DA FALA PARA A ESCRITA: A REPRESENTAÇÃO DAS ESTRUTURAS SILÁBICAS NA ESCRITA INICIAL



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Transcrição:

690 DA FALA PARA A ESCRITA: A REPRESENTAÇÃO DAS ESTRUTURAS SILÁBICAS NA ESCRITA INICIAL Cátia de Azevedo Fronza UNISINOS Caroline Sampietro UNISINOS/ UNIBIC Lidiane Dinnebier UNISINOS/BIC FAPERGS 0 Introdução Este trabalho apresenta uma reflexão sobre dados de informantes, acompanhados desde 2004, durante coletas mensais gravadas em áudio, a fim de obter dados de seu processo de aquisição da fonologia. Em 2008, como já estão com 6 anos, alguns freqüentando escolas de educação infantil, outros no 1º ano do ensino fundamental, em instituições da rede privada de ensino, em municípios da região metropolitana de Porto Alegre, Rio Grande do Sul, momentos de uso da escrita no contexto da sala de aula estão sendo observados e filmados. Até o momento, vêm sendo considerados aspectos fonológicos dos dados de fala dessas crianças, como a aquisição das fricativas, das líquidas e dos onsets complexos. Dados de Fronza, Lorandi e Lemes (2006), remetendo a 2000 textos, indicam casos de alteração em estruturas silábicas como as de onset complexo (CCV) e de coda (CVC) e no uso dos grafemas que representam as fricativas /s, z,, /, entre outras características, motivando o interesse por esses informantes, pois, além de oferecerem dados de escrita inicial, complementam o estudo longitudinal, abrangendo aspectos de ambas as modalidades da língua por eles utilizadas. Nesta etapa de investigação, prioriza-se, através das observações e das filmagens na sala de aula de cada informante, o acompanhamento da relação que estabelecem entre sua fala e o sistema de escrita que está se manifestando, buscando compreender o que e por que pensam de um modo ou outro quando escrevem ou quando querem escrever. Como esse acompanhamento se dá no contexto da sala de aula, a relação entre fala e escrita vai se estabelecendo também através das conversas e atividades com as quais a turma inteira envolve-se. Tem-se, portanto, um processo de discussão e reflexão que contribui para a explicitação de hipóteses da criança sobre o que e como escrever diante das propostas das educadoras. Esta investigação também se apóia na Teoria da Otimidade (TO) (MATZENAUER e BONILHA, 2003; MCCARTHY, 2008) como base para a explicitação dos dados. Desde a concepção da proposta de pesquisa, que iniciou em 2006, não se tem acesso a estudos que se valham da TO para a explicitação de dados de escrita. Apesar disso, acredita-se que tal teoria é capaz de indicar evidências para a aquisição da fonologia na modalidade escrita. Fronza (2005) chamou atenção para esta possibilidade, e outros trabalhos desta autora têm trazido alguns dados preliminares e perspectivas, mas a partir dos registros desses informantes, que indicam usos de escrita que remetem a dados de sua fala, como os casos de zeba e zebar para a palavra zebra, com apagamento do grafema r, ou da mudança de posição dos grafemas, com o registro da líquida ao final da palavra e não como segunda consoante do encontro consonantal. O fato de as crianças produzirem estratégias de não realização da estrutura CCV na sua fala é uma das razões que motiva o olhar para tais contextos em produções escritas. Sabe-se que, em português, ao adquirir a linguagem oral, a criança utiliza as estruturas CV e V antes de CVC e de CCVC, como atestado em Lamprecht (2004) e verificado nos dados dos informantes. Diante disso, pergunta-se se, na escrita alfabética inicial, essa mesma ordem volta a se manifestar. Pelo que se tem observado, grande parte das crianças têm muito a analisar em termos da estrutura interna das sílabas, antes de resolverem, na escrita, os problemas ortográficos propriamente ditos. Este trabalho, considerando o estágio em que se encontra a pesquisa Dados de fala e dados de escrita inicial: um estudo à luz da Teoria da Otimidade, compromete-se, assim, a apresentar e discutir os dados de fala e de escrita de seus informantes, buscando, na Teoria da Otimidade, explicações para tais produções em ambas as modalidades da língua. As especificidades de cada contexto para a aquisição e o domínio de uma modalidade e de outra já são diferenças significativas para estabelecer

