Formação docente e inovação tecnológica para o ensino-aprendizagem de Português como Língua Estrangeira (PLE) PROPOSTA DO PROJETO



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Transcrição:

Formação docente e inovação tecnológica para o ensino-aprendizagem de Português como Língua Estrangeira (PLE) PROPOSTA DO PROJETO O decênio 2005-2014 foi declarado pelas Nações Unidas como a Década da Educação para o Desenvolvimento Sustentável, iniciativa ambiciosa e complexa, cujo objetivo global consiste em integrar os valores inerentes ao desenvolvimento sustentável nas diferentes formas de aprendizagem, de modo a fomentar as transformações necessárias para uma sociedade mais justa para todos. Devido às novas conjunturas políticas, econômicas e sociais, a importância da língua portuguesa no mundo aumentou substancialmente, e seu estatuto como língua estrangeira vem sendo, a cada dia, mais reforçado. Igualmente, a consolidação de significativas mutações geopolíticas na Europa, na América e na África Austral, teve particular repercussão no domínio da utilização das línguas. De acordo com a Ethnologue 1, o Português é a sexta língua materna mais falada no mundo, com 176.000.000 de falantes, depois do Chinês (Mandarim), com 874.000.000, o Hindi, com 366.000.000, o Espanhol, com 358.000.000, o Inglês, com 341.000.000, e o Bengali, com 207.000.000. Na perspectiva de difusão mundial do Português, formaram-se comunidades, associações e institutos voltados à promoção dessa língua. Em 17 de julho de 1996, em Lisboa, instituiu-se a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), constituída pelos Estados-membros: Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, Portugal e São Tomé e Príncipe. Seis anos mais tarde, em 20 de maio de 2002, com a conquista de sua independência, Timor-Leste tornou-se o oitavo país membro da CPLP. Além de voltar-se para o fator político-diplomático dos Estados-membros e para a cooperação em todos os domínios, inclusive os da educação, saúde, ciência e tecnologia, defesa, agricultura, justiça, cultura, desporto e comunicação social, a CPLP tem como objetivo a realização de projetos de promoção e difusão da língua portuguesa. Para 1 Ethnologue, Languages of the World. 14ª edição, 2000.

cumprir esse propósito, essa Comunidade conta com um órgão adicional, o Instituto Internacional da Língua Portuguesa (IILP). O IILP mantém acordo com a Associação das Universidades de Língua Portuguesa (AULP), da qual são membros titulares muitas universidades dos Estadosmembros da CPLP, dentre as quais a Universidade Federal de Sergipe (UFS). Em 1992, durante o II Congresso Brasileiro de Lingüística Aplicada, realizado na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) foi criada a Sociedade Internacional de Português-Língua Estrangeira (SIPLE). O objetivo dessa sociedade é congregar professores e pesquisadores, do Brasil e do exterior, que atuam na área de ensino/aprendizagem de português para falantes de outras línguas, para o desenvolvimento de atividades e iniciativas de cunho acadêmico e sócio-político, possibilitando, com isso, contribuir para consolidar a institucionalização da área e para promover a produção e divulgação de conhecimento, bem como o intercâmbio de experiências no ensino/aprendizagem de português em contextos de segunda língua ou de língua estrangeira. Em novembro de 2005, o Brasil e a Argentina firmaram protocolo para promoção do ensino do espanhol e do português como segundas línguas. Tal protocolo decorre das ações do Mercado Comum do Sul (MERCOSUL). Foi assinado, também, em 4 de julho de 2006, o Protocolo de Adesão da República Bolivariana da Venezuela ao Mercosul, que levou o governo venezuelano a incluir o ensino da língua portuguesa no ensino oficial, a partir do ano de 2010, o que proporcionará um significativo aumento na contratação de professores de português como segunda língua nesse país. Igualmente, no Uruguai, o ensino do português será oficializado nas escolas públicas, em 2010, segundo declaração oficial da atual ministra da Educação e Cultura, Maria Simón. Com relação às discussões e ações efetivas no âmbito da política lingüística, foi fundado em 1999, o Instituto de Investigação e Desenvolvimento em Política Lingüística (IPOL), sociedade civil de direito privado, sem fins lucrativos, de caráter cultural e educacional, com sede em Florianópolis, Santa Catarina, sendo constituída por profissionais de diversas áreas do conhecimento para realização de projetos de interesse político-linguístico em sentido amplo. Dois de seus principais objetivos

