ASSISTÊNCIA ESTUDANTIL: VISANDO À SAÚDE DOS UNIVERSITÁRIOS



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Transcrição:

ASSISTÊNCIA ESTUDANTIL: VISANDO À SAÚDE DOS UNIVERSITÁRIOS Emilene Oliveira de Bairro 1 Resumo: O presente trabalho versa sobre a assistência aos estudantes das Instituições Federais de Ensino Superior (IFES), através do Programa Nacional de Assistência Estudantil (PNAES), e a materialização através do Fórum Nacional de Pró Reitores em Assuntos Comunitários e Educacionais (FONAPRACE), que fomenta a efetivação da política de saúde no meio universitário. Junto a essa materialização compreender um pouco do trabalho articulado da Pró Reitoria de Assuntos Estudantis e Comunitários (PRAEC) da Universidade Federal do Pampa, na assistência aos alunos (usuários da política). Palavras-chave: assistência estudantil, saúde, meio universitário. INTRODUÇÃO Este artigo tem o intuito de refletir sobre a Assistência Estudantil nas Instituições de Ensino Superior (IFES) brasileiras, e seu fortalecimento com o eixo na área da saúde no contexto universitário. Fomentar a importância sobre o debate a cerca da Universidade brasileira como espaço de acesso aos direitos, bem como lugar de diálogo e conhecimento, que deve ser repassado. Salientando que o espaço universitário é um lócus pertencente a professores, técnicos administrativos, alunos e sociedade em geral, sendo assim necessita ser um espaço de transformação da realidade desta comunidade, solicitando da mesma, esforços para efetivação das demandas. Porém aqui enfocaremos a Assistência Estudantil na área da saúde, tendo como protagonista nesse momento, os alunos que encontram-se em situação de vulnerabilidade social e econômica, entretanto é preciso ter um olhar na perspectiva da totalidade, à todos os alunos. A metodologia para elaboração desse artigo perpassa os anos de formação, bem como a apropriação cotidiana, através do Método Dialético-Crítico de apreensão da realidade concreta, não tendo a pretensão de esgotar o assunto, até porque Assistência Estudantil e a Saúde são demandas diárias, não se esgotam nem são estanques. Dessa forma, é importante construir uma reflexão da necessidade de se discutir, debater e materializar a questão da saúde no meio universitário. 1 Acadêmica do 8º semestre do Curso de Serviço Social da Universidade Federal do Pampa.

ASSISTÊNCIA ESTUDANTIL ENQUANTO DIREITO A assistência aos estudantes universitários das Instituições Federais de Ensino Superior (IFES) no Brasil hoje são condicionadas pelo Programa Nacional de Assistência Estudantil (PNAES). O PNAES Decreto 2 nº 7.234, de 19 de julho de 2010, em seu artigo 3º inciso 1º dedica-se as Ações de Assistência Estudantil que deverão ser desenvolvidas nas seguintes áreas: I - moradia estudantil; II - alimentação; III - transporte; IV - atenção à saúde; V - inclusão digital; VI - cultura; VII - esporte; VIII - creche; IX - apoio pedagógico; e X - acesso, participação e aprendizagem de estudantes com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades e superdotação. Sendo que será de responsabilidade das Universidades definir os critérios e metodologia a cerca do deferimento dos benefícios. A realidade é concreta exatamente por isso, por ser a síntese de muitas determinações, a unidade do diverso que é própria de toda totalidade (NETTO, 2011, p.44). A Universidade como um espaço de interlocução de saberes e conhecimentos, contribui no diálogo entre os setores e trabalhadores da instituição meios para aproximação da realidade concreta, da comunidade acadêmica com a sociedade em geral. [...] a universidade é parte de um contexto global inclusivo que a determina e que, dependendo de seu funcionamento e sentido, ela pode colaborar na manutenção ou na transformação da sociedade (WANDERLEY, 2003, p. 76). Por ser a realidade concreta vivida no cotidiano das pessoas é que o espaço universitário, deve estar em articulação constante com a comunidade ao seu entorno, conhecendo esses espaços, suas dificuldades e seus anseios, e através da Universidade contribuir, com o intuito de transformação social da realidade que nos apresenta, de forma a compreender a totalidade. A Universidade como espaço de educação por excelência valoriza a pluralidade dos saberes, e as práticas locais e regionais. A formação acadêmica será pautada pelo desenvolvimento de conhecimentos teórico-práticos, que respondam às necessidades 2 O Plano Nacional de Assistência Estudantil, marco regulatório da assistência aos estudantes, previa recursos para as universidades públicas que desempenhassem ações em conformidade com suas diretrizes. Sua institucionalização se deu por meio do Decreto nº 7234 de 19 de julho de 2010, que dispõe sobre o Programa Nacional de Assistência Estudantil/PNAES e atribui às IFES a obrigatoriedade do desenvolvimento de ações no âmbito da assistência estudantil (ARCOVERDE; NASCIMENTO, 2012, p. 169).

