RELATO DE CASO: EDUCAÇÃO AMBIENTAL E FORMAÇÃO DE DOCENTES Ribeiro, Lucas Soares Vilas Boas 1, Leite, Eugenio Batista 2 INTRODUÇÃO O atual modelo econômico e social tem gerado enormes desequilíbrios ambientais. O rápido crescimento demográfico, a exaustiva utilização - às vezes desnecessária - dos recursos naturais, a destruição e queda da biodiversidade, a constante degradação ambiental, a poluição, a contaminação das águas e o consumismo têm aumentado significativamente e comprometem o equilíbrio ambiental na Terra. Gatotti (2000) afirma que terra está doente e ameaçada e temos a obrigação de vê-la mais a frente habitável, cultivável, saudável, cheia de justiça. Salvá-la significa salvar-nos. Precisamos iniciar a luta pela nossa vida com dignidade em todo o planeta. Essa é a revolução ainda não realizada que irá mudar nossas vidas, transformando o perigo em esperança. Ela começa pela tomada de consciência e se prolonga na conscientização. Segundo Scolforo (2006) as vegetações nativas do estado de MG vêm sofrendo um intenso processo de alterações ao longo do tempo, perdendo biodiversidade seja pela fragmentação ou pela supressão direta da vegetação. Em apenas dois anos, nossa vegetação sofreu os seguintes desmatamentos: Mata Atlântica: 42.447 ha, restando apenas 8.9 % de áreas nativas; Cerrado: 70.601 ha, restando apenas 9.4 % de áreas nativas; Caatinga: 5.759 ha, restando apenas 3.4 % e áreas nativas. Primarck e Rodrigues (2006) afirmam que comunidades biológicas que levaram milhões de anos para se desenvolver vêm sendo devastadas pelo homem em toda terra. Ciclos naturais hidrológicos e químicos vêm sendo perturbados pela devastação de terras. Bilhões de toneladas de solo vão para os rios, lagos e oceanos a cada ano. O clima do planeta pode ter sido alterado por uma combinação de poluição atmosférica e desmatamento. 1 Graduando Ciências Biológicas PUC Betim e Pedagogia UEMG, lucassvbr@hotmail.com 2 Professor Educação Ambiental PUC Minas Betim 1
Nunca, na historia natural, tantas espécies estiveram ameaçadas de extinção em períodos tão curtos. Para resolver a complexidade da crise ambiental, faz se necessário que os cidadãos incorporem a dimensão ambiental no/em seu cotidiano. Temos de ter um relacionamento racional com Terra. Novos paradigmas precisam ser formulados e, novas atitudes exercidas. O homem é o responsável pelo planeta em que vive; somente ele pode mudar o rumo da historia ambiental, contribuindo ou não, a partir de suas atitudes, para preservação da vida. Conhecer os problemas ambientais e saber de suas conseqüências desastrosas para a vida humana são necessários para que se promova uma atitude de cuidado e atenção. A educação, em todos os seus níveis e modalidades, assume um papel fundamental na mudança de valores e atitudes das pessoas. Ela tem o poder de sensibilizar, mobilizar e conscientizar seres humanos a se tornaram aptos a enfrentar e resolver a crise ambiental através de uma revolução de valores, habilidades, atitudes e crenças. Na tentativa de se resolver a crise ambiental e mudar o padrão de vida que a sociedade vive, foi inserida a Educação Ambiental na educação formal tornando-se obrigatório no Brasil e em vários paises. A portaria 678 de 14/05/91 do Ministério da Educação, publicada no Diário Oficial da União, em 15.05.1991 estabelece que a educação escolar deva contemplar a Educação Ambiental, permeando todo o currículo dos diferentes níveis e modalidades de ensino. A Lei 9.795 (1999), que dispõe sobre a educação ambiental, institui a Política Nacional de Educação Ambiental, afirma que A educação ambiental deve ser desenvolvida como uma prática educativa integrada, continua e permanente em todos os níveis e modalidades do ensino formal Philippi Junior e Pelicioni (2002) afirmam que a educação ambiental é um processo de ensino-aprendizagem para o exercício da cidadania, da responsabilidade 2
