Turma e Ano: Flex A (2014) Matéria / Aula: Processo Civil / Aula 12 Professor: Edward Carlyle Conteúdo: Intervenção de Terceiros: Conceitos, Classificação e Espécies. Litisconsórcio (cont.) Litisconsortes com diferentes procuradores (art. 191 CPC): O art. 191 pressupõe a presença de litisconsortes com procuradores diferentes: Art. 191. Quando os litisconsortes tiverem diferentes procuradores, ser-lhesão contados em dobro os prazos para contestar, para recorrer e, de modo geral, para falar nos autos. Diferentes procuradores são do mesmo escritório deve-se verificar se os procuradores efetivamente estão defendendo interesses de litisconsortes diferentes, casos em que incidirá o art. 191. Em contrapartida, se os advogados atuarem indistintamente em relação a vários litisconsortes, não se aplica o art. 191. Diferentes procuradores atuam através de uma única petição na jurisprudência, prepondera o entendimento de que se os procuradores dos diferentes litisconsortes atuam de forma separada, ainda que apresentem seus argumentos em uma única petição, aplica-se o art. 191. Litisconsórcio - Particular e Fazenda Pública neste caso, os litisconsortes obrigatoriamente terão diferentes procuradores: Particular - aplica-se o art. 191 CPC: prazo em dobro para contestar, recorrer e, de modo geral, para falar nos autos Fazenda Pública - aplica-se a regra específica do art. 188 CPC - prazo em dobro para contestar e em quádruplo para recorrer, bem como a parte final do art. 191 sempre que houver litisconsórcio - prazo em dobro para de modo geral falar nos autos. Art. 188 CPC. Computar-se-á em quádruplo o prazo para contestar e em dobro para recorrer quando a parte for a Fazenda Pública ou o Ministério Público.
Obs: A Fazenda Pública não tem prazo em dobro para todos os atos, somente quando houver litisconsórcio com procuradores diferentes. Fazenda Pública - Prazo em quádruplo para contestar (resposta) Prazo em dobro para recorrer (não para contrarrazoar) Demais atos - Prazo simples Exceção Fazenda - Litisconsórcio com procuradores diferentes Prazo em dobro para os demais atos (parte final do art. 191 CPC) Súmula 641 STF: Não se conta em dobro o prazo para recorrer, quando só um dos litisconsortes haja sucumbido. Prazo para resposta - existem duas correntes: 1. Prazo em dobro Tratando-se de litisconsortes, presume-se que eles tenham diferentes procuradores, aplicando-se o prazo em dobro - 30 dias (art.191 CPC) 2. 15 dias - 30 dias - STJ É necessário aguardar o decurso do prazo de 15 dias para verificar se os litisconsortes apresentarão suas alegações defensivas através de um único procurador. Decorrido o prazo de 15 dias, permite-se o decurso até 30 dias e, somente a partir do término dos 30 dias, verificar se a hipótese é de litisconsortes com diferentes procuradores. 3. 15 dias (posição minoritária) E se um dos litisconsortes for revel? No caso da revelia, não há defesa (contestação). O STJ entende que aplica-se o prazo em dobro - 30 dias, inclusive na hipótese de revelia, pois aquele que contestou não teria como saber que o outro litisconsorte seria revel. Entretanto, a partir da
apresentação da resposta, o prazo passará a ser simples, pois somente um dos litisconsortes participa do processo, permanecendo o outro revel. O litisconsorte revel não será intimado dos atos do processo, podendo ingressar no processo no estado em que ele se encontra. -------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 1. Conceitos: - INTERVENÇÃO DE TERCEIROS - a) Parte: São os sujeitos do contraditório instituído perante o juiz (conceito clássico de Liebman), subdividindo-se em: a) Parte Principal - quem passa a figurar em um dos polos da relação processual - autor ou réu. b) Parte Acessória - não figura nos polos da relação jurídica processual, apenas auxiliando uma das partes. A qualidade de parte poderá ser adquirida de 4 formas: Ajuizando uma demanda (autor) Sendo demandado (réu) Sucessão processual - inter vivos (ex. alienação de coisa litigiosa) ou mortis causa Intervenção de terceiros - em virtude do interesse jurídico em intervir, terceiro manifesta o seu interesse em recorrer, casos em que adquire a qualidade de parte (principal ou acessória) b) Terceiro: É aquele que não é parte no processo. O critério adotado para identificar terceiro é o da exclusão ou da negação - todo aquele que não é parte (quem não é parte, é terceiro). Quando a relação jurídica da qual o terceiro é titular pode ser ou foi atingida por decisão proferida em processo do qual ele não fez parte, surge o interesse jurídico em intervir, viabilizando a intervenção de terceiro.