contemporâneas da sociedade (UNIPAMPA, 2009b, p. 11), pois a educação é um direito social respaldado pela Constituição Federativa do Brasil de 1988. A UNIVERSIDADE FEDERAL DO PAMPA E A ASSISTÊNCIA ESTUDANTIL A Universidade Federal do Pampa tem como visão, se constituir [...] como instituição acadêmica de reconhecida excelência, integrada e comprometida com o desenvolvimento sustentável da região e do país (UNIPAMPA, 2009a, p. 11), e como missão comprometimento ético. A Universidade Federal do Pampa, como instituição social comprometida com a ética, fundada em liberdade, respeito à diferença e solidariedade, assume a missão de promover a educação superior de qualidade, com vistas à formação de sujeitos comprometidos e capacitados a atuarem em prol do desenvolvimento sustentável da região e do país (UNIPAMPA, 2009b, p. 10). E nessa ótica de acesso e permanência garantindo direitos- que se materializa através do [...] avanço central do texto constitucional [...] a universalização dos direitos, [...] centrados [...] nas necessidades sociais (COUTO, 2008, p. 186), contribuindo então para a materialização da Assistência Estudantil na Universidade Federal do Pampa (UNIPAMPA), já que a [...] a assistência estudantil pode ser entendida como uma modalidade da assistência social (CARVALHO; OLIVEIRA; RIOS; VARGAS, 2012, p. 17), que faz parte da Seguridade Social 3. A Universidade Federal do Pampa foi implantada em 2005, começando suas atividades através do Consórcio Universitário da Metade Sul 4, que foi um Acordo de Cooperação Técnica entre o Ministério da Educação, a Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) e a Universidade Federal de Pelotas (UFPel), sendo que as atividades acadêmicas tiveram início em 2006 (UNIPAMPA, 2009b). 3 Com a inserção da Seguridade Social na Constituição Federativa do Brasil de 1988, conhecida como Constituição Cidadã, afirma-se como proteção social aos cidadãos brasileiros. Efetivando o tripé da Seguridade Social, sendo a Previdência Social contributiva, a Saúde universal e a Assistência Social de quem dela necessitar, verificando o avanço dos direitos sociais no Brasil. 4 Consórcio Universitário da Metade Sul, responsável, no primeiro momento, pela implantação da nova universidade. Em 22 de Novembro de 2005, esse consórcio foi firmado mediante a assinatura de um Acordo de Cooperação Técnica entre o Ministério da Educação, a Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) e a Universidade Federal de Pelotas (UFPel), prevendo a ampliação da educação superior no Estado. Coube à UFSM implantar os campi nas cidades de São Borja, Itaqui, Alegrete, Uruguaiana e São Gabriel e, à UFPel, os campi de Jaguarão, Bagé, Dom Pedrito, Caçapava do Sul e Santana do Livramento (UNIPAMPA, 2009b, p. 3).

A UNIPAMPA é multicampi, e encontra-se inserida em dez cidades do Rio Grande do Sul: Alegrete, Caçapava do Sul, Dom Pedrito, Itaqui, Jaguarão, Santana do Livramento, São Borja, São Gabriel e Uruguaiana, tendo sede e foro na cidade de Bagé, enfrenta diversas realidades além de ministrar ensino superior, desenvolver pesquisa nas diversas áreas do conhecimento e promover a extensão universitária. Pensar uma universidade é um desafio de todos aqueles que a fazem acontecer (UNIPAMPA, 2009b, p. 8). A Universidade Federal do Pampa, através dos anseios da sociedade por uma educação superior, insere-se nas dez cidades já mencionadas acima e fortalece o acesso dos universitários e a sua permanência através da Assistência Estudantil. Dessa forma, através da Pró- Reitoria de Assuntos Estudantis e Comunitários (PRAEC) da UNIPAMPA é que se materializa no cotidiano da Universidade à Assistência Estudantil. PRÓ-REITORIA DE ASSUNTOS ESTUDANTIS E COMUNITÁRIOS (PRAEC) A PRAEC [...] é o setor da Reitoria que desenvolve programas, benefícios e ações de assistência estudantil e de acesso aos direitos de cidadania, direcionados à comunidade universitária (UNIPAMPA, 2012, s.p). Pela estrutura multicampi a PRAEC operacionaliza seu trabalho articulado aos Núcleos de Desenvolvimento Educacional (NuDE) que são interface da Assistência Estudantil nos dez campi onde a UNIPAMPA se apresenta. Esses núcleos contam com o trabalho de um Assistente Social, dois técnicos em assuntos educacionais, e pedagogos, sendo esses profissionais os executores da Assistência Estudantil da UNIPAMPA; são eles (profissionais da ponta) que estão mais próximos aos universitários, fortalecendo assim a rede de atendimento. A PRAEC está articulada e em consonância com o Programa Nacional de Assistência Estudantil (PNAES), tem por finalidade ampliar as condições de permanência dos estudantes na educação superior pública federal, e materializar às múltiplas formas de universalizar o desenvolvimento das atividades vinculadas a Assistência Estudantil de forma universal. O PNAES se efetiva por meio de ações de assistência estudantil vinculados ao desenvolvimento de atividades de ensino, pesquisa e extensão destinadas aos estudantes matriculados em cursos de graduação presencial das

