Representação do condomínio edilício no juízo trabalhista; substituição (preposto)



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Transcrição:

Representação do condomínio edilício no juízo trabalhista; substituição (preposto) 1 - Nos termos do art. 2º da Lei nº 2.757, de 23-4-56 (dispõe sobre a situação dos empregados porteiros, zeladores, faxineiros e serventes de prédios de apartamentos residenciais): "São considerados representantes dos empregadores nas reclamações ou dissídios movimentados na Justiça do Trabalho os síndicos eleitos entre os condôminos". Portanto, cabe ao condomínio fazer-se representar pelo síndico ou, quando muito, por empregado do próprio condomínio (mediante carta de preposição entregue pelo síndico ao mesmo empregado, para exibí-la em audiência, na ocasião apropriada), tudo à luz do artigo de lei invocado. E, em não o fazendo, é imperioso concluir pela confissão ficta do condomínio reclamado, quanto à matéria de fato. Relativamente às administradoras ditas prediais, somente caso a administradora do condomínio tiver sido eleita (síndica) na forma da Lei dos Condomínios (Lei nº 4591/64, art. 22) é que reunirá condições para representar, em juízo, o Condomínio. Tais afirmativas encontram amparo, também, na doutrina e na jurisprudência, como se procura, abaixo, demonstrar. SÉRGIO PINTO MARTINS assegura que o empregado do condomínio poderá representar o empregador (o condomínio), na forma do 1º do artigo 843 da C L T. Trata-se de hipótese de representação. O artigo 2º da Lei nº 2.757 não dispõe que apenas o síndico pode representar o condomínio em juízo. Se a jurisprudência entende que é preciso ser empregado para ser preposto, nada impede que o condomínio seja substituído pelo preposto empregado, como zelador, porteiro, ascensorista, faxineiro e outros (in Comentários à C L T, 2004, pág. 903).

RECURSO DE REVISTA - REPRESENTAÇÃO DE CONDOMÍNIOS (PRÉDIOS DE APARTAMENTOS RESIDENCIAIS) NO PROCESSO DO TRABALHO. OJ Nº 99 - LEI Nº 2757, DE 23-4-56, ART. 2º. São considerados representantes dos empregadores nas reclamações ou dissídios movimentados na Justiça do Trabalho os síndicos eleitos entre os condôminos. Assim, somente caso a administradora do condomínio tiver sido eleita (síndica) na forma da Lei dos Condomínios (Lei nº 4591/64, art. 22) é que reunirá condições para representar, em juízo, o Condomínio, o que não ocorreu na espécie. Recurso patronal que é conhecido, por divergência, ao qual se nega provimento. RR 478494-1998. 2 - Há outros v. acórdãos que sinalizam também nesse mesmo sentido. Exemplificativamente, é o que pode ser lido nas ementas seguintes: O condomínio em sede trabalhista é representado pelo síndico (art. 2º da Lei nº 2.757/56), lei especial, que não restou revogada pelo novo CPC. Em sendo o síndico pessoa jurídica, poderá fazer-se representar por um empregado nos termos do art. 843, CLT. (... ) (TRT/SP 02 93 005.397 0 - Ac. 5ª T. 32.621/94 - Relator Juiz Francisco Antonio de Oliveira - DOE. 23.6.94, publicado no Ementário de Jurisprudência Trabalhista, Boletim nº 12/94, do Tribunal Regional do Trabalho da 2ª Região, pág. 128). O condomínio é representado apenas pelo síndico (art. 2º, Lei n º 2.757/56). O art. 12 do CPC., que estende a representação também ao administrador, não tem aplicação à hipótese, pois não há omissão da legislação processual obreira. E não houve revogação da norma especial pela geral, pois ausentes os pressupostos dos parágrafos 1º e 2º da Lei de Introdução ao Código Civil, para tanto. (TRT/SP 02 93 004.993 0 - Ac. 6 ª T. - Relator Juiz Nei Frederico Cano Martins - DO. 30.6.94, publicado no Boletim de Jurisprudência nº 13/94 do TRT/SP).