691 relações entre a fala e a escrita, por isso o foco está nas produções do mesmo sujeito, a fim de verificar o alcance desta perspectiva teórica. 1. A fala e a escrita no contexto desta pesquisa Entende-se que, nos seus primeiros contatos com a escrita, a criança deve ser capaz de ligar o output falado com a forma escrita, através do conhecimento das letras. Há, então, uma relação entre a linguagem falada e a escrita, mediada pelas habilidades metafonológicas (STACKHOUSE, 1997). A fase inicial da escrita, como já destacava Varella (1993), é um momento em que a criança formula hipóteses e começa a refletir sobre a relação entre a modalidade da língua que já domina e a sua representação através dos grafemas. Nesse processo de reflexão, algumas dessas hipóteses podem ser semelhantes às suas produções evidenciadas na aquisição da fala, destacando aqui aspectos fonético-fonológicos. Trabalhos como os de Hofman e Norris (1989) e Varella (1993) mostraram que processos fonológicos normalmente evidenciados pelas crianças em fase de aquisição da linguagem falada apareceram nos dados de escrita de seus informantes, indicando retorno às inadequações em relação ao alvo, mas foram superadas durante alfabetização. Assim como Freitas (2004), considera-se que o fato de entrar em contato com uma nova modalidade de linguagem a escrita parece fazer com que a criança reapresente dúvidas que vivenciou no momento de aquisição da fala. Vale a pena citar também as pesquisas de Ogliari (1991) e Santos (1995), realizadas com sujeitos que apresentavam desvios fonológicos. Esses estudos indicaram que crianças que já superaram seus desvios de fala reapresentaram desvios na escrita. No momento em que a criança necessitava refletir conscientemente sobre a fala para escrever, suas produções escritas apareceram marcadas pelo reaparecimento de características da fala desviante, das dúvidas que já foram superadas para a fala. Ainda pode-se citar o trabalho de Menezes (1999), que mostra que crianças com desvios fonológicos evolutivos podem ou não reproduzir na escrita seus desvios de fala. Esta pesquisa também pretende verificar se ocorre o reaparecimento de dados observados na fala das 9 crianças, acompanhadas desde seus 2 anos, nos seus registros iniciais de escrita. O que deve ser destacado, ainda, é que, até o momento, não se teve acesso a um estudo que tenha se dedicado a dados de produção oral e escrita das mesmas crianças, num acompanhamento longitudinal, dos 2 aos 7 anos, como o que se pretende nesta investigação. Atentando para o fato de que a criança formula hipóteses sobre seu sistema de escrita e vai comprovando ou refutando à medida em que os contatos com essa modalidade intensificam-se, as alterações de escrita (FRONZA, 2003; FRONZA e VARELLA, 2003a, 2003b) oferecem pistas sobre os julgamentos das crianças e evidenciam conhecimentos básicos que elas possuem. A abordagem dessas alterações numa perspectiva fonológica relacionada à aquisição da fala pode explicá-las e permite contribuir, auxiliando, por exemplo, na ação de educadores das séries iniciais do ensino fundamental para que sejam capazes de estabelecer estratégias para lidar com cada produção inadequada de seus alunos (VARELLA, 1993; TESSARI, 2002; CUNHA, 2004; GUIMARÃES, 2005; FRONZA, 2003; FRONZA e VARELLA, 2003a, 2003b). Da mesma forma como destacam Abaurre, Fiad e Mayrink-Sabinson (2002, p. 16-17), assume-se aqui que as alterações evidenciadas pelos aprendizes de escrita/leitura são, na verdade, preciosos indícios de um processo em curso de aquisição da representação escrita da linguagem, registros dos momentos em que a criança torna evidente a manipulação que faz da própria linguagem (...). 2. Metodologia Os dados de fala dos 9 informantes foram obtidos com o auxílio da mochila de brinquedos, na qual havia brinquedos, livros e jogos de atenção, mas houve renovação constante para garantir o envolvimento da criança, de acordo com a faixa etária. A coleta consistia, então, em uma conversa entre informante e pesquisadora no ambiente escolar, ou na residência, se este fosse o caso. Durante aproximadamente 30 minutos, a criança explorava o material da mochila e conversava com a entrevistadora. Ao ter contato com os brinquedos (animais, bonecos, carros, objetos de cozinha, móveis, ferramentas, utensílios de limpeza que fazem parte do contexto da criança), além de situações de nomeação espontânea, eram produzidas narrativas, ensinadas e aprendidas regras de jogos de

