ITALO MEDEIROS FARACO JUNIOR AVALIAÇÃO HISTOMORFOLÓGICA DA RESPOSTA DA POLPA DE DENTES DE CÃES SUBMETIDA AO CAPEAMENTO COM SISTEMA



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ITALO MEDEIROS FARACO JUNIOR AVALIAÇÃO HISTOMORFOLÓGICA DA RESPOSTA DA POLPA DE DENTES DE CÃES SUBMETIDA AO CAPEAMENTO COM SISTEMA ADESIVO, CIMENTO DE HIDRÓXIDO DE CÁLCIO E DOIS TIPOS DE AGREGADO DE TRIÓXIDO MINERAL

ITALO MEDEIROS FARACO JUNIOR AVALIAÇÃO HISTOMORFOLÓGICA DA RESPOSTA DA POLPA DE DENTES DE CÃES SUBMETIDA AO CAPEAMENTO COM SISTEMA ADESIVO, CIMENTO DE HIDRÓXIDO DE CÁLCIO E DOIS TIPOS DE AGREGADO DE TRIÓXIDO MINERAL Tese apresentada à Faculdade de Odontologia da Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho, Câmpus de Araçatuba, para obtenção do título de Doutor em Odontologia (Área de Concentração: Odontopediatria). Orientador: Prof. Titular Roberto Holland Araçatuba S.P. 1999

Ficha Catalográfica elaborada pela Biblioteca da FOA / UNESP F219a Faraco Junior, Italo Medeiros Avaliação histomorfológica da resposta da polpa de dentes de cães submetida ao capeamento com sistema adesivo, cimento de hidróxido de cálcio e dois tipos de agregado de trióxido mineral / Italo Medeiros Faraco Junior. Araçatuba : [s.n.], 1999 256 f. : il. Tese (Doutorado) Universidade Estadual de Paulista, Faculdade de Odontologia, Araçatuba, 1999 Orientador : Prof. Dr. Roberto Holland 1. Capeamento da polpa dentária 2. Adesivos dentinários 3. Cimento de hidróxido de cálcio 4. Agregado de trióxido mineral Black D243 CDD 617.675

ITALO MEDEIROS FARACO JUNIOR AVALIAÇÃO HISTOMORFOLÓGICA DA RESPOSTA DA POLPA DE DENTES DE CÃES SUBMETIDA AO CAPEAMENTO COM SISTEMA ADESIVO, CIMENTO DE HIDRÓXIDO DE CÁLCIO E DOIS TIPOS DE AGREGADO DE TRIÓXIDO MINERAL COMISSÃO JULGADORA TESE PARA OBTENÇÃO DO GRAU DE DOUTOR Presidente e Orientador: Prof. Dr. Roberto Holland 2 o Examinador: Prof. Dr. José Carlos Pereira 3 o Examinador: Profa. Dra. Léa Assed Bezerra da Silva 4 o Examinador: Profa. Dra. Marly de Campos Russo 5 o Examinador: Prof. Dr. Célio Percinoto Araçatuba, 2 de agosto de 1999.

D A D O S C U R R I C U L A R E S ITALO MEDEIROS FARACO JUNIOR NASCIMENTO... 11.03.1968 Porto Alegre / RS FILIAÇÃO... Italo Medeiros Faraco Ivette Poli Faraco 1987 1991... Curso de Graduação em Odontologia pela Faculdade de Odontologia de Porto Alegre UFRGS. 1993 1995... Curso de Pós-Graduação em Odontopediatria, nível de Mestrado, na Faculdade de Odontologia de Araçatuba UNESP. 1996... Professor das disciplinas de Odontopediatria I e II do Curso de Odontologia da Universidade Luterana do Brasil ULBRA. 1996 1999... Curso de Pós-Graduação em Odontopediatria, nível de Doutorado, na Faculdade de Odontologia de Araçatuba UNESP.

D E D I C A T Ó R I A Ao nosso Senhor Jesus Cristo, sempre presente em minha vida, pelo seu imenso amor e disposição em nos presentear com a vida eterna. Aos meus pais, Italo e Ivette, exemplos de amor, carinho, simplicidade e honestidade, que sacrificaram seus momentos pela minha formação humana e profissional...

À minha esposa Jule, que está sempre pronta a apoiar e incentivar os percursos de minha vida, sempre com amor e dedicação. À Bettina, Christiane, Márcio e Fred, pela paciência, carinho, amor, companherismo e constante incentivo.

A G R A D E C I M E N T O S Ao Prof. Dr. Roberto Holland, pela orientação séria e criteriosa. Seu exemplo de dedicação e seriedade no ensino e na pesquisa muito me motiva. Chefe, muito obrigado por todos os ensinamentos, pela simplicidade, grande amizade e pela confiança em mim depositada.

Ao Prof. Dr. Célio Percinoto, pelos ensinamentos e bons momentos durante o curso de Pós-Graduação, o meu agradecimento e reconhecimento. À Profa. Dra. Marli de Campos Russo, pela amizade, incentivo e oportunidades que me proporcionaste. Muito obrigado por tudo.

À Faculdade de Odontologia do Campus de Araçatuba da Universidade Estadual Paulista, nas pessoas dos Profs. Drs. João Cesar Bedran de Castro (Diretor) e Pedro Felício Bernabé (Vice-Diretor). Aos docentes da Disciplina de Odontopediatria da Faculdade de Odontologia de Araçatuba - UNESP, Profs. Rosângela Santos Nery, José Devides de Oliveira, Sandra Ávila Aguiar, Robson Frederico Cunha e Marcelo Gonçalves, pela convivência tão agradável durante o nosso curso. Aos Professores do curso de Pós-Graduação da Faculdade de Odontologia de Araçatuba UNESP, pelos ensinamentos e experiências transmitidas. Ao Prof. Eloi Dezan Junior, pelo auxílio no planejamento e realização da parte estatística deste trabalho. À Profa. Sandra Rahal Mestrener, pela importante contribuição na parte experimental. Ao Prof. Mohamoud Torabinejad, da Universidade de Loma Linda EUA, pela concessão do material Agregado de Trióxido Mineral utilizado neste estudo. Aos amigos Alberto, Ana Júlia e Giovana Delbem, minha família Araçatubense, pela maneira acolhedora que me receberam. Aos Docentes da Disciplina de Endodontia da Faculdade de Odontologia de Araçatuba - UNESP, Professores Mauro Juvenal Nery, Valdir de Souza e José Arlindo Otoboni Filho, pela possibilidade de realização dos experimentos deste trabalho em seus laboratórios. Aos funcionários da Disciplina de Endodontia da Faculdade de Odontologia de Araçatuba - UNESP, Hermelinda Brefore, Nelci Vieira e Neusa dos Santos, pelo auxílio na parte experimental e no processamento laboratorial. Aos funcionários da Disciplina de Odontopediatria da Faculdade de Odontologia de Araçatuba - UNESP, Aparecida Rosa da Christofano,Cleide Silva de Oliveira, Maria Fernandes, Maria Bertolina de Oliveira e Mario Luis da Silva, pela colaboração e construção de sólidas amizades.

