limpeza, consumo) 5. Medicamentos com validade mais próximo ao vencimento estão colocados na frente das prateleiras. 6. Distância entre os produtos das paredes e teto é satisfatória. 05 01 01 05 02 04 Observa-se na Tabela 04 que somente em 01 (uma) farmácia os medicamentos são ordenados por nome genérico, lote e validade e as outras 05 (cinco) não procedem dessa forma. Somente em 01 (uma) Unidade os lotes estão estocados separadamente, nas outras 05 (cinco) o procedimento é diferente. Em todas as 06 (seis) farmácias verifica-se que os medicamentos são mantidos em suas embalagens originais. Os medicamentos estão estocados isolados de outros materiais, tais como: limpeza e de consumo, em 05 (cinco) farmácias e somente em 01 (uma) observa-se o contrário. Somente em 01 (uma) farmácia verifica-se que os medicamentos de validade mais próximos ao vencimento estão colocados na frente das prateleiras, o que não observa-se nas 05 (cinco) restantes.

34 Que a distância entre os produtos das paredes e teto é satisfatório em 04 (quatro) farmácias, porém é insatisfatório nas outras 02 (duas). 5.5 Condições de transporte de medicamentos Marin (2003) enfatiza que a forma como os medicamentos são transportados, está diretamente relacionado com a qualidade do produto. Ou seja, se realizado de forma cuidadosa, certamente contribuirá para manter as características físico-químicas do medicamento inalteradas. TABELA 05 Condições de transporte de medicamentos para as farmácias das Unidades Básicas de Saúde do município de Jaguaretama Ceará / 2007. TRANSPORTE DE MEDICAMENTOS POR UNIDADE DE SIM SAÚDE 1. O veículo para transportar o medicamento é fechado. 06-2. O motorista que conduz o veículo que transporta o medicamento, tem o devido cuidado de não deixar o veículo exposto ao sol? 3. Nas operações de carga e descarga, o manuseio dos medicamentos é realizado de forma cuidadosa (sem arremessá-los, arrastar ou colocar peso sobre eles)? NÃO - 06 05 01 Na Tabela 05 observa-se que todos os veículos utilizados para transportar os medicamentos para as 06 (seis) Unidades Básicas de Saúde são fechados. Os motoristas que conduzem os veículos que transportam os medicamentos para as Unidades Básicas de Saúde não tem o devido cuidado em relação ao estacionamento do mesmo, deixando-o exposto ao sol.

35 Nas operações de carga e descarga, o manuseio é realizado de forma cuidadosa em apenas 01 (uma) Unidade Básica de Saúde e nas outras 05 (cinco) não é realizada essa operação de forma correta.

36 6 CONCLUSÃO O armazenamento de medicamentos constitui-se de uma das etapas do Ciclo da Assistência Farmacêutica, onde a finalidade principal é garantir a qualidade dos fármacos, através de um acondicionamento adequado. Levando-se em consideração as condições estruturais físicas externas dos locais de armazenamento de medicamentos no município de Jaguaretama Ceará, estas não estão adequadas. Quanto às condições estruturais internas, não existe periodicidade de inspeções nas instalações, nem telas nas janelas, sendo, portanto necessário reverter esse quadro. Observando os fatores extrínsecos em relação a sua estabilidade, a necessidade de se colocar termômetros para aferição da temperatura local e instalação de iluminação adequada, são atitudes que devem ser tomadas para melhoria do quadro atual, visto que a temperatura ideal não deverá ultrapassar 25ºC. Também alertamos sobre a iluminação, que para não afetar a estabilidade o medicamento, deverá ser modificada. Não existe geladeira em nenhuma farmácia já que as insulinas, soros e vacinas ficam na sala de imunização. As farmácias quase em sua totalidade, não ordenava os medicamentos por nome genérico, lote e validade, vencimento mais próximo na frente das prateleiras, dificultando assim a identificação e ainda propiciando o desperdício. Em relação as condições de transporte dos medicamentos, o problema mais grave, refere-se a exposição prolongada do fármaco ao calor, quando estes estão sendo transportados e também a maneira incorreta como está sendo feito o manuseio nas operações de carga e descarga. Com isso podendo ocasionar problemas na sua estabilidade. Para tanto faz-se

37 necessário uma melhor orientação ao pessoal que os transportam e faz a operação de carga e descarga. Diante do exposto conclui-se que deverá ser implementada melhorias nas condições de armazenamento e transporte dos medicamentos, para oferecer um serviço de melhor qualidade.