consistem em refletir e agir sobre as políticas lingüísticas no/do Mercosul, e refletir e agir sobre as políticas lingüísticas na/da Lusofonia. Em dezembro de 1991, com a assinatura do protocolo de intenções por parte dos ministros da Educação, criou-se o Setor Educacional do MERCOSUL (SEM). Esse setor é uma instância onde se concentram políticas que integram a educação aos processos econômicos, sociais e políticos necessários para o desenvolvimento das pessoas e das sociedades. No Plano do Setor Educativo do MERCOSUL 2006-2010, a educação é concebida como estratégia para o desenvolvimento da integração econômica e cultural dos Estados Partes do MERCOSUL. Dentre os objetivos do Plano do SEM 2006-2010, destaca-se o primeiro, no qual está prevista a integração regional pelo acordo e execução de políticas educativas que promovam uma cidadania regional, uma cultura de paz e o respeito à democracia, aos direitos humanos e ao meio ambiente. As estratégias para execução desse objetivo são: a promoção de uma consciência cidadã favorável ao processo de integração regional; fomento de programas culturais, lingüísticos e educativos que contribuam para a construção de uma identidade regional, e fortaleçam as zonas de fronteira; desenvolvimento de programas de formação e reflexão em torno da cultura de paz, do respeito à democracia, dos direitos humanos e do meio ambiente; e, promoção e difusão dos idiomas oficiais do MERCOSUL. No tocante à promoção e difusão das línguas oficiais do MERCOSUL, espanhol e português, o Plano prevê, até 2010, o funcionamento de planos e programas de formação de professores de português e espanhol como segundas línguas em cada país dos Estados-membros, bem como a incorporação de programas de ensino de português e espanhol como segundas línguas aos sistemas educativos dos países do MERCOSUL, com vistas à inserção nos currículos. Frente ao rol de ações existentes para difusão e promoção da língua portuguesa, e à crescente demanda internacional para a formação docente em PLE, este projeto apresenta quatro objetivos, a saber:

1. articular políticas de línguas 2 e educacionais como suportes para a configuração geopolítica da variedade brasileira da língua portuguesa como língua estrangeira, ou segunda língua, nos sistemas educacionais da Educação Básica dos Estados Partes do MERCOSUL 3 ; 2. desenvolver pesquisas voltadas ao ensino-aprendizagem do português como língua estrangeira, ou segunda língua, para fins de ensino-aprendizagem de Português para estrangeiros residentes no Brasil, sobretudo os hispano-falantes provenientes dos países integrantes do MERCOSUL; 3. formar recursos humanos, no âmbito da docência em PLE, em nível superior; 4. produzir material tecnológico da área, para fins didáticos: dicionário e minidicionário de equivalência entre português e espanhol, em versão impressa e eletrônica. FUNDAMENTAÇÃO DOS OBJETIVOS O pressuposto de que o aspecto político medeia as relações entre línguas e regula o seu estatuto como línguas oficiais aparatadas pelo Estado orienta os procedimentos teórico-metodológicos a serem utilizados na realização do primeiro objetivo deste projeto. Sob uma perspectiva discursiva, busca-se discutir e analisar a questão do bilingüismo presente nas propostas do MERCOSUL, no âmbito do SEM, cujo propósito é a construção da integração econômica e cultural dos países do MERCOSUL, por meio de políticas educativas que promovam a cidadania regional. A ampliação da consciência cidadã aos domínios territoriais dos países sul-americanos pertencentes ao MERCOSUL implica questões de natureza interculturais que visem à construção de uma proximidade sócio-cultural entre países desse continente. Nesse caso, o uso das línguas oficiais, português e espanhol, denominadas por Silveira (1998), como línguas de interface cultural, ganham relevo no cenário político-econômico e cultural dos países sulamericanos. Diante dessa realidade, busca-se verificar a articulação das políticas de línguas e educacionais voltadas para a utilização da variedade brasileira da língua portuguesa em documentos oficiais do MERCOSUL, em programas e planos de ensino da Educação Básica, em manuais didáticos e em dicionários bilíngües português- 2 De acordo com Eni Orlandi (2007), a língua é um corpo simbólico-político que faz parte das relações entre sujeitos na sua vida social e histórica. 3 Há autores que diferenciam LE e L2. Neste projeto, não diferenciamos.