Ao Prof. Carlos Holland Junior, pelo preparo das brocas modificadas utilizadas neste trabalho. Aos funcionários da Comissão dos cursos de Pós-Graduação da Faculdade de Odontologia de Araçatuba - UNESP, Francisco Inácio Pinheiro, Marina Sakamoto Kawagoe e Adélia Barreto da Silva, pela amizade e auxílio administrativo. Aos funcionários do Biotério da Faculdade de Odontologia de Araçatuba UNESP, Odair Vicenti e Camilo Roberto Venâncio, pelo carinho com que cuidaram dos animais necessários a essa pesquisa. Aos Professores e amigos Carlos Alberto Feldens e Paulo Floriani Kramer, pelas sugestões e críticas apresentadas. Aos Colegas da Disciplina de Odontopediatria da Universidade Luterana do Brasil - ULBRA, Eliane Feldens, Henrique Ruschel, Luis Alberto Kramer e Simone Ferreira, que viabilizaram a minha ausência nas atividades profissionais da referidainstituição, dando condições para a realização deste trabalho. Às Bibliotecárias Helena e Izamar, pela revisão bibliográfica deste trabalho. Aos funcionários da Biblioteca da Faculdade de Odontologia de Araçatuba UNESP, Isabel, Ivone, Cláudio, Sadako, Luzia, Edson, Cláudia, Fátima, Maria, Marta, Elizabeth e Iara pelo carinho, alegria e presteza com que sempre nos acolheram. À Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), do Ministério da Educação e Cultura, pela concessão da Bolsa de Estudos. Aos pacientes, indispensáveis ao meu aprendizado. Àqueles que contribuiram de certa forma para a consecução deste trabalho e não tiveram seus nomes mencionados, meu muito obrigado.

S U M Á R I O 1 I n t r o d u ç ã o... 13 2 R e v i s ã o d a L i t e r a t u r a... 19 3 P r o p o s i ç ã o... 85 4 M a t e r i a l e M é t o d o... 87 5 R e s u l t a d o s... 116 6 D i s c u s s ã o... 162 7 C o n c l u s õ e s... 204 8 R e f e r ê n c i a s B i b l i o g r á f i c a s... 207 R e s u m o... 241 A b s t r a c t... 244

1 I N T R O D U Ç Ã O

14 1 I N T R O D U Ç Ã O Nas últimas duas décadas, tem ocorrido uma significativa redução na incidência da doença cárie na maioria dos países industrializados, na América, África e Ásia. No Brasil, a transformação no perfil de cárie dentária também vem ocorrendo, o que foi confirmado por dois estudos epidemiológicos recentemente realizados (Brasil. Ministério da Saúde, 1988; 12 Serviço Social da Indústria, 1995). 136 Entretanto, mesmo com os conhecimentos atuais sobre a etiopatogenia da doença cárie e a utilização de medidas de promoção de saúde, a experiência de cárie em crianças, adolescentes e adultos ainda é bastante alta, estando longe das metas determinadas pela Organização Mundial de Saúde para o ano 2000 (Federation Dentaire Internationale, 1982). 38 Desta forma, e tendo em vista que o principal objetivo da Odontologia é a preservação dos dentes no arco, o profissional necessita aprimorar cada vez mais os procedimentos restauradores e assegurar-se dos princípios biológicos que os balizam. Neste sentido, tem havido uma grande preocupação da Odontologia com os procedimentos de proteção do complexo dentinopulpar, cujo sucesso é a base para que o elemento dentário exerça na plenitude suas funções. Dentre estes procedimentos se destaca o

15 capeamento pulpar, caracterizado pela aplicação de um agente protetor diretamente sobre o tecido pulpar exposto com a finalidade de mantê-lo vital. São executados para promover o restabelecimento da polpa dentária, estimular o desenvolvimento de um tecido calcificado e proteger o tecido pulpar de irritações adicionais posteriores. O tratamento de polpas dentárias expostas tem sofrido grandes modificações desde a segunda metade do século XVIII. A primeira menção a respeito de capeamento pulpar remonta ao ano de 1756, quando Pfaff 113 recomendava recobrir a polpa exposta com uma placa côncava de ouro puro, colocando sobre esta um material restaurador. A partir de então o tratamento em apreço se difundiu em vários países. Novas técnicas foram idealizadas e experimentaram-se numerosas substâncias capeadoras, provenientes de fórmulas conhecidas ou não. Cada uma das diversas técnicas contava com ardorosos defensores que proclamavam a excelência dos resultados clínicos obtidos pelos meios de tratamento de sua eleição. No entanto, não existia sequer um trabalho experimental comprovando resultados clínicos satisfatórios. Pouco a pouco, profissionais mais observadores começaram a registrar freqüentes insucessos com capeamento pulpar. Em 1922, Rebel 123 afirmou, baseado em seus estudos e de colegas, que polpa exposta é

16 sinônimo de polpa perdida. Em função do prestígio e influência científica deste autor, por muitos anos a utilização de técnicas conservadoras da polpa foi desencorajada. Mesmo com o descrédito do tratamento conservador, alguns pesquisadores continuavam realizando estudos e gradativamente ficou evidenciado que a polpa dental apresentava poder de recuperação e reparação como qualquer outro tecido conjuntivo do corpo. Com o passar do tempo, começou-se a pesquisar materiais menos irritantes e que induziam à reparação. Dentre eles, Hermann (1920) 52 introduziu uma fórmula de hidróxido de cálcio denominada de Calxyl. Essa pasta, apesar do ph alcalino, revelou boa tolerância tecidual. Entre os primeiros trabalhos histológicos sobre a reação da polpa dental ao hidróxido de cálcio, destaca-se o de Teuscher & Zander (1938). 156 Estes autores demonstraram que o hidróxido de cálcio estimulava a formação de ponte de tecido duro sobre a exposição pulpar. Desde então, esse material tem sido aceito como o mais adequado para proteção de polpas vitais expostas. A partir então, iniciou-se uma nova era no tratamento conservador das exposições pulpares. Apesar do sucesso com esse primeiro produto à base de hidróxido de cálcio, foi observado que suas propriedades físicas e mecânicas eram bastante deficientes, principalmente

