1- Obtenção de animais prontos para abate, em épocas normalmente favoráveis de preços;



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Ano V - Edição 34 Agosto 2014

Transcrição:

A pecuária de corte desempenha papel de real importância socioeconômica para o Brasil, quer seja para o suprimento de um alimento nobre para a população,quer na geração de divisas através da exportação. Neste sentido, o Brasil é hoje o maior exportador mundial de carne, apesar das constantes objeções( ) da Europa como um todo. Sabe-se que o aumento abrupto de nossas exportações nos últimos anos foi basicamente pelo fator preço, ou seja, pela quantidade de carne disponível além do mercado interno, que se diga de passagem, é alto face ao poder aquisitivo de nossa população, demanda esta, de carne sem qualificação. Em face de esta demanda para exportação, têm surgido indicações para aumento maciço do confinamento, e dentro deste, a maior utilização das chamadas dietas de alto grão, muito provavelmente baseados em cópia de modelos americanos. No entanto, há que considerar a importância do confinamento no sistema de produção brasileiro, onde a sazonalidade na produção forrageira é uma realidade e que, muito da alta produção de massa no verão é perdida ou mal utilizada, por falta de recurso no período seco do ano. Ai entra o confinamento, como uma estratégia de manejo, resultando em uma série de vantagens, listadas abaixo: 1- Obtenção de animais prontos para abate, em épocas normalmente favoráveis de preços; 2- Redução da idade de abate entre 6 e 12 meses, dependendo da genética utilizada; 3- Permite explorar o potencial genético dos animais, notadamente aqueles oriundos do cruzamento de raças zebuínas e taurinas; 4- Permite o aumento da lotação, pelo melhor aproveitamento das pastagens no verão; 5- Permite o aproveitamento de subprodutos da agroindústria; 6- Permite o aumento do desfrute do rebanho, isto é, maior rentabilidade.

Dentre os fatores para a não aceitação da prática do confinamento, pode ser citado a baixa demanda por carne de melhor qualidade (questionável nos dias atuais), o alto custo do sistema para produtores de baixa renda, aliás a grande parte do produtor brasileiro. Nos últimos anos houve um aumento maciço do confinamento, basicamente em função de grandes grupos, particularmente frigoríficos, não se sabe ao certo o porque, mas muito provavelmente em função de financiamentos governamentais, ou por vaidade por incrível que pareça. O efetivo de bovinos confinados atualmente é da ordem de 2,5 milhões, número este pequeno face ao efetivo total do rebanho brasileiro, da ordem de 190 milhões. No entanto, vários setores fomentam megaprojetos, de 10, 20, 30 até 100 mil bovinos, sob alegação de custo de escala. Matéria da DBO em 2008, o professor Portela da ESALQ de Piracicaba-SP, afirma que confinamentos grandes admitem deseconomia de escala, será?na prática, isto é questionável economicamente, muito em função da dificuldade de compra destes animais (disponibilidade de animais, genética, recria, manejo, controle). Logicamente, para este efetivo confinado, a produção e manejo do volumoso necessário é impossível. Assim, a dieta eleita é de alto grão, mas a que custo e para que tipo animal, zebuíno? Não querendo ser pessimista mas já sendo, a conta fecha. Não, dificilmente isto é economicamente viável, muito embora não saibamos qual é a planilha de custos destes megaprojetos, basicamente os frigoríficos. Um dia a conta chega, conforme já vimos no passado, onde grandes fiascos financeiros aconteceram, com número bem menor de animais confinados. Mas afinal, o que é a chamada dieta de alto grão e o que representa para o Brasil. Dieta de alto grão é aquela em que ocorre baixa participação do volumoso, em geram menor que 25 % da matéria seca total, embora a preconização é o uso de 15 %. Nas dietas típicas brasileiras, ou seja com rentabilidade duvidosa e presença maciça de zebuínos de menor taxa de ganho, a relação normal de volumoso é 40 a 60 % da matéria seca da dieta. De acordo com Owenns (2008), dietas ricas em energia e nutrientes (e isto não necessariamente significa alto grão) são preferidas por diversas razões, entres as quais; a- quando comparadas com forragens, pastejadas ou colhidas, fornecem mais energia para ganho (ELg) com menor custo;b- a taxa de ganho de peso é maior com alto concentrado que com alto volumoso, reduzindo o tempo de engorda. O autor afirma ainda, que a vantagem do confinamento em ralação a engorda a pasto, é que a energia para mantença dos animais é menor para os animais confinados (menor dispêndio em caminhar), bem como a demanda por animais de menor carcaça e com maior marmoreio. Apesar da veracidade das afirmações deste autor para condição americana, muito provável que isto não seja verídico para nossas condições, onde a carcaça preferida ainda é a grande (17,5 a 18,5 @) e o marmoreio, com exceção das grandes churrascarias, não é exigido.

