PUBLICADA A DECISÃO DO ACÓRDÃO No D.O. de 24/07/2006 Fls. SECRETARIA DE ESTADO DA RECEITA CONSELHO DE CONTRIBUINTES Sessão de 12 de abril de 2006 CONSELHO PLENO RECURSO Nº - 16.348 ACÓRDÃO Nº 4.811 I.E. Nº - 83.660.198 A.I. Nº - 01.003160-7 RECORRENTE - GENERAL ELECTRIC TRADING DO BRASIL S.A. RECORRIDA RELATOR - FAZENDA ESTADUAL - CONSELHEIRO JOSÉ AUGUSTO DI GIORGIO Participaram do julgamento os Conselheiros: José Augusto Di Giorgio, Ronald Madeira Maia, Ricardo Garcia de Araujo Jorge, Mário Cezar Franco, José Torós, Marcos Antonio de Mesquita Pinto Furtado, Antonio Silva Duarte, Eduardo Caetano Garcia, Carlos Guimarães de Almeida Filho, João da Silva de Figueiredo, Nélio Francisco Tavares Pinheiro, Celso Guilherme Mac Cord, Ivan da Silva Pereira, Antonio de Pádua Pessoa de Mello e Moacyr de Oliveira Araújo. ICMS - DOCUMENTO FISCAL FALTA DE ESCRITURAÇÃO É defeso ao contribuinte deixar de escriturar em seus livros fiscais todas as notas fiscais relativas à entrada em seus estabelecimentos, seja qualquer que seja sua destinação, sob pena de configurar-se tal omissão, em ilícito fiscal, sujeito às sanções e implicações legais que a lei determinar, in casu, tornando-se devedora, além do imposto, a penalidade prevista no inciso VII do art. 59 da Lei nº 1423/89. Recurso desprovido. RELATÓRIO A Recorrente foi autuada por não recolher o ICMS devido pelas saídas de mercadorias cujas entradas não foram escrituradas, tornando-se devedora, além do imposto, da penalidade prevista no inciso VII do art. 59 da Lei 1.423/89. Irresignada com a autuação apresenta impugnação, de fls. 28 usque 40, na qual salienta que em 04/01/93, a General Electric Trading do Brasil S.A. foi incorporada pela General Electric do Brasil e extinta. Alega que as operações em
CONSELHO PLENO - Ac. nº: 4.811 - fls.2/5 foco referem-se a negócios realizados pela rede de comercialização da General Eletric Company (controladora da General Electric do Brasil) com a companhia Siderúrgica Nacional CSN, tradicional cliente da GR do Brasil, através daquelas operações, foi possível compor os interesses dos clientes internacionais, com a expectativa de receita da C.S.N., mediante intervenção da GE Trading, que logrou alcançar, para os produtos da C.S.N., um preço por esta aceitável. Continua, afirmando que apesar de os embarques de exportação terem sido realizados a partir do Porto do Rio de Janeiro, todo o gerenciamento foi feito a partir da unidade industrial da GE do Brasil, de Campinas-SP, onde está localizado o segmento responsável pelos equipamentos pesados. Esclarece que as notas fiscais elencadas, emitidas pela C.S.N., foram indevidamente endereçadas à autuada, e que nas operações em foco, não houve acréscimo de valor por parte da GE Trading, sendo os produtos remetidos pelos mesmos preços de aquisição da C.S.N. Esclarece, ainda, que o papel da Trading nunca foi o de armazenamento, ao contrário, do ponto de vista comercial, produziam suas exportações, porém os bens deixavam fisicamente o estabelecimento do produtor-vendedor diretamente para o Porto, ou zona Porturária. A decisão da Junta de Revisão Fiscal, fls. 175/178, foi no sentido de julgar PROCEDENTE o auto de infração nº 01.003160-7. Inconformado recorreu o Sujeito Passivo, através das razões, de fls. 184 usque 201, com os mesmos argumentos aduzidos em sua peça impugnatária. Parecer da Fazenda, a fls. 2142/216, pelo desprovimento do recurso. A douta Segunda Câmara, por maioria de votos, negou provimento ao recurso do Contribuinte, nos termos do voto do Relator. Irresignada com a decisão, recorre o sujeito Passivo, tempestivamente, suscitando, entretanto, desta feita, preliminar de nulidade do auto e alegando, ainda, aplicação de multa confiscatória, e quanto ao mérito, aduzindo seus mesmos argumentos anteriores. A douta Representação da Fazenda, através do parecer, de fls. 244/245, opina pelo desprovimento do recurso.
