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Transcrição:

Brasília, 16 de maio de 2012. Ao Conselho Universitário Assunto: Análise e Parecer sobre Proposta de Adesão à Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares - EBSERH Introdução Este parecer versa sobre a possibilidade de adesão da Universidade de Brasília à Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares - EBSERH. Na verdade, o que se convencionou chamar de adesão é a contratação da EBSERH para prestação de serviços definidos em sua finalidade. Em termos bastante práticos, significaria a sua contratação para assumir a gestão do Hospital Universitário de Brasília (HUB) no que tange às tarefas de assistência à saúde e de apoio às atividades de pesquisa, ensino e extensão. O objetivo deste parecer, portanto, é colaborar para o embasamento do debate e do posicionamento do Conselho Universitário acerca desta possibilidade. A construção do parecer se deu com base na análise dos textos constitutivos da EBSERH, entrevistas com a direção do HUB e com a área responsável pelos hospitais universitários no MEC. Para atingir seus objetivos, o parecer foi organizado em seções, além desta introdução, distribuídas da seguinte forma: 1. A finalidade, competências e estrutura organizacional da EBSERH 2. A situação atual do HUB 3. Análise e Parecer Lista de textos legais consultados Esta estrutura visa apresentar os elementos constitutivos fundamentais da EBSERH, apresentar elementos sobre a situação atual do HUB no que diz respeito a sua sustentabilidade orçamentária e apresentar, finalmente, o parecer sobre a conveniência da contratação da EBSERH.

1. A finalidade, competências e estrutura organizacional da EBSERH A autorização de criação da EBSERH resulta da aprovação da lei 12550, de 15 de dezembro de 2011. Pode-se dizer que a EBSERH é o modelo definido pelo governo federal para atender uma série de recomendações que, nos últimos anos, foram objeto de diferentes Acórdãos do TCU (1520/2006, 2731/2008 e 2813/2009). Nestes Acórdãos, os principais apontamentos dizem respeito à inadequação do modelo de gestão dos hospitais face à complexidade de suas atividades, às irregularidades no uso das fundações de apoio na contratação de pessoal permanente, à ausência de regulação adequada sobre as pesquisas financiadas pela iniciativa privada no âmbito dos hospitais e ao crescente uso da terceirização, com seus impactos na gestão de pessoas e na gestão orçamentária dos hospitais. Além das recomendações do controle externo, o governo justifica a criação da empresa como forma de estabelecer um modelo de governança adequado às finalidades dos hospitais universitários e, ao absorver toda a rede hospitalar universitária, como alternativa para obter ganhos de escala, notadamente nas atividades de compras. Antes da EBSERH, o governo federal já tentara responder a estas questões e avançar na questão da recuperação e investimento nos hospitais com a criação do Programa Nacional de Reestruturação dos Hospitais Universitários REHUF (Decreto 7082 de 27 de janeiro de 2010). Este programa teve sua gestão recentemente delegada à EBSERH (Portaria Ministerial 442 de 25 de abril de 2012). Conforme o texto legal (lei 12550/2011), em seu artigo 3º, a EBSERH possui dupla finalidade: a prestação de serviços gratuitos de assistência médicoa prestação às instituições públicas federais de ensino (IFES) ou instituições congêneres de serviços de apoio ao ensino, à pesquisa e à extensão, ao ensino-aprendizagem e à formação de pessoas no campo da saúde pública. A lei 12550/2011 prevê que as atividades de assistência à saúde estarão inseridas inteiramente no Sistema Único de Saúde. A EBSERH poderá ser contratada pelas instituições federais de ensino (IFES), hospitalar, ambulatorial e de apoio diagnóstico e terapêutico e por meio de dispensa de licitação, para prestação dos serviços mencionados anteriormente. Este contrato, previsto no artigo 6º da lei, deve prever as 2