social e da política. A ela cabe construir novos valores e novas relações sociais dos seres humanos com a natureza, formando atitudes dentro de uma nova ótica, a da melhoria da qualidade de vida para todos os seres vivos. Medina (2002) afirma que a educação ambiental deve aproximar a realidade ambiental das pessoas, conseguir que elas passem a perceber o ambiente como algo próximo e importante nas suas vidas; cada um tem que perceber o importante papel a cumprir na preservação e transformação do ambiente em que vivem. Gatotti (2000) diz que a educação e, em particular a educação comunitária e ambiental têm um papel fundamental, na orientação da sociedade rumo a sustentabilidade. A educação sustentável precisa ser estimulada em todos os níveis e modalidades, na educação formal e informal. Guimarães (2005) afirma que a educação não é pura e simplesmente a solução de todos os problemas, mas sem ela nada se transforma. Medina (2002) afirma que a introdução da dimensão ambiental no sistema educativo exige um novo modelo de professor; a formação é a chave das transformações que se propõem, tanto pelos novos papéis que terão que desempenhar em seu trabalho, como pela necessidade de que eles sejam os agentes transformadores de sua própria prática. Cavalcante (2005) ao falar sobre a inserção da educação ambiental nos currículos educacionais afirma que a educação ambiental é território de todos e deve ser trabalhada com responsabilidade nos Projetos Políticos Pedagógicos. Não deve ser centralizada em uma disciplina. A educação ambiental é uma ferramenta indispensável para mudança de paradigmas da nossa sociedade. E o professor torna-se um grande agente formador. As universidades, cada vez mais, discutem e se conscientizam do papel que devem desempenhar para preparar as novas gerações para um futuro viável. 3
Diante disto torna-se importante avaliar se nos cursos de licenciatura da PUC Minas Betim, é contemplada a formação da dimensão ambiental dos alunos; analisar se nas ementas e planos de ensino das disciplinas, foram incorporados conteúdos de formação da dimensão ambiental; identificar se os alunos destes cursos estão capacitados a ensinar a dimensão ambiental na docência escolar. METODOLOGIA Trata-se de uma pesquisa social, categoria de estudo de caso, que aprofunda numa realidade, utilizando instrumentos de coleta de dados: analise documental, questionários e entrevistas, itens da pesquisa quali-quantitativa. Será realizada no 1º semestre de 2007. ANALISE DOCUMENTAL Os Projetos Políticos Pedagógicos dos cursos de matemática, ciências biológicas e letras serão analisadas, procurando observar se existem capítulos ou tópicos relacionados à formação da dimensão ambiental e do desenvolvimento sustentável nos alunos. QUESTIONÁRIOS SEMI-ESTRUTURADOS Uma amostra de 20% dos alunos do último período dos três cursos será questionada se em algum momento do curso foi trabalhado a Educação Ambiental; se a faculdade contribuiu de forma satisfatória na sua formação ambiental; se foi oferecido pela universidade ou incentivado por algum professor a participação em atividades relacionadas às questões ambientais; e se o discente formado se acha preparado para exercer em sua docência à formação da ética ambiental de seus alunos. ENTREVISTAS NÃO ESTRUTURADAS 4
Os coordenadores dos três cursos e o diretor de graduação serão indagados se conhecem A Lei 9.795 (1999), que dispõe sobre a educação ambiental, institui a Política Nacional de Educação Ambiental; se conhecem algum documento universitário relacionado à formação da dimensão ambiental, ao meio ambiente ou ao desenvolvimento sustentável; se conhecem o capitulo 36 da Agenda 21; se acham importante trabalhar em seus cursos a formação ambiental de seus alunos; e se a PUC Minas oferece cursos de capacitação de professores voltados para a formação ambiental. 5