PRESSÃO ARTERIAL E MECANISMOS DE REGULAÇÃO. Profa. Dra. Monica Akemi Sato



Documentos relacionados
Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri - UFVJM. (Hemodinâmica) Disciplina Fisiologia Fisiologia Cardiovascular

( ) A concentração intracelular de íons cálcio é o grande determinante da força de contração da musculatura cardíaca.

Hemodinâmica. Cardiovascular. Fisiologia. Fonte:

REVISÃO SIMPLIFICADA DA FISIOLOGIA CARDIOVASCULAR.

Sistema Circulatório. Prof. Alexandre Luz de Castro

FISIOLOGIA RESPIRATÓRIA

FISIOLOGIA CARDIOVASCULAR E RESPIRATÓRIA

Reologia e Mecanismos de Edema

FUNÇÕES DO SISTEMA CARDIOVASCULAR DURANTE O EXERCÍCIO

Fluxo sanguíneo - 21% do débito cardíaco.

Controle do Fluxo e da Pressão Sanguínea

Sistema Circulatório

Sistema circulatório

Fisiologia Geral. Biofísica da Circulação: artérias

PROGRAMA ANALÍTICO DISCIPLINA INSTITUTO DE BIOLOGIA DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS FISIOLÓGICAS OBJETIVO DA DISCIPLINA

FISIOLOGIA RENAL Função Renal Estrutura do Rim Macrosestrutura

Pressão Intracraniana - PIC. Aula 10

1. Em relação à anatomia funcional e histologia cardíaca, todas as sentenças estão corretas, com exceção de:

Anatomia do Coração. Anatomia do Coração

Fisiologia Cardiovascular

PERCEBEMOS O MUNDO PARA AGIR SOBRE ELE

Sistema Cardiovascular

RECEPTORES SENSORIAIS

Controle Neural da Respiração e Pressão Arterial. Thaís Caroline Prates Costa

DISTÚRBIOS DA CIRCULAÇÃO

HEMODINÂMICA SISTEMA CARDIOVASCULAR. Rosângela B. Vasconcelos

ELETROCARDIOGRAMA 13/06/2015 ANATOMIA E FISIOLOGIA CARDIOVASCULAR

CURSINHO PRÉ VESTIBULAR DISCIPLINA: BIOLOGIA PROFº EDUARDO

CONTROLE FISIOLÓGICO DA FILTRAÇÃO GLOMERULAR E DO FLUXO SANGUÍNEO RENAL

Fisiologia Cardiovascular

Fichas informativas. Neurobiologia da Dor Visceral Neurobiology of Visceral Pain

29/03/2012. Biologia. Principais glândulas endócrinas humanas

Existem três tipos de glândulas: endócrinas (tireóide, suprarrenal), exócrinas (lacrimais, mamárias) e anfícrinas ou mistas (pâncreas)

CLASSES DE MOVIMENTOS

Prof. Me. Leandro Parussolo

SISTEMA ENDÓCRINO. Prof. TIAGO

Projeto Medicina. Dr. Onésimo Duarte Ribeiro Júnior Professor Assistente da Disciplina de Anestesiologia da Faculdade de Medicina do ABC

Introdução a Neurofisiologia I.

Sistema Involuntário. Controla e Modula as Funções Viscerais. Neurônio Pré Ganglionar. Neurônio Pós Ganglionar. Parassimpático.

Adaptações. Estruturais. Funcionais em Repouso Funcionais em Exercício EFEITOS DO TREINAMENTO FÍSICO SOBRE O SISTEMA CARDIOVASCULAR

Sistema circulatório. Componentes: - Vasos sanguíneos. - Sangue (elementos figurados e plasma) - Coração

Resumo de fisiologia. Sistema Nervoso. Nome: Curso: Data: / /

Na aula de hoje, iremos ampliar nossos conhecimentos sobre as funções das proteínas. Acompanhe!