espanhol, com vistas a configurar a planificação geopolítica para difusão do ensinoaprendizagem do português como língua estrangeira, ou segunda língua, na variedade brasileira. Segundo Lacoste (2005), a abordagem geopolítica de uma língua não se limita a examinar no mapa o alcance de sua extensão e seus limites com outras línguas, a constatar a coincidência (ou a não-coincidência) com as fronteiras desse ou daquele Estado. (LACOSTE, 2005). Com efeito, essa abordagem analisa e interpreta as rivalidades dos poderes das políticas públicas sobre territórios. Na época colonial, a difusão de uma língua em determinados territórios em detrimento das línguas que até então eram faladas ali traduz rivalidades de poderes nesses territórios. Foi o que ocorreu na construção dos Estadosnação, com a propagação da língua nacional do colonizador como língua oficial das colônias. No Brasil, por exemplo, a institucionalização da língua portuguesa é um relevante fato histórico que atesta o papel da geopolítica, por meio da promulgação de várias leis da Corte Portuguesa, dentre as quais a do Diretório de Pombal, em 1757, que impunha o uso e o ensino da língua do Príncipe aos índios do Estado do Grão-Pará e Maranhão. Segundo Turazza e Corrêa (2008), esse processo histórico evidencia que a implantação da língua portuguesa, ou língua do Príncipe, na colônia brasileira, deu-se pela via escolar. Observa-se, no entanto, que o uso de um mesmo sistema lingüístico em diferentes territórios pode sofrer alterações fonéticas, morfossintáticas e semânticas. É o que se observa no uso da língua portuguesa em território brasileiro, cujas variações em relação ao português usado em Portugal são relevantes. A variedade, contudo, demora a se instalar no corpo de uma língua, de tal sorte que, para que isso ocorra, supõem-se o espaço e o tempo como duas categorias sociais de total importância nesse processo. O espaço, nesse caso, é o território concebido como ator e não apenas como um palco, isto é, o território no seu papel ativo (SANTOS & SILVEIRA, 2001), e o tempo uma condição necessária para a realização das ações. Entretanto a formação de uma língua comum, ou coiné (MELO, 1946) normalmente se explica como um dialeto que teve hegemonia política e, tornado oficial, passou a ser imposto a todas as regiões sujeitas à mesma soberania. A expressão concreta dessa língua é a escrita, daí a importância do papel da escola, cuja tradição é o ensino da escrita.