692 atenção, além de possibilitar o contato com livros de histórias infantis e outras formas de interação. À medida que a idade foi avançando, o interesse dos informantes pela escrita foi se evidenciando e aumentando. Reforça-se a necessidade desse acompanhamento, para, retomando-se um dos objetivos deste estudo, verificar como se dá o contato da criança com essa modalidade da língua, pois, como já foi dito, havendo a produção escrita, tais dados podem ser comparados aos da fala desses informantes desde seus 2 anos. Uma vez que as habilidades cognitivas envolvidas num e noutro processo diferenciam-se, os usos evidenciados pelas crianças na fala e/ou escrita serão comparados a fim de também verificar quais estratégias cognitivas são utilizadas e em que medida elas caracterizam um modo de operação caracteristicamente lingüístico, conforme Corrêa et. al. (2003, p. 48). Em 2008, algumas das crianças ingressaram em escolas regulares. Neste caso, houve contato com a direção e supervisão de cada escola às quais solicitou-se autorização para acompanhamento e filmagem dos informantes. Após autorizada a pesquisa, outros contatos com a equipe diretiva das escolas foram realizados para discutir sobre as metodologias empregadas pelas professoras para que fossem definidos os melhores momentos de observação e de filmagem. Em relação às crianças que não iniciaram o ano em escolas regulares, manteve-se a anuência da direção das instituições para a continuidade da pesquisa. Pelo fato de as filmagens ocorrerem nas salas de aula e em situações de produção oral e escrita, não se pode desconsiderar o envolvimento de todas as crianças da turma. Assim, foi encaminhado aos pais/responsáveis de todos os alunos um documento que, se por eles assinado, autorizaria a filmagem com as demais crianças. Felizmente, não houve nenhuma resposta negativa. No que diz respeito ao nível de ensino das crianças 1, 3 informantes estavam no 1º ano do ensino fundamental (9 anos), integrados em escolas regulares, 4 crianças freqüentaram a educação infantil em escolas específicas para tal atendimento, e outras duas estavam em turma de educação infantil em escola regular. Assim, houve contato com dados relativos ao contexto do primeiro ano e a produções de uma fase anterior, da educação infantil. Devido a dificuldades relacionadas à compra da filmadora 2 utilizada para a realização das filmagens, embora observações anteriores tenham sido realizadas, a coleta por meio das filmagens só teve início em outubro de 2008. A meta do estudo era de uma filmagem mensal, mas, devido a esse atraso, procurou-se realizar coletas quinzenais. Ao serem definidas as datas das filmagens, conforme atividades da escola e planejamento da educadora, a equipe de pesquisa acompanha a produção escrita potencial : assim denominada, pois nem sempre há o registro escrito da criança, embora a turma inteira tenha contato com material escrito nesse momento, além de cada criança poder se manifestar oralmente. As produções são diversificadas, mas priorizam a espontaneidade das crianças através de desenhos, listas de palavras, palavras relacionadas a temas trabalhados, escritas a partir de músicas, de gravuras, entre outras. O papel da professora é essencial em cada uma dessas atividades, pois ela orienta, acompanha e se manifesta quanto ao que entende como positivo ou que necessita de complementação, ajuste ou revisão. Além da filmagem em áu vídeo, que será transcrita na íntegra, os registros escritos das crianças são fotografados digitalmente, a fim de, oportunamente, dar a esses dados uma descrição completa do seu contexto de produção. 3. Um breve olhar para os dados Com o intuito de ilustrar algumas dessas produções, trazem-se 3 registros: os 2 primeiros são de sujeitos que estavam na educação infantil, e o terceiro pertence a um informante que estava no primeiro ano do ensino fundamental. É importante dizer que eles não podem ser comparados, pois o contexto de cada produção foi muito diferente. Os comentários a respeito desses dados estão servindo para ilustrar as diferenças e ressaltam também a necessidade de trazer à tona todas as informações possíveis para o entendimento de cada registro. 1 Todos os estabelecimentos de ensino envolvidos nesta pesquisa são da rede privada. 2 Filmadora Sony DCR SR55 HDD 30GB adquirida por meio de recursos obtidos através de projeto sob processo CNPq 400635/2006-2.