17 a solubilidade em água, consistência e baixa resistência mecânica. As ótimas características biológicas do hidróxido de cálcio estimularam o desenvolvimento de novas formulações que apresentassem melhores propriedades. Surgiram então os cimentos de hidróxido de cálcio autoativados e, posteriormente, os cimentos foto-ativados (Sekine et al., 1971; 133 Stanley & Pameijer, 1985). 147 Por outro lado, a preocupação com a proteção do complexo dentino-pulpar começou a ser questionada a partir do trabalho de Brännström & Vojinovic (1976). 11 Estes autores demonstraram que a maior causa de inflamação pulpar é a microinfiltração de componentes bacterianos através de falhas na interface dente/restauração e não a biocompatibilidade dos materiais. A partir deste conceito, e devido ao desenvolvimento e aprimoramento de materiais restauradores adesivos, começou-se a utilizar materiais restauradores diretamente sobre o tecido pulpar. Na linha de substâncias biocompatíveis, cujos procedimentos devem ser orientados e executados com base nos fundamentos biológicos, novos materiais vem sendo utilizados para proteção de polpas expostas. As proteínas morfogenéticas e o agregado de trióxido mineral são exemplos deste grupo de materiais (Rutherford et al., 1993; 128 Pitt Ford et al., 1996; 119 Soares, 1996). 139

18 É evidente que a comunidade científica deve estar atenta e receptiva a novos achados. Entretanto, é indispensável uma meticulosa análise dos mesmos para que não se cometa, em nome de uma euforia apressada, atropelos que possam ferir a ética, levar a iatrogenias ou conduzir o profissional a falsas esperanças. Assim, o caminho para a busca do melhor tratamento, inclusive com relação à polpa exposta, segue sendo a investigação científica bem conduzida. Neste sentido, este trabalho procurou analisar histomorfologicamente a resposta da polpa de dentes de cães após capeamento com sistema adesivo, cimento de hidróxido de cálcio e dois tipos de agregado de trióxido mineral.

2 R E V I S Ã O D A L I T E R A T U R A

20 2 R E V I S Ã O D A L I T E R A T U R A A revisão da literatura será subdividida e apresentada, cronologicamente, em três partes referentes aos materiais estudados. Com relação ao agregado de trióxido mineral (MTA), serão incluídos neste capítulo todos os trabalhos, pois existem poucas pesquisas publicadas, por se tratar de um material recentemente desenvolvido. Os estudos referentes à ação do cimento de hidróxido de cálcio e à ação de adesivos sobre a polpa serão incluídos, apenas, os que utilizaram metodologia semelhante ao da presente investigação. 2.1 AGREGADO DE TRIÓXIDO MINERAL (MTA) Recentemente um novo cimento, agregado de trióxido mineral (MTA), foi desenvolvido na Universidade de Loma Linda (USA), com o primordial objetivo de selar comunicações entre o dente e as superfícies externas. Além do tratamento de perfurações radiculares, o MTA está sendo pesquisado nas cirurgias parendodônticas como material de retrobturação, como material de apecificação e nas terapias conservadoras da polpa como material capeador. Os principais componentes deste material são o silicato de tricálcio, aluminato tricálcio, óxido tricálcio e óxido de silicato. Além dos trióxidos, há pequenas quantidades de outros óxidos minerais, os quais são responsáveis pelas propriedades químicas e

21 físicas. O pó consiste em finas partículas que são hidrofílicas e na presença da água tomam presa. Lee et al. (1993) 87 avaliaram a capacidade seladora do MTA em reparar perfurações de raízes de 50 molares superiores e inferiores extraídos. Foram realizadas perfurações nas raízes mesiais e os dentes permanecerem em solução salina. As perfurações foram preenchidas com amálgama, IRM e MTA e após 4 semanas foram imersas em azul de metileno por 48 horas. Os resultados demonstraram que o MTA teve estatisticamente menos infiltração quando comparado aos outros materiais testados. Os autores atribuem esta ocorrência ao fato do MTA ter a característica hidrofílica. Torabinejad et al. (1993) 159 utilizaram o MTA, amálgama e Super EBA como materiais de retrobturação e avaliaram suas capacidades seladoras. Após o preparo e obturação de 30 canais de dentes monorradiculares, os ápices foram removidos e as cavidades seladas com os materiais experimentais. Todos os dentes permaneceram por 24 horas em corante para posteriormente serem seccionados longitudinalmente e avaliados quanto à extensão da infiltração. A análise estatística dos resultados demonstrou que o MTA obteve menos infiltração do que o amálgama e o Super EBA.

22 Estudando também a capacidade seladora de alguns materiais, Torabinejad et al. (1994) 160 utilizaram 90 dentes monorradiculares. Após a remoção dos ápices, foram preparadas cavidades padronizadas e preenchidas com MTA, amálgama, IRM ou Super EBA. Para cada material, metade do número de raízes foi seca antes da colocação do material. Na outra metade, as raízes foram contaminadas com sangue antes da inserção do material obturador. Todas as raízes foram imediatamente colocadas em solução de azul de metileno por 72 horas e posteriormente medida a quantidade de penetração do corante. A presença ou ausência de contaminação por sangue não teve efeito significante na quantidade de infiltração. Entretanto, os resultados demonstraram que o MTA obteve estatisticamente menos infiltração do que os outros materiais testados, com ou sem contaminação por sangue. Hong et al. (1994), 70 utilizando 32 dentes de 6 cães, estudaram microscopicamente a resposta dos tecidos frente a perfurações de furca seladas com MTA e amálgama. Após o preparo e obturação dos canais, foram realizadas perfurações experimentais na região de furca e seladas com os materiais experimentais. Após 4 meses, os animais foram sacrificados. Análises histomorfométricas demonstraram que as perfurações seladas com amálgama obtiveram significativamente mais inflamação e reabsorção óssea comparadas com o grupo do MTA.

23 Kettering & Torabinejad (1995) 82 investigaram a mutagenicidade do MTA, IRM e Super EBA, que são materiais utilizados para retrobturação. Para este estudo, os autores utilizaram o teste de mutagenicidade de AMES, e concluíram que os materiais testados não possuem potencial carcinogênico. Pitt Ford et al. (1995) 118 avaliaram a ação do MTA e amálgama em perfurações de furca de 30 pré-molares inferiores de 7 cães. Após a instrumentação e obturação dos canais, foram realizadas perfurações na região de furca. Na metade dos dentes, as perfurações foram preenchidas imediatamente com MTA ou com amálgama. Na outra metade, as perfurações foram deixadas expostas à contaminação pela saliva antes de serem tratadas. Os animais foram sacrificados após 4 meses e a análise microscópica mostrou que, no grupo onde foi feita a colocação imediata do material, todos os espécimes do amálgama estavam inflamados ao passo que somente 1 dos 6 dentes com MTA apresentou inflamação. Além disso, os 5 espécimes não inflamados do MTA apresentavam algum cemento sobre o material. No grupo deixado contaminar, todos os espécimes do amálgama estavam associados com inflamação. Ao contrário, somente 4 dos 7 revestidos com MTA estavam inflamados. Os autores concluíram que o MTA é um material melhor do que o amálgama para o reparo de perfurações, principalmente quando usado imediatamente.