CONSELHO PLENO - Ac. nº: 4.811 - fls.3/5 de fls. 256. Realizada a diligência determinada, a fls. 250, vieram as informações É o relatório. VOTO DO RELATOR Quanto ao mérito, as operações de exportação de produtos semi-elaborados destinados ao exterior, realizadas em janeiro de 1993 através do porto do Rio de Janeiro, produtos esses adquiridos pela Recorrente, General Electric Trading do Brasil S/A à Companhia Siderúrgica Nacional, como restou comprovado. Segundo apuraram os autuantes, a Recorrente, que não havia escriturado as entradas das mercadorias, deixou, também, de recolher o imposto nas saídas, com redução de 50% na base de cálculo, conforme dispunha a legislação, à época, (CF/88, art. 155, 2º, X, alínea a, e XII, alínea e; LC 65/91; Convênios ICM 07/89, ICMS 91/89, Protocolo ICMS 27/89 e Convênio ICMS 15/91). A Recorrente afirma que tudo não passou de erro formal cometido pela CSN, por ocasião da emissão das notas fiscais, erro esse que teria sido corrigido posteriormente (fls. 46/55). A decisão prolatada, às fls. 175 usque 178, pela Junta de Revisão Fiscal, fora confirmada pela egrégia Segunda Câmara, que negou provimento ao Recurso do Contribuinte, mantendo, assim, em todos os seus termos, a decisão da Junta de Revisão Fiscal. Efetivamente, na análise meticulosa das razões expendidas pelo digno Relator que alicerçaram a decisão recorrida, não se vislumbra qualquer argumento fático ou jurídico que possa merecer crítica, ou mesmo venha conflitar com dispositivo ínsito na lei cogente que regula a matéria. Com efeito, como bem salientado na decisão monocrática, da lavra do eminente Auditor Tributário, Roberto Brandão Reitor, devendo-se transcrever trechos pelo acerto de suas colocações, as exportações dos chamados produtos semi-elaborados gozam de tratamento diferenciado quanto ao ICMS. Essas
CONSELHO PLENO - Ac. nº: 4.811 - fls.4/5 operações são assim, em regra, beneficiadas por redução da base de cálculo, conforme previsto pelo Convênio ICM nº 07/89 e o ICMS 91/89, o Protocolo ICMS 27/89 e o Convênio ICMS 15/91 que introduziram alterações no referido Convênio 07/89. Destarte, as Unidades da Federação resolveram estender a operação de remessa semi-elaborados para as Trading, com o fim específico de ser logo depois exportada, o mesmo tratamento aplicável à própria exportação desses produtos, ou seja, a redução da base de cálculo instituída pelo Convênio ICM nº 07/89 e as supracitas alterações posteriores. Assim foi celebrado o Convênio ICMS nº 91/89, depois complementado pelo Protocolo ICMS nº 27/89, no tocante às operações interestaduais. Dispõe a Cláusula Primeira incisos I e II do supracitado Protocolo, verbis Cláusula Primeira Acordam os signatários em aplicar o tratamento tributário previsto no Convênio ICMS 91/89, de 22 de agosto de 1989, às saídas, com o fim específico de exportação, de produtos semielaborados, promovidos por quaisquer estabelecimentos, localizados nos territórios dos respectivos Estados para os destinatários adiante enumerados, estabelecidos no território de outro Estado signatário: I empresa comercial que opere exclusivamente no comércio de exportação; II empresa comercial exportadora, enquadrada nas disposições do Decreto-lei federal nº 1.248, de 29 de novembro de 1972. (grifos do original) Destarte, o acertado do entendimento do douto prolator da decisão monocrática, de que o texto transcrito, que para que haja o direito ao benefício previsto pelo Convênio ICMS nº 91/89, deverá a mercadoria ser exportada por empresa que opere exclusivamente com este tipo de operação, no caso de serem remetidas a outro estado signatário daquele Convênio. Daí concluir que as notas fiscais não poderiam, ter sido endereçadas à filial de Campinas, haja vista que esta unidade não opera exclusivamente com o comércio de exportação, como requer a legislação. Donde conclui-se que, para
CONSELHO PLENO - Ac. nº: 4.811 - fls.5/5 fruição da redução da base de cálculo, a operação deveria ter sido efetuada pela filial, Trading Compan, estabelecida neste estado. Pelo exposto, irreparável o lançamento efetuado, porquanto, deixando de recolher o ICMS devido pelas saídas de mercadorias cujas entradas não foram escrituradas, tornou-se devedora, além do imposto, da penalidade aplicada prevista no artigo 59, inciso VII, da Lei 1.423/89. Assim em consonância com o Ideal de Justiça, que deve sempre nortear o procedimento deste Colegiado, inclino-me no sentido de não prover o recurso. É o meu voto. ACÓRDÃO Vistos, relatados e discutidos estes autos em que é Recorrente GENERAL ELECTRIC TRADING DO BRASIL S.A. e Recorrida FAZENDA ESTADUAL. Acorda o CONSELHO PLENO do Conselho de Contribuintes do Estado do Rio de Janeiro, à unanimidade de votos, negar provimento ao recurso do Contribuinte, nos termos do voto do Conselheiro. CONSELHO PLENO do Conselho de Contribuintes do Estado do Rio de Janeiro, em 12 de abril de 2006. MOACYR DE OLIVEIRA ARAÚJO PRESIDENTE JOSÉ AUGUSTO DI GIORGIO RELATOR \lbf