FISIOLOGIA RESPIRATÓRIA

Efeitos do exercício cio na fisiologia cardiovascular. Helena Santa-Clara

Biologia. Sistema circulatório

FISIOLOGIA RENAL DAS AVES

Drogas Utilizadas em Terapia Intensiva. Prof. Fernando Ramos Gonçalves -Msc

BIOLOGIA IACI BELO Identifique, na figura, as partes indicadas pelos números: 10:

Sistema Nervoso Professor: Fernando Stuchi

Sistema cardiovascular

PSICOLOGIA. Sistema Nervoso. Prof. Helder Mauad/UFES 13/9/2011. Élio Waichert Júnior

PROFa. DEBORAH ELYANA IOST FORNI QUESTÕES PARA REVISÃO DE BIOLOGIA 8º.ANO III BIMESTRE 2013

Distúrbios do Coração e dos Vasos Sangüíneos Capítulo14 - Biologia do Coração e dos Vasos Sangüíneos (Manual Merck)

Tecido Hematopoiético, Muscular e Nervoso

Transporte nos animais

VERIFICAÇÃO DE SINAIS VITAIS

Journal of Applied Physiology Outubro 2009

Anestesiologia Substâncias anestésicas

SISTEMA NERVOSO FUNÇÕES

fibras musculares ou miócitos

Fisiologia I CÓRTEX ADRENAL. Prof. Élio Waichert Júnior 1

Mecanismos Fisiológicos de Controle da Pressão Arterial. Fernanda Burle de Aguiar - Profª de Fisiologia Humana DFP - CCS - UFPB

Manutenção do Potencial Doador. Dra. Viviane Cordeiro Veiga

AGRUPAMENTO DE ESCOLAS DE CASTRO DAIRE. Ano Letivo 2012/2013 DEPARTAMENTO DE MATEMÁTICA E CIÊNCIAS EXPERIMENTAIS PLANIFICAÇÃO ANUAL CIÊNCIAS NATURAIS

Divisão anatômica 15/09/2014. Sistema Nervoso. Sistema Nervoso Função. Sistema Nervoso Estrutura. Cérebro Cerebelo Tronco encefálico ENCÉFALO

Sistema Respiratório Introdução

FISIOLOGIA DOS ANIMAIS DOMÉSTICOS AULA 2 ANOTAÇÕES DE AULA FISIOLOGIA DA RESPIRAÇÃO

Data: /10/14 Bimestr e:

Anatomia e Fisiologia Humana SISTEMA URINÁRIO. DEMONSTRAÇÃO (páginas iniciais)

Sistema Muscular PROF. VINICIUS COCA

Sistema Nervoso Central (SNC)

TÍTULO: NEUROCARDIOLOGIA: UMA NOVA ABORDAGEM DA RELAÇÃO ENTRE O CORAÇÃO E O CÉREBRO, COM A PERSPECTIVA DE MELHOR ELUCIDAR E TRATAR DOENÇAS CARDÍACAS

FISIOPATOLOGIA DA INSUFICIÊNCIA CARDÍACA EM CÃES

RESPIRAÇÃO. Respiração é o mecanismo que permite aos seres vivos extrair a energia química nos alimentos.

Você saberia responder aos questionamentos de forma cientificamente correta?

Ciências E Programa de Saúde

Como sentimos o mundo?

06/05/2014. Prof. Me. Alexandre Correia Rocha Prof. Me Alexandre Rocha

9/30/2014. Por que engenheiros biomédicos precisam estudar anatomia e fisiologia? Introdução. Fisiologia. Anatomia

FISIOLOGIA HUMANA III

Organização do sistema nervoso

RITMOS BIOLÓGICOS E CICLO SONO-VIG

Protocolo de Choque no Pósoperatório. Cardíaca

CAPÍTULO 10 HEMORRAGIA E CHOQUE

CONSELHO REGIONAL DE ENFERMAGEM DE SÃO PAULO. Mensuração de Pressão Intra-Abdominal *

Biologia. Móds. 41 ao 45 Setor Prof. Rafa

Comissão Examinadora do Título Superior em Anestesiologia

Profs. Nolinha e Thomaz

FACULDADE DE FARMÁCIA DA UNIVERSIDADE DE LISBOA. Bases Fisiológicas da Sede, Fome e Saciedade Fisiologia Humana

Calor. Calor. Temperatura Corporal. Perfusão Pele

Regulação da pressão arterial

COMPARAÇÃO DE PRESSÃO ARTERIAL BILATERAL NA POSTURA DE SEDESTAÇÃO EM ACADÊMICOS DO CURSO DE FISIOTERAPIA DO UNISALESIANO LINS

INTERATIVIDADE FINAL EDUCAÇÃO FÍSICA CONTEÚDO E HABILIDADES DINÂMICA LOCAL INTERATIVA AULA. Conteúdo: Sistema cardiovascular no exercício físico

Sistema Nervoso. Função: ajustar o organismo animal ao ambiente.