Divergimos no ponto em que alguns autores indicam que tanto o síndico, como a administradora, pessoa jurídica (esta, quando tiver sido eleita (síndica) na forma da Lei dos Condomínios, Lei nº 4591/64, art. 22) não poderão fazer-se presentes, em audiência, através de preposto (este, empregado registrado, quer do condomínio quer do prédio). E tal divergência ocorre porque a função de síndico, geralmente, é exercida graciosamente. O condômino tem sua atividade própria, da qual não poderá afastar-se para estar em juízo, pessoalmente. E a legislação trabalhista permite que o empregador substitua-se por gerente ou qualquer outro preposto que tenha conhecimento do fato, e cujas declarações obrigarão o proponente (art. 843, 1º, da C L T). A Orientação Jurisprudencial nº 99 da SDI-I (TST) estabelece que: Exceto quanto à reclamação de empregado doméstico, o preposto deve ser necessariamente empregado do reclamado. 3 - Para Antonio Francisco de Oliveira ("O processo na Justiça do Trabalho", Editora Revista dos Tribunais, São Paulo, 1995, 3ª edição, págs. 196 e 197): "O condomínio no processo trabalhista deverá ser representado pelo síndico ou empresa administradora, se nomeada síndico pena de ser decretada a revelia. Não vemos razão de ordem jurídica para, baseando-se no art. 12 do CPC (IV), dar-se preferência ao síndico, como o fez o eminente jurista Coqueijo Costa, quando o inciso diz: pelo administrador ou pelo síndico. Trata-se de uma conjunção coordenativa alternativa. Inexiste preferência de um ao outro na Justiça comum. Na Justiça do Trabalho, a representação há de ser feita pelo síndico, nos termos do art. 2º da Lei 2.757/56". Esse mesmo autor, linhas atrás (op. loc. cit.), esclarece: "O culto juiz José Serson (Suplemento Trabalhista LTr 25/81) preleciona: "Havendo, assim, dispositivo legal tão claro, a administradora não é aceita como preposta. A menos que ela mesma

seja o síndico, pois a Lei dos Condomínios (4.591/64) permite que o síndico seja uma pessoa física ou jurídica não-condômina ( 4º, art. 22); então, a administradora representa o condomínio na Justiça do Trabalho, nessa hipótese, não como administradora em si, mas como síndico. Uma certa confusão tem sido provocada pela leitura do Código de Processo Civil; este, no art. 12, diz que serão representados em juízo, ativa e passivamente: IX - o condomínio, pelo administrador ou síndico. Trata-se, no entanto, de dispositivo que não pode ser aplicado no processo trabalhista, porque, para este, há orientação legal expressa: é sabido que as normas processuais comuns têm aplicação na Justiça do trabalho quando não haja disposição legal própria, até porque, se se fosse aplicar tudo o que está no Código de Processo Civil, tão-somente porque dele consta, com desprezo das normas próprias do processo trabalhista, não teria sentido sequer a existência de uma Justiça especial. O CPC socorre o processo do trabalho naquilo em que não haja norma especial; havendo, exclui-se a do processo comum; esta aliás é a regra da CLT (art. 769) (...) ". Correta a colocação feita por Serson. Ademais o Código de Processo Civil, em sendo lei geral, não derrogou a Lei 2.757/56, lei especial, posto que não o fez expressamente e nem deixou transparecer que tal se dera tacitamente (art. 2º, 1º e 2º, da LICC)." Em seguida, transcreve lição de Celso Agrícola Barbi, em abono. Para JOSE GERALDO DA FONSECA ( Condomínio de fato e relação de emprego, Suplemento Especial de O Trabalho, agosto/2005, nº 102, págs. 2863 e 2864) A representação em juízo do condomínio edilício formal se faz na pessoal do síndico ou do administrador. Ainda que o comparecimento das partes à audiência seja obrigatório, a presença física do síndico ou do administrador não é exigida. Não há qualquer nulidade na representação do condomínio por outra pessoa que não o síndico ou administrador. Quando se diz que o sindico representa legalmente o condomínio, em juízo ou fora dele, está-se afetando a uma pessoal natural um feixe de responsabilidades relativas ao consórcio condominial que é, por natureza, despersonalizado. A impropriedade da argumentação de que apenas o