obrigações das partes, os indicadores e metas de desempenho e os mecanismos de avaliação. Os serviços prestados pela EBSERH devem ser adequados as suas competências definidas no artigo 4º da lei 12550/2011 e retomadas no artigo 8º do Decreto 7661/2011, quais sejam: i) Administrar unidades hospitalares, bem como prestar serviços de assistência médico-hospitalar, ambulatorial e de apoio diagnóstico e terapêutico à comunidade, no âmbito do SUS; ii) Prestar às instituições federais de ensino superior e a outras instituições congêneres serviços de apoio ao ensino, à pesquisa e à extensão, ao ensino-aprendizagem e à formação de pessoas no campo da saúde publica, mediante as condições que forem fixadas em seu estatuto social; iii) Apoiar a execução de planos de ensino e pesquisa de instituições federais de ensino superior e de outras instituições congêneres, cuja vinculação com o campo da saúde pública ou com outros aspectos da sua atividade torne necessária essa cooperação, em especial na implementação da residência médica, multiprofissional e em área profissional da saúde, nas especialidades e regiões estratégicas para o SUS; iv) Prestar serviços de apoio à geração do conhecimento em pesquisas básicas, clínicas e aplicadas nos hospitais universitários federais e a outras instituições congêneres; v) Prestar serviços de apoio ao processo de gestão dos hospitais universitários e federais e a outras instituições congêneres, com implementação de sistema de gestão único com geração de indicadores quantitativos e qualitativos para o estabelecimento de metas; e vi) Exercer outras atividades inerentes às suas finalidades. No âmbito do contrato que venha a ser firmado, as IFES ficam autorizadas a ceder servidores titulares de cargo efetivo que exerçam atividades relacionadas ao objeto da EBSERH. O ônus caberá ao cessionário. O mesmo se aplica à possibilidade de cessão de bens e direitos necessários à execução do contrato, sendo que os bens serão restituídos a IFES ao final do mesmo. O regime de pessoal permanente da EBSERH será o da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT). As contratações deverão ser precedidas de concurso público. Para fins de implantação, a EBSERH está autorizada a fazer 3

contratações temporárias, por meio de processo seletivo simplificado, cujo prazo de duração máximo não pode exceder cinco anos. A estrutura organizacional da EBSERH foi definida parcialmente no Decreto 7661 de 28 de dezembro de 2011, o qual aprovou o seu Estatuto Social. No decreto fica estabelecido que a EBSERH será composta pelo Conselho de Administração, Diretoria Executiva, Conselho Fiscal e Conselho Consultivo. O Conselho de Administração será composto por três representantes do MEC (entre os quais um na condição de presidente do conselho), o Presidente da EBSERH, representante do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão, representante do Ministério da Saúde, representante dos empregados da EBSERH e representante da ANDIFES. Caberá ao Conselho de Administração a aprovação dos contratos a serem celebrados com as IFES. A Diretoria Executiva será composta pelo Presidente da EBSERH e até seis diretores. A quantidade de diretorias e a atribuição de cada uma não estão definidas no decreto, sendo este detalhamento remetido para o regimento interno da empresa que será aprovado pelo Conselho de Administração. O regimento definirá todos os demais aspectos da estrutura básica da empresa. O Conselho Fiscal terá três membros: um representante do Ministério da Educação, um representante do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão e um representante do Ministério da Fazenda. Já o Conselho Consultivo será composto pelo Presidente da EBSERH, por dois representantes do MEC, um representante do Ministério da Saúde, um representante dos usuários, um representante dos residentes, um representante da ANDIFES e um representante dos trabalhadores da empresa. 2. A situação atual do HUB A importância do HUB nas atividades de ensino, pesquisa e extensão é notória em nosso meio. Como ilustração, podemos observar o quantitativo de estudantes em atuação no hospital. No primeiro semestre de 2012, considerados os cursos de Enfermagem, Nutrição, Farmácia, Odontologia, Serviço Social, alunos internos do curso de Medicina e alunos da pós- graduação em Ciências Médicas, Medicina Tropical e Patologia Molecular, 623 estudantes estão atuando no hospital. A este número somam-sresidentes (162) e os residentes multiprofissionais os médicos (64). 4