693 A figura 1, que contém o alfabeto dos animais, foi recebida pela criança após outra tarefa de produção escrita sobre a Arca de Noé. De acordo com a professora da turma, as crianças já vinham trabalhando com o alfabeto e produzindo os mais diversos registros. Vale a pena discutir sobre as palavras presentes na figura abaixo. Figura 1: O alfabeto dos animais (J, Educação Infantil, 22-10-08) Embora o objetivo fosse inserir o nome de um animal para cada letra, aqui houve 5 registros: ABELHA, BALEIA 3, CÃO, DIOSAUO, EL. É importante dizer que, durante essa atividade, a turma toda conversava sobre os nomes de animais que surgiam e, pode-se dizer, houve uma escrita compartilhada. No caso dessas palavras, a aluna não escreveu os grafemas N, S e R. Em relação à letra E, havia a intenção de escrever ELEFANTE, mas o tempo não foi suficiente para isso: a informante chegou atrasada naquele dia e não conseguiu concluir tudo antes do recreio, quando a equipe de pesquisa encerrou a filmagem. Comparando esse registro ao de seus colegas, também verificaram-se diferenças entre os dados: alguns escreveram mais, outros menos, houve registros mais próximos do convencional e outros mais distantes. Tais considerações serão apresentadas oportunamente. A figura 2, também de uma criança da educação infantil, foi resultado de um trabalho desenvolvido a partir da música O cravo brigou com a rosa. Depois de cantarem, conversarem sobre a letra dessa música, o registro deveria ser a resposta à pergunta Por que o cravo brigou com a rosa?. Na figura 2, encontra-se uma das respostas. Figura 2: O cravo e a rosa (H, Educação Infantil, 04-11-08) De acordo com a conversa da professora com a criança, esta assim respondeu: O cravo queria uma barra de chocolate branco, e a rosa também queria. Como mostra a figura 2, as palavras CRAVO E ROSA (S escrito espelhado) obedecem ao padrão ortográfico, com exceção do grafema S, que foi registrado diferente, pois a criança, assim como muitas outras, mostra que ainda há um aspecto relacionado ao desenho dessa letra (e de outras) que precisa ser dominado. A palavra BACBO representa BRANCO, TBE equivale a TAMBÉM, e, por último, tem-se QRA, que remete a QUERIA. 3 Os grafemas que ainda podem ser visualizados são resultantes de registros anteriores, dos quais a criança desistiu, apagando-as, embora mantenham-se visíveis na figura (digitalizada).

694 Tais registros parecem indicar que a criança, que vive em contexto comprovadamente letrado, em alguns momentos estabelece adequadamente as relações entre grafemas e fonemas, especialmente para as palavras mais utilizadas pela turma durante as atividades relacionadas à música e às conversas surgidas a partir desta. Nas demais palavras, a criança tentou representar da forma que julgou mais conveniente: em BACBO, registrou quase todos os grafemas, embora com a repetição de B e a ausência da consoante R, segundo elemento da seqüência-alvo (CCV), e de N, grafema que ocuparia a posição de coda; em TBE, T representa a primeira sílaba, e BE, como CV, remete à sílaba final; QRA, de modo semelhante ao caso anterior, tem o grafema Q, para a primeira sílaba, e RA para a sílaba final. Pode-se dizer que, de certa forma, a seqüência CV é a preferida nesses registros. Embora tais considerações sejam trazidas aqui, demais elementos desse contexto de produção devem ser elencados a fim de melhor compreender o porquê das diferenças encontradas. A figura 3, por sua vez, traz outras particularidades, lembrando que é um registro de criança de 1º ano do ensino fundamental. Para cada bichinho, a criança deveria fazer um versinho. Em outra oportunidade serão oferecidas mais informações sobre todo o andamento desta tarefa. Figura 3: Frases sobre os animais (CM, 1º ano, 23-10-08) O autor das frases redigiu uma seqüência para cada animal e fez uma rima entre mel e chapéu para a abelha. Embora não estejam presentes os pontos finais, as frases são seqüências adequadas. Como não é apresentado o contexto da produção, não se quer trazer aqui a possibilidade de a criança adotar um registro equivalente a frases que o modelo da cartilha apresenta. O que deve ser destacado, então, é o fato de haver a observação da convenção escrita na maioria dos casos. A criança utilizou os acentos gráficos de acordo com o padrão e parece não ter dificuldade em representar dígrafos como NH e CH, nem com as sílabas CVC. Houve casos de segmentação indevida, para as palavras MORA

