A RELAÇÃO DA RAÇA/COR EM VÍTIMAS DE HOMICÍDIO EM SERGIPE NO ANO DE 2015 RESUMO

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Transcrição:

A RELAÇÃO DA RAÇA/COR EM VÍTIMAS DE HOMICÍDIO EM SERGIPE NO ANO DE 2015 José Hunaldo de Oliveira Júnior (Discente, Universidade Tiradentes) Ana Caroline Almeida do Nascimento (Discente, Universidade Tiradentes)* Jefferson Felipe Calazans Batista (Discente, Universidade Tiradentes) Wolney Sandy Santos Lima (Discente, Universidade Tiradentes) Márcio Lemos (Orientador, Doutorando em Saúde Coletiva, Universidade Tiradentes) *e-mail: enfaanaalmeida@gmail.com RESUMO INTRODUÇÃO: As mortes por causas externas representam um problema de saúde e segurança pública, sendo considerado um grande desafio para o país. Por vezes esses homicídios estão relacionados a uma simples característica da vítima, a raça/cor. Este estudo tem como objetivo identificar, quantificar e analisar a taxa de homicídios em relação à raça/cor em Sergipe no ano de 2015. METODOLOGIA: Trata-se de um estudo ecológico de caráter quantitativo descritivo, sendo utilizado dados do DataSUS e do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística IBGE. RESULTADOS: As mortes por causas externas determinaram perdas de 12.684 só nos quatros estados escolhidos para este estudo, sendo que as maiores vítimas desses homicídios foram da raça/cor parda, com 10.446 mortes. CONCLUSÃO: Os resultados mostraram que Sergipe é o estado mais violento entre os outros três elencados para este estudo e que a taxa de homicídio que predomina é a raça/cor parda. Palavras-chave: Causas externas. Homicídio. Mortalidade. Violência. INTRODUÇÃO A violência é caracterizada como um acometimento de grande dimensão social que atinge diferentes pessoas de qualquer idade, em qualquer momento da vida. É responsável por traumas físicos e psicológicos que podem levar ao assassinato ou até suicídio, ocasionadas individualmente ou coletivamente (BRASIL, 2009). O homicídio é definido como o ápice expressivo da agressão, ocasionando na morte ilegal e intencional causado por uma pessoa contra outro indivíduo (SANTOS, 2017). Por se tratar de um fenômeno que está presente em todo o globo, sua repercussão é cultural e contínua no tempo, sendo entendida como um fenômeno natural na sociedade (GOMES, 2016). As agressões e a violência de modo geral são causas de mortalidade e morbidade no âmbito brasileiro desde 1979, onde, somente neste final de década, foram notificadas um total de 711.742 mortes, sendo delas 65.253 por causas externas (BRASIL, 2018). Estima-se que cerca de 54 homens a cada 100 mil sofrem com agressões enquanto as mulheres representam aproximadamente 4 deste total. Idades de um a 39 anos são consideradas as faixas etárias mais acometidas quando se trata em óbitos por violência, representando uma das maiores causas de morte no Brasil somente em 2009,

em 2015 este valor subiu para 74,7 (BRASIL, 2009; MÉXICO, 2015). Contudo, esta realidade não é muito diferente quando comparada com outros países como os Estados Unidos, que ocupa o primeiro lugar da América do Norte em mortes por causas externas com 61,1 pessoas para cada 100.000 habitantes (MÉXICO, 2015). A raça/cor é um dos fatores mais comuns quando o assunto é agressão, somente em 2008 as taxas de violências agressivas como: agressão simples, estupro, agressão sexual, foram maiores em negros do que em indivíduos de cor branca. A vitimização da população negra em relação com a branca apresenta um risco relativo de 1,4 (SOARES FILHO, 2011). Tratando-se da região Nordeste do país, os óbitos por meios externos ocupam o terceiro lugar com 49.214 mil mortes dentre as demais regiões do Brasil. Já o estado de Sergipe encontra-se muito abaixo da classificação com 2.444 mortes quando comparado com estados da mesma região como a Bahia que chega a marca de mais de 12 mil óbitos e Alagoas, cidade vizinha, com praticamente mesma dimensão geográfica, com 2.986 falecidos (BRASIL, 2018). Os poucos estudos disponíveis não apresentam dados concretos sobre a relação entre a raça/cor e as causas das mortes, sendo assim faz-se necessário a criação de um estudo que contemple, interprete e compare os dados referentes a esses homicídios. Desta forma, este estudo teve como objetivo avaliar o coeficiente de mortalidade por homicídio relacionado a variável raça/cor em Sergipe no ano de 2015 em comparação com outros estados nordestinos. METODOLOGIA Trata-se de um estudo ecológico de caráter descritivo e abordagem quantitativa, utilizando dados secundários de domínio público, disponíveis online no DataSUS e no Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística IBGE. Foram analisados os dados de óbitos por causas externas em Sergipe no ano de 2015 contido no capítulo XX Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados à Saúde Décima Revisão (CID-10). Foram considerados como homicídio todas as causas contidas no intervalo X85-Y09 da CID-10. Para fins comparativos aplicou-se o cálculo de coeficiente de mortalidade (CM)