Tratamento da Insuficiência Cardíaca. Profª Rosângela de Oliveira Alves

PRINCÍPIOS GERAIS DA HEMODINÂMICA: FLUXO SANGUÍNEO E SEU CONTROLE

PLANO DE DISCIPLINA. 1. Identificação: 2. Ementa: 3. Objetivo Geral:

EFEITO DA RADIAÇÃO GAMA EM PROSTAGLANDINA

Fígado e Vesícula Biliar: Vascularização e Inervação. Orientador: Prof. Ms. Claúdio Teixeira Acadêmica: Letícia Lemos

Transcrição:

PRESSÃO ARTERIAL E MECANISMOS DE REGULAÇÃO Profa. Dra. Monica Akemi Sato

Pressão Arterial O que é? É a força exercida pelo sangue sobre as paredes do vaso, sofrendo mudanças contínuas durante todo o tempo, dependendo da atividade exercida pelo indivíduo.

PA = DC X RPT DC = FC X VS RPT vasos viscosidade e diâmetro dos

PRESSÃO ARTERIAL Mecanismos de regulação: Neurais Humorais OBS: Mecanismos Locais apenas ajuste do fluxo sanguíneo

Mecanismos Locais

Mecanismos locais de ajuste do Auto-regulação: fluxo sangüíneo Capacidade dos vasos de regularem seu próprio fluxo sangüíneo. Vasos sangüíneos modificam sua resistência para compensar alterações moderadas na pressão de perfusão. Explicada pela teoria miogênica: PA vasos sg. distendem músculo liso vascular contrai (abertura de canais de Ca++).

Mecanismos locais de ajuste do Fatores locais: fluxo sangüíneo Prostaciclina (céls. Endoteliais) VASODILATAÇÃO NO (endotélio) VASODILATAÇÃO Tromboxano A2 (plaquetas) VASOCONSTRIÇÃO ENDOTELINAS (endotélio) - VASOCONSTRIÇÃO

Mecanismos Neurais de Ajuste da PA

Mecanismos neurais de ajuste da PA

Localização dos barorreceptores aortic body carotid body internal * * * * * * * *** * carotid * * * * * * * carotid sinus arch of the aorta external carotid * *

heart rate (bpm) arterial pressure (mmhg) Effect of saporin in the NTS on response to phenylephrine Phenylephrine before lesion (3 mg/kg, i.v.) 7 days after NTS lesion with SP-SAP (2mM) 160 160 120 120 80 80 40 40 0 0 600 600 500 500 400 400 300 300 5:35 5:40 5:45 16:15 16:20

heart rate (bpm) arterial pressure (mmhg) Effect of saporin in the NTS on response to nitroprusside SNP before lesion (30 mg/kg, i.v.) 7 days after NTS lesion with SP-SAP (2mM) 160 160 120 120 80 80 40 40 0 0 600 600 500 500 400 400 300 300 5:50 5:55 6:00 6:05 6:10 6:15 3:50 3:55 4:00 4:05 4:10

Quimiorreceptores

Quimiorreceptores Localização: corpúsculo carotídeo e aorta Detectam variações de po 2, pco 2 e ph sangüíneo. Hipóxia e hipercapnia induziu taquipnéia e resposta pressora. Hiperóxia transitória da PA. induziu queda

heart rate (bpm) arterial pressure (mmhg) Effect of saporin in the NTS on response to cyanide KCN before lesion (40 mg/rat, i.v.) 7 days after NTS lesion with SP-SAP (2mM) 160 160 120 120 80 80 40 40 0 0 600 600 500 500 400 300 400 300 100 0 45 50 55 8:00 8:05 8:10

RECEPTORES CARDIOPULMONARES

Receptores Cardiopulmonares Situam-se no coração e podem responder tanto a estímulos mecânicos quanto químicos. Acredita-se haver um espectro de receptores cardíacos variando de quimicamente sensíveis puros até mecanicamente sensíveis

Reflexo de Bezold-Jarisch (Reflexo Cardiopulmonar) Reflexo inicialmente descrito por von Bezold e Hirt (1867): observaram o efeito depressor promovido pela injeção sistêmica dos alcalóides do veratrum. Mais tarde, Jarisch e Richter (1939) localizaram os receptores. Resposta reflexa: Hipotensão e bradicardia aos alcalóides do veratrum. Deve-se à estimulação principalmente de receptores na região ínfero-posterior do ventrículo esquerdo.