24 Torabinejad et al. (1995) 166 estudaram a composição química, ph, radiopacidade, tempo de presa, solubilidade e resistência à compressão do MTA. Os resultados demonstraram que as principais elementos presentes no MTA são os íons de cálcio e fósforo. O material estava dividido em óxido de cálcio e fosfato de cálcio e a análise revelou que o primeiro se apresenta como cristais discretos e o último como uma estrutura amorfa, com aparência granular. A composição média dos prismas foi de 87% de cálcio, 2,47% de sílica e o restante oxigênio. A estrutura amorfa continha 49% de fosfato, 2% de carbono, 3% de cloreto e 6% de sílica. O ph inicial foi de 10,2, o qual aumentou para 12,5 três horas após ser misturado e então permaneceu constante. O MTA apresentou maior radiopacidade do que o Super EBA e do que o IRM. O amálgama mostrou o menor tempo de presa (4 minutos) e o MTA o maior (2 horas e 45 minutos). Em 24 horas o MTA revelou a menor resistência à compressão (40 MPa) que aumentou para 67 MPa após 21 dias. Nas condições experimentais deste estudo, exceto o IRM, nenhum dos materiais testados mostrou solubilidade. Para avaliar a resposta dos tecidos periapicais ao MTA e amálgama, Torabinejad et al. (1995) 165 provocaram lesões em 46 raízes de 6 cães. Na metade das amostras, os canais foram instrumentados e obturados com guta-percha e cimento obturador e as cavidade seladas com

25 MTA. Os canais restantes foram instrumentados e obturados com gutapercha, sem cimento, e as cavidades deixadas abertas. Após a remoção cirúrgica dos ápices, as cavidades apicais foram retrobturadas com amálgama ou MTA e os animais foram sacrificados após 2, 5, 10 e 18 semanas. Os resultados microscópicos demostraram pequena quantidade de células inflamatórias e cápsulas fibrosas em maior número nos dentes tratados com MTA. Outro achado freqüente foi a presença de cemento sobre a superfície do MTA. Os autores atribuíram essa ocorrência ao fato de que o MTA seria provavelmente capaz de atrair os cementoblastos e produzir uma matriz para a formação de cemento o que seria determinado pela sua capacidade seladora, seu elevado ph ou pela liberação de substâncias que ativariam os cementoblastos a formar uma matriz para a cementogênese. Torabinejad et al. (1995) 164 avaliaram a citotoxicidade do MTA, amálgama, Super EBA e IRM. Para este estudo, foram utilizados os métodos de cobertura com ágar e radiocromo. A análise estatística dos resultados com a técnica da cobertura com ágar evidenciou que o amálgama recém misturado e após tomar presa, foi significativamente menos tóxico do que os outros materiais, seguido pelo MTA. Também houve diferenças estatísticas significativas entre os materiais quando a

26 citotoxicidade foi testada pelo radiocromo. O menos tóxico foi o MTA, seguido pelo amálgama, Super EBA e IRM. Torabinejad et al. (1995) 167 avaliaram a reação tecidual do MTA e Super EBA implantados em mandíbulas de porcos. Os materiais testados foram colocados em tubos de Teflon e implantados nas mandíbulas. Duas cavidades ósseas foram deixadas vazias e serviram como controles negativos. Decorridos 60 dias, os animais foram sacrificados e as peças processadas para análise microscópica. A reação tecidual ao MTA foi visivelmente menor do que a observada com implante de Super EBA. O estudo revelou que os materiais testados são biocompatíveis. Torabinejad et al. (1995) 161 verificaram a atividade antimicrobiana do MTA, óxido de zinco e eugenol, Super EBA e dois tipos de amálgama sobre nove bactérias facultativas e sete bactérias anaeróbias estritas. Após o crescimento das bactérias em meio de cultura sólido, os materiais experimentais foram manipulados e deixados tomar presa por 24 horas. Em seguida, foram colocados sobre os meios de cultura e incubados em atmosfera apropriada por 24 a 48 horas. Os resultados demonstraram que os discos impregnados com o líquido do Super EBA causaram vários graus de inibição para bactérias facultativas e estritas. Os dois tipos de amálgama não apresentaram efeito antibacteriano. O MTA apresentou atividade antibacteriana sobre algumas bactérias facultativas e,

27 apesar do elevado ph, nenhum efeito sobre bactérias anaeróbias estritas. Os cimentos de óxido de zinco e eugenol e Super EBA demonstraram algum efeito bactericida em ambos os tipos de bactérias testados. Os autores concluíram que nenhum dos materiais testados apresenta efeito antibacteriano desejado para os materiais de obturação retrógrada. Torabinejad et al. (1995) 163 investigaram sob microscopia eletrônica de varredura a adaptação marginal de 4 materiais utilizados para retrobturação. Foram utilizados 88 dentes monorradiculados extraídos. Após a obturação convencional com guta percha e cimento, os ápices foram removidos e as cavidades preenchidas com MTA, Super EBA, IRM e amálgama. A análise estatística comparando as fendas encontradas entre os materiais estudados e a dentina evidenciaram que o MTA obteve melhor adaptação marginal. Através de uma revisão da literatura, Abedi & Ingle (1995) 1 analisaram diversos estudos sobre as características físicas e biocompatibilidade do MTA. Os autores concluíram que os resultados são promissores e acreditam que, pela primeira vez, chegou-se a um material capaz de proporcionar mais do que o reparo, possibilitando a regeneração. Torabinejad et al. (1995) 162 avaliaram in vitro o período necessário para infiltração bacteriana em canais radiculares onde foram realizadas obturação retrógrada com MTA, amálgama, Super EBA e

28 IRM. Os resultados demonstraram que o grupo obturado com MTA não apresentou infiltração bacteriana durante todo o período de observação que foi de 90 dias. Entretanto, nos outros materiais experimentais, a infiltração iniciou-se entre 6 e 57 dias em muitos espécimes, não havendo diferenças estatísticas entre os grupos. Arens & Torabinejad (1996) 6 apresentaram 2 casos clínicos onde utilizaram o MTA para selar perfurações de furca. Os autores optaram por um tratamento não cirúrgico pelas propriedades biológicas do MTA, tais como a biocompatibilidade, a capacidade seladora e estimuladora de formação de cemento. Os resultados dos dois casos foram muito positivos, e os autores acreditam que este material é bastante promissor. Abedi et al. (1996) 2 compararam a eficácia do MTA e do cimento de hidróxido de cálcio como agentes capeadores pulpares diretos. Foram realizadas perfurações padronizadas em pré-molares de 6 cães e em incisivos de 4 macacos e imediatamente recobertas com MTA ou Dycal e os dentes restaurados com amálgama de prata. Os animais foram sacrificados após 2 a 5 meses e os dentes preparados para análise histomorfológica. Os resultados demonstraram estatisticamente maior formação de tecido calcificado e menor inflamação no grupo do MTA comparado ao cimento de hidróxido de cálcio.