38 7 SUGESTÕES Os resultados encontrados apontam que existem falhas no armazenamento e transporte de medicamentos. Queremos neste trabalho sugerir aos gestores e profissionais da área a implantação de reformas estruturais e operacionais da Central de Abastecimento Farmacêutico e das Unidades Básicas de Saúde no município de Jaguaretama CE. Que seja colocada a identificação externa em todos os locais que dispensam medicamentos, facilitando aos usuários uma melhor identificação destes locais. Melhorar as dimensões dos prédios para facilitar as necessidades operacionais dos serviços. Deverá existir uma periodicidade de inspeções nas instalações elétricas, evitando que ocorram complicações futuras. As janelas deverão ser teladas, para impedir a penetração de isentos e mosquitos no interior das farmácias. Que seja colocado termômetros para aferição da temperatura com registros diários em mapas para a partir desses resultados elaborar relatórios para tomada de decisões na correção de eventuais irregularidades. A ordenação dos medicamentos deverá ser feita por nome genérico, lote e validade para se obter uma melhor organização e também evitar desperdícios. Obedecer a uma distância padrão entre parede-fármaco e teto-fármaco. Os motoristas que transportam os medicamentos deverão receber orientações básicas como: conseqüências da exposição dos fármacos ao calor e da forma de transportá-los, pois essa falta de conhecimento acarretará em danos aos medicamentos. Que seja climatizado todos os locais que acondicionam medicamentos

39 REFERÊNCIAS ARAÚJO, JS. Almoxarifado: administração e organização. 9 ed. São Paulo: Atlas, 1995. BAHIA. Secretaria da Saúde do Estado. Efetivando o acesso, a qualidade e a humanização da assistência farmacêutica, com controle social. Salvador, 2003. 22 p. BRASIL. Ministério da Saúde. Assistência farmacêutica na atenção básica: instruções técnicas para sua organização. Brasília, DF, 2004. 114 p. Boas práticas para estocagem de medicamentos. Brasília, DF : CEME, 1989. 21 p. Farmácia básica: manual de normas e procedimentos. Brasília, DF, 1997. 31 p. Funções de farmácia hospitalar. In: Guia básico para a farmácia hospitalar. Brasília, DF, 1994. 175 p. Manual para organização da atenção básica. Brasília, DF, 1999. 40 p. Ministério da Saúde. Portaria SVS nº. 802, de 08 de outubro de 1998. Institui o sistema de Controle e Fiscalização em toda a cadeia dos produtos farmacêuticos. Diário Oficial da República Federativa do Brasil, Brasília, 8 de out, 1998. Ministério da Saúde. Resolução CNS nº. 338, de 06 de maio de 2004. Aprova a Política Nacional de Assistência Farmacêutica. Diário Oficial da União, Poder Executivo, Brasília, DF, 20 de maio, 2004. Política Nacional de Medicamento, DF, 1999. FORTALEZA: Prefeitura Municipal, Boletim de Saúde de Fortaleza: assistência farmacêutica, a.3, n.2, 1999, 81 p. CEARÁ. Secretaria da Saúde do Estado. Boas práticas para conservação e estocagem de medicamentos. Fortaleza, 1997. 45 p.