Universidades Federais, tendo como finalidade a ampliação das condições de permanência e conclusão de curso dos jovens na educação superior (ANDIFES, 2011, p. 10). Vêm sendo fomentado através de debates ocorridos em outras Instituições Federais de Ensino Superior (IFES), onde visualiza-se após discussões ocorridas no Fórum Nacional de Pró-Reitores de Assuntos Comunitários e Estudantis FONAPRACE 2012, a saúde como prioridade. Através desses debates é possível verificar a emergência da efetivação ações de atenção à saúde no meio universitário. Essa é uma das ações a serem desenvolvidas a partir do PNAES que também tem como meta através do Projeto Institucional da UNIPAMPA de 2009, implantar programas de prevenção ao uso de drogas lícitas/ilícitas de forma a abranger toda comunidade acadêmica. Considerando [...] prioridades, há que se preocupar ainda com outros fatores que perpassam a vida deste público que angaria os serviços sociais da instituição, quais sejam: acesso à saúde, ações que promovam e/ou propiciem acesso à cultura, ao lazer, ao acompanhamento pedagógico, não desconsiderando as demais orientações contidas no Decreto 7.234/2010 (Programa Nacional de Assistência Estudantil PNAES) (OLIVEIRA; VARGAS, 2012, p. 128, grifos nosso). A área da saúde começa a ter visibilidade, através dos diálogos entre pró reitores de diversas IFES. Na Pró-Reitoria de Assuntos Estudantis e Comunitários os profissionais que intervém com as demandas estudantis, têm olhar privilegiado em relação à realidade dos sujeitos, compreendendo o contexto universitário da UNIPAMPA fortalecendo assim um ensino de qualidade e proporcionando melhor qualidade de vida, através do acesso e a permanência desses estudantes no meio universitário. Dessa forma a Universidade Federal do Pampa articulada com a Pró Reitoria de Assuntos Estudantis e Comunitários visa através do Programa Nacional de Assistência Estudantil atender as demandas estudantis como moradia, transporte, alimentação, saúde, qualidade no ensino entre outras. Precisando fortalecer junto ao processo de trabalho na Pró Reitoria de Assuntos Estudantis e Comunitários, que os estudantes universitários tem suas especificidades como a própria Universidade tem. Compreendendo claramente os desafios de um espaço multicampi, porém precisando conhecer a realidade concreta dos alunos e suas dificuldades em relação esse espaço de pertencimento que é o meio