29 Pitt Ford et al. (1996) 119 estudaram a resposta pulpar de macacos ao MTA e ao cimento de hidróxido de cálcio (Dycal ), utilizados como materiais capeadores diretos. Decorridos 5 meses, os animais foram sacrificados e as peças processadas para análise microscópica. Os autores observaram formação de ponte de tecido duro em todos os espécimes do grupo do MTA e em apenas um espécime foi observada inflamação pulpar. Em contraste, todas as polpas tratadas com cimento de hidróxido de cálcio exibiram inflamação pulpar e a ocorrência de ponte de tecido duro em apenas 2 espécimes. Soares (1996) 139 avaliou microscopicamente a resposta pulpar de dentes de cães ao MTA e ao hidróxido de cálcio. Foram realizadas 12 pulpotomias cujas polpas foram protegidas com os materiais experimentais e os dentes restaurados com amálgama. Decorridos 90 dias, os animais foram sacrificados e as peças processadas para análise microscópica. Os autores observaram que a formação da barreira de tecido duro ocorreu em 91,66% dos dentes tratados com hidróxido de cálcio e em 96,43% dos casos em que foi utilizado o MTA. Os percentuais de casos que apresentaram, simultaneamente, barreira de tecido duro e tecido pulpar normal foi de 66,66% dos espécimes tratados com hidróxido de cálcio, e de 82,14%, nos dentes em que se utilizou o MTA.

30 Torabinejad & Pitt Ford (1996), 158 através de uma revisão da literatura, discorreram sobre vários estudos que analisaram a citotoxicidade, adaptação marginal, microinfiltração e biocompatibilidade do MTA. Os autores concluíram que os excelentes resultados dos trabalhos até aqui realizados suportam o desenvolvimento do MTA para ser utilizado como material de retrobturação em dentes humanos. Torabinejad et al. (1997) 168 avaliaram a resposta do tecido periapical após a retrobturação com MTA e amálgama. Foram utilizados 12 dentes de 3 macacos. Os animais foram sacrificados após 5 meses e os espécimes preparados para análise histomorfológica. Dos 6 espécimes preenchidos com MTA, apenas um demonstrou inflamação periapical. Foi observado em todos os 5 espécimes, sem sinais de inflamação, uma camada completa de cemento sobre o MTA. Em contraste, todos os 6 espécimes preenchidos com amálgama demonstraram inflamação periapical e a camada de cemento não foi formada junto ao material. Tang et al. (1997) 153 compararam a capacidade do MTA, IRM Super EBA e amálgama em prevenir a microinfiltração de endotoxinas bacterianas, quando utilizados como material de obturação retrógrada. Foram utilizadas 104 raízes extraídas, sendo que após a obturação com guta percha, a porção apical foi removida. As cavidades

31 preparadas no ápice foram preenchidas com os materiais experimentais. A avaliação da microinfiltração foi realizada após 1, 2, 6 e 12 semanas. Os resultados demonstraram que o MTA mostrou-se superior em todos os períodos de tempo comparado ao IRM e o amálgama. Com relação ao Super EBA, o MTA também comportou-se melhor, mas apenas nos períodos experimentais de 2 e 12 semanas. Moretton et al. (1997) 99 avaliaram a reação dos tecidos moles de 60 ratos após o implante subcutâneo de MTA e Super EBA. Após 15, 30 e 60 dias, os animais foram sacrificados e as peças foram preparadas para análise histomorfológica. O exame microscópico do tecido subcutâneo revelou vários graus de inflamação para ambos os materais testados. Fischer et al. (1998) 39 avaliaram a infiltração bacteriana em canais radiculares de dentes que sofreram apicectomia e obturação retrógrada com MTA, amálgama, Super EBA e IRM. Após o selamento apical com os materiais experimentais, os canais radiculares foram contaminados com S. Marcensces por via coronária. A infiltração bacteriana foi constatada após 10 a 63 dias nos espécimes tratados com amálgama, 28 a 91 dias com IRM, 42 a 101 dias com Super EBA e nos espécimes obturados com MTA, após 49 dias. Os resultados com relação a

32 infiltração bacteriana demonstraram que o MTA apresentou-se como o melhor material de retrobturação. Koh et al. (1998) 85 investigaram a possível participação do MTA em estimular a ativação da resposta celular. Os materiais MTA e IRM foram manipulados e colocados separadamente em meios de cultura contendo osteoblastos e incubados por 1 a 7 dias. Os resultados, observados através de microscópio eletrônico de varredura, demonstraram que o MTA proporcionou uma estimulação na produção de citoquinas em osteoblastos humanos, permitindo a aderência das células ao material. Nakata et al. (1998) 102 compararam a efetividade do MTA e amálgama em selar perfurações de furca. Foram realizadas perfurações em 39 molares humanos extraídos e colocados em um modelo anaeróbico de infiltração de bactérias. Após 45 dias, 8 dos 18 espécimes de amálgama tiveram penetração de bactérias, enquanto que em nenhuma amostra do MTA foi encontrado infiltração. Torabinejad et al. (1998) 169 implantaram na mandíbula e tíbia de porcos os materiais MTA, IRM, amálgama e Super EBA. Decorridos 80 dias, os animais foram sacrificados e as peças processadas para análise microscópica. Os autores avaliaram a reação tecidual através da quantidade de inflamação, tipo de célula e espessura de tecido conjuntivo encontrado ao redor dos materiais implantados. Os resultados

