REDE DE APOIO AO IDOSO NO MUNICÍPIO DE CASCAVEL Elizabeth Aparecida de Souza 1 Maristela Salete Maraschin 2 Oseias Guimarães de Andrade 3 INTRODUÇÃO: No Brasil houve a preocupação com a população idosa apenas a partir da década de 80, coincidindo com um processo de intensificação das desigualdades sociais Desde então, transformou-se em um processo contínuo, representando um desafio gerado pelas demandas sociais e econômicas que se apresentam de forma crescente, tendo sido necessária à adoção de políticas específicas, propiciando um envelhecimento ativo, com respeito aos direitos, prioridades, preferências, capacidades e a dignidade dos idosos. Segundo Rosa (2004), a rede de apoio social visa uma ajuda concreta às pessoas. Deste modo, podemos dividir as redes sociais de apoio à pessoa idosa em dois grupos distintos: as redes de apoio formal e as redes de apoio informal. Para Cassel apud ROSA (2004, P. 203), cita que o grupo formado pelas redes de apoio formal inclui-se os serviços estatais, de segurança social organizados pelo poder local (condomínio para a terceira idade, centros dia). Nos de apoio informal, estão incluídos de um lado as famílias do próprio idoso e por outro, os amigos, vizinhos e promoção de saúde, proteção contra doenças e, mesmo, aumento da sobrevivência em indivíduos. 1 Enfermeira especialista em Educação Profissional na Área da Saúde: Enfermagem da SESA/ ISEP/10ª Regional de Saúde e Docente da Universidade Paranaense/ UNIPAR/Campus Cascavel. End. Rua Rio de Janeiro nº 704, apto 20, cep. 85801-030 -Cascavel/PR. E-mail prabeth@terra.com.br 2 Enfermeira da Secretaria Municipal de Saúde e docente da Universidade Estadual do Oeste do Paraná (UNIOESTE). 3 Enfermeiro. Doutor em Enfermagem Fundamental (USP-Ribeirão Preto). Docente a Universidade Estadual de Maringá - UEM. 3 1
Sendo confirmado que a presença ou a ausência das redes de apoio afeta diferencialmente a saúde dos indivíduos. Para Monteiro (2003), todo processo de interação realizada por indivíduos, grupos ocorre transformações e o significado de cada ação efetivada possibilitará a cada um a construção de novos laços de relação, bem como novas formas para a troca do aprendizado. OBJETIVO: Identificar as redes de apoio oferecido aos idosos no Município de Cascavel. METODOLOGIA: A pesquisa foi realizada no município de Cascavel/PR no período de janeiro a março de 2005, do tipo documental, que conforme Marconi; Lakatos (1991, p. 174) é aquela em que a fonte de coleta de dados está restrita a documentos escritos ou não, constituindo o que se denomina de fontes primárias. Estas podem ser feitas no momento em que o fato ou fenômeno ocorre, ou depois, RESULTADOS: As ações voltadas ao idoso no município de Cascavel vêm ao encontro com a Política Nacional e Estadual de Saúde desse segmento populacional. Na perspectiva de criar um suporte de atendimento aos idosos o governo deste município por meio da Secretaria de Ação Social, implanta e mantém o Centro de Convivência do Idoso (CCI), que foi inaugurado em Setembro de 1984 com os objetivos de desenvolver atividades voltadas para o restabelecimento e/ou manutenção do equilíbrio psicossocial do usuário, eventual aumento de sua renda e o resgate do seu senso de participação; promover as ações que objetivem a integração da pessoa idosa na comunidade por meio da sua intervenção nas questões coletivas e nos problemas do seu meio social; colaborar para organização e/ou desenvolvimento da comunidade, da articulação das ações do centro com a de outros recursos locais e do Serviço de Ação Comunitária (CASCAVEL, digitado s/d). O Programa também conta com o Condomínio da 3ª Idade, inaugurado em Setembro de 1994, o qual foi projetado para proporcionar soluções de moradia para os idosos que vivem sós, sem condições econômicas e/ou por falta de cuidado no seio da família. O 2
projeto busca propiciar moradia digna e envelhecimento com direitos e dignidade, favorecendo as relações interpessoais e em grupo, bem como estimular a cooperação e a integração dos mesmos. Esta iniciativa supera a visão de asilamento oportunizando a estes moradores uma melhoria na qualidade de vida (CASCAVEL, digitado s/d). Destacamos, também, o Centro-Dia que é destinado a idosos semidependentes com o objetivo de manter os idosos na família, procurando atendê-los diariamente nas necessidades como: saúde, alimentação, socialização, cultura entre outros, no período entre 8:00 às 17:00 horas (CASCAVEL, digitado s/d). O Programa da Terceira Idade dispõe, diariamente, de várias atividades ocupacionais utilizadas nos atendimentos aos idosos, como: atividades sociais: passeios, visitas, festas de confraternização, aniversários, datas comemorativas. Este tipo de atividade permite manter o interesse pela vida, sentir prazer na companhia de outras pessoas, além de proporcionar o seu bem-estar, integração e participação na sociedade; atividades culturais: teatro, coral, alfabetização, dança sênior e danças folclóricas, de salão, entre outras. Estas atividades são oferecidas de acordo com o interesse, o nível e o potencial intelectual dos idosos; atividades artesanais: