Poder Judiciário Tribunal de Justiça do Estado da Paraíba Gabinete do Desembargador JOSÉ RICARDO PORTO DECISÃO MONOCRÁTICA AGRAVO DE INSTRUMENTO N 200.2008.046225-8/001. RELATOR : Doutor Ricardo Vital de Almeida Juiz Convocado. AGRAVANTE : Gilvan Martinho de Oliveira Coelho e outros. ADVOGADO : Thaisa Cristina Cantoni. AGRAVADO : Banco Bradesco S/A. ADVOGADO : Wilson Sales Belchior. PROCESSUAL CIVIL. EXPURGOS INFLACIONÁRIOS. CADERNETA DE POUPANÇA. COBRANÇA DA DIFERENÇA. PLANO VERÃO. RECURSOS EXTRAORDINÁRIOS N. 591.797 E N. 626.307. ORDEM DE SOBRESTAMENTO DOS FEITOS. EXCEÇÃO. FASES DE EXECUÇÃO DE SENTENÇA E DE INSTRUÇÃO. PEDIDO DE JULGAMENTO ANTECIPADO DA LIDE. AUTORES SEM INTERESSE EM PRODUZIR PROVAS. FIM DA DILAÇÃO PROBATÓRIA. PROCESSO MADURO PARA JULGAMENTO. NECESSIDADE DE SUSPENSÃO. AGRAVO DE INSTRUMENTO. RECURSO MANIFESTAMENTE IMPROCEDENTE. ART. 557 DO CPC. NEGATIVA DE SEGUIMENTO. Em se tratando de demanda na qual se pleiteiam as diferenças oriundas dos expurgos inflacionários do Pia Verão, não havendo mais provas a serem produzid s e kfriv.- 1-
estando a causa madura para julgamento, cumpr sobrestá-la conforme determinação do Supremo Tribunal Federal (RE n. 591.797 e n. 626.307). De acordo com o art. 557 da Lei Adjetiva Civil, compete ao Relator negar seguimento, de plano, ao recurso manifestamente improcedente, prestigiando, assim, os princípios da celeridade e economia processuais. VISTOS. Trata-se de Agravo de Instrumento interposto por Gilvan Martinho io de Oliveira Coelho e outros contra interlocutória (fl. 13) que determinou o sobrestamento da Ação Ordinária de Cobrança, proposta em desfavor do Banco Bradesco S/A. Cuida-se de demanda na qual os Autores pretendem perceber as diferenças causadas pelo expurgos inflacionários em suas poupanças, devido ao Plano Verão. A Doutora Juíza de Direito entendeu que a hipótese ensejaria o interrompimento do trâmite processual, conforme determinação do Supremo Tribunal Federal, já que os Promoventes requereram o julgamento antecipado da lide por ser desnecessária a dilação probatória. Inconformados, os Demandantes manejaram sua súplica, ao fundamento de que a ordem de suspensão do curso do processo não atinge o presente feito, já que ele se encontra em fase de instrução. Informações prestadas, nas quais a Magistrada noticia que "em petição juntada à fl. 132, os promoventes informaram não possuírem interesse na produção de provas, requerendo o julgamento antecipado da lide" (fls. 32/33). Não foram apresentadas contrarrazões (certidão de fl. 34). Parecer Ministerial pelo desprovimento do recurso (fls. 35/40). k,:ti 240M R..
É o breve relatório. DECIDO. Antes de iniciar o exame da irresignação, cumpre esclarecer a situação. Há uma determinação do Min. Dias Toffoli, integrante do Supremo Tribunal Federal, proferida nos Recursos Extraordinários n. 591.797 e n. 626.307, para que sejam paralisadas as demandas que cobram as diferenças das correções das cadernetas de poupança da época dos plano Bresser, Verão e Collor 1. Todavia, o mencionado sobrestamento não engloba as causas que estejam nas fases de instrução ou de execução definitiva de sentença. A propósito, transcrevo trecho do decisum proferido no REx n. 591.797, que impôs o interrompimento das causas que tratam do tema: "Acompanho na íntegra o parecer da douta Procuradoria-Geral da República, adotando-o como fundamento desta decisão, ao estilo do que é praxe na Corte, quando a qualidade das razões permitem sejam subministradas pelo relator (Cf. ACO 804/RR, Relator Ministro Carlos Britto, DJ 16/06/2006; AO 24/RS, Relator Ministro Maurício Corrêa, DJ 23/03/2000; RE 271771/SP, Relator Ministro Néri da Silveira, DJ 01/08/2000). Assim sendo, é necessária a adoção das seguintes providências: a) A admissão dos requerentes como amici curiae, "em razão de suas atribuições terem pertinência com o tema em discussão", na medida em que "possuem, ao menos em tese, reflexão suficiente para contribuir com o bom deslinde da controvérsia." Oportunamente, conceder-lhes-ei prazo para manifestação sobre o mérito da questão debatida nos autos. b) O sobrestamento de todos os recursos que se refiram ao objeto desta repercussão geral, excluindo-se, conforme delineado pelo Ministério Público, as ações em sede executiva (decorrente de sentença trânsita em julgado) e as que se encontrem em fase instrutória". Portanto, é clara a exclusão da determinação de sobrestamento quanto aos feitos "que se encontrem em fase instrutória". Vejamos a jurisprudência - --I! Alndds