695 LÁ: na frase sobre a baleia, registrou MORALANOMAR; ao escrever sobre a foca, registrou FOCAMORA LANOMAR. É possível que isso tenha ocorrido pelo fato de a criança estar sensível a sua percepção quanto ao sintagma fonológico (ABAURRE, 2006), ou, em outras palavras, acompanhando Abaurre (op. cit.), a sua percepção de domínios prosódicos nos quais se organiza a sua cadeia da fala (sílaba, pé, grupo palavra fonológica, sintagma fonológico, cadeia entoacional ou enunciado). Não se pode deixar de verificar sinais de rasura e de inserção (a vogal i, de baleia, está grafada um pouco acima das demais letras), mas tais casos merecem outro espaço para discussão. É preciso ressaltar mais uma vez que as 3 produções brevemente apresentadas são exemplos dos dados que vêm sendo obtidos, indicando as diferenças entre cada situação de produção e quanto ao resultado desta. Na medida em que mais e novos dados forem analisados, muito mais poderá ser discutido. 4.. Perspectivas de descrição e análise dos dados Até aqui os dados de fala dos informantes em questão compreendem a faixa etária dos 2 aos 6 anos. Tendo em vista as demandas da pesquisa, pode-se adiantar que os dados de fala que não tiveram sua análise concluída deverão ser contemplados, oferecendo, assim, o percurso do domínio das especificidades fonológicas pelos informantes. Será avaliada a potencialidade da aplicação do algoritmo de aprendizagem proposto por Tesar e Smolensky (2000), também utilizado por Bonilha (2000, 2003a, 2003b), Lazzarotto (2005) e Redmer (2007). Consideram-se, ainda, entre outros, os estudos de Ribas (2003, 2004), que apresenta características de aquisição de onsets complexos (CCV) por crianças de 1;0 a 5;3; b) Ribas, Bonilha e Lamprecht (2003), em que se explicitam estratégias observadas na aquisição do onset complexo através de hierarquias de restrição, sob o enfoque da teoria da otimidade; c) Mezzomo (2003, 2004), que aborda a aquisição de coda (CVC) a partir de uma descrição mais precisa fornecida por espectrografias acústicas das ocorrências; d) Magalhães (2003), em que se analisam dados de metátese da líquida nãolateral /r/ no processo de aquisição do português brasileiro; e) Oliveira (2003), que descreve a aquisição de fricativas /f/, /v/, /S/ e /Z/ por crianças de 1;0 e 3;8; f) Matzenauer (2003), no qual são analisados estágios e padrões de desenvolvimento das fricativas coronais do português, utilizando pressupostos da Teoria da Otimidade; g) Redmer (2007), que faz uma descrição detalhada de casos de metátese e epêntese na produção de 222 crianças, com base na TO, considerando o algoritmo de aprendizagem (TESAR e SMOLENSKY, 2000); e Staudt (2008), que contempla o percurso de aquisição dos informantes em foco, considerando a aquisição das seqüências CCV. As ocorrências selecionadas serão analisadas a partir dos fundamentos da TO, tendo como meta inicial os mesmos procedimentos que serão utilizados para as produções de fala: identificação das ocorrências, conforme a produção de consoantes e de vogais, diferenciando plosivas, fricativas, africadas, nasais, laterais e róticas e de acordo com a posição que ocuparem na estrutura da sílaba e da palavra. Como já mencionado, não foram encontrados estudos sobre a aplicabilidade da TO aos dados de escrita. A meta é direcionar a análise, considerando os algoritmos identificados durante a fase de aquisição da fala por cada informante e de acordo com a especificidade fonológica, relacionando-os ao que se evidencia no sistema de escrita desse mesmo informante. Não se descartam, para essas reflexões, as contribuições de Varella (1993, 2004), Cagliari (1997); Abaurre (1996, 1997, 1999, 2001, 2006 2007), Morais (1998, 2000), Lemle (1998), Massini-Cagliari (2001), Massini-Cagliari (1999), Signorini (2001), Tessari (2002), Scliar-Cabral (2003a, 2003b), Cunha (2004), Bortoni-Ricardo (2004), Honório (2005), Guimarães (2005), entre outros. Entende-se que os resultados desta pesquisa podem contribuir para o debate sobre as semelhanças e diferenças entre aquisição da linguagem oral e o uso inicial da modalidade escrita da língua, aproveitando os direcionamentos das pesquisas no âmbito da fonética e da fonologia. Concebe-se, também, na direção aplicada deste estudo, a oferta de resultados sobre o processo gradual do domínio da língua materna, desfazendo mitos ou equívocos ainda hoje considerados pelos educadores que estabelecem diagnósticos imprecisos quanto ao que consideram dificuldades de linguagem de seus alunos. Neste mesmo rumo, trazendo à tona aspectos da linguagem infantil, pode-se contribuir para