c) Intervenção de Terceiro: É um fenômeno jurídico através do qual um terceiro ingressa em relação processual alheia, adquirindo a qualidade de parte (principal ou secundária). Quanto à aquisição da qualidade de parte pelo terceiro,há divergência doutrinária: 1. Doutrina Majoritária (Barbosa Moreira, Dinamarco, Ovídio Batista, Humberto Theodoro Jr.) - terceiro adquire a qualidade de parte (principal ou acessória). 2. Minoritária (Athos Gusmão Carneiro) - Terceiro passa a ser um mero sujeito do processo. 2. Pressupostos Genéricos: Pendência da relação processual - não há trânsito em julgado. Em regra, a intervenção de terceiros ocorre na fase de conhecimento. Porém, atualmente, é muito difundida a possibilidade da intervenção de terceiros na execução e cautelar. A intervenção deve atribuir ao terceiro a qualidade de parte (principal ou secundária) - Ao adquirir a qualidade de parte, o terceiro fica vinculado às decisões proferidas no processo. Visa evitar que ele fique imune às decisões proferidas no processo, caso em que poderia voltar a discutir a mesma relação jurídica processual. Previsão legal - só cabe intervenção de terceiros prevista em lei. Caso não haja fundamento legal para a intervenção de terceiro, o juiz deverá indeferir a petição do terceiro, excluindo-o do processo.
3. Classificações: Espontânea ou Voluntária x Provocadas ou Coactas: Espontâneas (Voluntárias) - o terceiro voluntariamente manifesta interesse em participar do processo - Assistência, Oposição e Recurso de terceiro prejudicado. Provocadas (Coactas) - terceiro é instado, provocado, coagido a participar do processo - Nomeação à autoria, Denunciação da lide e Chamamento ao processo. Por ação x Por inserção: Por ação - dá início a uma nova relação processual dentro do mesmo processo - Oposição e Denunciação da lide. Por inserção - terceiro simplesmente em relação processual já em curso, sem inovação - Chamamento ao processo, Nomeação à autoria e Assistência. Obs: Chamamento ao processo - há uma grande discussão acerca da sua natureza jurídica: 1) Minoritária - Ação regressiva (assim como a denunciação da lide). Intervenção de terceiros por ação. 2) Doutrina Majoritária e STJ - Incidente processual, consistindo em uma forma de correção do polo passivo da demanda. Intervenção de terceiros por inserção. Ad (co)adjuvandum x Ad excludendum: Ad (co)adjuvandum - Assistência Ad excludendum - intervenção gera a exclusão de alguma das partes. Oposição (opoente exclui os opostos) e Nomeação à autoria (nomeante é excluído do processo com o ingresso do nomeado). 4. Espécies: a) Oposição b) Nomeação à autoria c) Denunciação da lide
d) Chamamento ao processo + e) Assistência - parte secundária ou acessória f) Recurso de terceiro prejudicado Art. 280 CPC g) Intervenção fundada em contrato de seguro A doutrina defende que as modalidades de intervenção de terceiros previstas no capítulo específico atribuem ao terceiro a qualidade de parte principal (autor ou réu). Assistência - atribui ao terceiro a qualidade de parte secundária ou acessória e, por isso, foi prevista fora do capítulo específico de intervenção de terceiros. Recurso de terceiro prejudicado - não é um recurso autônomo, independente. na verdade, trata-se das espécies recursais previstas em lei interposta por terceiro (ex. apelação interposta por terceiro), sendo necessário que o terceiro seja prejudicado, o que caracteriza o seu interesse jurídico em recorrer. Intervenção fundada em contrato de seguro - trata-se uma hipótese de intervenção de terceiro específica dos contratos de seguro, sendo muito similar a denunciação da lide e o chamamento ao processo. Obs1: Não cabe intervenção de terceiros nos Juizados Especiais (art. 10 da Lei 9099)! Obs2: No controle concentrado de constitucionalidade, não se admite intervenção de terceiros, consoante os art. 7º e 18 da Lei 9868/99. Art. 7 o da Lei 9868. Não se admitirá intervenção de terceiros no processo de ação direta de inconstitucionalidade. Art. 18. da Lei 9868. Não se admitirá intervenção de terceiros no processo de ação declaratória de constitucionalidade. Embora pela literalidade da lei não seja possível a participação de um co-legitimado extraordinário como assistente litisconsorcial no controle concentrado de constitucionalidade, há alguns acórdãos do STF autorizando tal participação, sob o argumento de que o assistente litisconsorcial não pode formular pedidos e, assim, não haveria fundamento para a recusa.
Obs3: Art. 7º, 2º da Lei 9868 - Amicus Curiae: Alguns autores defendem que o amicus curiae tem natureza jurídica de intervenção de terceiros. Porém, a sua participação visa elucidar as questões nebulosas, auxiliando o juízo a formar a sua convicção, não possuindo um interesse jurídico na causa. Diante disso, a maioria doutrinária tem reservas em adotar como hipótese de intervenção de terceiro clássica. 5. ASSISTÊNCIA (art. 50 e seguintes do CPC): Art. 50. Pendendo uma causa entre duas ou mais pessoas, o terceiro, que tiver interesse jurídico em que a sentença seja favorável a uma delas, poderá intervir no processo para assisti-la. Parágrafo único. A assistência tem lugar em qualquer dos tipos de procedimento e em todos os graus da jurisdição; mas o assistente recebe o processo no estado em que se encontra. Interesse jurídico Todos os tipos de procedimento (comum ordinário e sumário - art. 280 CPC/ procedimento especial de jurisdição voluntária e contenciosa) Tipos de processo - conhecimento, execução e cautelar? Divergência: 1) Majoritária - Assistência é cabível em todos os tipos de processo. 2) Posição dominante até alguns anos atrás - Cabia no processo de conhecimento e cautelar, não sendo cabível na execução. 3) Somente cabível no processo de conhecimento. Isso porque na execução e na cautelar não havia sentença de mérito. Hoje em dia esta posição está ultrapassada porque existe mérito na execução (atos concretos voltados para dar satisfação ao direito do credor), bem como na cautelar (mérito diferente do processo de conhecimento, consistindo na constatação do fumus boni iuris e do periculum in mora, cuja finalidade é assegurar a efetividade de um futuro provimento jurisdicional ). O que não existe é julgamento de mérito. Qualquer fase (grau de jurisdição) - 1º grau, 2º grau e Tribunais Superiores.
Obs: Assistência no 2º grau # Recurso de terceiro prejudicado: Recurso de terceiro prejudicado - interposição de recurso previsto em lei por um terceiro prejudicado defendendo interesse próprio, visando a reforma ou anulação da decisão. A partir do momento em que recorre, ele passa a ser tratado como um assistente. Assistente - pode ingressar no processo sem nenhum recurso, por simples petição. Além disso, o assistente não defende interesse próprio, visando apenas auxiliar uma das partes. 5.1 Espécies: São duas as espécies de assistência: a) Assistência Simples, Comum ou Adesiva (art. 52 e 53 CPC) b) Assistência Qualificada ou Litisconsorcial (art. 54 e 55 CPC)