PELA CONSTRUÇÃO DO ESTADO SOCIAL DE DIREITO Confederação dos Servidores Públicos do Brasil
A NOVA CENTRAL SINDICAL DE TRABALHADORES NCST, defende um Estado democrático política, social e economicamente, em que seja crucial a questão do ser humano. Um Estado cujas funções sociais sejam voltadas para assegurar os direitos dos cidadãos, especialmente dos mais carentes. Um Estado aberto à participação popular, por meio da sociedade organizada.
A questão do Estado passa a ser, na fase histórica atual da sociedade humana, um grande desafio. As mudanças ocorridas nas últimas décadas, nos planos econômico, político, social e cultural colocam em relevo o papel do Estado enquanto agente garantidor dos direitos sociais individuais e coletivos dos membros da sociedade. Nesta realidade põe-se o debate sobre uma alternativa pósneoliberal, a luta por um Estado que não seja apenas a agência executiva de intermediação dos interesses privados do capital financeiro; um Estado que não seja, tão somente, uma engrenagem do sistema econômico.
Repensar o Estado nas condições atuais corresponde a identificar as suas funções sociais frente às necessidades humanas fundamentais; significa buscar os fundamentos do seu ordenamento social, cujos princípios essenciais são a solidariedade, para assegurar os direitos dos mais necessitados, e a subsidiariedade, para propiciar as condições adequadas de produção e distribuição.
Nós, trabalhadores, sabemos que é possível construir propostas e desenvolver uma gestão de governo que contemple a realidade do país, de ser um mercado globalizado, mas que, ao mesmo tempo, atenda as condições de vida do servidor e a demanda de serviços de qualidade exigida pela população. Tivemos o Estado paternalista, ainda presente em algumas regiões, voltado para o assistencialismo; tivemos o Estado empresário, da época do milagre econômico brasileiro; tivemos e ainda temos, em certo grau, o Estado economicista, neoliberal, reduzido, que prioriza a estabilidade monetária, as concessões fiscais aos detentores do capital em detrimento do trabalho; que deixa de ser prestador para demandar serviços.
Contradições entre Estado Social de Direito e Estado Liberal de Direito
Estado Social de Direito Quem organiza é o Estado O Estado presta serviços públicos Prevalece o interesse da comunidade Espírito de solidariedade o mais forte tem o dever de proteger o mais fraco O beneficiário é o cidadão Capital produtivo Economia solidária valoriza o Trabalho, emprego formal, que liberta Gestão de pessoas Conceito: desenvolvimento econômico Preservação e sustentabilidade Diversidade cultural Estado Liberal de Direito Quem organiza é o mercado O Estado demanda serviços públicos através da privatização Prevalece o interesse individual Espírito de competição o mais forte deve vencer o mais fraco envolve valores éticos O beneficiário é o consumidor Capital especulativo Economia predatória valoriza a renda, trabalho precarizado, que escraviza Gestão de recursos humanos Crescimento econômico - considera a renda per capita Extrativismo e esgotamento Alienação e imposições
Bem estar social Estado Social de Direito Ideologia política em consequência atitude e engajamento, trazem compromisso Coragem O Estado é tocado por agentes políticos próprios eleitos Constroi o poder popular Democracia real plena Socialismo Produz riqueza inclui e distribui Plena cidadania direitos, deveres e igualdade Estado Liberal de Direito Mais valia lucro Ignorância política em consequência apatia e cooptação, que levam à omissão Covardia O Estado é tocado por agentes políticos delegados Leva à elitização do poder Democracia ilusória democradura Capitalismo Acumula riqueza exclui e concentra Escravidão moderna - constante defasagem financeira, demanda infinita pelo consumo, necessidade de estar on line
Estado Social de Direito Vida com qualidade Objetivo reconstrução do homem Social desígnio ser feliz Sobrevivência Mercadoria Estado Liberal de Direito
Definir o modelo de Estado é essência, na medida em que envolve questões específicas do servidor, já que o Estado se materializa por meio do servidor público. Sem o servidor público, o Estado não passa de uma abstração jurídica. É o servidor que leva o Estado para a sociedade, que o torna realidade. A NCST alerta que o Estado se afasta cada vez mais da sua função tradicional de ser o grande provedor das soluções; está diminuindo cada vez mais e deixando um vácuo de presença do Estado, que é assumido desorganizadamente, na falta de um setor que enfrente essa realidade, pelas organizações sociais e/ou empresariais, por movimentos paraestatais. A NCST caminha para assumir esta lacuna.
Com sua vocação mundialista, o seu protagonismo internacional, a consistência de sua base ideológica e filosófica, a riqueza e abundância de seus quadros e com a segurança de seu projeto estratégico, a CENTRAL se sente à vontade e motivada para propor e defender um novo modelo ideopolítico para a classe trabalhadora, consubstanciado em um novo modelo de organização da sociedade. Os trabalhadores passaram três décadas apenas reagindo aos modelos sócio-econômicos propostos, ou melhor, impostos pela perversa conjunção de governos liberais, organizações transnacionais de negócios e organismos multilaterais, que criam e modificam modelos atendendo exclusivamente à sua dimensão financeira. Jamais, nesse período, houve a participação do movimento sindical na formulação desses modelos.
Nosso maior problema está na interrupção do processo de interlocução entre o Estado e o servidor, por intermédio de suas entidades representativas. Daí a urgência de se estabelecer um novo modelo de relações de trabalho no setor público. A NCST defende uma política de gestão de pessoas fundamentada na democratização das relações de trabalho, na governança participativa, na qualidade dos serviços prestados, no respeito aos usuários de serviços públicos e no fortalecimento do Estado Social e Democrático de Direito.
O conceito de gestão de pessoas, adotado em lugar do conceito de gestão de recursos humanos, implica mudança de paradigma, cuja consequência será a substituição de um modelo autocrático por um sistema de atividades estratégicas; da centralização pelo trabalho em equipe; da hierarquização por uma gestão parceira; da visão burocrática pela participativa; do trabalho meramente operacional pela definição e cumprimento de metas e resultados; e do foco no processo pelo foco nas pessoas e usuários.
O que indicamos, com audácia, coragem e visão de futuro, é uma profunda revisão nos conceitos e nas práticas políticas e sociais de todos os atores que conformam a nossa sociedade. Novas formas de fazer sindicalismo, novos instrumentos de ação política, nova plataforma de atendimento às demandas sociais e nova cultura de compreensão e de organização do Estado, cujo alicerce ético, contrário e antagônico a todo e qualquer indicativo de Estado mínimo ou precarização dos serviços públicos, requer o respeito aos interesses e direitos sociais da população.
Se ousamos estar aparentemente à frente do nosso tempo é porque vislumbramos perspectivas e condições; é porque confiamos e acreditamos na capacidade dos nossos diretores; é porque sabemos do potencial imenso do qual podemos dispor. Temos pela frente desafios enormes, mas temos, como nenhuma outra entidade similar à NCST, quadros dirigentes da mais alta qualificação, os melhores quadros do movimento sindical brasileiro, com os quais vamos escrever novas páginas memoráveis da NCST.
Este é o desafio. Esta é a nossa luta. João Domingos Gomes dos Santos Presidente da CSPB www.cspb.org.br/cspb@cpsb.org.br