por causas nos estados de Sergipe, Pernambuco, Alagoas e Bahia utilizando como denominador as estimativas populacionais disponibilizadas pelo IBGE, no ano de 2015 e o número de óbitos por agressões com numerador. Serão utilizados nos resultados e na apresentação, os termos: parda, preta e branca e conforme a classificação disponível no DataSUS. As categorias indígena e amarela foram excluídas devido a sua baixa relevância estatística, uma vez que sua frequência na população sergipana não atinge 1%. Para a mortalidade calculou-se o CM para brancos, pretos e pardos no ano de 2015, no estado de Sergipe e nas unidades de federação utilizadas como comparação. RESULTADOS De acordo com os dados disponibilizados pelo DataSUS e o IBGE, no ano de 2015 a população total do Estado de Sergipe foi de 2.242.937 habitantes, sendo que ao decorrer do ano ocorreram 1.302 óbitos apenas por causas externas. Ao aplicar o coeficiente de mortalidade, tem-se que a cada 100 mil habitantes cerca de 58 pessoas foram vítimas de homicídio independente da raça/cor (Tabela 1). Tais dados caracteriza o Estado sergipano como o mais violento entre todos os estados brasileiros no ano de 2015. Ao realizar uma comparação com os estados circunvizinhos de Sergipe, observase que na Bahia sua população geral consiste em 15.203.934 habitantes apresentando 5.787 óbitos, porém mesmo sendo um Estado bem maior que Sergipe, ao realizar o cálculo de coeficiente de mortalidade por causas externas, percebe-se que a cada 100 mil habitantes apenas 38,06 foram vítimas de homicídio. Ou seja, Sergipe apresenta cerca de 20 óbitos a mais que na Bahia a cada 100 mil habitantes (Tabela 1). Resultados parecidos com o da Bahia se repetem em comparação ao Estado de Pernambuco, com 3.847 óbitos por causas externas, dispõe de um coeficiente de mortalidade em 41,16 a cada 100 mil habitantes de uma população total de 9.345.173. Enquanto Alagoas ocupa o segundo lugar no ranking dos estados mais violentos do Brasil com 1.748 homicídios de uma população de 3.340.932, sendo 52,32 seu coeficiente de mortalidade (Tabela 1). Tais informações podem ser visualizadas na tabela a seguir:

