Redes para elevar a capacidade inovativa das empresas Alexandre Duarte Resumo Este artigo tem por objetivo trazer uma visão convergente de vários assuntos relacionados com o tema, integrando modelos práticos a nível regional. Entendendo como um assunto de alta importância para os acadêmicos, a formação de redes de empresas é uma estratégia que pode determinar no cenário atual não apenas a sobrevivência da empresa, mas também o alcance do sucesso. Palavras-chave: Redes de empresas, estratégia, exemplos, oceano azul. Introdução Em um ambiente desafiador, as redes de empresas sempre existiram, adaptadas ao momento que a economia local vivia. Se entendermos o conceito de redes de empresas a fundo, veremos que no passado isso sempre existiu de alguma forma. No passado, as redes de empreendedores individuais fundaram vilas e destas vilas, surgiram as cidades que vemos hoje. As vilas ou vilarejos não se sustentariam (e muito menos as sociedades e o desenvolvimento humando) se não houvesse algum tipo de associação, correlação ou interdependência. Tínhamos na época padeiros, carpinteiros, fazendeiros e todo tipo de profissional que pudesse dar ao vilarejo as condições de sobrevivência. O trabalho era remunerado de forma diferenciada, já que a produção de riqueza consistia basicamente em alavancar o crescimento daquele local, e não em gerar lucros. Os vizinhos trabalhavam em conjunto, cada um atuando em uma atividade específica. As famílias eram numerosas, pois precisavam gerar mão de obra necessária a suportar aquele modo de vida. O número de pessoas cresceu e o número de necessidades não cresceu na mesma ordem. Então deste momento nasceu a competição e a necessidade de duas ou mais pessoas executarem o mesmo serviço. Para prosperar e a fim de comparar as atividades, a remuneração começou a tomar formas como conhecemos hoje: um produto ou serviço específico por um preço determinado. Todos nós sabemos que o objetivo de uma empresa é, no final de todo processo produtivo, gerar lucro. Se esta premissa não estiver atendida, todo esforço anterior se torna nulo.
Gerar lucro em um ambiente competitivo exige estratégias, da qual falaremos a respeito das Redes para elevar a capacidade inovativa das empresas. Inovação A inovação em uma empresa de serviços acontece todos os dias. Posso afirmar que no meu dia a dia como executivo comercial, a cada cliente visitado, surgem novas necessidades, e delas, novas ideias. As necessidades detectadas transformam o ambiente das empresas, e nem sempre estas estão capacitadas a desempenhá-las. Conforme citado por Malcom Gladwell, jornalista norte-americano radicado no Canadá, em sua palestra na Expo Management de 2006 promovida pela revista HSM Management em São Paulo, A invovação acontece muito mais rapidamente do que se imagina, pode ser de um dia para o outro, logo não use a desculpe de que não teve tempo e recursos para inovar. Ela deve ser imediata. Outra citação de Gladwell é de A inovação transformadora tem a ver com reenquadrar um problema. Nesse caso, ele refere-se a política do uso dos cintos de segurança nos carros. Nos EUA, apenas 15% dos motoristas usavam o cinto pois acreditavam que a obrigatoriedade no seu uso era uma invasão do governo na sua vida pessoal e no seu livre arbítrio. Quando a nova campanha foi lançada direcionada à segurança das crianças, a adesão saltou para 65%. Devido a isso, o resgate de antigas formas de associação com o intuito de geração inovação responde a inúmeros problemas atuais. Inovar segundo alguns especialistas é resolver um problema antigo, de forma diferenciada. Outros chamariam inovação de uma forma de resolver algum problema de uma forma que ninguém ainda o fez. Eu diria que inovação é o ato de se reinventar todos os dias, como forma de melhorar, avançar, construir. A capacidade de construção de parcerias é importante no processo de inovação, e é condição essencial no desenvolvimento das empresas. Crescimento da empresa O crescimento das empresas somente acontece quando estas criam valores aos seus clientes e não a seus acionistas ou proprietários. A atividade fim deve ser o cliente, mas nem sempre ele tem razão. Gladwell cita você não deve seguir seus clientes, eles devem ser liderados. Muitos clientes nem sabem que precisam de determinada solução. Eles desconhecem o problema e desconhecem seus riscos. Magnum Foletto, diretor executivo da Omega Tecnologia 2012, diz: precisamos livrar os clientes de problemas e riscos que eles nem imaginam, somente conscientizando-os podemos criar valor e satisfação sobre nossos serviços.
