ACESSIBILIDADE ÀS PESSOAS COM DEFICIÊNCIA NA EDUCAÇÃO SUPERIOR: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA-RS



Documentos relacionados
POLÍTICAS INSTITUCIONAIS DE ACESSIBILIDADE. - Não seja portador de Preconceito -

A INCLUSÃO NO ENSINO SUPERIOR: CONTRIBUIÇÕES DE LEV VIGOTSKI E A IMPLEMENTAÇÃO DO SUPORTE PEDAGÓGICO NO IM-UFRRJ

ASSESSORIA DE AÇÕES INCLUSIVAS

QUAL A (RE)ORIENTAÇÃO POLÍTICO-PEDAGÓGICA DA MODALIDADE EDUCAÇÃO ESPECIAL NO MUNICÍPIO DE ITAGUAÍ/RJ? REFLETINDO SOBRE A META 4

Romeu Sassaki

A UTILIZAÇÃO DE RECURSOS VISUAIS COMO ESTRATÉGIA PEDAGÓGICA NO PROCESSO DE ENSINO - APRENDIZAGEM DE ALUNOS SURDOS.

EDUCAÇÃO INCLUSIVA. Profª Drª Sonia Maria Rodrigues

O PSICÓLOGO (A) E A INSTITUIÇÃO ESCOLAR ¹ RESUMO

Relato de experiência sobre uma formação continuada para nutricionistas da Rede Estadual de Ensino de Pernambuco

PROJETO POLÍTICO PEDAGÓGICO: ELABORAÇÃO E UTILIZAÇÃO DE PROJETOS PEDAGÓGICOS NO PROCESSO DE ENSINO APRENDIZAGEM

ATENDIMENTO EDUCACIONAL ESPECIALIZADO: DA EDUCAÇÃO BÁSICA AO ENSINO SUPERIOR

Inclusão de Estudantes com Necessidades Educacionais Especiais no Ensino Superior

SIGNIFICADOS ATRIBUÍDOS ÀS AÇÕES DE FORMAÇÃO CONTINUADA DA REDE MUNICIPAL DE ENSINO DO RECIFE/PE

Assunto: Orientações para a Organização de Centros de Atendimento Educacional Especializado

A INCLUSÃO DOS PORTADORES DE NECESSIDADES ESPECIAIS EDUCATIVAS NAS SÉRIES INICIAIS SOB A VISÃO DO PROFESSOR.

Resolução nº 30/CONSUP/IFRO, de 03 de outubro de 2011.

O CONCEITO DE ACESSIBILIDADE SOB A PERSPECTVA DOS COORDENADORES DOS NÚCLEOS DE ACESSIBILIDADE

O USO DAS TECNOLOGIAS EDUCACIONAIS COMO FERRAMENTA DIDÁTICA NO PROCESSO DE ENSINO E APRENDIZAGEM

A FORMAÇÃO DOCENTE INICIAL NO CURSO DE MATEMÁTICA: RELATOS DECORRENTES DO COMPONENTE CURRICULAR LIBRAS Inês Ivone Cecin Soprano 1

AS RELAÇÕES DO ESTUDANTE COM DEFICIÊNCIA INTELECTUAL E SUAS IMPLICAÇÕES NO ENSINO REGULAR INCLUSIVO

RESOLUÇÃO N 008/2015. A Diretora Geral da Faculdade Unilagos, no uso das atribuições que lhe são conferidas pela Legislação em vigor, RESOLVE

INTERPRETANDO A GEOMETRIA DE RODAS DE UM CARRO: UMA EXPERIÊNCIA COM MODELAGEM MATEMÁTICA

Profª. Maria Ivone Grilo

Palavras chave: Formação de Professores, Tecnologias Assistivas, Deficiência.

I SEMINÁRIO POLÍTICAS PÚBLICAS E AÇÕES AFIRMATIVAS Universidade Federal de Santa Maria Observatório de Ações Afirmativas 20 a 21 de outubro de 2015

III SEMINÁRIO EM PROL DA EDUCAÇÃO INCLUSIVA Desafios Educacionais

II Congresso Nacional de Formação de Professores XII Congresso Estadual Paulista sobre Formação de Educadores

O ATENDIMENTO EDUCACIONAL ESPECIALIZADO E TECNOLOGIA ASSISTIVA: FORMAÇÃO DO PROFESSOR

CURSO: EDUCAR PARA TRANSFORMAR. Fundação Carmelitana Mário Palmério Faculdade de Ciências Humanas e Sociais

Londrina, 29 a 31 de outubro de 2007 ISBN

MATERIAL E MÉTODOS RESULTADOS E DISCUSSÃO

ACESSIBILIDADE E FORMAÇÃO DE PROFESSORES: EXPERIÊNCIA COM UM ALUNO CEGO DO CURSO DE GEOGRAFIA, A DISTÂNCIA

Educação Online: um caminho para inclusão de Pessoas com Deficiência na sociedade. Janae Gonçalves Martins 1 Andréa Miranda 2 Fernando José Spanhol 3

A INCLUSÃO DE ALUNOS COM NECESSIDADES EDUCACIONAIS ESPECIAIS NA EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS

Relato de Grupo de Pesquisa: Pesquisa, Educação e Atuação Profissional em Turismo e Hospitalidade.