universitário, e assim de forma desafiadora propor alternativas que articule e envolva todos os alunos numa rede institucional que vise a acesso aos direitos de todos os estudantes universitários da UNIPAMPA, não apenas dos que encontram-se em situação de vulnerabilidade sócio econômica. Um dos grandes desafios das Universidades é articular um ensino qualificado com a permanência de estudantes em situação vulnerabilidade, pois é preciso cotidianamente traçar estratégias juntos aos profissionais que estão na ponta, como também órgãos como o Ministério da Educação (MEC) para viabilizar que os estudantes universitários tenham um ensino superior de qualidade. SAÚDE NO MEIO UNIVERSITÁRIO: MATERIALIZANDO O PNAES Através das deliberações do Fórum Nacional de Pró-Reitores em Assuntos Comunitários e Estudantis (FONAPRACE 2012), onde trouxe a saúde como essencial no meio universitário, as Universidades começam a ter um olhar frente a essa demanda, precisando assim articular-se com a rede de saúde. A Saúde como foco no meio estudantil faz com que os profissionais que intervém junto a Assistência Estudantil nas IFES, procurem articular a rede de saúde municipal das cidades onde as Universidades estão inseridas, e dessa forma, efetivar programas e projetos que deem conta da demanda, em relação à saúde dos universitários. Com a Constituição Federativa do Brasil de 1988 5, conhecida como Constituição Cidadã - marco histórico na materialização da Saúde como política pública - tem no ano de 1990 a consolidação do Sistema Único de Saúde (SUS) através da Lei 8.080/90 que dispõe sobre a promoção, proteção e recuperação da Saúde. A consolidação do SUS ou sua efetivação, como muitos autores discorrem, ocorre continuamente e no cotidiano das ações, todos os dias encontram-se usuários que 5 A Constituição Federal brasileira de 1988 representou um marco legal importante na consagração dos direitos sociais no Brasil. Resultante de um intenso processo de mobilização que marcou a redemocratização da sociedade brasileira nos anos 1980, o texto constitucional incorporou parte dos anseios pela garantia de maiores níveis de participação, democratica e justiça social. Do ponto de vista das políticas sociais, uma inflexão a ser destacada é a instituição do sistema de seguridade social, constituído pelas políticas de saúde, previdência e assistência social. A noção de seguridade inova no padrão clássico de proteção social brasileiro, ao trazer os princípios de universalização dos direitos de cidadania e de responsabilidade pública e estatal na provisão e financiamento de serviços sociais (BEHRING; ALMEIDA, 2008, p. 193).

buscam no sistema um olhar humanizado em relação à saúde, de forma a garantir a integralidade ao acesso. Porém é preciso lembrar que quando falamos em saúde é algo mais complexo, é preciso ver na sua totalidade, não ver apenas a relação sujeito/doença, e sim ver a pessoa na sua integralidade, como parte de um processo histórico e de múltiplas constituições, precisando ver a saúde também nos aspectos de lazer, cultura, prevenção, acompanhamentos que são necessários para a vida do ser social. Verifica-se que o atendimento das necessidades de saúde remete ao atendimento das necessidades humanas elementares, dentre as quais se destacam a alimentação, a habitação, o acesso à agua potável e saudável aos cuidados primários de saúde e à educação. Atender as necessidades de saúde da população requer um salto qualitativo nas condições de vida [...] (MIOTO; NOGUEIRA, 2006, p.230). A Saúde é direito de todos e dever do Estado prover a mesma, então o que se processa em relação à saúde no meio universitário é que seja imprescindível a efetivação dessa política, e dessa forma, os profissionais da Assistência Estudantil devem articularem-se em rede 6 com o município onde a Universidade encontra-se inserida e através dos espaços de Estratégia de Saúde da Família (ESF) 7, organizarem para que os universitários possam ser atendidos em relação ao seu bairro de abrangência e também nos postos próximos a Universidade. O SUS/PSF, ao trabalhar com a concepção ampliada de saúde, com o modelo assistencial de atenção integrada em saúde, com o modelo assistencial de atenção integrada em saúde, privilegiando a atenção primária, entende que todos os conhecimentos/saberes, acumulados na interpretação desta visão, necessitam artircular-se de forma horizontal, sem se sobrepor (NUNES; TEIXEIRA, 2006, p.128-129). E assim materializar através da articulação da Universidade e dos profissionais que trabalham diretamente com a demanda de Assistência Estudantil, bem como os profissionais da rede de atenção a saúde municipal, formas de atendimento as necessidades não apenas da população usuária da cidade, mas também dos alunos/universitários que como cidadãos tem o direito ao atendimento integral a saúde. Efetivando assim, após essa articulação e o acompanhamento dos alunos através da Assistência Estudantil, o PNAES que coloca a área da saúde como um eixo a ser materializado. 6 Quando a Rede Social está suficientemente organizada, formando uma práxis interdisciplinar, pode-se dizer que está formada a Rede Social de Apoio (TÜRCK, 2002, p. 46). 7 Antes chamados de Programa de Saúde da Família (PSF).