Do ponto de vista do porte hospitalar, o HUB é considerado pelo MEC um hospital de tamanho médio, levando em conta a quantidade de leitos e a força de trabalho em atuação. Quadro 1 Leitos operacionais do HUB UNIDADE DE HOSPITALIZAÇÃO LEITOS OPERACIONAIS CLÍNICA MÉDICA 57 ONOCOLOGIA CLÍNICA 6 CLÍNICA MÉDICA-CPA 12 CLÍNICA PEDIATRICA 16 CLÍNICA PEDIATRICA-CPA 8 CIRURGIA PEDIÁTRICA 18 CLÍNICAS CIRÚRGICAS 54 CENTRO DE GINECO/OBSTETRÍCIA 28 UNIDADE DE TRANSPLANTE 6 ALCON 4 SUB-TOTAL 209 UTI NEONATAL 4 UNIDADE INTERMEDIÁRIA NEONATAL 4 UTI ADULTO 6 SUB-TOTAL 14 TOTAL 223 Fonte: HUB Divisão de Custos e Planejamento A força de trabalho do HUB atualmente é contratada da seguinte forma: Quadro 2 Composição da força de trabalho do HUB NÍVEL Nível Superior Nível Médio Nível Apoio TOTAL Fonte: HUB FUB MS SES SICAP 270 50 31 288 420 98 3 353 39 65 0 0 729 213 34 641 TOTAL 639 874 104 1617 5

Os contratos de terceirização de mão de obra complementam esta força de trabalho com mais 624 funcionários (dados tendo por base o mês de março de 2012, segundo a Divisão Administrativa do HUB). Estes contratos representam um custo anual de aproximadamente 16 milhões de reais. No que diz respeito às receitas, o HUB conta com duas fontes de financiamento: o Tesouro e a UnB. O total de receitas em 2011 chegou a R$ 118.645.668,87. A fonte Tesouro pode ser analisada em termos dos recursos advindos do Ministério da Saúde e daqueles que provêm do Ministério da Educação. No caso do Ministério da Saúde, os serviços pactuados com o SUS, cujo gestor no Distrito Federal é o Governo Distrital por intermédio da Secretaria de Estado da Saúde, representaram, em 2011, pouco mais de 25 milhões de reais (21% do total das receitas). Para 2012, as negociações em torno de uma nova contratualização com o SUS apontam para uma receita de aproximadamente 32 milhões de reais. Destacam-se, se, ainda, os recursos provindos do Fundo Nacional de Saúde, que representaram 27% da receita anual em 2011. Outra importante fonte de financiamento, obtida pela primeira vez em 2011, foi o Programa de Revitalização dos Hospitais Universitários REHUF. Nesse ano, o REHUF foi responsável por um aporte de R$ 11.375.106,68, o que equivale a 9,5% da receita total. Os demais recursos provenientes do MEC são destinados ao pagamento do pessoal do quadro efetivo e às bolsas de residência médica. O modelo atual de gestão do HUB, como de resto dos demais hospitais universitários, apresenta sinais de insustentabilidade. Tais sinais são evidentes, em nosso caso, quando analisada a necessidade permanente de financiamento das atividades do hospital pelo orçamento da FUB e a condição de trabalho precarizada de um contingente dos seus trabalhadores. Como vimos na composição da força de trabalho, ilustrada pelo quadro 2, cerca de 40% do pessoal do HUB é precarizado (integra a folha SICAP). Esta situação já foi apontada, de forma mais abrangente, no Acórdão TCU 3005/2009, já apreciado por este Consuni por ocasião da análise da situação do CESPE. O descompasso entre as receitas e as despesas do HUB tem obrigado a FUB a realizar constantes aportes de seus recursos. Em 2011, estes aportes totalizaram 14,6 milhões de reais (ou seja, em 2011 a FUB respondeu por 12% dos recursos empregados pelo hospital). Até 15/05/2012, estes repasses já totalizam 10,2 milhões de reais. Estes valores tem permitido o pagamento da folha de servidores SICAP (86% dos repasses realizados pela FUB em 2012 e 6