Ergonomia Parte II f

FACULDADE INTERNACIONAL DO DELTA PROJETO PARA INCLUSÃO SOCIAL DOS SURDOS DA FACULDADE INTERNACIONAL DO DELTA

Programa de Educação Inclusiva: A educação tem muitas faces Educando e aprendendo na diversidade

Necessidade e construção de uma Base Nacional Comum

72 / Atendimento Educacional Especializado na Perspectiva da Educação Inclusiva

Fundamentos e Práticas em Libras II

PEDAGOGIA ENADE 2005 PADRÃO DE RESPOSTAS - QUESTÕES DISCURSIVAS COMPONENTE ESPECÍFICO

Gráfico 1 Jovens matriculados no ProJovem Urbano - Edição Fatia 3;

EMENTAS DAS DISCIPLINAS OFERECIDAS NO CURSO DE PEDAGOGIA Catálogo 2012

LICENCIATURA EM MATEMÁTICA. IFSP Campus São Paulo AS ATIVIDADES ACADÊMICO-CIENTÍFICO-CULTURAIS

Secretaria Municipal de Educação Claudia Costin Subsecretária Helena Bomeny Instituto Municipal Helena Antipoff Kátia Nunes

EMENTÁRIO DAS DISCIPLINAS DO CURSO DE PEDAGOGIA: DOCÊNCIA E GESTÃO EDUCACIONAL (Currículo iniciado em 2009)

OS CANAIS DE PARTICIPAÇÃO NA GESTÃO DEMOCRÁTICA DO ENSINO PÚBLICO PÓS LDB 9394/96: COLEGIADO ESCOLAR E PROJETO POLÍTICO PEDAGÓGICO

EDUCAÇÃO INFANTIL E LEGISLAÇÃO: UM CONVITE AO DIÁLOGO

O PROCESSO DE INCLUSÃO DE ALUNOS COM DEFICIÊNCIAS NO MUNICÍPIO DE TRÊS LAGOAS, ESTADO DE MATO GROSSO DO SUL: ANÁLISES E PERSPECTIVAS

INCLUSÃO E ACESSIBILIDADE EDUCACIONAL: PERSPECTIVAS SOB O OLHAR DA EDUCAÇÃO ESPECIAL

EDUCAÇÃO INCLUSIVA DE ALUNOS COM DEFICIÊNCIA: DIREITO À DIVERSIDADE

ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO NUMA ESCOLA DO CAMPO

TEXTO RETIRADO DO REGIMENTO INTERNO DA ESCOLA APAE DE PASSOS:

PESSOA COM DEFICIENCIA VISUAL E EDUCAÇÃO A DISTANCIA: POSSIBILIDADES E ADVERSIDADES

A DANÇA E O DEFICIENTE INTELECTUAL (D.I): UMA PRÁTICA PEDAGÓGICA À INCLUSÃO

Aprovação do curso e Autorização da oferta PROJETO PEDAGÓGICO DE CURSO FORMAÇÃO CONTINUADA EM EDUCAÇÃO INCLUSIVA. Parte 1 (solicitante)

REGULAMENTO ESTÁGIO SUPERVISIONADO CURSO DE LICENCIATURA EM PEDAGOGIA FACULDADE DE APUCARANA FAP

Iniciando nossa conversa

O PROCESSO DE INCLUSÃO DE ALUNOS COM DEFICIÊNCIA VISUAL: UM ESTUDO DE METODOLOGIAS FACILITADORAS PARA O PROCESSO DE ENSINO DE QUÍMICA

A escola para todos: uma reflexão necessária

NEAPI UMA PROPOSTA DE SUPORTE

A DISLEXIA E A ABORDAGEM INCLUSIVA EDUCACIONAL

Adriana Oliveira Bernardes 1, Adriana Ferreira de Souza 2

II Encontro MPSP/MEC/UNDIME-SP. Material das Palestras

INCLUSÃO ESCOLAR: UTOPIA OU REALIDADE? UMA CONTRIBUIÇÃO PARA A APRENDIZAGEM

EDUCAÇÃO INCLUSIVA: o desafio da inclusão nas séries iniciais na Escola Estadual Leôncio Barreto.

ATENA CURSOS EMÍLIA GRANDO COMPREENDENDO O FUNCIONAMENTO DO AEE NAS ESCOLAS. Passo Fundo

ESTÁGIO SUPERVISIONADO NA FORMAÇÃO INICIAL DOS GRADUANDOS DE LICENCIATURA EM MATEMÁTICA

Presidência da República Casa Civil Subchefia para Assuntos Jurídicos

INTEGRAÇÃO DE MÍDIAS E A RECONSTRUÇÃO DA PRÁTICA PEDAGÓGICA

A PRÁTICA PEDAGÓGICA DO PROFESSOR DE PEDAGOGIA DA FESURV - UNIVERSIDADE DE RIO VERDE

O ORIENTADOR FRENTE À INCLUSÃO DA PESSOA COM DEFICIENCIA NA ESCOLA REGULAR DE ENSINO

SERVIÇO DE PROTEÇÃO E ATENDIMENTO INTEGRAL À FAMÍLIA (PAIF)