Foto 1- Confinamento nos Estados Unidos, onde a dieta de alto grão é predominante.observar a genética dos animais. Castrados e anabolizados. Foto do autor,1995. Foto 2- E no Brasil, onde a grande maioria dos animais a serem confinados é zebuína. Qual a eficiência de ganho e resposta a investimentos em processamento do milho? Ainda de acordo com Owenns (2008), a dieta ideal pode variar consideravelmente, em função da fonte do volumoso, do tipo de processamento do grão e do critério escolhido de produção, se maximizar a taxa de ganho ou a qualidade do rúmen- saúde do animal, conforme pode ser observado na figura 1 abaixo. Figura 1- Nível de volumosos e respostas para maximização (Milho a R$ 0,25 / Kg e Silagem de milho a R$ 0,07 / Kg). 0 10 20 30 40 50 60 ---------------------------------------------------------------- xxxxxxxxxx16 xxx Silagem GPD(Owenns,2002) ##########16 ### Alfafa xxxxx 9 Ph Rumen (Pitt, 1996) #### 8 xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx 46 Abscesso de fígado #################################49 xxxxxxxxxxxxxxxxxxx 30 IMS (Owenns,2002) ################### 30 xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx52

FDN digestível (Fox,1995) #################################46 xxxxxxxxxxxxxxxx 23 C EM (Owenns,2001) ##############19 xxxxxxx 12 R$ ganho (Owenns,2001) ############# 19 Nível depende da resposta ----------------------------------------------------- Os dados da figura 1, mostram claramente que não existe uma dieta que contemple todos requisitos. Deste modo, o nutricionista deve estabelecer qual a prioridade na formulação,ou seja, se contempla taxa de ganho, ingestão, ou a saúde do animal. Penso que para nossas condições, onde os animais são predominantemente zebuínos, a dieta no mínimo deve atender a boa saúde dos mesmos, tendo em vista sua predisposição a distúrbios metabólicos como a acidose. Neste aspecto, alguns pesquisadores afirmam não ser verídico este fato, mas baseados em pesquisas acadêmicas, as quais sabemos de suas limitações como o pouco número de animais disponíveis, ambiente extremamente controlado, o que pode não traduzir a realidade prática dos confinamentos, como tipo de zebuíno, manejo de cocho e prolongado período de engorda. A preconização de dietas de alto grão nos últimos anos ocorreu muito em função da entrada de grandes grupos, principalmente frigorífico, com alto número de animais confinados (10 a 100.000), o que sem dúvida torna proibitivo o uso de volumosos em quantidades normais. Deste modo, quanto menor a participação do volumoso melhor em função de seu manejo. No entanto, relembrar dos cuidados para a saúde dos animais (acidose), esquecendo-se o maior custo de tais dietas. A tabela 1 abaixo, simula tipos de dietas para confinamento em termos de custo. Tabela 1- Custo de produção em confinamento, sob duas dietas, tradicional e alto grão, em bovinos zebuínos com taxa de ganho diário de 1,30 Kg, com peso inicial de 375 Kg e 100 dias de duração, produzindo 5 @ no período.... Ingredientes R$ / Kg 1- Tradicional 2- Alto grão...

