IX Reunião de Antropologia do Mercosul "Culturas, Encontros e Desigualdades DA ANTROPOLOGIA DA EDUCAÇÃO EM PORTUGAL



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Transcrição:

Instituto Politécnico de Leiria, CIID Centro de investigação, Identidade(s) e Diversidade(s) www.ciid.ipleiria.pt Portugal IX Reunião de Antropologia do Mercosul "Culturas, Encontros e Desigualdades Antropologia da/e Educação no Mundo Ibero-Latino-Americano DA ANTROPOLOGIA DA EDUCAÇÃO EM PORTUGAL 10 a 13 de Julho de 2011 Curitiba, PR, Brasil

Como refere Raul Iturra (1996), a continuidade histórica de qualquer sociedade está dependente do processo educativo

A Antropologia da Educação que defendo não se cinge apenas à etnografia dos contextos educativos na escola, fora da escola, na família, nos tempos livres, etc., mas pretende, também, compreender as metamorfoses culturais que ocorrem na vida dos indivíduos em consequência das convergências e divergências dos trajectos de vida face à cultura de partida. Assume, pois, a ideia já não tanto de uma antropologia das culturas mas, antes, de uma antropologia das pessoas, elas próprias processos culturais em auto e heteroconstrução/reconstrução de si mesmas e da imagem que dão para os outros (Vieira, 2009; 2011)

A sociedade oferece apoios que facilitam o trabalho individual de encerramento em si. A auto e a heteroformação vão a par mas, finalmente, é o Homem que se constrói a si próprio não sendo o produto do papel químico do pattern of culture da escola de cultura e personalidade (cf. Vieira, 1999b).

Se o sentido corrente da palavra Educação e as próprias Ciências da Educação, tantas vezes, remetem o ensino e a aprendizagem para o domínio das aulas e das escolas, a verdade é que a Antropologia há muito que faz notar que a escolarização dá às crianças e jovens apenas um pequeno contributo para a inculturação e construção identitária. Aprender, recordar, falar, imaginar, tudo isto é possibilitado através da construção numa cultura (Bruner, 2000: 11).

Se o sentido corrente da palavra Educação e as próprias Ciências da Educação, tantas vezes, remetem o ensino e a aprendizagem para o domínio das aulas e das escolas, a verdade é que a Antropologia há muito que faz notar que a escolarização dá às crianças e jovens apenas um pequeno contributo para a inculturação e construção identitária. Aprender, recordar, falar, imaginar, tudo isto é possibilitado através da construção numa cultura (Bruner, 2000: 11). E a criança não cai de pára-quedas na escola.

a cultura molda a mente, que ela nos apetrecha com os instrumentos de que nos servimos para construir não só os nossos mundos, mas também as nossas reais concepções sobre nós próprios e sobre as nossas faculdades [ ] A vida mental é vivida com os outros, forma-se para se comunicar e desenvolve-se com a ajuda de códigos culturais, tradições e por aí adiante. Mas isto ultrapassa o domínio da escola. A educação não ocorre apenas nas aulas, mas à volta da mesa de jantar quando os membros da família fazem o confronto de sentido de tudo o que aconteceu ao longo do dia [ ] (Bruner, 2000: 9-11).

Breve História da Antropologia da Educação em Portugal

Breve História da Antropologia da Educação em Portugal É, inegavelmente, a Raul Iturra que se deve o boom do desenvolvimento da Antropologia da Educação em Portugal.

O Desenvolvimento da Antropologia da Educação no ISCTE, Lisboa.