No tocante à escrita, o Novo Acordo Ortográfico é uma tentativa de unificação da língua portuguesa, que seguindo o disposto numa reunião da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), realizada em julho de 2004 em São Tomé e Príncipe, ficou decidido que para o novo acordo entrar em vigor, bastaria que três países o ratificassem. O Brasil em outubro de 2004, Cabo Verde em abril de 2005 e São Tomé e Príncipe em novembro de 2006 ratificaram o acordo, estando assim cumprido o disposto nessa reunião da CPLP. Em Portugal, este acordo foi ratificado pelo Governo a 6 de março de 2008, faltando a aprovação no Parlamento ou pelo Presidente da República. Caso seja aprovado, entrará imediatamente em vigor, no entanto está permitida uma fase de adaptação de seis anos, período em que serão permitidas as duas grafias. O segundo objetivo fundamenta-se em uma visão histórica das abordagens metodológicas para o ensino de línguas estrangeiras, com base nas obras de Rivers (1964), Germain (1993), e Finocchiaro & Brumfit (1983), visando à discussão de métodos de ensino de PLE, cujas diretrizes apontem para o desenvolvimento da competência comunicativa do aprendiz, a partir de uma perspectiva intercultural. Contudo, deve-se considerar, conforme Maingueneau (1997), que o domínio de tal competência deve ser conjugado às noções de competência lingüística e competência enciclopédica para a produção e interpretação de enunciados, uma vez que a sua articulação responde por uma espécie de patrimônio cultural, constituído por movimentos discursivos de conservação e mudança de sentidos. Sob essa perspectiva, a prática intercultural corresponde à condição humana da pluralidade. Essa pluralidade tem o duplo aspecto de igualdade e diferença, sem o qual não é possível definir algo fora da relação que se estabelece com o outro. A distinção entre as coisas do mundo vem à tona no discurso, pois através dele os homens podem distinguir-se, em vez de permanecerem apenas diferentes. Nesse sentido, a existência plural dos homens em sociedade não se qualifica apenas pela diferença, mas pela conjunção entre a igualdade e a diferença, o que torna possível a distinção entre eles. Ser plural, afirma Arendet (1995), consiste em reconhecer a si no outro como igualdade e diferença. Dessa forma, ser diferente é distinguir-se do outro e não ser outro. Pelo viés intercultural, as ações comunicativas são concebidas como deslocamentos em relação ao outro, não apenas para adiantar-se a ele, mas para se revelar ao outro e se constituir com o outro como pessoa. Essa relação dialógica é,

segundo Bakhtin (1997), a condição mesma da linguagem, pois sem a revelação do agente no ato, a ação pela linguagem perde seu caráter específico e torna-se um feito qualquer, passando a ser apenas um meio de atingir um fim, tal como a fabricação é um meio de produzir um objeto. Ainda, segundo a mesma autora, isto ocorre sempre que deixa de existir convivência, quando as pessoas são meramente <<pró>> ou <<contra>> (...). Nestas circunstâncias o discurso transforma-se, de fato, em mera conversa. (ARENDET, 1995). Em síntese, a prática intercultural possibilita compreender que as práticas discursivas instituem-se e constituem-se por graus de projeção dos sujeitos à dimensão histórica dos acontecimentos, em que os sentidos podem ser reinterpretados pelo diálogo continuado. Segundo Corrêa (2006), no curto tempo das interações sociais, os conhecimentos e valores do longo tempo histórico são constantemente avaliados sob diferentes perspectivas ideológicas que apontam para espaços de representação de ações futuras. Essas possibilidades de reconstrução do espaço das ações e representações sociais emergem do que os grupos interpretam como necessidade ou falta, isto é, do que ficou por fazer no passado e do que poderá ser feito no futuro. Desse modo, o aprendizado de PLE pela perspectiva intercultural atende não apenas o propósito da integração sócio-cultural, econômica e política dos países prevista nos documentos oficiais do MERCOSUL, mas também reforça a importância da difusão e promoção do ensino-aprendizagem da variedade brasileira da língua portuguesa, por onde os aspectos da cultura brasileira, especialmente inscritos no uso vocabular dessa língua, assumem contornos relevantes para a (re)construção das identidades culturais entre os povos da América do Sul. Ainda em cumprimento ao segundo objetivo desse projeto, busca-se implementar um núcleo de ensino-aprendizagem de português para estrangeiros residentes no Brasil, com a dupla finalidade de aprimoramento das metodologias pela perspectiva intercultural, e de abertura de espaço especializado para atendimento dessa demanda populacional estrangeira no Brasil. Dados do Ministério do Trabalho e Emprego mostram que, entre 1998 e 2005, o número de estrangeiros no Brasil saltou de 13,8 mil para 24,1 mil, representando um crescimento de 75%. Se a internacionalização das empresas brasileiras tem levado muitos profissionais para o exterior, o movimento inverso - de chegada de estrangeiros ao mercado de trabalho nacional - também acontece de forma intensa nos últimos anos.