Princípios da educação inclusiva. Profa Me Luciana Andrade Rodrigues

FORMAÇÃO CONTINUADA DE PROFESSORES 1

USO DAS TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO NA FORMAÇÃO DE PROFESSORES PRESENCIAL E A DISTÂNCIA

Decreto Lei de LIBRAS

PRÓ-REITORIA DE PLANEJAMENTO

CENTRO UNIVERSITÁRIO UNIVATES

EEFM Raimundo Marques de Almeida

ADAPTAÇÕES NECESSÁRIAS PARA O ALUNO SURDOCEGO ADQUIRIDO NA ESCOLA DE ENSINO REGULAR

ESPAÇO INCLUSIVO Coordenação Geral Profa. Dra. Roberta Puccetti Coordenação Do Projeto Profa. Espa. Susy Mary Vieira Ferraz RESUMO

PROJETO POLÍTICO-PEDAGÓGICO INSTITUCIONAL (PPI) DISCUSSÃO PARA REESTRUTURAÇÃO DO PROJETO POLÍTICO-PEDAGÓGICO INSTITUCIONAL

LIBRAS: A INCLUSÃO DE SURDOS NA ESCOLA REGULAR

2.2 O PERFIL DOS PROFISSIONAIS DE EDUCAÇÃO INFANTIL

Pedagogia Estácio FAMAP

A IMPORTÂNCIA DO ASSISTENTE SOCIAL NOS PROJETOS SOCIAIS E NA EDUCAÇÃO - UMA BREVE ANÁLISE DA EXPERIÊNCIA DO PROJETO DEGRAUS CRIANÇA

WORKSHOP INCLUSÃO MATEMÁTICA

FORMAÇÃO CONTINUADA DE PROFESSORES NO CONTEXTO TECNOLÓGICO: DESAFIOS VINCULADOS À SOCIEDADE DA INFORMAÇÃO

NOTA DE ESCLARECIMENTO DA FENEIS SOBRE A EDUCAÇÃO BILÍNGUE PARA SURDOS (EM RESPOSTA À NOTA TÉCNICA Nº 5/2011/MEC/SECADI/GAB)

QUALIFICAÇÃO DAS PRÁTICAS PEDAGÓGICAS NAS REDES PÚBLICAS DE EDUCAÇÃO BÁSICA DA REGIÃO SUL DO RIO GRANDE DO SUL: REINVENTANDO O PODER ESCOLAR

SER MONITOR: APRENDER ENSINANDO

Lara, Patrícia Tanganelli - UNESP/Marília Eixo Temático: Formação de professores na perspectiva inclusiva

O PEDAGOGO E O CONSELHO DE ESCOLA: UMA ARTICULAÇÃO NECESSÁRIA

OS SABERES PROFISSIONAIS PARA O USO DE RECURSOS TECNOLÓGICOS NA ESCOLA

OS PROJETOS DE TRABALHO E SUA PRODUÇÃO ACADÊMICA NOS GT07 E GT12 DA ANPED ENTRE OS ANOS 2000/2013

SÍNDROME DE DOWN E A INCLUSÃO SOCIAL NA ESCOLA

ANEXO 1. Programas e Ações do Ministério da Educação - MEC. 1. Programas e Ações da Secretaria da Educação Básica SEB/2015

Transcrição:

ACESSIBILIDADE ÀS PESSOAS COM DEFICIÊNCIA NA EDUCAÇÃO SUPERIOR: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA-RS SCOTT JR, Valmôr - UFSM jr.3000@hotmail.com Eixo Temático: Diversidade e Inclusão Agência Financiadora: não contou com financiamento Resumo Este trabalho apresenta as dimensões de acessibilidade às pessoas com deficiência no contexto acadêmico universitário, tendo como pressuposto a classificação de Romeu K. Sassaki, assim como sua materialização na educação superior da Universidade Federal de Santa Maria RS (UFSM). O objetivo desta análise é verificar de que forma a acessibilidade está sendo disponibilizada aos alunos com deficiência na universidade, tendo como objeto de estudo a UFSM. Neste contexto, a pesquisa apresenta como problemática de estudo identificar e analisar que política de acessibilidade é oferecida na educação superior da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) para os alunos com deficiência. Diante disto, utilizou-se a pesquisa de cunho qualitativo, sendo utilizado como metodologia a pesquisa bibliográfica, com apoio da legislação pertinente. As principais referências utilizadas são: Boaventura de Sousa Santos, Jaqueline Aparecida de A. Watzlawick, José Carlos Libâneo, José do Prado Martins, José L. Bondía, Romeu K. Sassaki, Rosita Edler Carvalho, entre outros autores e decretos. Este estudo permitirá, a partir das seis dimensões de Sassaki: acessibilidade arquitetônica, comunicacional, metodológica, instrumental, programática e atitudinal, verificar a abrangência da política de acessibilidade da UFSM, com ênfase na acessibilidade metodológica e atitudinal. Isto é de fundamental importância para perceber e refletir sobre a efetiva inclusão educacional das pessoas com deficiência na educação superior. Pesquisar a política de acessibilidade da UFSM trará subsídios para que outras universidades planejem suas ações com vistas a uma educação de qualidade aos alunos com deficiência. A pesquisa contribui para a produção do conhecimento em Educação Especial, no que concerne a acessibilidade às pessoas com deficiência na educação superior. Palavras-chave: Acessibilidade. Pessoas com deficiência. Universidade. Introdução A inclusão educacional das pessoas com deficiência contempla a acessibilidade destes sujeitos na educação superior. Para tanto, as universidades tem o dever de implementar ações