696 amenizar situações de exclusão na sala de aula, quando, por exemplo, crianças que se diferenciam da maioria da turma por algum aspecto lingüístico, mostrando um desempenho aquém do que é esperado, nem sempre conseqüência de uma patologia, podem ser melhor atendidas se a/o professor/a tiver condições de compreender suas especificidades lingüísticas, de ordem fonético-fonológica, no caso desta investigação. Muitas vezes, o educador não é capaz de compreender que determinados usos da criança que, à primeira vista, podem indicar dificuldade ou patologia, são, na verdade, evidências da forma como ela lida com a língua, através da comprovação ou não das hipóteses que faz sobre as relações entre fala e escrita ou quando se depara com o uso do sistema de escrita de sua língua. Se o/a educador/a for capaz de lidar com tal situação, conhecendo o modo como a criança estabelece tais relações e opta por determinados registros de escrita, terá argumentos mais claros e reais para indicar encaminhamentos terapêuticos, se for o caso. É preciso que ele compreenda e este estudo pretende contribuir com isso - que muito do que pode ser considerado erro, dificuldade, problema, desvio, alteração (só para citar alguns termos) de fala ou de escrita, é a revelação não só do que a criança não domina da sua língua, mas, principalmente, daquilo que ela já conhece. O estudo longitudinal aqui indicado permite olhar para as individualidades, ou seja, embora comparações possam ser feitas entre as produções dos informantes, cada criança precisa ser considerada em relação às suas produções. Acredita-se também que a análise dos dados de fala sob o prisma da TO e o aproveitamento dos recursos tecnológicos para explicitações fonéticas e fonológicas também contribuem para os estudos sobre a aquisição da fonologia do Português Brasileiro, além de compartilhar dados para que estudos interlingüísticos sejam beneficiados. Referências BONILHA, Giovana Ferreira Gonçalves. Aquisição da estrutura silábica do protuguês: uma análise dos ditongos orais decrescentes. In. MATZENAUER, Carmen Lúcia Barreto; BONILHA, Giovana Ferreira Gonçalves. Aquisição da fonologia e teoria da otimidade. Pelotas, EDUCAT, p. 67-95, 2003b. BONILHA, Giovana Ferreira Gonçalves. Aquisição dos ditongos orais decrescentes: uma análise à luz da Teoria da Otimidade. Disssertação (Mestrado em Letras). UCPel, Pelotas, 2000. BONILHA, Giovana Ferreira Gonçalves. Teoria da Otimidade. In. MATZENAUER, Carmen Lúcia Barreto; BONILHA, Giovana Ferreira Gonçalves. Aquisição da fonologia e teoria da otimidade. Pelotas, EDUCAT, p. 13-24, 2003a. BORTONI-RICARDO, S. M. Educação em língua materna: a sociolingüística em sala de aula. São Paulo: Parábola, 2004. CAGLIARI, Luiz Carlos. Alfabetização e Lingüística. São Paulo: Scipione, 1997. CORRÊA, Letícia Maria Sicuro; FREITAS, Maria Claudia de; LIMA, Cristina Maria Costa. Crianças com queixas de linguagem e procedimentos usuais de avaliação de habilidades lingüísticas. Calidoscópio, v. 5, n. 1, p. 43-67, 2003. CUNHA, Ana Paula Nobre. A hipo e a hipersegmetnação nos dados de aquisição da escrita: ume studo sobre a influência da prosódia. Dissertação (Mestrado em Educação). UFPel,, Pelotas, 2004. Freitas, Gabriela Castro Menezes de. Consciência fonológica e aquisição da escrita: um estudo longitudinal. Tese (Doutorado em Lingüística Aplicada). Instituto de Letras, PUCRS, Porto Alegre, 2004. FRONZA, C. A.; LORANDI, Aline; LEMES, Patricia Beatriz. Dados de escrita em séries iniciais: ortografia, fonologia e textualidade. Trabalhos em Lingüística Aplicada., v.2, p.187-204, 2006. FRONZA, Cátia de Azevedo. Aquisição da escrita e teoria da otimidade: uma reflexão inicial. Revista de Estudos da Linguagem, Minas Gerais, v. 13, n. 2, p. 7-25, 2005. FRONZA, Cátia de Azevedo. Textos nas séries iniciais: evidências fonológicas resultados preliminares. In: II Congresso Internacional da ABRALIN, Anais... Fortaleza: Imprensa Universitária/UFC, p. 103-105, 2003. FRONZA, Cátia de Azevedo; VARELLA, Noely Klein. Aspectos fonológicos nos textos de crianças em alfabetização. Textura. v. 8, p. 39-48, maio a outubro de 2003b.

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