Cana de açúcar 0,12 13,00 xxxx Silagem de milho (32%) 0,07 3,00 6,00... Sub-total(Kg MS / dia) xxx 4,85 1,92... Polpa cítrica 0,30 2,00 2,50 Torta de algodão 0,40 2,20 2,00 Milho moído 0,36 1,60 3,30 Núcleo 0,65 0,30 0,30... Sub-total(Kg MS / dia) xxx 5,50 7,30... Total geral(kg MS /dia) xxx 10,35 9,22... Custo (R$ / cabeça / dia) 2,62+0,70 3,36+0,70... Custo(R$ /@ produzida) 67 82... Pela análise dos dados da tabela 1, pode-se inserir que para o confinador tradicional, a dieta fatalmente será a de maior inclusão do volumoso, independente de suas pretensas dificuldades. No entanto, os leitores da DBO mês de fevereiro de 2009, acharão estranho os dados de ganho de peso da tabela acima, pois nesta edição da revista, há uma reportagem de um trabalho desenvolvido pela Universidade Federal de Goiás, pelo professor da Escola de Veterinária, Hélio Louredo da Silva, mostrando taxas de ganho diário de 2,0 Kg para animais Nelore, com dietas de alto grão. Onde irá parar a evolução destes ganhos em confinamentos brasileiros? A conversão alimentar de bovinos nos confinamentos brasileiros logo logo estará superior aos monogástricos. Cuide-te frango, já já você já não será mais páreo para o boi. Mas voltando a assunto sério,o maior entrave para a otimização de custos do confinamento é a fração da energia (milho,sorgo,torta,caroço,etc...), e neste sentido a fonte de volumoso

escolhida resulta em grande economia. Assim o volumoso deve conciliar teor em energia e custo, e neste sentido a cana de açúcar é uma excelente alternativa. No entanto, a silagem de milho quando produzida com alta tecnologia, é o volumoso por excelência. O grande entrave é seu ponto de colheita, o qual deve ser de 35 a 37 % de matéria seca, o que na prática, via de regra não é obtido por falhas no planejamento de sua colheita. Foto 3 Silagem de alta qualidade, 38 % de matéria seca e 70 % de N.D.T, na Agropecuária Damha em Pereira Barreto-SP Devido ao fato da necessidade de um alto aporte energético para a engorda em confinamento com a inclusão quase obrigatória de milho, sua forma de beneficiamento é bastante discutida e atualmente com recomendações de alguns técnicos do seu tratamento na forma de floculação laminação a vapor. Mas afinal, para que serve o processamento dos grãos? Aumentar seu valor nutritivo principalmente, muito embora também ocorra aumento da digestibilidade. Sabe-se que o valor nutritivo de um alimento é uma função de três fatores básicos, como o teor nutritivo, seu consumo e a digestibilidade. As características químicas e físicas de um grão pode alterar sua digestibilidade, sua dureza e palatabilidade. De acordo com Owenns(2008), muito embora a tradição exerça papel importante no processamento do grão, o processo ideal deveria ser selecionado baseado em sua habilidade em aumentar a digestibilidade do amido e da matéria seca, bem com aceitabilidade pelos animais sem afetar o ph ruminal e causar disfunções digestivas. Digestibilidade e performance pelos ruminantes ao grão processado têm sido bastante revisadas.todo método de processamento dos grãos envolve redução do tamanho da partícula com ou sem adição de água e calor.a moagem ou a trituração grosseira são os métodos principais. Discute-se a necessidade da moagem do milho aqui no Brasil, muito em função das observações de confinamentos nos Estados Unidos, os quais geralmente usam o grão inteiro ou parcialmente quebrado. No entanto, relembrar o tipo de dieta daquele país, em que o nível de concentrados é da ordem de 6 a 10 %, base seca. Figura 2- Efeito da interação nível de silagem e quantidade de amido nas fezes(olbrich,1996)

Observa-se pela figura 2 acima que em dietas com maior participação de volumosos, quanto maior o tamanho do milho maior é a perda de amido nas fezes e isto é perda energética. Na tabela 2 abaixo, Therer(19660 apresenta uma revisão sobre os métodos de processamento do milho sobre a digestibilidade ruminal e total do amido. Os resultados mostram haver melhoria acentuada da digestibilidade ruminal, mas com pouco ou insignificante efeito na digestibilidade total. Notar que as comparações da floculação ou laminação são feitas com o milho inteiro e não o moído). Foto 4- A observação da boa consistência das fezes é um indicativo do padrão de fermentação da dieta. Fazenda Reunidas,Lins-SP. Tabela 2- Efeito do método de processamento do milho na digestão do amido.... Referencia Peso do animal Processo Milho na dieta Digestibilidade(%) ( Kg ) ( % ) Ruminal Intestinal... Galyean et alii(1976) 429 Inteiro 72 71 88 Moído 72 92 94 Turgeon et alii(1993) 400 Inteiro 85 52 92 Quebrado 85 61 94 Aguiree et alii(1982) 380 Inteiro 90 75 94 Laminado 90 78 96 Floculado 90 82 99 Lee et ali(1982) 455 Inteiro 68 56 77