2416 planejadas e eficientes, com vistas a uma educação de qualidade. Várias são as possibilidades de abordagem para que a universidade realize esta incumbência. Nesta pesquisa, serão abordadas as seis dimensões de acessibilidade apresentadas por Sassaki, para que cada universidade possa refletir sobre pressupostos essenciais à elaboração e efetivação de sua política de acessibilidade. Com o mesmo intuito, é importante considerar o que vem sendo feito pelas instituições de educação superior. A Universidade Federal de Santa Maria RS (UFSM), com a colaboração de seu Núcleo de Acessibilidade tem implementado várias ações de acessibilidade para os alunos com deficiência, inclusive sendo contemplada em quatro dos cinco editais publicados pelo Programa Incluir, de iniciativa do Governo Federal, para esta finalidade. A análise do contexto da UFSM, no que se refere ao seu compromisso com a acessibilidade destes alunos, tem a finalidade de trazer contribuições para que outras instituições desta ordem planejem e implementem ações de acessibilidade aos alunos com deficiência. Acessibilidade às pessoas com deficiência no contexto acadêmico No contexto acadêmico, as políticas de acessibilidade tem o objetivo de implementar medidas para a adaptação do contexto acadêmico às necessidades dos alunos com deficiência. SASSAKI classifica a acessibilidade em seis dimensões: Acessibilidade arquitetônica: sem barreiras ambientais físicas nos recintos internos e externos e nos transportes coletivos. Acessibilidade comunicacional: sem barreiras na comunicação interpessoal (facea-face, língua de sinais, linguagem corporal, linguagem gestual etc.), na comunicação escrita (jornal, revista, livro, carta, apostila, etc., incluindo textos em braile, textos com letras ampliadas para quem tem baixa visão, notebook e outras tecnologias assistivas) e na comunicação virtual (acessibilidade digital). Acessibilidade metodológica: sem barreiras nos métodos e técnicas de estudo (adaptações curriculares, aulas baseadas nas inteligências múltiplas, uso de todos os estilos de aprendizagem, participação do todo de cada aluno, novo conceito de avaliação de aprendizagem, novo conceito de educação, novo conceito de logística didática etc), de ação comunitária (metodologia social, cultural, artística etc. baseada em participação ativa) e de educação dos filhos (novos métodos e técnicas nas relações familiares, etc). Acessibilidade instrumental: sem barreiras nos instrumentos e utensílios de estudo (lápis, caneta, transferidor, régua, teclado de computador, materiais pedagógicos), de atividades da vida diária (tecnologia assistiva para comunicar, fazer a higiene

2417 pessoal, vestir, comer, andar, tomar banho etc) e de lazer, esporte e recreação (dispositivos que atendam às limitações sensoriais, físicas e mentais, etc). Acessibilidade programática: sem barreiras invisíveis embutidas em políticas públicas (leis, decretos, portarias, resoluções, medidas provisórias etc), em regulamentos (institucionais, escolares, empresariais, comunitários etc) e em normas de um geral. Acessibilidade atitudinal: por meio de programas e práticas de sensibilização e de conscientização das pessoas em geral e da convivência na diversidade humana resultando em quebra de preconceitos, estigmas, estereótipos e discriminações. (SASSAKI, 2005, p. 23) Estas dimensões de acessibilidade são exemplificativas e não taxativas, pois conforme a realidade de um determinado contexto acadêmico universitário, medidas diversas podem ser elaboradas e efetivadas para possibilitar a igualdade de oportunidades às pessoas com deficiência. Contudo, esta classificação será utilizada por abordar os vários tipos de acessibilidade para a inclusão educacional das pessoas com deficiência. Entretanto, serão abordadas apenas a acessibilidade metodológica (participação do todo de cada aluno) e a acessibilidade atitudinal, em virtude de ambas permitirem participação ativa relacional e democrática entre sujeitos e Universidade, possibilitando o trabalho em conjunto para a construção destas ações no cotidiano acadêmico. (...) a educação não pode contentar-se em reunir as pessoas fazendo-as aderir a valores comuns forjados no passado. Deve, também, responder à questão: viver juntos, com que finalidades, para fazer o quê. E dar a cada um, ao longo de toda vida, a capacidade de participar ativamente, num projeto de sociedade (DELORS, 1998, p. 60 apud MARTINS, 2003, p. 67) A universidade, no desempenho de suas funções, também tem a incumbência de incentivar a responsabilidade de cada pessoa com os demais e, para além da formação técnica, de acordo com as potencialidades do educando, tenha ele deficiência ou não, incentivar a participação ativa para a construção de projetos para o coletivo acadêmico. Nesta perspectiva, a acessibilidade metodológica deve considerar a diversidade de características dos alunos para que se possa derrubar os obstáculos no processo de ensinoaprendizagem, os quais segregam os educandos em várias categorias, entre elas: alunos sem deficiência e alunos com deficiência. Visando superar esta categorização, as instituições federais de ensino superior - IFES tem a função de efetivar ações que proponham, ao invés do