33 demonstraram, tanto na tíbia como na mandíbula, que o MTA apresentou um menor índice de inflamação comparado aos outros materiais estudados. Osorio et al. (1998) 106 estudaram a citotoxicidade de alguns materiais obturadores de canal (Endomet, CRCS e AH26 ) e de retrobturação (MTA, amálgama, Gallium GF2, Ketac Silver e Super EBA ). Para esta análise, foi utilizado um modelo de cultura de fibroblastos gengivais humanos. Os resultados demonstraram que o CRCS foi o material obturador menos tóxico, seguido pelo Endomet e AH26. Entre os materiais de retrobturação, o MTA foi o que apresentou a menor citotoxicidade. Wu et al. (1998) 182 analisaram a microinfiltração de alguns materiais de retrobturação. Os materiais MTA, amálgama, hidróxido de cálcio, óxido de zinco e eugenol, Cavit e Fuji II foram acondicionados em tubos de silicone e dentina e as suas extremidades imersas em 0,8ml de solução de azul de metileno a 1%. A densidade óptica do azul de metileno foi analisada nos períodos de 24 horas, 3, 6 e 12 meses, através de espectrofotômetro. Os resultados demonstraram que o MTA e o cimento de ionômero de vidro (Fuji II ) foram os materiais que apresentaram menor microinfiltração, inclusive diminuindo com o passar dos intervalos de tempo.

34 Utilizando 63 dentes de 4 cães, Junn et al. (1998) 75 avaliaram a quantidade de formação de ponte de dentina quando utilizado o MTA ou a pasta de hidróxido de cálcio em exposições pulpares. Após 1, 2, 4 e 8 semanas os animais foram sacrificados e as peças preparadas para análise histomorfológica. Os resultados demonstraram estatisticamente que os espécimes tratados com MTA obtiveram menos inflamação e maior formação de ponte de dentina quando comparados com o grupo tratado com pasta de hidróxido de cálcio. Queiroz et al. (1998) 121 analisaram a capacidade seladora do MTA, IRM, Super EBA, cimento de ionômero de vidro e amálgama. Foram empregados dentes humanos recentemente extraídos, onde na porção apical, após apicectomia, foram confeccionadas retrocavidades. As mesmas foram preenchidas com os materiais experimentais. O selamento marginal foi avaliado através de infiltração do azul de metileno. Os resultados demonstraram diferenças significativas entre os materiais empregados, onde o MTA apresentou o melhor resultado. Holland et al. (1999) 67 implantaram no tecido subcutâneo de ratos tubos de dentina preenchidos com MTA ou hidróxido de cálcio. Após 7 e 30 dias os animais foram sacrificados e os espécimes preparados para análise histomorfológica. Os resultados foram semelhantes para os dois materiais estudados. Junto à abertura dos tubos de dentina,

35 estavam depositadas granulações birrefringentes a luz polarizada. Próximo a estas granulações, foi encontrado um tecido calcificado irregular. Os autores acreditam que as estruturas birrefringentes à luz polarizada, observadas nos túbulos dentinários implantados e preenchidos com MTA, sejam semelhantes àquelas observadas com o emprego do hidróxido de cálcio, ou seja, possivelmente são cristais de calcita. Afirmam que é possível que o mecanismo de ação do MTA, estimulando a deposição de tecido duro, seja similar ao que ocorre com o hidróxido de cálcio. Morandi (1999) 98 avaliou a resposta dos tecidos periapicais de cães ao óxido de zinco e eugenol, MTA, IRM e Super EBA utilizados como material de retrobturação. Após a apicectomia e preparo das cavidades apicais, os materiais experimentais foram utilizados para obturação retrógrada. Decorridos 180 dias, os animais foram sacrificados e as peças processadas para análise histomorfológica. Os resultados demonstraram que o MTA, IRM e o Super EBA obtiveram resultados semelhantes entre si, superiores àqueles apresentados com o óxido de zinco e eugenol. Dos quatro materiais utilizados, o único que estimulou a deposição de tecido cementário, em íntimo contato com o material selador, foi o MTA. Holland et al. (1999) 68 estudaram a reação dos tecidos periapicais de cães submetidos ao tratamento de canal e obturação com

36 MTA ou cimento de ionômero de vidro. Os canais foram instrumentados e obturados pela técnica da condensação lateral com os materiais experimentais. Decorridos 6 meses, os animais foram sacrificados e as peças preparadas para análise histomorfológica. Os resultados demonstraram ausência de reação inflamatória nos tecidos periapicais e formação completa de selamento biológico nos dentes tratados com MTA. Os autores concluíram que o MTA obteve propriedades biológicas superiores que o cimento de ionômero de vidro. A utilização do MTA, hidróxido de cálcio e OP-1 como material de apecificação foi verificado por Shabahang et al. (1999). 138 Foram utilizados 64 dentes de cães que apresentavam rizogênese incompleta. Após a indução de lesões periapicais, os canais foram instrumentados e preenchidos com hidróxido de cálcio. Decorridos 7 dias, o hidróxido de cálcio foi removido e os canais preenchidos com os materiais experimentais. Os animais foram sacrificados após 12 semanas do término dos procedimentos clínicos e as peças processadas para análise histomorfológica. Os resultados demonstraram que o MTA formou significativamente mais tecido duro apical do que os outros materiais estudados. Com relação à resposta inflamatória, não houve diferença entre os grupos experimentais.

37 Através de uma revisão da literatura, Torabinejad & Chivian (1999) 157 descreveram os procedimentos clínicos para a aplicação do MTA, bem como suas indicações. Com base nos excelentes resultados de pesquisas referentes principalmente à capacidade seladora e à resposta tecidual, os autores concluíram que o MTA pode ser aplicado em diversas situações clínicas, como capeamento pulpar, reabsorção interna, apicificação, cirurgia parendodôntica, como material formador de um tampão apical e como material de reparação de perfurações. 2.2 SISTEMA ADESIVO O advento de sistemas adesivos que se aderem à superfície dentária, sem necessidade de retenção mecânica adicional, tem proporcionado uma revolução nos conceitos de Dentística Operatória, tanto pela abordagem extremamente conservadora que eles caracterizam quanto pela complexidade de suas interações químicas com os tecidos dentários, bem como pela variedade de produtos disponíveis comercialmente (Mondelli, 1998). 96 A conquista da adesão de materiais restauradores à superfície do esmalte foi alcançada após Buonocore (1955) 15 descrever a técnica do condicionamento ácido do esmalte. A partir de então, o enfoque puramente mecânico da Dentística Restauradora ganhou novo caminho,