No plano da formação de recursos humanos, no âmbito da docência em PLE, condizente ao terceiro objetivo deste projeto, busca-se promover cursos de extensão e especialização em PLE, em nível de pós-graduação lato sensu, e oferta de disciplinas optativas em nível de graduação e pós-graduação stricto sensu. A oferta de cursos e disciplinas será decorrente dos resultados obtidos nos outros objetivos deste projeto. O quarto objetivo consiste em articular conhecimentos do léxico do português brasileiro e do espanhol rio-platense para a confecção de obra lexicográfica, dicionário de português e espanhol para hispano-falantes aprendizes de PLE. Essa produção já se encontra em andamento por pesquisadores do Grupo Interinstitucional de Pesquisa em Lexicologia GIPLEX, certificado no Diretório do CNPq, e cadastrado na Universidade Federal de Sergipe, em associação com pesquisadores do Núcleo de Pesquisa do Português como Língua Estrangeira NUPPLE, certificado no Diretório do CNPq, e cadastrado na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. Tal produção tecnológica, para fins didáticos, sob a coordenação geral das professoras doutoras Jeni Silva Turazza (PUC-SP) e Lêda Pires Corrêa (UFS), vem se desdobrando em projetos de Iniciação Científica (PIBIC) e, mais recentemente, em projeto de Inovação Tecnológica (PIBITI), pela UFS, além de contar com pós-graduandos do Programa de Estudos Pós-Graduados em Língua Portuguesa, da PUC-SP. Seu objetivo principal é desenvolver estudos do léxico com vistas ao ensinoaprendizagem do português como língua estrangeira (PLE). Tal pesquisa fundamenta-se na Metalexicografia ou Lexicografia Teórica, cujo escopo, segundo Welker (2004), é o estudo de problemas ligados à elaboração de dicionários em interface com a Lexicologia, como suporte dos estudos do léxico e sua aplicação na elaboração de dicionários. Levando-se em consideração que os objetivos centrais do ensino-aprendizagem de PLE devem garantir o desenvolvimento proficiente das habilidades de leitura, escrita, fala e escuta nas suas práticas de uso efetivo, na dimensão formal e funcional, a demanda por um material tecnológico, em versão impressa e eletrônica, para finalidade didático-pedagógica, que contemple satisfatoriamente a descrição do universo lexical do português brasileiro contemporâneo, torna-se altamente relevante, até porque o léxico exerce uma das funções mais importantes para a comunicação humana, tanto no que se refere a seus aspectos sociais quanto aos cognitivos.

Desse modo, as atividades desenvolvidas na elaboração do dicionário de equivalência entre português e espanhol, com auxílio de pressupostos da Lexicologia e de estudos voltados ao ensino de PLE 4, buscam solucionar problemas no plano fonéticofonológico, morfológico, sintático e semântico atinentes a este tipo de produção lexicográfica. O Dicionário de equivalência do português brasileiro e do espanhol rio-platense vem sendo concebido por meio de uma prática voltada para o estabelecimento de procedimentos analíticos de conteúdos que, configurados pelos significados da base vocabular das designações de alta freqüência do idioma português, possibilitam a construção de definições analíticas quanto às suas singularidades, inscritas na pluralidade de registros socioletais do português brasileiro. Embora a pesquisa tenha como objetivo a produção lexicográfica, que juntamente com as gramáticas, constituise, segundo Auroux (1992), como aparato tecnológico, pois os dicionários são produtos de processos de lexicalização, e funcionam como meios para a produção textualdiscursiva, o seu caráter é inovador quanto ao tratamento intercultural que se atribui às equivalências semânticas entre os vocábulos dos dois idiomas, e pioneiro em território brasileiro, encontrando similar apenas no Señas Diccionario para la Enseñanza de la Lengua Española para Brasileños. A organização microestrutural dessa modalidade de dicionário, dirigida a usuários dos níveis intermediário e avançado do português, apresenta entrada vocabular em português, transcrição fonética, definição vocabular sob a forma de enunciados, exemplário e termo equivalente em espanhol. A base em português encontra-se em estágio avançado de desenvolvimento, carecendo ainda da construção da maior parte dos termos equivalentes em espanhol para que se proceda à revisão detalhada da obra como um todo. Objetiva-se confeccionar, após o término da versão impressa e ampliada do dicionário, a versão eletrônica sob a forma de minidicionário. 4 ALMEIDA FILHO, José Carlos Paes de. Português para estrangeiros: interface com espanhol. 2ª Ed. Campinas, SP: Pontes, 2001. SIMÕES, Antônio R. M. Português para falantes de espanhol. 1ª Ed. Campinas, SP: Pontes, 2004.