2418 planejamento com base em limitações, o desenvolvimento das potencialidades do aluno com deficiência. Importante lembrar que não há aprendizagem sem o aprendiz, sujeito histórico e ativo, mas que tem enfrentado inúmeros obstáculos estranhos à sua vontade. Em substituição à expressão necessidades educacionais especiais estão em debate algumas propostas que nos falam de remover barreiras à aprendizagem (Ainscow e Booth, 1998) de quaisquer alunos, sem colocar-lhes rótulos ou segregá-los pedagogicamente. A remoção das barreiras de aprendizagem, como eixo das preocupações de educadores e gestores, dispensa a classificação dos alunos, segundo a natureza das dificuldades (CARVALHO, 1998, p. 108) Este movimento em direção a potencialidade do aluno com deficiência exige do professor e do gestor da instituição de ensino superior uma (re)elaboração de suas ações com base no sujeito e não no grupo, considerado aparentemente homogêneo. Ainda, mobiliza a reflexão sobre novas práticas pedagógicas e a inserção participativa do aluno com deficiência nestas ações. Rama (2006 apud MOREIRA, 2006, p. 7) vai além ao considerar que as práticas educativas de caráter participativo são extensivas à sociedade em geral, pois afirma que se deve passar de modalidades pedagógicas homogêneas, memorísticas e repetitivas, a práticas educativas de caráter interativo, em que a responsabilidade da aprendizagem recaia não somente no aluno, mas também nos professores, nos administradores e na sociedade em geral. No cotidiano acadêmico da educação superior, as práticas pedagógicas são efetivadas de forma diversa das considerações acima. CRUZ e DIAS (2009) ao realizar estudo para descrever e analisar as atuais condições de ingresso, permanência e conclusão de cursos por alunos surdos no ensino superior, sob o ponto de vista das experiências por estes alunos relatadas, apresenta informações preocupantes. A disposição dos móveis na sala de aula, a organização das cadeiras em filas, impede o surdo de visualizar a face do professor e dos demais alunos, ou seja, de compreender o que está acontecendo. Esta dificuldade é uma das que fazem o surdo acreditar que no ensino superior tudo é lançado para ele, que deve aprender por conta própria.ele quem deve criar contextos educacionais para a sua aprendizagem. Entre outras dificuldades, estão as perguntas sobre o vocabulário que o surdo é

2419 obrigado a fazer para entender as frases. Isto incomoda o professor, o deixa irritado (CRUZ e DIAS, 2009, p. 72). Na sequencia, CRUZ e DIAS reproduz o depoimento do sujeito S2, ao transcrever: _ Na faculdade eu tive bastante dificuldade de interpretação de texto, de leitura, slide. Ler slide para mim era muito rápido, passar slide. Tinha várias pessoas que trabalhavam em cima de slide, passava muito rápido e não dava nem para prestar atenção na professora nem no telão. A concepção ultrapassada de ação pedagógica sob uma perspectiva que desconsidera a multiplicidade e a individualidade dos educandos, acarreta impedimentos e dificuldades ao aluno com deficiência na educação superior. Nas atuais tendências educacionais entendemos que a educação para todos é, também, a educação para cada um. Para tanto, há que se valorizar as diferenças individuais, considerando-as em termos das necessidades básicas para a aprendizagem. Defendemos o espaço dos indivíduos com necessidades educacionais especiais, mas também entendemos que existem práticas cristalizadas que devem ser ressignificadas sobre outro paradigma, o do sujeito (ALVES e SOUZA, 2004, p. 121). O aluno com deficiência, sendo o paradigma das ações de acessibilidade metodológica, exige uma nova concepção de educação que considere as especificidades destes alunos no processo de ensino-aprendizagem, ao invés da fragmentação decorrente de uma educação segregadora e excludente. Imprescindível considerar que na elaboração e aplicação de práticas pedagógicas no ensino superior, a Educação Especial contribui como modalidade transversal e colaborativa, com iniciativas a partir da década de 1990. Em 1994, a publicação da Política Nacional de Educação Especial surge para orientar a prática desta modalidade de ensino em âmbito nacional. Com o mesmo entendimento, em 1999, a transversalidade da educação especial em todos os níveis de ensino foi reafirmada pelo Decreto n. 3.298 (BRASIL, 1999). A Educação Especial abrange os diferentes níveis e graus do sistema de ensino", isso significa que as pessoas com necessidades especiais podem ser inseridas na rede regular ou especial, em educação infantil, ensino fundamental, ensino médio e nível