A via aferente dos reflexos ventriculares é vagal, constituída por fibras nervosas do tipo C (amielinizadas), pois a vagotomia bilateral abole as respostas cardiovasculares decorrentes da estimulação dos receptores cardíacos. Sua primeira sinapse ocorre no NTS. A hipotensão (por retirada do tônus simpático alfaadrenérgico), sugerindo que uma parte da via eferente é simpática. Outro fator contribuinte para a redução de pressão arterial é a venodilatação periférica, reduzindo a pré-carga e assim, o débito cardíaco. A bradicardia pode ser atenuada por bloqueio muscarínico (ramo eferente possui componente vagal).

RECEPTORES CARDIOPULMONARES: Existe também uma via aferente simpática, contendo tanto projeções mielinizadas quanto amielinizadas. Receptores: Ativados por estímulos mecânicos ou químicos; Distribuem-se profusamente nas câmaras cardíacas, coronárias e grandes vasos torácicos; Aferências projetam-se para a medula espinhal via nervos cardíacos simpáticos, com os corpos celulares na raiz dorsal. Função: proteção do organismo. Aferências quimiossensíveis seriam estimuladas por mediadores inflamatórios liberados durante a isquemia do miocárdio, gerando sensações dolorosas.

Experimentalmente: ativação do reflexo pela administração sistêmica ou local de veratridina (alcalóide), nicotina, capsaicina ou fenilbiguanida (agonista serotoninérgico). Fisiologicamente: receptores quimicamente sensíveis seja a prostaciclina (PGI2), mas também respondem a outras substâncias endógenas como bradicinina, substância P, serotonina, acetilcolina, ácido araquidônico e são sensibilizados por prostagladinas (PGE2 e PGF2 ). Um estímulo fisiológico aos receptores mecanicamente sensíveis em humanos seria o aumento da pós-carga. Especula-se seu envolvimento nas alterações hemodinâmicas observadas em certas ocorrências clínicas, como: isquemia miocárdica, infarto ou obstrução do fluxo de saída do ventrículo esquerdo.

heart rate (bpm) arterial pressure (mmhg) phenylbiguanide before lesion (5 mg/kg, i.v.) 7 days after NTS lesion with SP-SAP (2mM) 160 160 120 120 80 80 40 40 0 0 600 600 500 500 400 300 400 300 100 0 9:30 9:35 9:40 6:40 6:45

Reflexos Atriais: Reflexo de Bainbridge Deflagrado pela estimulação de receptores cardíacos (aferentes vagais mielinizados), apresentando terminais nervosos relativamente grandes, localizados especialmente na junção das grandes veias com os átrios direito e esquerdo. Receptores são espontaneamente ativos, descarregam durante a sístole ou diástole atrial e sinalizam, respectivamente, a tensão ou enchimento dos átrios fornecendo ao SNC, a cada ciclo cardíaco, informações sobre a freqüência e a pressão venosa. Na verdade, há dois tipos de receptores atriais: tipo A, que estão em série com a musculatura, disparando durante a sístole atrial e tipo B, em paralelo com a musculatura, disparando durante o enchimento atrial.

Reflexo de Bainbridge A distensão mecânica da junção venoatrial determina aumento da freqüência cardíaca (FC), decorrente da ativação simpática dos nodos sino-atrial e átrioventricular, sem alteração da atividade dos eferentes vagais cardíacos ou das fibras simpáticas para o miocárdio. A taquicardia reflexa manteria o débito cardíaco relativamente constante, durante os aumentos de retorno venoso, constituindo-se na função básica dos aferentes vagais atriais. A estes receptores atribui-se atualmente o desencadeamento do reflexo clássico de Bainbridge

Reflexo de Cushing Desencadeado por aumento da pressão intracraniana (ex: após trauma, hemorragia cerebral no espaço subdural, hematoma cerebral etc). Comprometimento do suprimento sangüíneo para as áreas vasomotoras, gerando hipóxia e hipercapnia local. Reflexo de Cushing: elevação da PA sistêmica, visando melhorar a perfusão central. Conseqüentemente, ativa os barorreceptores que produzem bradicardia reflexa.

MECANISMOS HUMORAIS DE AJUSTE DA PA Sistema Renina-Angiotensina-Aldosterona Vasopressina Bradicinina Peptídeo Atrial Natriurético (ANP)

Sistema Renina-angiotensina - aldosterona

VASOPRESSINA