síndico possa representar pessoalmente o condomínio fica evidente se e conceber a hipótese de duas ações trabalhistas distribuídas perante Varas distintas, em comarcas distantes uma da outra, cujas audiências se realizassem no mesmo dia e no mesmo horário, ou em horários tais que tornem impossível ao síndico estar presente a ambas, e não fosse viável, por qualquer motivo, adiar uma ou outra. Ou, por outra, naquelas hipóteses, não incomuns, em que nem há síndico, e o único empregado do condomínio é justamente o autor da ação. Representação legal não se confunde com representação judicial. Aquela compete ao síndico ou ao administrador, exclusivamente. Decorre de lei. Esta, ao síndico, ao administrador ou a qualquer preposto de um ou de outro, concorrentemente. Se o síndico, na condição de representante legal do condomínio, e nos limites do seu poder de administração, nomeia preposto, e este, por definição legal, obriga o condomínio com as declarações que fizer (C L T, art. 843, 1º), o condomínio deve suportar o risco de sua culpa in eligendo se credenciar preposto inapto ou desinformado. Se o preposto do condomínio for o próprio síndico, basta que apresente o livro de atas onde conste o registro da ata da assembléia em que foi eleito e requeira a transcrição sumária dos autos do processo de que fez prova dessa qualidade (CC, art. 47 c/c CPC, art. 12, IX c/c Lei nº 4.591/64, art. 22, 1º), ou junte cópia autêntica desse documento (C L T, art. 830), com a defesa (C L T, art. 843, 1º e 845) ou no prazo que o juiz assinar. Se a representação se faz por outro preposto, basta a exibição da carteira profissional onde conste a formalização do contrato de emprego ou de outro documento qualquer que comprove a condição de empregado do condomínio ou do administrador. Tratando-se de preposição pro administrador, basta o contrato de administração. O reconhecimento da pessoa do preposto, pelo autor ou pelas testemunhas, em audiência, basta para a formalização da representação. O juiz fará constar em ata um sumário desses fatos, regularizando a representação. Este último autor menciona a distinção entre o condomínio de fato do condomínio de direito. Afirma que a expressão condomínio de fato é um neologismo eu embute uma aparente antinomia, mas essa deliberada contradição conceitual é, por míngua de outra, a que mais se aproxima daquela situação de fato envolvendo pessoas e contrato de trabalho, e que interessa ao direito, notadamente ao direito do trabalho. A locução condomínio evoca imediatamente no leitor o conceito jurídico de grupamento organizado segundo a lei, complexo de direitos, faculdades e deveres ligados ao edifício de

apartamentos, e edifício representa uma unidade jurídica composta de direitos individuais e coletivos. Apenas por abstração do espírito é possível conceber o condomínio como propriedade individual e exclusiva relativa às unidades autônomas de habitação apartada da propriedade plural e comum, correspondente às áreas de uso coletivo, e que pertencem a todos e a ninguém, especificamente. Por isso mesmo, a expressão condomínio de fato tem o inconveniente de ajuntar uma noção de organização jurídica ( condomínio ) a outra ( de fato ), que identifica o não-jurídico, e desdiz exatamente tudo o que a outra induzia a crer. Assim, condomínio de fato é todo grupamento espontâneo de casas ou de apartamentos não constituído segundo a forma estabelecia no art. 7º da Lei 4.591/64 e nos arts. 1.332 e seguintes do Código Civil. Formam-se, em regra, espontaneamente, por aglomerados de propriedades em forma de vilas de casas ou em ruas sem saída, onde se bota uma cancela, uma guarita, quase sempre à revelia do poder público e, por comodidade, os moradores decidem contratar em caráter contínuo jardineiros, vigias de ruas, etc. 4 Conclusão - Portanto, diante da conceituação de condomínio, e dos precedentes, é mantida a tese enunciada no nº 1, acima. Toda a cautela é necessária aos síndicos e administradores de condomínio, para que não sejam, posteriormente, prejudicados por aspectos processuais aos quais não atribuíram relevância. Assim, cabe ao condomínio fazer-se representar pelo síndico ou, quando muito, por empregado do próprio condomínio (mediante carta de preposição entregue pelo síndico ao mesmo empregado, para exibí-la em audiência, na ocasião apropriada), tudo à luz do artigo de lei invocado. E, em não o fazendo, é imperioso concluir pela confissão ficta do condomínio reclamado, quanto à matéria de fato. Relativamente às administradoras ditas prediais, somente caso a administradora do condomínio tiver sido eleita (síndica) na forma da Lei dos Condomínios (Lei nº 4591/64, art. 22) é que reunirá condições para representar, em juízo, o Condomínio.