2420 superior. Para que este processo ocorra de maneira satisfatória, torna-se necessária a formação especializada de professores de rede regular e especial de ensino, a fim de que possam atuar com profissionalismo e conhecimento científico de diferentes abordagens de intervenção (MARTINS, 2003, p.225) A Educação Especial faz parte do processo de inclusão da pessoa com deficiência no ensino superior, pois é necessário o preparo do professor para utilizar diferentes métodos de intervenção, de modo que se ofereça aos alunos com deficiência uma educação que estimule e desenvolva suas potencialidades. Contudo, para uma acessibilidade metodológica efetiva é preciso uma reestruturação das estratégias educativas da universidade de modo a criar, além da oportunidade de acesso ao ensino superior às pessoas com deficiência, condições para que estes sujeitos possam permanecer na instituição e aprender conforme suas possibilidades. Neste sentido, GLAT e BLANCO (2007, p. 16), apresentam fatores que devem ser observados pelas instituições de ensino, sendo eles: realimentar sua estrutura, organização, seu projeto político-pedagógico, seus recursos didáticos, metodologias e estratégias de ensino, bem como suas práticas avaliativas. Os professores, os alunos, a família e as instituições de ensino superior devem fazer um movimento em prol de outro paradigma, um paradigma que abandone a concepção fragmentada do ensino e da aprendizagem; que entenda o coletivo acadêmico não como uma homogeneidade, mas um universo de singularidades que devem ser respeitadas, independente de limitações. É necessário planejamento em prol das potencialidades e não das deficiências dos alunos e, para além disto, trazer a solidariedade ao contexto acadêmico, como pressuposto para elaboração e efetivação de políticas de acessibilidade metodológica. A acessibilidade atitudinal, por sua vez, consiste na quebra de barreiras decorrentes do preconceito e da falta de informação em relação as pessoas com deficiência nos diversos ambientes em que esteja inserida, inclusive na universidade. Mesmo havendo políticas públicas como o Programa Incluir, é essencial o bem-estar destes sujeitos no convívio em sociedade. Para isto, é fundamental a eliminação de estereótipos embasados na deficiência como sinônima de limitação, em desproveito das potencialidades. CASTRO e ALMEIDA (2008) em estudo de caso na Universidade Federal de São Carlos relatam que as barreiras atitudinais são o maior empecilho à acessibilidade dos alunos

2421 com deficiência no ensino superior da UFSCar. A acessibilidade atitudinal torna-se trabalhosa porque exige mudança de atitude dos sujeitos envolvidos no contexto acadêmico, sejam eles: gestores, professores, alunos, família e funcionários. Trata-se de uma questão relacional, permeada pela alteridade. Dependem de reestruturações perceptivas e afetivo-emocionais que interfiram nas predisposições de cada um de nós com relação à alteridade, dispensando-se rótulos e examinando-se as relações entre as incapacidades das pessoas e as barreiras a elas interpostas pela conjuntura da sociedade em que vivemos (ALVES e SOUZA, 2004, p. 123) Neste contexto, é preciso pensar a educação de modo que a alteridade seja vivenciada entre os atores envolvidos (alunos sem e com deficiência, família, gestores, professores e funcionários das instituições de ensino superior) para que ocorram mudanças atitudinais no contexto acadêmico e também social. BONDÍA (2002, p. 22) apresenta outro modo de pensar a educação, sugerindo a possibilidade de pensá-la a partir do par experiência-sentido, sendo a experiência algo que: Requer um gesto de interrupção, um gesto que é quase impossível nos tempos de correm: requer parar para pensar, parar para olhar, parar para escutar, pensar mais devagar; parar para sentir, sentir mais devagar, demorar-se nos detalhes, suspender a opinião, suspender o juízo, suspender a vontade, suspender o automatismo da ação, cultivar a atenção e a delicadeza, abrir os olhos e ouvidos, falar sobre o que nos acontece, aprender a lentidão, escutar aos outros, cultivar a arte do encontro, calar muito, ter paciência e dar-se tempo e espaço (BONDÍA, 2002, p. 24) A experiência ao ser aplicada à alteridade para com o aluno com deficiência no âmbito da educação superior permite o movimento em prol da acessibilidade atitudinal, tendo em vista que o sujeito ao suspender a opinião, suspender o automatismo da ação, escutar aos outros e cultivar a arte do encontro estará permitindo-se olhar para si e para o outro com deficiência e enxergar alguém que escapa a opiniões pré-concebidas e que tem algo a ensinar e aprender. A acessibilidade atitudinal é desencadeadora de vários fatores no contexto universitário e para além, no contexto social, pois permite o exercício da alteridade,

2422 fundamental para a compreensão do outro e de si, além de contribuir para que a universidade seja um espaço de exercício da democracia, quebrando as tolerâncias veladas e a concepção de deficiência como déficit. Este é um caminho possível à inclusão, à igualdade de oportunidades e para uma educação de qualidade para todos, em virtude do paradigma de mudanças ser o sujeito, com ou sem deficiência, capaz e participativo ativamente nas iniciativas do contexto em que esteja inserido. Tanto a acessibilidade metodológica quanto a acessibilidade atitudinal objetivam a inclusão educacional e relacional da pessoa com deficiência no ambiente acadêmico da universidade, fundamental para o bom desempenho destes alunos, com vistas à igualdade de oportunidades, ao desenvolvimento de suas potencialidades e à elaboração de projetos de vida para o futuro. Universidade Federal de Santa Maria: acessibilidade às pessoas com deficiência A educação superior tem uma finalidade mais ampla do que a concepção simplista de formação de profissionais para o mercado de trabalho; busca também fins científicos e culturais para o sujeito e a sociedade. A educação superior está expressa nos artigos 43 a 57 da LDB. Tem por finalidade formar profissionais nas diferentes áreas do saber, promovendo a divulgação de conhecimentos culturais, científicos e técnicos e comunicando-os por meio do ensino. Objetiva estimular a criação cultural e o desenvolvimento do espírito científico e do pensamento reflexivo, incentivando o trabalho de pesquisa e a investigação científica e promovendo a extensão. Visa divulgar à população a criação cultural e a pesquisa científica e tecnológica geradas nas instituições que oferecem a formação em nível superior e produzem conhecimento. (LIBANEO, 2009 p. 259) A universidades públicas federais são fontes propagadoras da educação superior, possuindo a função social de formar profissionais habilitados não apenas para o mercado de trabalho, mas preparados para o futuro, pois o verdadeiro mercado para o saber universitário reside sempre no futuro ( SANTOS, 2010, p. 226).