Em 2005, defendi como Trabalho de Conclusão de Curso (graduação ADM IESA), o tema Aspectos Organizacionais na Busca da Educação Continuada, visitei na região noroeste do RS cerca de 200 empresas e entrevistei seus proprietários e diretores, com a inquietante pergunta de um egresso acadêmico por saber, qual o motivo da altíssima mortandade das micro e pequenas empresas no primeiro ano de vida. Pelo questionário, diante das 20 perguntas feitas, os empresários me citaram três motivos de dificuldade: Carga tributária, problemas de mercado (que inclui variáveis de clima a margens estreitas e preços predatórios) e falta de mão de obra qualificada. Na minha conclusão, cheguei a outras três variáveis: Aspectos culturais regionais (da competição com os outros empresários), aspectos psicológicos (do ego em não se permitir ser ajudado ou reconhecer que precisa de ajuda) e da falta de conhecimento ou aplicabilidade correta do mesmo, pois a maioria dos empreendedores, desconhece os riscos que corre na atividade de empreender. Logo a formatação de uma rede de empresas precisa quebrar diversos e fortíssimos paradigmas. Empresas que apostaram nesse processo se tornaram bem sucedidas. As três formas mais conhecidas de Redes de Empresas no interior do RS 1. Empresas interdependentes (clientes e fornecedores); 2. Empresas concorrentes; 3. Empresas fornecedoras e clientes. A respeito das redes de empresas interdependentes, podemos citar fornecedores que atuam diretamente com seus clientes no desenvolvimento de seus produtos. É o caso de alguns fornecedores da Omega Tecnologia Ltda, que recebe kit s de equipamentos de seus fornecedores para testes e validações em campo. Dessa forma, os fornecedores são alimentados com feedback diretamente dos clientes de seus clientes. A vantagem desse processo é a redução de custos no desenvolvimento, redução de tempo na leitura do mercado e principalmente a sinergia com seus clientes. Sabendo o que o cliente de meu cliente precisa, posso antecipar o movimento e criar valor aos mesmos. Criando valor ao meu cliente e ao cliente de meu cliente, gero lucro. A respeito das redes de empresas concorrentes, a formação de associações traz benefícios não só na redução dos custos de compra de materiais em conjunto, mas também na formação de uma unidade institucional que faz com que pequenas instituições tenham força frente a um mercado povoado de gigantes. Para uma empresa cujo empreendedor não está bem estruturado em seu negócio, não conhece bem as variáveis do mercado e não tem tanta expertise comercial, levantar uma bandeira única onde o seu cliente pode reconhecê-la em diversas cidades é importante. A luz dessa prática é a tendência natural dos clientes acreditarem mais em empresas de grande porte do que em empresas de pequeno porte. A solução para pequenas empresas que querem levantar sua própria bandeira é abrir oceanos azuis no meio de um oceano extremamente vermelho. Veremos mais adiante.