38 mais conservador. Este pesquisador condicionou com ácido o esmalte com a finalidade de criar microporosidades aumentando a adesão das resinas. Introduzida como uma possível técnica viável no fim dos anos 60, foi universalmente aceita como um procedimento rotineiro desde o início da década de 70. Apesar desta técnica haver mudado os rumos da Odontologia Restauradora, a profissão continuou ansiosa pelo desenvolvimento de um método através do qual as resinas também aderissem à superfície dentinária, como acontece com o esmalte. O mecanismo de adesão à dentina se torna complexo quando comparado ao esmalte. Estes tecidos são substratos fisiológica e estruturalmente diferentes. Enquanto o esmalte apresenta uma estrutura prismática e um alto conteúdo mineral, a dentina apresenta-se tubular, com conteúdo mineral menor e maior componente líquido, o que representa um dos principais obstáculos na união de um sistema adesivo. Além disso, a dentina é um tecido vivo, pois abriga em sua intimidade prolongamentos de células do tecido pulpar. Assim, o conceito que passa a viger é o de um complexo dentino-pulpar, em detrimento da antiga análise estanque dentina e polpa. Conseqüentemente, o mecanismo de adesão à dentina é bem mais complexo quando comparado ao do esmalte (Ten Cate, 1988). 155 Os primeiros adesivos dentinários foram indicados para restaurações cervicais. O processo consistia no condicionamento da

39 dentina com ácido cítrico, o qual removia a lama dentinária e abria os túbulos dentinários permitindo que a resina fluísse para seu interior. A resina composta continha um agente quelante, com um potencial para se unir ao cálcio da dentina. Porém, os adesivos utilizados não eram hidrofílicos e comprometiam a adesão dos materiais com a dentina úmida, e em pouco tempo o material desunia-se da superfície condicionada e a restauração se soltava do dente (Lanza, 1997). 86 Com a expectativa de resolver o problema de união à dentina, foi desenvolvido um material que se unia quimicamente a este tecido. Em função do baixo nível de resistência de união, este agente não correspondeu ao esperado. O primer sofria uma decomposição hidrolítica e era menos efetivo para possibilitar clinicamente uma união de longa duração da resina composta às superfícies dentinárias (Mondelli, 1998). 96 Um grande passo no desenvolvimento dos sistemas adesivos foi dado na década de 80, quando estes materiais apresentaram significantes melhoras na resistência de união. Quando comparados com seus predecessores, que exibiam uma resistência de união de apenas 3 a 4 MPa, estes materiais apresentavam força de união que variava de 10 a 13 MPa, o que constituia uma significante melhora. Tais resultados foram atribuídos aos seus mecanismos de ação, que consistiam em uma

40 combinação de união química e micromecânica. O primer deste sistema era composto por várias formas de ácido em concentrações suficientes para remover a lama dentinária, provocando também pequenos defeitos ou microfissuras na superfície dentinária. A resina, por sua vez, infiltrava-se nesses pequenos defeitos, assim como no interior dos túbulos dentinários parcialmente abertos, proporcionando retenção micromecânica (Lanza, 1997). 86 O desenvolvimento mais significativo em matéria de adesivos dentinários ocorreu recentemente. Estes sistemas inicialmente removem a lama dentinária, descalcificam superficialmente a dentina inter e peritubular e expõem a rede de fibras colágenas para posterior impregnação desta área descalcificada por monômeros hidrofílicos. A existência de uma zona de interdifusão entre a camada mais profunda da dentina e a resina composta caracteriza a camada híbrida. Esta é, portanto, identificada como sítio primário da adesão à dentina através do embricamento micromecânico de resina composta com as fibras colágenas exposta pelo condicionamento ácido (Nakabayashi, 1992). 101 Atualmente a impermeabilidade da camada híbrida tem sido questionada. Estudos em microscopia eletrônica de varredura e de transmissão demonstram infiltração nos microespaços existentes entre as fibras colágenas não envolvidas pelo adesivo (Sano et al., 1995). 129

41 Na literatura atual, verifica-se que a maioria dos estudos avaliam o potencial de adesão dos sistemas adesivos, mas poucos se preocupam com a compatibilidade biológica destes materiais. Em 1987, Cox et al. 28 avaliaram o efeito de alguns materiais restauradores diretamente sobre o tecido pulpar de macacos. Foram preparadas 84 cavidades de classe V, com exposição mecânica da polpa e capeadas com resina composta, amálgama, cimento de fosfato de zinco, cimento de silicato, cimento de óxido de zinco e eugenol e cimento de hidróxido de cálcio (Life ). Em metade dos dentes de cada grupo, o selamento da cavidade foi realizado com o próprio material capeador, enquanto que a outra metade foi selada com óxido de zinco e eugenol. Os animais foram sacrificados após 7 e 21 dias e os dentes foram preparados para análise microscópica. A resposta reparadora das polpas ocorreu não apenas com o cimento de hidróxido de cálcio, mas também com o amálgama, resina composta, cimento de fosfato de zinco, cimento de silicato, quando estas foram seladas com óxido de zinco e eugenol. Os resultados demonstraram que os materiais testados, com exceção ao cimento de óxido de zinco e eugenol, quando selam as margem do preparo cavitário, são bem aceitos pelo tecido pulpar e não afetam negativamente o processo de reparo da polpa. Nos espécimes onde foi observada microinfiltração, ocorreu severa reação inflamatória e colapso pulpar. Os

42 autores concluíram que fatores químicos, como componentes dos materiais ou ácidos, são menos relevantes em causar agressões ao tecido pulpar do que a infiltração de bactérias nas margens da restauração, embora os resultados com o cimento de óxido de zinco e eugenol não tenham sidos favoráveis. Kashiwada & Takagi (1991) 81 investigaram o efeito direto de um sistema adesivo no tecido pulpar. Foram utilizados 70 dentes humanos, sendo que 64 para avaliação clínica e 6 para análise microscópica. Após o preparo cavitário, foi aplicado sobre o tecido pulpar exposto o sistema adesivo e os dentes foram restaurados com inlay e onlay, cimentados com cimento resinoso. As avaliações clínicas foram realizadas após um ano, através de eletrodiagnóstico. Dos 64 casos, 60 apresentaram vitalidade, sem desconforto. Os 4 casos restantes desenvolveram dor imediatamente após o tratamento e dor espontânea após 2 semanas. Para o exame microscópico, 2 dentes foram examinados para cada intervalo de 1, 6 e 12 meses. Os achados histomorfológicos após 1 mês não apresentaram infiltrado de células inflamatórias, mas apenas leve hiperemia. Na avaliação após 6 meses, foi verificada a formação de uma fina camada de tecido calcificado na superfície da polpa exposta, não existindo infiltração de células inflamatórias. O controle de 12 meses apresentou uma fina