Tabela 1 - Coeficiente de Mortalidade por Causas Externas (CMCE) em estados brasileiros selecionados, 2015. Estados selecionados População* Óbitos** CMCE/100 mil habitantes Sergipe 2.242.937 1.302 58,04 Bahia 15.203.934 5.787 38,06 Pernambuco 9.345.173 3.847 41,16 Alagoas 3.340.932 1.748 52,32 Fonte: DataSUS e IBGE. *Estimativa de 2015, segundo IBGE. **Óbitos por agressão presente no intervalo X84-Y09 do CID-10. A Tabela 2 elenca os coeficientes de mortalidade por raça/cor para cada 100 mil habitantes em 2015 dos estados selecionados, foram consideradas apenas três raças/cores devido sua taxa de prevalência mais relevante nos estados. O número bruto de óbitos na raça/cor branca é de 73 em Sergipe, 349 na Bahia, 394 em Pernambuco e 52 em Alagoas, sendo o coeficiente de mortalidade para cada 100 mil habitantes de 3,3 2,3 4,2 e 1,6, respectivamente. Na parda o número bruto de óbitos é de 1.146 em Sergipe, 4.370 na Bahia, 3.287 em Pernambuco e 1.643 em Alagoas, apresentando coeficientes de mortalidade em 51,1 28,7 35,2 e 49,2, na sequência. Por fim, a raça/cor preta com número bruto de óbitos em Sergipe de 74, na Bahia de 870, em Pernambuco de 86 e Alagoas de 13, sendo o coeficiente de mortalidade em 3,3 5,7 0,92 0,4, na devida ordem (Tabela 2). Tabela 2 - Coeficiente de Mortalidade por raça/cor para cada 100 mil habitantes nos estados selecionados, 2015. Sergipe Bahia Pernambuco Alagoas Raça/cor N* CM** N CM N CM N CM Branca 73 3,3 349 2,3 394 4,2 52 1,6 Parda 1.146 51,1 4.370 28,7 3.287 35,2 1.643 49,2 Preta 74 3,3 870 5,7 86 0,92 13 0,4 Fonte: DataSUS e IBGE. *Número bruto de óbitos. **Coeficiente de mortalidade para cada 100 mil habitantes. Ao analisar as tabelas 1 e 2, percebe-se que o coeficiente de mortalidade por causas externas independe do grande número de habitantes do estado, evidencia-se pelo o estado da Bahia que mesmo tendo o maior número de habitantes apresenta o menor coeficiente de mortalidade. Porventura, Sergipe é menor estado da Federação e

apresenta a maior taxa de mortalidade por 100 mil habitantes. CONCLUSÃO A violência é sim um mal social que acarreta em diversas consequências para a humanidade, sendo considerado um dos grandes problemas da segurança e saúde pública. Mesmo diante de um século que se preza pelos os direitos humanos e pela indiferença entre as raças/cores, é possível enxergar que ainda existe uma tensão nas evidências aqui expostas em relação ao número de homicídios voltado a condição da raça/cor. Além disso, mesmo Sergipe sendo o menor estado da Federação foi ele quem liderou o ranking nacional de homicídios em 2015, sendo a raça/cor parda que apresentou os maiores índices de mortalidade. Por fim, todos os aspectos devem ser levados em consideração para o planejamento das ações que diminuam essas disparidades não apenas dos óbitos por causas externas entre os estados, mas também em consideração a ligação com o quesito raça/cor. REFERÊNCIAS BRASIL, Ministério da Saúde. Por uma Cultura da Paz, a Promoção da Saúde e a Prevenção da Violência. Brasília: Ministério da Saúde, 2009. BRASIL, Ministério da Saúde. Sistema de Informação sobre Mortalidade. Brasília: Ministério da Saúde, 2018. Disponível em: <http://www2.datasus.gov.br/datasus/index.php?area=02>. Acesso em: 24 de mar. 2018. GOMES, Valquiria Rodrigues et al. Homicídio de mulheres vítimas de violência doméstica: revisão integrativa. Revista de Enfermagem do Centro-Oeste Mineiro, v. 6, n. 3, 2016. MÉXICO, Pan American Health Organization (PAHO). Información y análisis de salud: situación de salud en las Américas: indicadores básicos 2015. Ciudad de México: Pan American Health Organization, 2015. Disponível em: <http://www.paho.org/mex/index.php?option=com_content&view=article&id=206:situacion-saludamericas&itemid=319>. Acesso em: 24 de mar. 2018. SANTOS, Fransley Lima; CORDEIRO, Ricardo Carlos. Homicídios na população masculina da Região Metropolitana de São Paulo-Brasil. Revista Baiana de Enfermagem, v. 31, n. 4, 2017. SOARES FILHO, A. M. Vitimização por homicídios segundo características de raça no Brasil. Rev. Saúde Pública, São Paulo, v. 45, n. 4, p. 745-755, 2011. SOUZA, Edinilsa Ramos et al. Violência interpessoal: homicídios e agressões. Impacto da violência na saúde dos brasileiros. Brasília, p. 171, 2005.