CONSIDERAÇÕES FINAIS A Universidade deve estar em constante diálogo com a sociedade, por isso as relações entre a Assistência Estudantil e aqui no nosso caso a rede municipal de saúde é essencial, para que os estudantes/universitários, vindos de todas as partes do Brasil e também os do próprio município sintam-se acolhidos e com suas necessidades físicas, mentais e intelectuais atendidas. Sendo imprescindível a articulação entre as IFES e os setores municipais e também estaduais para efetivação dos direitos da população, aqui considerando os estudantes/universitários, que encontram-se em situação de vulnerabilidade social e econômica e devem ser atendidos pelo PNAES. A articulação e o diálogo devem ser no cotidiano das ações interventivas, e atender as demandas que são diárias a população no meio universitário, configurando compreender e apreender a realidade dos alunos, bem como, traçar estratégias em rede para melhor qualidade nos serviços de atendimento as necessidades dos mesmos. REFERÊNCIAS: ANDIFES, Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior. Perfil Socioeconômico e Cultural dos Estudantes de Graduação das Universidades Federais Brasileiras. Fórum Nacional de Pró-Reitores de Assuntos Estudantis (FONAPRACE). Brasília: 2011. ARCOVERDE, Ana Cristina Brito; NASCIMENTO, Clara Martins do. O Serviço Social na Assistência Estudantil: reflexões acerca da dimensão político-pedagógica da profissão. In: Organizado pelo Fórum Nacional de Pró-Reitores de Assuntos Comunitários e Estudantis. FONAPRACE: Revista Comemorativa 25 anos: história, memórias e múltiplos olhares. Coordenação, ANDIFES. UFU, PROEX: 2012. BEHRING, Elaine Rossetti; ALMEIDA, Maria Helena Tenório de (orgs.). Trabalho e seguridade social: percursos e dilemas. São Paulo: Cortez; Rio de Janeiro: FSS/UERJ, 2008. BRASIL. Decreto n º 7.234, de 19 de julho de 2010. Dispõe sobre o Programa Nacional de Assistência Estudantil PNAES. BRASIL. Lei nº 8.080, de 19 de setembro de 1990. Dispõe sobre as condições para a promoção, proteção e recuperação da saúde, a organização e o funcionamento dos serviços correspondentes e dá outras providências.

CARVALHO, Clara Caroline Barrêto de; OLIVEIRA, Simone Barros de; RIOS, Rafaela; VARGAS, Melissa Welter. Serviço Social na Educação: Contribuindo na Construção da Assistência Estudantil. In: OLIVEIRA, Simone Barros... [ et al.] (orgs). Serviço Social: políticas sociais e transversalidades no pampa. São Borja: Faith, 2012. COUTO, Berenice Rojas. O Direito Social e a Assistência Social na Sociedade Brasileira: uma equação possível? 3. Ed. São Paulo: Cortez, 2008. MIOTO, Regina Célia Tamaso; NOGUEIRA, Vera Maria Ribeiro. Desafios Atuais do Sistema Único de Saúde SUS e as Exigências para os Assistentes Sociais. IN: MOTA, Ana Elizabete... [et al]. Serviço Social e Saúde: Formação e Trabalho Profissional. São Paulo: Cortez, OPAS, OMS, ABEPSS, Ministério da Saúde, 2006. NETTO, José Paulo. Introdução ao Estudo do Método de Marx. 1ª Ed. São Paulo: Expressão Popular, 2011. NUNES, Sheila Torres; TEIXEIRA, Mary Jane O. A interdisciplinaridade no programa saúde da família: uma utopia? IN: Bravo, Maria Inês Souza...[et al] (organizadoras). Saúde e Serviço Social. 2 ed. São Paulo Cortez; Rio de Janeiro: UERJ, 2006. OLIVEIRA, Simone Barros de; VARGAS, Melissa Welter. A Assistência Estudantil como espaço privilegiado de educação para os direitos. IN: Organizado pelo Fórum Nacional de Pró-Reitores de Assuntos Comunitários e Estudantis. FONAPRACE: Revista Comemorativa 25 anos: história, memórias e múltiplos olhares. Coordenação, ANDIFES. UFU, PROEX: 2012. TÜRCK, Maria da Graça Maurer Gomes. Rede Interna e Rede Social: o desafio permanente na teia das relações sociais. 2. Ed. Porto Alegre: Tomo Editorial, 2002. UNIPAMPA, Universidade Federal do Pampa. Estatuto. Portaria nº 373, de 03 de junho de 2009a. UNIPAMPA, Universidade Federal do Pampa. Projeto Institucional, de 16 de agosto de 2009b. UNIPAMPA, Universidade Federal do Pampa. PRAEC. Disponível em < http://porteiras.r.unipampa.edu.br/portais/praaec/a-praaec-2>. Acesso em: 06 abril 2012. WANDERLEY, Luiz Eduardo W. O que é universidade. São Paulo: Brasiliense, 2003.