43 ponte dentinária formada sobre a polpa exposta e uma espessa dentina secundária formada na parede da cavidade. Kanca III (1993) 79 descreveu um caso clínico onde um paciente de 13 anos de idade fraturou o incisivo central superior com exposição pulpar. A colagem do fragmento ao dente foi realizada com a utilização do sistema adesivo All Bond 2. Para isto, o esmalte, dentina e a exposição pulpar foram condicionados por 20 segundos com ácido fosfórico à 32%. Até o segundo dia após a colagem, o paciente relatou um suave desconforto. Após um ano de acompanhamento, o dente apresentouse com vitalidade pulpar e ausência de alterações periapicais, observadas através de testes elétricos e exames radiográficos. O autor afirmou que o sucesso do condicionamento ácido da polpa se deve ao perfeito selamento biológico da restauração. Cox (1993) 24 avaliou a biocompatibilidade de um sistema adesivo (Optibond ) na polpa de 60 dentes de macacos. Os dentes foram divididos em 24 preparos com exposição do tecido pulpar e 24 sem exposição, onde posteriormente aos preparos foi aplicado o sistema adesivo e procedeu-se o selamento com resina composta. Nos dentes restantes, o cimento de hidróxido de cálcio (Life ) foi utilizado como grupo controle. Os animais foram sacrificados 7, 25 e 90 dias após os

44 procedimentos clínicos e os dentes processados para avaliação microscópica. Aos 7 dias, o grupo controle apresentou pequena desorganização dos odontoblastos. Com 25 dias uma nova dentina reparadora foi detectada, não se observando a presença de abscesso. Para o grupo experimental, aos 7 dias foi observado pequena desorganização do tecido pulpar. Após 25 dias, nenhuma célula inflamatória estava presente, tendo ocorrido uma disposição de nova matriz de ponte de dentina adjacente à interface do material. Aos 90 dias, foi observada ponte dentinária completa em 7 espécimes capeados com sistema adesivo. Snuggs et al. (1993) 142 estudaram a capacidade de cicatrização e formação de ponte dentinária da polpa de 105 dentes de macacos, expostos mecanicamente e capeados com materiais de composição ácida. Após os preparos cavitários de classe V e a exposição pulpar, 40 dentes foram capeados com cimento de silicato e 40 dentes com cimento de fosfato de zinco. Em metade dos dentes de cada grupo, o selamento da cavidade foi realizado com o próprio material capeador, enquanto a outra metade foi selada com óxido de zinco e eugenol. Nos 25 dentes restantes, as polpas foram capeadas com cimento de hidróxido de cálcio (Life ) e as cavidades seladas com amálgama. Os animais foram sacrificados 3, 5, 10, 14 e 21 dias após a realização dos procedimentos clínicos, e os dentes foram preparados para análise microscópica. Todos

45 os dentes capeados com cimento de hidróxido de cálcio apresentaram migração e organização celular na polpa aos 5 dias, e deposição de matriz dentinária aos 10 dias. Aos 21 dias já se observava formação total de barreira mineralizada e ausência de inflamação da polpa subjacente. Para os grupos do cimento de silicato e cimento de fosfato de zinco, foi observada ponte de dentina logo abaixo dos materiais, sendo que aos 21 dias os dentes apresentavam reparação pulpar semelhante ao grupo do hidróxido de cálcio. Esses achados foram observados quando após o capeamento, as cavidades foram seladas com óxido de zinco e eugenol, porém quando foram seladas com o próprio material capeador, ocorreram respostas inflamatórias severas incluindo necrose pulpar. Os autores relacionaram estes quadros à presença de bactérias e concluíram que os componentes ácidos dos cimentos avaliados não são responsáveis pela resposta inflamatória e necrose pulpar quando a restauração é biológica e hermeticamente selada. A biocompatibilidade dos cimentos ácidos testados foi diretamente afetada por infiltração bacteriana. Chain (1994) 18 avaliou e descreveu as fases do processo de reparo de polpas expostas mecanicamente e capeadas com 3 tipos de sistemas adesivos, cimento de hidróxido de cálcio (Life ) e cimento de ionômero de vidro. Cavidades de classe I e V foram preparadas em 124 dentes de 11 macacos adultos e as polpas expostas e capeadas com os

46 materiais experimentais. Após 3, 5, 10, 14 e 21 dias, os animais foram sacrificados e os dentes processados para análise histomorfológica. Os autores concluíram que os sistemas adesivos estudados foram biologicamente compatíveis com o tecido pulpar e que as características do processo de reparo são semelhantes ao do hidróxido de cálcio. Tsuneda et al. (1995) 171 estudaram microscopicamente a resposta pulpar a 4 diferentes sistemas adesivos aplicados diretamente sobre o tecido pulpar de ratos. Foram preparadas cavidades na superfície oclusal de 80 molares e sobre as polpas expostas foram aplicados os sistemas adesivos (Superbond C&B, Clearfil Liner Bond, Tokuso Light Bond e Scotchbond M.P. ). Os dentes foram restaurados com resina composta e os animais sacrificados após 3, 7, 30 e 90 dias. A análise histomorfológica demonstrou que, para o período de 3 dias, não foram observadas diferenças quanto à resposta pulpar para os materiais, que se caracterizou por suave dilatação capilar, hiperemia, congestão e infiltrado de células inflamatórias. Porém, diferenças foram observadas para os demais períodos, sendo que aos 30 e 90 dias puderam ser verificados casos de necrose em toda polpa coronária com significante degeneração vacuolar e ausência da formação dentinária, com excessão do grupo do Superbond C&B. Os excelentes resultados observados para o sistema Superbond

47 C&B foram atribuídos à sua capacidade de formação de um perfeito selamento marginal. Heitmann & Unterbrink (1995) 51 avaliaram clinicamente 8 dentes de 6 pacientes, cujas exposições pulpares foram seladas diretamente com sistema adesivo. Os dentes selecionados foram isolados e o tecido cariado foi completamente removido. A exposição pulpar foi protegida com uma pasta de hidróxido de cálcio. Após o condicionamento ácido do esmalte e dentina, foi removida a pasta de hidróxido de cálcio e aplicado o sistema adesivo. Os dentes foram restaurados com resina composta. Os períodos de avaliação foram de 3, 7, 60 e 180 dias, quando foi realizado teste de vitalidade pulpar com dióxido de carbono, testes elétricos e radiografias. Nenhum paciente relatou sintomatologia pós-operatória, exceto um moderado desconforto no dia do tratamento. Dezan Jr. et al. (1995) 32 analisaram o comportamento da polpa dental exposta diante do tratamento com o sistema adesivo All-Bond 2. Foram realizadas exposições padronizadas nas polpas coronárias ou pulpotomias em dentes de cães e o tecido pulpar capeado com o sistema adesivo. Os dentes foram restaurados com resina composta. Decorridos 30 dias, os animais foram sacrificados e os espécimes preparados para análise