40 Normatização do uso racional de antimicrobianos. Fortaleza, 2002. 477 p. CICLO da assistência farmacêutica. Disponível em: http://www.opas.org.br/medicamentos.asfarm@saude.gov.br. Acesso em : 14.mar.2004. DEFILIPPE, C.R. Estabilidade de medicamentos: condições ambientais adequadas para a conservação dos medicamentos. Rio de Janeiro. [s.n.], 1985. 40 p. DUPIM, José Augusto Alves. Assistência Farmacêutica: um modelo de organização. Belo Horizonte: SEBRAC, 1999. ESTABILIDADE de medicamentos: uma radiografia da realidade brasileira. Pharmácia Brasileira. Brasília, DF, ano 3, nº 24, p. 4 8, Jan./Fev. 2001. LIMA, D.R. Manual de Farmacologia Clínica Terapêutica e Toxicológica, Ed. Guanabara Koogan, Rio de Janeiro, 1995, 315 p. MARIN, N. et al. (Org.). Assistência farmacêutica para gerentes municipais. Rio de Janeiro: OPAS, 2003, 334 p. MOURA, R.A. Logística: suprimento, armazenamento, distribuição física. São Paulo: Ibam, 1989. PINHEIRO, Hesio Fernandes. Organização e reorganização de serviços. 2 ed. São Paulo: Atlas, 1995. PORTARIA 344/98. Disponível em: http://www.anvisa.gov.br/legis/portarias/344_98htm. Acesso em 13.mar.2007 ROJAS, C.M.; JARAMILLO, G.I. Armazenamento e distribuição de medicamentos essenciais. Brasília, DF: Escola de Saúde Pública do Ceará, 1994. 83 p. (Curso de administração de sistemas de abastecimento e medicamentos essenciais, módulo 7).

41 SÃO PAULO. Prefeitura do Município. Manual de estruturação de almoxarifado de medicamentos e produtos para a saúde e de boas práticas de armazenamento e distribuição. São Paulo, 2003. 36 p. SILVA, L.A. Manual de Normas e Procedimentos Operacionais de Rotina em Armazenamento. Fortaleza: SESC e, 1998 (Mimeo) VECINA NETO, B & REINHARDT FILHO, W. Gestão de Recursos materiais e de Medicamentos. São Paulo: IDS/USP/Banco Itaú, 1998. (Coleção Saúde e Cidadania)

ANEXOS 42

43 Escola de Saúde Pública do Ceará Curso de Especialização em Assistência Farmacêutica Pesquisa: Condições de armazenamento dos medicamentos da Central de Abastecimento Farmacêutico e das Unidades Básicas de Saúde no município de Jaguaretama Ceará. Check List para verificação das condições de armazenamento da Central de Abastecimento Farmacêutico e das Unidades Básicas de Saúde no município de Jaguaretama Ceará. 1 Condições Estruturais Externas 1.1 O prédio encontra-se em bom estado de conservação (isento de rachaduras, infiltrações)? 1.2 Existe identificação externa (por meio de nome legível e visível)? 1.3 As vias de acesso ao local de armazenamento são adequadas? 1.4 As circunvizinhanças estão isentas de contaminação ambiental? 2 Condições Estruturais Internas 2.1 As dimensões do prédio são proporcionais às necessidades operacionais do serviço? 2.2 As portas estão em perfeitas condições (pintadas, sem cupim)? 2.3 O teto é adequado? 2.4 O piso é de fácil limpeza?

44 2.5 As paredes encontram-se de conformidade com os critérios (pintura clara, sem infiltração e sem umidade)? 2.6 O local é bem higienizado (isento de poeira, lixo)? 2.7 Existe periodicidade de inspeção nas instalações elétricas? 3 Fatores extrínsecos relacionados com a estabilidade 3.1 Existe termômetro para aferição da temperatura do local de forma sistemática? 3.2 Existe presença de umidade? 3.3 Foi observada incidência de raios solares nos medicamentos? 3.4 A ventilação é natural? 3.5 Utiliza condicionadores de ar? 3.6 Utiliza ventiladores? 3.7 A iluminação é adequada (lâmpadas fluorescentes)? 4 Rotinas de estocagem 4.1 Os medicamentos são ordenados por nome genérico, lote e validade? 4.2 Os lotes são estocados separadamente? 4.3 As janelas são teladas?

45 4.4 Os medicamentos são mantidos nas embalagens originais? 4.5 Os medicamento estão estocados isolados dos outros materiais (de limpeza, de consumo)? 4.6 Os medicamentos de validade mais próximos ao vencimento estão colocados na frente? 4.7 A distância entre os produtos das paredes e tetos é satisfatória? 5 Transporte de medicamentos 5.1 O veículo utilizado para transportar o medicamento é fechado? 5.2 O motorista, que conduz o veículo que transporta o medicamento, tem o devido cuidado de não deixar o veículo exposto ao sol? 5.3 Nas operações de carga e descarga, o manuseio dos medicamentos é realizado de forma cuidadosa (sem arremessar caixas,arrastar ou colocar peso sobre elas)?