Floculado 68 86 98... Fonte: Adaptado de Tayarol Martin(2008) A floculação do milho é atualmente a vedete das manchetes brasileiras, onde alguns técnicos tentam copiar o modelo dos Estados Unidos na utilização do milho.de acordo com Owenns (2008), não obstante a tradição tenha um papel fundamental no processamento de grãos nos Estados Unidos, a eleição do método ideal deveria ser baseada na habilidade em aumentar a digestibilidade da matéria seca e do amido sem prejudicar condições de ph ruminal e que cause distúrbios metabólicos aos animais. No entanto, segundo Huntington,1977, citado por Santos e colaboradores(2004), o processamento do milho melhora a eficiência da digestão do amido, tanto no rúmen como no intestino. Owenns(1997), relata no entanto que a floculação reduz o consumo de matéria seca e não afeta a taxa de ganho diário, mas melhora a eficiência alimentar do milho em 10 % e do sorgo em 15 %, em comparação a laminação a seco. Os dados revisados por Owenns(1997), mostram a vantagem da floculação sobre a laminação a seco do milho e servem de comparação para as nossas condições para o milho moído grosso ou quebrado, tendo em vista que equivalem ao laminado a seco em digestibilidade ruminal e intestinal. Trabalho de Scott et alii(2003), mostra que dieta com 92 % de concentrado, a floculação do milho não melhorou o consumo de matéria seca e nem o ganho diário. A eficiência alimentar foi aumentada em somente 2,7 %. De acordo com Preston (1995), a floculação é superior em cerca de 3 a 5 % em relação ao milho laminado a seco, enquanto para o sorgo, esta faixa é da ordem de 10 %. No entanto, Zinn (2008) afirma um aumento de 19% na Energia Líquida de Ganho para o milho floculado em relação ao milho moído. Observam-se assim, muitas dúvidas em relação ao tratamento tradicional do milho. Pessoalmente, não recomendo investimentos nesta técnica. Para o confinador tradicional no Brasil, ou seja, aquele que produz seu animal(cria, recria e engorda, ou recria e engorda), e que produz seu milho ou o sorgo, o processamento eleito é a ensilagem do grão úmido. Esta técnica traz as vantagens de antecipar a colheita em cerca de 20 dias, elimina a necessidade de transporte e de armazenamento, além que o produto final apresente maior digestibilidade do amido, tanto no rúmen como o total. Mas ainda assim, a técnica embora de fácil execução, deve respeitar algumas observações, principalmente no ponto de colheita do grão( umidade entre 25 a 35 %). A umidade deve ser sempre acima de 26 %, o que demandará adição de água, quando este valor no corte for inferior a 25 %. Isto é devido a modificações no padrão de fermentação, tanto com pouca umidade(< que 25 % ou > que 3% %), as quais resulta em pior eficiência alimentar(owenns,2008).

Foto 5- Silagem de milho grão úmido, com redução de custo da ordem de 22 %. Fazenda Reunidas, Lins-SP. Finalizando, gostaria de deixar uma mensagem aos confinadores novos ou já experientes, desconfiem do naipe das pseudo grandes descobertas, como já dizia Finne(1976), para aqueles que manjam de estatística. Literatura citada 1- Owens, F. Optimization of feedlot diets with high density of energy and nutrients.ii Simpósio Internacional de Produção de Gado de Corte. Viçosa, MG, 2008 2- Tayarol Martin, L.C. Confinamento de Bovinos de Corte. Editora Nobel, São Paulo, 2008. 3- Santos, F.A; Pereira, E.M; Pedroso, A.M. Suplementação energética de bovinos de corte em confinamento. Anais Simpósio Bovinocultura de Corte. Piracicaba, São Paulo, 2004. 4- Scott, T.L; Milton, C.T; Erickson, G.E; Stock, R.A. Corn processing method in finishing diet containing wet corn glutem feed. J, Animal, Sci, V,81, 2003. 5- Vasconcelos, J.T, and Galyean, M.L. Nutritional recommendations of feedlot consulting nutritionists: The Texas Tech University survey, J. Animal Sci, 2007. 6- Zinn,. DBO, 2008. 7- Portela, F. DBO,2008 8- Silva, H. Louredo. DBO,2009 Luiz Carlos Tayarol- Zootecnista-MS