JUSTIFICATIVA O projeto, intitulado Formação docente e inovação tecnológica para o ensinoaprendizagem de Português como Língua estrangeira (PLE), busca contribuir, em sentido lato, com a difusão e a valorização do ensino da variedade brasileira da língua portuguesa em países integrantes do MERCOSUL. Na atualidade, Portugal e Brasil concorrem para o desenho de uma geopolítica do ensino da língua portuguesa no espaço territorial sul-americano. Sabe-se, por exemplo, da iminência da promulgação da nova Lei Orgânica do Instituto Camões, que integrará a essa instituição todo o ensino do Português para estrangeiros, do nível pré-escolar ao superior. Em contrapartida, o Brasil conta com a criação do exame de proficiência em Língua Portuguesa para Estrangeiros, o CELPE-BRAS - Certificado de Proficiência em Língua Portuguesa para Estrangeiro, reconhecido oficialmente, e aplicado, desde 1998, no Brasil e em outros países, com o apoio do Ministério das Relações Exteriores, aos estrangeiros com desempenho satisfatório em teste padronizado do português. Nesse sentido, tornam-se relevantes as ações voltadas para a formação de recursos humanos, no âmbito da docência em PLE, por meio da qual se utilize o português brasileiro, e para a inovação tecnológica para uso no ensino de habilidades de leitura, de escrita e da oralidade dessa variedade da língua portuguesa. Em sentido estrito, este projeto, por meio de associações com o Programa de Pós-Graduação em Lingüística Aplicada, da Universidade de Brasília (UnB), e com o Programa de Estudos Pós-Graduados em Língua Portuguesa, da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), apresenta possibilidades de ampliação do campo de pesquisas voltadas às políticas lingüísticas e educacionais, do campo do ensinoaprendizagem de PLE, além de oferecer condições para a ampliação dos cursos de graduação em Letras do país pela nova habilitação em PLE. O Núcleo de Pós-Graduação em Letras mantém vínculo interinstitucional, na modalidade Associação Temporária, com o Programa de Pós-Graduação em Letras e Lingüística, da Universidade Federal de Alagoas, e estrutura-se por duas linhas de pesquisa Teorias do Texto e Língua, Cultura, Identidade e Ensino, que se ligam à área de concentração Linguagem e Ensino, cujo propósito é refletir acerca da pluralidade de linguagens e vozes que marca as sociedades no mundo contemporâneo. Nesse sentido, a proposta desse projeto visa à ampliação dessa área de concentração pela articulação