2423 Além disto, a universidade tem a função de proporcionar uma educação capaz de impulsionar também o sujeito para o seu futuro e, sendo uma instituição composta por uma rica diversidade de pessoas, deve estar atenta para o coletivo acadêmico. As IFES, em observância e respeito às especificidades dos alunos com deficiência, devem preocupar-se com as condições de acessibilidade. Nesta lógica, a Universidade Federal de Santa Maria elabora e efetiva ações com a colaboração do Núcleo de Apoio à Pessoa com Deficiência, Altas Habilidades-Superdotação (NUAPDAHS), também conhecido como Núcleo de Acessibilidade. Entre as responsabilidades do Núcleo, está o oferecimento de condições de acessibilidade e permanência às pessoas com necessidades especiais 1 no espaço acadêmico, constituindo-se em um centro de referência para alunos, professores e servidores da instituição. O Núcleo de Acessibilidade surge em decorrência de dois textos legais: a Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva Inclusiva (BRASIL, 2008a) e o Decreto n. 6.571, que disciplina sobre a estruturação dos Núcleos de Acessibilidade nas IFES, assim como suas funções: Art. 3 o O Ministério da Educação prestará apoio técnico e financeiro às seguintes ações voltadas à oferta do atendimento educacional especializado, entre outras que atendam aos objetivos previstos neste Decreto: [...] VI - estruturação de núcleos de acessibilidade nas instituições federais de educação superior. [...] 3 o Os núcleos de acessibilidade nas instituições federais de educação superior visam eliminar barreiras físicas, de comunicação e de informação que restringem a participação e o desenvolvimento acadêmico e social de alunos com deficiência (BRASIL, 2008b). A Universidade Federal de Santa Maria, buscando o desenvolvimento acadêmico de seus alunos com deficiência, cria seu Núcleo de Acessibilidade com a finalidade de desenvolver ações voltadas para alunos, professores e servidores técnico-administrativos que apresentam ou estão em contato com transtornos globais do desenvolvimento, altas habilidades/superdotação, deficiências e surdos. 1 A terminologia pessoas com necessidades especiais foi utilizada em respeito ao teor da fonte de consulta: <www.ufsm.br>, Pró-Reitoria de Graduação, acessibilidade.

2424 Criado no ano de 2007, o Núcleo de Acessibilidade da UFSM faz parte de uma política de inclusão da Universidade para alunos com necessidades educacionais especiais, abarcando não só pessoas com deficiência, mas também negros e indivíduos com baixa renda. Hoje, o Núcleo atende quatro grandes grupos: surdos, pessoas com deficiências, com transtornos globais de desenvolvimento e com altas habilidades de superdotação. (ORTIS, 2011, p. 12) As principais competências do Núcleo são a sensibilização frente às barreiras atitudinais, adequação de ambientes, encaminhamento da comunidade universitária a tecnologias e equipamentos especializados indicados às necessidades educacionais especiais; esclarecimentos em relação à legislação brasileira referente às necessidades educacionais especiais e assessoria à comunidade universitária nas questões que envolvem acessibilidade (WATZLAWICK, 2011, p. 54). A Universidade Federal de Santa Maria, no relatório de atividades 2008-2011, do Programa de Ações Afirmativas de Inclusão Racial e Social, ligado à Pró-Reitoria de Graduação PROGRAD apresenta, entre as ações desenvolvidas pelo Núcleo de Acessibilidade no período de 2008 a 2011: - orientação dos professores que possuem alunos com deficiência, transtornos globais de desenvolvimento, surdez e altas habilidades-superdotação, oferecendo sugestões de encaminhamento e de metodologias alternativas, quer nas questões didáticas, quer nas formas de avaliação. - oferta de apoio acadêmico aos alunos com deficiência, transtornos globais de desenvolvimento, surdez e altas habilidades-superdotação, quer no uso adequado de recursos tecnológicos, de informação e de comunicação, quer na facilitação dos materiais de ensino que se façam necessários a sua aprendizagem. - criação de um Banco de Dados e de Informações a respeito do acesso, do ingresso e da permanência dos alunos, professores e técnicos-administrativos com deficiência, transtornos globais de desenvolvimento, surdez e altas habilidadessuperdotação, na UFSM. - realização de campanhas de conscientização da comunidade acadêmica (discente, docente e técnicos-administrativos) mediante seminários, palestras, cursos de extensão e capacitação e discussões sobre como romper barreiras atitudinais diante dos alunos com necessidades educacionais especiais. - empréstimo de materiais (notebooks e gravadores) para uso de alunos deficientes auditivos, cegos e cadeirantes da instituição. Esses materiais são emprestados com prazo até a formatura do aluno (cumprindo requisitos legais de renovação de nota junto à Divisão de Patrimônio). - promoção da acessibilidade através de materiais didáticos e pedagógicos. (UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA, 2011, p. 22-23)