65,5% dos repasses realizados pela FUB em 2011) e de faturas da CEB e da CAESB, além de outras despesas eventuais. Mesmo com as previsões de aumento nas receitas provenientes do SUS e do REHUF, que devem reduzir a necessidades de aportes da FUB nos próximos meses, além das emendas parlamentares que vêm contemplando o hospital, estes dados demonstram que o quadro orçamentário-financeiro do HUB é insustentável para a FUB e pode comprometer a expansão de seus serviços e mesmo a manutenção de alguns deles. 3. Análise e Parecer Em meu entender, a análise da hipótese de adesão à EBSERH no caso da requer, diante do quadro legal instaurado e das condições de sustentabilidade do HUB, a análise de alguns pontos fundamentais: a autonomia universitária, a inserção do HUB no SUS, a situação dos trabalhadores do HUB e a questão orçamentária. 3.1 Autonomia universitária A questão da autonomia universitária está contemplada no texto legal. No artigo 3º da lei 12550/2011, já mencionado, que define a finalidade da EBSERH, a prestação de serviços de apoio para o ensino, a pesquisa e a extensão das IFES é condicionada ao respeito da autonomia universitária, nos termos do artigo 207 da Constituição Federal. Da mesma forma, no artigo 6º, que versa sobre os contratos que podem ser celebrados entre a EBSERH e as IFES, ressalta-se se que o princípio da autonomia universitária deverá ser respeitado. No que diz respeito à autonomia universitária, duas questões específicas parecem fundamentais: o papel da Universidade na definição dos gestores do hospital e a relação do HUB com a missão precípua da universidade em suas ações de Pesquisa, Ensino e Extensão. O equacionamento destas questões está remetido aos termo do contrato de gestão. A definição da direção do hospital não está explicitada na lei, no decreto ou nas portarias já promulgadas. Conclui-se, assim, que será pactuada no contrato das IFES com a EBSERH. Na entrevista realizada com o coordenador de hospitais universitários do MEC e agora diretor assistencial da EBSERH Dr. Celso Fernando Rubens Araújo, foi assegurado que as IFES indicarão o Diretor Geral dos respectivos hospitais e o Diretor de Ensino e Pesquisa. Os demais diretores seriam definidos em consenso entre a empresa e a IFES por ocasião 7

da contratação. A estrutura administrativa dos hospitais será definida de acordo com critérios gerais a serem estabelecidos pela empresa. Mas as informações do MEC dão conta de que o HUB, considerado de porte médio, deve manter a estrutura de diretorias atual, a saber: Diretoria Geral, Diretoria Executiva, Diretoria Assistencial e Diretoria de Ensino e Pesquisa. Em recente palestra na ANDIFES (em 10 de maio de 2012), o Presidente da EBSERH, José Rubens Rebelatto, informou que os hospitais que optarem pela adesão à EBSERH participarão de um grupo de trabalho paritário com a empresa que estudará a estrutura organizacional dos mesmos e suas especificidades, visando embasar os termos do contrato. O apoio às atividades de pesquisa, ensino e extensão, por sua vez, está explicitamente delimitado tanto na lei 12550, como no decreto 7661 - ao respeito da autonomia universitária. No artigo 3º, 3º, do decreto 7661, fica estabelecido que as atividades a serem executadas pela EBSERH serão objeto de contrato específico a ser pactuado de comum acordo entre a empresa e as IFES. No mesmo artigo, 4º, o decreto afirma que a EBSERH, no exercício de suas atividades, deverá estar orientada pelas políticas acadêmicas estabelecidas no âmbito das instituições de ensino com as quais estabelecer contrato de prestação de serviços. O diretor assistencial da EBSERH informou que os planos de atividades de Ensino, Pesquisa e Extensão das IFES farão parte do contrato celebrado. A diretoria do HUB informou que este tipo de contratualização já integra os contratos firmados pelo SUS. Evidentemente, a abrangência do contrato com a EBSERH seria maior e exigiria um fluxo de discussão e aprovação destes planos, bem como de seu monitoramento e avaliação, que envolva todas as unidades acadêmicas que mantêm, ou desejem ter, atividades no HUB. 3.2. A EBSERH e o SUS A questão do SUS está clara no texto da lei. As atividades de assistência à saúde só poderão ser realizadas no âmbito do SUS. Conforme preceitua o art. 3º, 1º, da lei 12550, as atividades de prestação de serviços de assistência à saúde de que trata o caput estarão inseridas integral e exclusivamente no âmbito do Sistema Único de Saúde SUS. No mesmo artigo está definido que, nas atividades assistenciais, a EBSERH deverá seguir as orientações da Política Nacional de Saúde, de responsabilidade do Ministério da Saúde, Sendo assim, tanto a lei quanto o decreto não deixam margem a chamada dupla porta. Isto é, a possibilidade de atendimento, nos hospitais universitários, pelo SUS e por planos de saúde. Esta prática, existente no 8