pintura, tecelagem, costura, bordados, trabalhos com lã, fio, etc. Estes trabalhos contribuem principalmente para desenvolver a criatividade, raciocínio, coordenação motora e participação grupal; atividades recreativas e terapêuticas: jogos, atividades físicas, yoga, terapias em grupo, bailes, etc. São desenvolvidas com o objetivo de motivar, integrar, preocupando-se sempre com o bem-estar e a qualidade de vida dos idosos integrantes do Programa da Terceira Idade; para o desenvolvimento das atividades a Secretaria de Ação Social conta com o apoio de algumas instituições estabelecendo parcerias com outras secretarias, universidades e faculdades. A Secretaria de Ação Social conta ainda com um benefício que vem do governo federal, intitulado Benefício de prestação continuada, este benefício é de um salário mínimo e 3
é destinado a idosos com renda familiar per capta inferior a um quarto do salário mínimo (CASCAVEL, digitado s/d). No contexto não podemos deixar de citar a Secretaria de Saúde que assume um papel fundamental no suporte formal de atendimento aos idosos, dentre os quais destacamos as Unidades Básicas de Saúde as quais desenvolvem ações curativas e preventivas, o Pronto Atendimento Continuado que presta assistência de emergência, os hospitais que atendem urgência, emergência e internamentos. O Programa de Assistência e Internamento Domiciliar (PAID), o qual tem por objetivo dar suporte para as Unidades Básicas de Saúde (UBS), Equipes de Saúde da Família (ESF) e hospitais na reabilitação do paciente. O PAID é destinado a pacientes que devem ser assistidos no domicilio com dependência total ou parcial, por uma equipe multidisciplinar. A portaria nº 703, de 12 de abril de 2002, institui no Art. 1º, no âmbito do SUS, o programa de Assistência aos Portadores da Doença de Alzheimer, sendo criado o protocolo clínico e diretrizes terapêuticas da Doença de Alzheimer por meio da portaria SAS/MS nº 843, de 31 outubro de 2002; protocolo clínicas e diretrizes terapêuticas da Doença de Parkinson por meio da consulta pública SAS/MS nº 10, de 04 de novembro de 2002. Em julho de 2003 iniciou o cadastramento dos pacientes junto ao Estado, para verificar o número de paciente x quantidade de medicação utilizada. Em dezembro de 2003 foi implantado o Programa de Alzheimer e Parkinson no município de Cascavel sendo a referência o Hospital Universitário. Em maio de 2005 houve expansão da referência para o Centro Regional de Especialidades /Consórcio Intermunicipal de Saúde do Oeste do Paraná (CRE/CISOP). Contamos ainda com o Abrigo São Vicente de Paula, fundado em Dezembro de 1977 pelo Padre Luis Parola e um grupo de vicentinos. O objetivo é de atender pessoas idosas desamparadas de ambos os sexos acima de 65 anos que não tenham parentes e não apresente doença mental, em caráter permanente, bem como orientar e reintegrá-los na 4
sociedade. O abrigo tem capacidade para 43 idosos e são desenvolvidos atividades de horta, jardinagem e trabalhos manuais. CONCLUSÕES: Por meio da pesquisa desenvolvida conclui-se que os programas existentes no Município de Cascavel por meio da Secretaria de Ação Social e pela Secretaria de Saúde têm como proposta para os idosos a promoção à saúde por meio da manutenção ou recuperação da autonomia e independência, não sendo todos os programas voltados especificamente para o atendimento ao idoso e colocam como foco de sua prática a abordagem ao idoso, impondo a necessidade de dedicar-se sobre o tema para dar conta da complexidade estrutural e conceitual de problemas até então invisíveis aos profissionais de saúde. Consideramos, portanto, que não houve a intenção de estudar as funções ou a qualidade do atendimento prestado pelas instituições de apoio neste momento. Cabe ressaltar que os profissionais cujo foco é o idoso como campo de atuação de sua prática profissional e na construção de saberes vêm travando um embate para resgatar o valor de cidadania do idoso. Para Assis (1998), os inúmeros problemas que atingem a qualidade de vida dos idosos em um país subdesenvolvido, demandam respostas urgentes pelas políticas públicas, que devem garantir os direitos fundamentais e desenvolver ações voltadas às necessidades específicas da população idosa. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: ASSIS, Mônica. O envelhecimento e suas conseqüências. In: CALDAS, Célia. Pereira (org). A saúde do idoso: a arte de cuidar. Eduerj, Rio de Janeiro, 1998. cap. 2, p. 39-48. BRASIL. Portaria nº 703 de 12 DE ABRIL DE 2002. Dispõe sobre medidas que permitam melhor organizar a assistência aos portadores da Doença de Alzheimer, em todos os aspectos nela envolvidos. 5
CASCAVEL. PREFEITURA MUNICIPAL DE CASCAVEL, Secretaria municipal da Ação Social. Programa da Terceira Idade. Digitado, s/d. LAKATOS, Eva M; MARCONI, Marina de A. Fundamentos de Metodologia Científica. 5 ed. São Paulo: Atlas, 2003. MONTEIRO, Pedro P. Envelhecer: histórias, encontros, transformações. 2.ed. Belo Horizonte:Autêntica, 2003. ROSA, Tereza E. C. Redes de Apoio Social. In: LITVOC, Júlio; BRITO, Francisco Carlos. Envelhecimento: Prevenção e promoção da saúde. São Paulo: Editora Atheneu, 2004. cap. 14, p. 203. 6