entre os estudos lingüísticos em uma perspectiva textual-discursiva - sustentados pelas dimensões sócio-históricas, identitárias e culturais - e o ensino-aprendizagem de PLE. A reciprocidade do diálogo entre as duas linhas de pesquisa, para as quais convergem diferentes abordagens dos estudos lingüísticos, identitários, culturais e literários, atesta a relevância dessa proposta voltada à formação de recursos humanos especializados na docência do Português como Língua Estrangeira e à produção tecnológica de recursos didático-pedagógicos que concretizem essa modalidade de ação docente. METODOLOGIA Os procedimentos metodológicos para a consecução deste projeto consistem em: 1. Levantamento, análise e interpretação de acordos, tratados, instruções normativas, protocolos do MERCOSUL e do SEM, desde sua criação até 2010; 2. Mapeamento dos índices percentuais do ensino regular da língua portuguesa como segunda língua no nível escolar correspondente à Educação Básica, proposta pela LDB/96, em nível fundamental e médio dos países integrantes do MERCOSUL; 3. Mapeamento dos índices percentuais do ensino regular da variedade brasileira da Língua Portuguesa, no nível fundamental e médio, das escolas da rede pública dos países integrantes do MERCOSUL; 4. Diagnóstico dos índices obtidos, à luz da articulação das políticas de línguas e educacionais, numa abordagem discursiva; 5. Resgate histórico dos métodos de ensino-aprendizagem de línguas estrangeiras; 6. Análise e interpretação dos métodos de ensino-aprendizagem de línguas estrangeiras para a construção de procedimentos metodológicos de ensino de PLE, pelo viés intercultural; 7. Aplicação de procedimentos metodológicos de ensino de PLE ao público estrangeiro, por meio da docência através da criação de um espaço destinado a essa finalidade;

8. Formação e organização de banco de dados do material didático utilizado no ensino-aprendizagem de PLE para o público estrangeiro; 9. Construção das equivalências em espanhol na confecção do dicionário de equivalência do português brasileiro e espanhol rio-platense em sua forma impressa e ampliada; 10. Revisão dos procedimentos lexicográficos e lexicológicos utilizados na confecção da base em português do dicionário de equivalência português brasileiro e espanhol rio-platense; 11. Formulação de critérios para redução dos verbetes e do número de definições vocabulares na produção de um minidicionário eletrônico; 12. Concepção e desenvolvimento de software do minidicionário. CRONOGRAMA DE EXECUÇÃO DAS ATIVIDADES PREVISTAS Duração do projeto: 36 meses Cota solicitada: 01 bolsa ANO 1 a) Análise e interpretação dos métodos de ensino-aprendizagem de línguas estrangeiras para a construção de procedimentos metodológicos de ensino de PLE, pelo viés intercultural. DURAÇÃO = 04 meses. b) Aplicação de procedimentos metodológicos de ensino de PLE ao público estrangeiro, por meio da docência através da criação de um espaço destinado a essa finalidade. DURAÇÃO = 06 meses. c) Formação e organização de banco de dados do material didático utilizado no ensino-aprendizagem de PLE para o público estrangeiro. DURAÇÃO = 02 meses. ANO 2

a) Construção das equivalências em espanhol na confecção do dicionário de equivalência do português brasileiro e espanhol rio-platense em sua forma impressa e ampliada. DURAÇÃO = 04 meses. b) Revisão dos procedimentos lexicográficos e lexicológicos utilizados na confecção da base em português do dicionário de equivalência português brasileiro e espanhol rio-platense. DURAÇÃO = 04 meses. c) Formulação de critérios para redução dos verbetes e do número de definições vocabulares na produção de um minidicionário eletrônico. DURAÇÃO = 02 meses. d) Concepção e desenvolvimento de software do minidicionário. DURAÇÃO = 02 meses. ANO 3 a) Levantamento, análise e interpretação de acordos, tratados, instruções normativas, protocolos do MERCOSUL e do SEM, desde sua criação até 2010. DURAÇÃO = 04 meses. b) Mapeamento dos índices percentuais do ensino regular da língua portuguesa como segunda língua no nível escolar correspondente à Educação Básica, proposta pela LDB/96, em nível fundamental e médio dos países integrantes do MERCOSUL. DURAÇÃO = 02 meses. c) Mapeamento dos índices percentuais do ensino regular da variedade brasileira da Língua Portuguesa, no nível fundamental e médio, das escolas da rede pública dos países integrantes do MERCOSUL. DURAÇÃO = 02 meses. d) Diagnóstico dos índices obtidos, à luz da articulação das políticas de línguas e educacionais, numa abordagem discursiva. DURAÇÃO = 04 meses. RESULTADOS PRETENDIDOS Ao término da pesquisa, objetiva-se alcançar os seguintes resultados: a) Produção e publicação de catálogo das ações do MERCOSUL, no âmbito do SEM, para a planificação do ensino de PLE nos seus Estados-membros, como