Hospital de Clínicas de Porto Alegre, que serviu de modelo para a proposta da EBSERH, foi objeto de polêmica em todos os debates que precederam a aprovação da lei. O afastamento desta possibilidade também assegura que a atividade assistencial não será captadora de recursos, o que poderia implicar em menor autonomia das atividades exercidas no hospital, inclusive as de ensino, pesquisa e extensão. 3.3. A situação dos trabalhadores do hospital A situação dos trabalhadores deve ser analisada de acordo com o tipo de contratação hoje vigente. Como vimos na seção 2, o HUB conta com três tipos de contrato: os servidores do quadro (FUB e cedidos pelo Ministério da Saúde e Secretaria de Estado da Saúde do DF), servidores precarizados (SICAP) e terceirizados. Os servidores do quadro poderão ser cedidos à EBSERH nos termos do contrato que venha a ser celebrado (art. 7º da lei 12550). Nestes casos, os servidores podem optar pelos vencimentos da FUB ou da EBSERH e terão assegurados os direitos que possuem na FUB. Os custos da cessão serão da EBSERH. O número de servidores cedidos será pactuado no contrato. Os servidores precarizados (SICAP) poderão ser absorvidos por meio de contratação temporária, conforme previsto no artigo 11º da lei 12550. Estas contratações temporárias não podem exceder cinco anos. Esta contratação, no entanto, será precedida de processo seletivo simplificado. Não se trata, portanto, de uma transposição pura e simples. O número de servidores que serão contratados nesta modalidade dependerá também da avaliação da EBSERH sobre as necessidades de pessoal do HUB e seria objeto de análise do grupo de trabalho paritário a ser formado antes da celebração do contrato. Já os contratos de terceirização em vigência seriam integralmente absorvidos pela EBSERH. A definição dos futuros contratos de terceirização seria prerrogativa da EBSERH que pode definir áreas e quantitativos, desde que atendidos os termos pactuados no contrato com a FUB. 3.4. A questão orçamentária e financeira Do ponto de vista orçamentário e financeiro, a EBSERH, uma vez contratada, assume toda a gestão do hospital universitário. A contrapartida contratual da FUB se dá na cessão de servidores do quadro para exercício das atividades assistenciais e administrativas. A Universidade passa a monitorar e avaliar o desempenho do HUB com base nos indicadores e metas definidos no contrato com a EBSERH. 9