E enfim, a respeito das redes de empresas fornecedores e clientes, existem empresas que abrem precedentes a seus clientes para que estes digam de que forma querem ser atendidos. Funciona como uma espécie de laboratório: a empresa fornecedora alia com um cliente teste uma forma nova de trabalho, coordenada por ele. Assim como uma visão antagônica da habitual pode-se criar novos produtos, serviços ou até mesmo reinventar e reenquadrar. Exemplos regionais bem sucedidos de Redes de Empresas Vitrola Comercial Fonográfica Ltda, com sede em Frederico Westphalen, RS. Começou como um distribuidor de CD s de música no interior do estado, e com o crescimento dos chamados MP3 player s e a conversão das músicas para o novo formato, via seu negócio ruir a cada dia. Uma das soluções arquitetadas pela empresa, foi a criação de um expositor giratório, com livros e CD s em supermercados conveniados. Dessa forma ela conseguiu ampliar seus postos de venda de 1 para uma infinidades de cidades que desconheciam a sua empresa. As pessoas fazem suas compras e, ao passar por esses expositores são tentados a escolher um livro ou CD a seu gosto. Esse é um exemplo de redes de empresas interdependentes, pois a Vitrola precisa da estrutura e dos clientes do supermercado para vender, e o supermercado precisa de atrativos e diferenciais para atrair seus clientes a seus outros produtos, como pão e leite. InternetSul, A Associação dos Provedores de Serviços e Informações da Internet - INTERNETSUL, é uma sociedade civil, sem fins lucrativos, uma organização não-governamental, que visa à congregação de empresas prestadoras de serviços Internet na região sul do Brasil, sejam elas provedores de acesso, de informações, de backbone ou de serviços. Seu objetivo é dar apoio ao esforço brasileiro na implementação de empresas provedoras de acesso, serviços e informações, para a promoção e desenvolvimento da Rede Internet - Brasil. Várias provedores de Santo Ângelo e região são associados a InternetSul. Esse é um exemplo de redes de empresas formadas por concorrentes, que visam a criação de uma unidade maior de força, buscando uma representatividade institucional que possa favorecê-los nos negócios frente a concorrentes muito maiores do que eles. Omega Tecnologia Ltda, é especializada em infra-estrutura de TI e Gestão Digital para pequenas, médias e grandes empresas. Atua a nível nacional com projetos de TI para empresas de todos os setores e mercados de atuação, desde pequenos varejistas a usinas de geração de energia elétrica. Recebe de seus fornecedores equipamentos para serem testados em campo, antes de seu lançamento oficial ao mercado para que sejam feitas melhorias, correções de erros e antecipação das necessidades estruturais. Esse é um exemplo de redes de empresas fornecedoras e clientes, de forma a criar um espaço na empresa para que seus clientes possam determinar como novos processos, produtos e serviços podem ser criados.
Outra estratégia de atuação além da criação de Redes de Empresas Exemplo: A estratégia do Oceano Azul nas pequenas empresas Muitos de vocês já devem ter ouvido falar no Best Seller A Estratégia do Oceano Azul: Como Criar Novos Mercados e Tornar a Concorrência Irrelevante Editora Campus. O livro apresenta uma nova maneira de pensar sobre estratégia, resultando em uma criação de novos espaços (o oceano azul) e uma separação da concorrência (o oceano vermelho). Os autores estudaram 150 ganhadores e perdedores em 30 indústrias diferentes e viram que explicações tradicionais não explicavam o método dos ganhadores. O que eles acharam é que empresas que criam novos nichos, fazendo da concorrência um fator irrelevante, encontram um outro caminho para o crescimento. Esse é um dos métodos que podem ser utilizados pelas pequenas empresas para diferenciarse, agregar valor ao seu cliente e ampliar seus lucros. Demanda tempo, recursos financeiros, pessoas certas envolvidas e principalmente coragem empresarial. Combinação de estratégias Redes de empresas e a estratégia do oceano azul O campo da estratégia é um processo criativo. Tudo é permitido desde que seja respeitada a ética. Uma combinação de Redes de Empresas para criar um oceano azul no mercado parece uma boa aposta. Existem exemplos positivos e que deram muito certo. Que tal você bolar um? Referências Bibliográficas Revista HSM Management, anos 2006 e 2007, várias edições; TCC Aspectos da Cultura Organizacional na Busca da Educação Continuada, Alexandre Duarte, IESA 2005; W. Chan Kim, Renee Mauborgne, A Estratégia do Oceano Azul, ed. Campus, 2005. Currículo: Alexandre Duarte é bacharel em administração de empresas pelo Instituto Cenecista de Ensino Superior de Santo Ângelo, RS, especialista em Gestão Empresarial pela Fundação Getúlio Vargas POA. Com sólida atuação na área comercial do setor de serviços, mais especificamente no mercado de Telecomunicações e Tecnologia da Informação (TI), trabalha atualmente com Gerente de Relacionamento com o Mercado na empresa Omega Tecnologia Ltda, com sede em Santa Maria, RS, faturamento anual de aproximadamente R$ 6.000.000,00 (seis milhões de reais) e emprega cerca de 200 funcionários. Casado, 31 anos, sem filhos.