resultado das análises e interpretações dos documentos oficiais dessa organização; b) Produção e publicação de artigos científicos em periódicos especializados e/ou capítulos de coletâneas sobre o desenho geopolítico do ensino da variedade brasileira da língua portuguesa no âmbito dos países integrantes do MERCOSUL; c) Desenvolvimento e aprimoramento de procedimentos metodológicos para o ensino-aprendizagem de PLE; d) Elaboração de programas e planos de curso de extensão para ensino de PLE, com vistas à formação e especialização de recursos humanos, no âmbito da docência; e) Publicação de dicionário de equivalência do português brasileiro e espanhol rioplatense, em versão impressa e ampliada e em versão eletrônica e reduzida para divulgação nacional e internacional em escolas e universidades dos países integrantes do MERCOSUL; CONCLUSÕES Atualmente, a internacionalização dos processos produtivos nas corporações transnacionais, a sua integração em um mercado globalizado, que opera em tempo real 24 horas por dia, e a expansão do mercado mundial de bens e serviços têm apontado para a necessidade de execução de projetos de pesquisa nas diferentes áreas do conhecimento científico e tecnológico, que viabilizem a participação ativa dos países em desenvolvimento no cenário globalizado. Nesse contexto, o MERCOSUL tem contribuído para o desenvolvimento e integração sustentáveis de seus Estados Partes, por meio de estratégias e políticas pertinentes. No caso do SEM, há clara configuração de uma política lingüística para integração regional dos países sul-americanos e aumento de condições no cenário mundial. Essa proposta de projeto representa uma parcela de contribuição ao avanço científicotecnológico, tendo como principal foco a difusão e promoção da variedade da língua portuguesa na América do Sul. O mapeamento geopolítico do ensino dessa variedade

nos países integrantes do MERCOSUL, em nível da Educação Básica, oferecerá índices seguros para a implementação articulada de uma política lingüística e de ensino nesses países sul-americanos, apoiada na formação e especialização de recursos humanos, no plano da docência do Português como Língua Estrangeira, e no desenvolvimento de material tecnológico de apoio ao exercício da prática docente e dos aprendizes de PLE. REFERÊNCIAS ALMEIDA FILHO, José Carlos Paes de. Português para estrangeiros: interface com espanhol. 2ª ed. Campinas, SP: Pontes, 2001. ARENDT, Hannah. A condição humana. 7ª ed. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 1995. AUROUX, Sylvian. A revolução tecnológica da gramatização. Campinas, SP: Ed. da Unicamp, 1992. BAKHTIN, Michail. Marxismo e filosofia da linguagem: problemas fundamentais do método sociológico na ciência da linguagem. 8ª. ed. São Paulo: Hucitec, 1997. CORRÊA, Lêda P. Língua, cultura e identidade: a teoria da ação revisitada. Revista da FAPESE, v. 2, n. 2, p. 7-22, jul./dez. 2006. FINOCHIARO, Mary & BRUMFIT, Christopher. The functional-notional approach from theory to practice. Oxford University Press, 1983. GERMAIN, Claude. Évolution de l enseignement dês langues: 5000 ans d histoire. Paris, CLE International, Série Didactique dês langues Étrangères, collection dirigée par Robert Galisson, 1993. LACOSTE, Yves. Por uma abordagem geopolítica da difusão do inglês. In: LACOSTE, Yves, RAJAGOPALAN, Kanavillil. A geopolítica do inglês. São Paulo: Parábola, 2005, p 7-11. MAINGUENEAU, Dominique. Novas tendências em Análise do Discurso. Campinas, SP: Pontes, 1997. MELO, Gladstone Chaves de. A língua do Brasil. Rio de Janeiro: Agir, 1946. ORLANDI, Eni P. (Org.). Política lingüística no Brasil. Campinas, SP: Pontes, 2007.

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