Objetivamente, isto implica que os repasses crescentes realizados pela FUB não serão mais necessários. Isto porque eles são fundamentalmente voltados ao pagamento da folha de pessoal SICAP. Estas despesas, assim como outras de custeio eventualmente cobertas pela FUB, passariam a ser cobertas pelo orçamento próprio da EBSERH. Evidentemente as despesas de capital (investimentos em obras e aquisição de material permanente) também serão realizados pela empresa. 3.5. Parecer As informações que embasaram este aparecer apontam para a recomendação de adesão à EBSERH. A contratação da EBSERH permite equacionar a questão orçamentária e financeira do HUB. A situação atual, com os crescentes repasses para cobertura da folha de pagamento SICAP, e outras despesas de custeio, tem se mostrado insustentável para a FUB e poderá prejudicar, no médio prazo, a manutenção da integralidade dos serviços do hospital. Tal dificuldade impactaria, inclusive, as atividades de ensino, pesquisa e extensão por sua relação direta com a atividade assistencial. A empresa, por seu porte nacional, poderá reduzir custos em seus processos de compra, além de estabelecer parâmetros mais favoráveis na contratualização de seus serviços com o SUS. Desta forma, a eficiência da alocação dos recursos públicos também aumentará e poderá ter impacto na qualidade e diversidade dos serviços desenvolvidos no hospital. A contratação oferece também a possibilidade de regularização da força de trabalho engajada pelo HUB na modalidade SICAP. Objeto de reiterados apontamentos dos órgãos de controle já apreciados pelo Consuni por ocasião da discussão do modelo de empresa pública para o CESPE este modelo de contratação não tem perspectiva de ser perenizado. A contratação da EBSERH oferece a possibilidade de um mecanismo de transição a contratação temporária que permitirá aos trabalhadores do SICAP um tempo de preparação para os concursos futuros da empresa e, do ponto de vista do HUB, o seu funcionamento sem problemas de continuidade. Do ponto de vista da autonomia universitária, os textos legais oferecem elementos suficientes para sua preservação, assim como no que diz respeito à integralidade do atendimento por meio do SUS. 10

Alia-se a esta análise o impacto das recentes medidas governamentais que repassam, na prática, a definição das políticas de apoio aos hospitais universitários para a EBSERH. Estas medidas tornam imperativa a negociação com a empresa para obtenção de recursos para a sustentação e expansão dos hospitais. Aqueles que não celebrarem contratos com a EBSERH terão que pactuar vários pontos de sua atuação com a empresa, sem as contrapartidas asseguradas contratualmente. A recente portaria ministerial 442 de 25 de abril de 2012, que delegou a gestão do REHUF à EBSERH, aponta neste sentido. Assim, a adesão à EBSERH reúne componentes de oportunidade e de inevitabilidade. Isto, no entanto, não deve nos levar a prescindir que o contrato com a EBSERH nos ofereça as salvaguardas necessárias no que diz respeito à autonomia universitária, em especial nos pontos aqui levantados: a indicação dos gestores do HUB e a contemplação dos planos de Pesquisa, Ensino e Extensão definidos pelas unidades acadêmicas que atuam ou venham a atuar no HUB. Neste sentido, consideradas as salvaguardas já mencionadas e que devem ser observadas na pactuação do contrato, meu parecer é favorável à contratação da EBSERH nos termos da lei 12550 de 2011. Proponho, assim, que o Consuni autorize desde já que a UnB inicie as tratativas necessárias para tal. Atenciosamente, Prof. Eduardo Raupp de Vargas Decano de Administração 11

Lista de textos legais consultados 1. Projeto de Lei 1749-2011 com a respectiva justificativa governamental sobre a necessidade de criação da EBSERH; 2. Lei 12550 de 15 de dezembro de 2011 que autoriza a criação da EBSERH; 3. Decreto 7661 de 28 de dezembro de 2011 que aprova o Estatuto Social da EBSERH 4. Decreto 7082 de 27 de janeiro de 2010 que institui o Programa Nacional de Reestruturação dos Hospitais Universitários Federais REHUF 5. Decreto 7690 de 02 de março de 2012 que aprova a Estrutura Regimental e Quadro Demonstrativo dos Cargos em Comissão e das Funções Gratificadas do Ministério da Educação 6. Portaria do Ministro de Estado da Educação nº 442 de 25 de abril de 2012, delegando competências á EBSERH. 12