DIREITO ECONÔMICO E CIVIL. AÇÃO DE CONHECIMENTO. DEPÓSITOS EM CADERNETA DE POUPANÇA. EXPURGOS INFLACIONÁRIOS. PLANOS VERÃO. CORREÇÃO MONETÁRIA. REPERCUSSÃO GERAL DA MATÉRIA CONSTITUCIONAL. NÃO SUSPENSÃO DO PROCESSO. ILEGITIMADADE AD CAUSAM. PRESCRIÇÃO DO CRÉDITO. CORREÇÃO DOS LANÇAMENTOS. CAPITALIZAÇÃO DOS JUROS. POUPANÇA COM ANIVERSÁRIO NA SEGUNDA QUINZENA DO MÊS, MULTA DO ART. 475 - B, DO CPC. 1. O Ministro Dias Toffoli, do Supremo Tribunal Federal (STF), acolhendo parecer da Procuradoria-Geral da República (PGR), determinou a suspensão (ou sobrestamento) de todos os processos judiciais em tramita cão no pais, em grau de recurso, que discutem o pagamento de correção monetária dos depósitos em cadernetas de poupança afetados pelos Planos Econômicos Collor I (valores não bloqueados). Bresser e Verão. 1.1 A ordem de sobrestamento, entretanto, não alcança as ações que estejam em fase de execução (após o trânsito em julgado da sentença) nem aquelas que se encontram em fase de instrução e não impede a propositura de novas ações, a distribuição ou a realização de atos da fase instrutória. 1.2 Ao demais, a existência de declaração de repercussão geral no STF é pressuposto de admissibilidade do recurso extraordinário porventura interposto e apenas em grau de admissibilidade do mesmo recurso a questão deverá ser analisada, o que afasta a necessidade de suspensão do processo na presente fase recursal 2. A instituição financeira depositária é parte legítima para figurar no pólo passivo das ações que objetivam a atualização das cadernetas de poupança em razão de expurgos inflacionários. 3. É vintenário o prazo prescricional para a cobrança judicial dos expurgos inflacionários decorrentes do plano econômico Verão Caneiro e fevereiro/89), quanto à correção monetária e aos juros remuneratórios dos depósitos em caderneta de poupança. 4. A correção monetária dos depósitos impõe a aplicação judicial do percentual de 42,72% em janeiro de 1989 face aos expurgos inflacionários verificados na implantação do Plano Governamental denominado Plano Verão. 4.1. Em relação ao meses de Janeiro e Fevereiro de 1989 (Plano Verão), tem-se que a Lei n 7730/89, que instituiu a nova moeda Cruzado Novo e alterou o critério para apuração da inflação, que passou a ter valor fixo, desconsiderou a verdadeira inflação ocorrida no período, de forma que o índice a ser aplicado também deve respeitar o IPC apurado, na época, que foi de 42,72%. 5. A capitalização dos juros é inerente ao depósito em caderneta de poupança, nos termos da Resolução n 1.236, de 30/12/1986, do Banco Central do Brasil, pois incidem mensalmente sobre o crédito existente na conta poupança no trintídio anterior à sua aplicação. 6. Não há que se falar em expurgo inflacionário quando a conta de poupança faz aniversário na segunda quinzena do mês de janeiro de 1989. 7. O cômputo dos expurgos inflacionários afetos aos planos econômicos, com períodos e percentuais devidamente discriminados na sentença, prescinde de perícia contábil, sendo necessário simples cálculo aritmético. 7.1. Cabível se mostra a fixação da multa prevista no art. 475 - J da Lei adjetiva civil diante
do não cumprimento espontâneo da obrigação, cuja aplicação se dará somente após a liquidação de sentença. 8. Recurs' parcialmente provido. (TJDF; Rec. 2008.01.1.179958-8; Ac. 465.667; Quinta Turma Cível; Rel. Des. João Egmont; DJDFTE 01/12/2010; Pág. 208). Em conclusão, acerca da paralisação dos processos em que se busca a cobrança dos expurgos inflacionários dos planos Bresser, Verão e Collor I sobre as cadernetas de poupança, as decisões proferidas nos Recursos Extraordinários n. 591.797 e 626.307 excepcionam da ordem de suspensão os feitos que estiverem no momento da dilação probatória. Esclarecida a questão, cumpre destacar que os próprios Agravantes abdicaram da produção de provas, de tal forma que requereram o julgamento antecipado da lide. A Juíza de Direito, em suas informações, revelou o pedido dos Recorrentes de que a ação fosse julgada de acordo com o art. 330 do Código de Processo Civil, petitório não colacionado ao presente instrumento. Destaque-se que os Suplicantes, nas razões recursais, sequer indicaram quais provas pretendem produzir, de sorte que não há motivos para o prosseguimento da demanda que está madura para ser decidida e, portanto, deve ser obstada. Com efeito, a determinação do STF é clara no sentido que, em casos desse jaez, apenas se o processo estiver na etapa da dilação probatória ou de execução do julgado não haverá a interrupção da sua marcha. Dito isso, não é demais lembrar que a fase de instrução é aquela na qual as partes trazem a juízo todos os elementos que utilizarão para comprovar suas alegações. Assim, não havendo necessidade de instruir os autos com mais provas, cumpre reconhecer o encerramento da mencionada etapa. Por conseguinte, irretocável a decisão da Magistrada a quo, que corretamente percebeu o,ffip do momento de instrução, de modo a ensejar a suspensão da tramitação processu
De acordo com o art. 557 da Lei Adjetiva Civil, compete ao Relator negar seguimento, de plano, ao recurso manifestamente improcedente, prestigiando, assim, os princípios da celeridade e economia processuais. INSTRUMENTO., Com essas considerações, NEGO SEGUIMENTO AO AGRAVO DE Publique-se. Intime-se. Cumpra-se. João Pessoa, 04 - outubr. de 2011. (" Doutor RICAitDO VITAL DE ALMEIDA Relator Juiz Convocado J/03