2425 Convém salientar que a preocupação com ações de acessibilidade às pessoas com deficiência no ensino superior também é de interesse do governo federal, com várias iniciativas. Entre elas, o Decreto n. 5.296, de 2 de dezembro de 2004, que estabelece normas gerais e critérios básicos para a promoção da acessibilidade das pessoas portadoras de deficiência ou com mobilidade reduzida. Art. 9 o A formulação, implementação e manutenção das ações de acessibilidade atenderão às seguintes premissas básicas: I - a priorização das necessidades, a programação em cronograma e a reserva de recursos para a implantação das ações; II - o planejamento, de forma continuada e articulada, entre os setores envolvidos (DECRETO.5.296). Esta norma legal demonstra interesse, basicamente, com a superação de barreiras urbanísticas, nas edificações, nos transportes e nas comunicações e informações (artigo 8º) assim como requisitos essências para as ações de acessibilidade, tais como atenção às necessidades dos alunos com deficiência e planejamento contínuo e articulado destas ações. Outra iniciativa a ser considerada é o Decreto n. 5.626, de 22 de dezembro de 2005, que dispõe sobre a Língua Brasileira de Sinais LIBRAS e descreve: Art. 14. As instituições federais de ensino devem garantir, obrigatoriamente, às pessoas surdas acesso à comunicação, à informação e à educação nos processos seletivos, nas atividades e nos conteúdos curriculares desenvolvidos em todos os níveis, etapas e modalidades de educação, desde a educação infantil até à superior.(decreto 5.626) Ao estipular incumbências às instituições federais de ensino superior, apresentando a responsabilidade destes estabelecimentos com a implementação de ações que proporcionem a informação, comunicação e educação de surdos, inclusive na educação superior, esta normativa reforça a necessidade de promoção da igualdade de condições na educação. Neste contexto, visando o cumprimento do disposto nestes decretos e expansão de sua aplicação a todas as pessoas com deficiência surge, por iniciativa do governo federal, uma política de financiamento na área de Educação Especial denominada Programa Incluir, desenvolvido pela Secretaria de Educação Superior do Ministério da Educação (MEC),

2426 objetivando apoiar financeiramente projetos para o acesso e permanência dos alunos com deficiência. O Programa de Acessibilidade na Educação Superior (Incluir) propõe ações que garantem o acesso pleno de pessoas com deficiência às instituições federais de ensino superior (IFES). O Incluir tem como principal objetivo fomentar a criação e a consolidação de núcleos de acessibilidade nas IFES, os quais respondem pela organização de ações institucionais que garantam a integração de pessoas com deficiência à vida acadêmica, eliminando barreiras comportamentais, pedagógicas, arquitetônicas e de comunicação. (PROGRAMA INCLUIR) O Programa publica processos seletivos anuais, tendo seu primeiro edital divulgado em 2005. A Universidade Federal de Santa Maria foi contemplada pela primeira vez em 2006 com o projeto: Acesso e permanência da pessoa com n.e.e. na UFSM. Na sequencia, em 2007 e 2008, foi contemplado o projeto: UFSM sem barreiras Incluir com qualidade. Em 2010, a contemplação coube ao projeto: Acessibilidade na educação superior: UFSM sem barreiras. 2 A contemplação de projetos da UFSM na maioria dos editais publicados pelo Programa Incluir demonstra o planejamento e a pertinência das ações de acessibilidade propostas pela UFSM às pessoas com deficiência na educação superior. Considerações finais A Universidade Federal de Santa Maria, assim como as demais IFES, devem elaborar políticas de acessibilidade numa perspectiva que proporcione uma educação superior de qualidade às pessoas com deficiência, considerando como foco o sujeito e a compreensão sobre o outro na vida acadêmica e social. Fé no papel essencial da educação, no desenvolvimento contínuo da pessoa e da sociedade. Destaca a educação como uma via entre outras, mais que as outras, a serviço do desenvolvimento humano mais harmonioso, autêntico, a fim de reduzir a pobreza, a exclusão, as incompreensões, as opressões, as guerras. Diante das 2 Informações retiradas da site: www.portal.mec.gov.br

2427 modificações profundas dos quadros tradicionais de existência, impõe-se a melhor compreensão do outro, a melhor compreensão do mundo (BASTOS, 2002, p. 163). A compreensão sobre o outro, a aceitação das diferenças e o senso de solidariedade são prerrogativas iniciais para refletir a respeito de políticas de acessibilidade eficientes. É preciso aceitar o outro e suas potencialidades para que se possa elaborar ações capazes de contribuir para a formação acadêmica da pessoa com deficiência. (...) para garantir que as medidas de acesso e permanência na universidade sejam implementadas de acordo com a nova visão de sociedade, de educação e de cidadania em relação à diversidade humana e as diferenças individuais todas as pessoas devem ser aceitas e valorizadas pelo que cada uma possui para construir o bem comum, aprender e ensinar, estudar e trabalhar, cumprir deveres e usufruir direitos e ser feliz (ANDRADE, p. 4). Diante disto, é preciso que as ações de acessibilidade no ensino superior da Universidade Federal de Santa Maria sejam pensadas em consonância com a perspectiva pósmoderna, visualizando a pessoa com deficiência como sujeito participativo nestas ações. Na Pós-Modernidade, busca-se cada vez mais a interação entre o sujeito e a razão mediante um diálogo entre eles, participando o sujeito como ator ou autor, ou seja, passa de um si, caracterizado pela integração social, para um eu responsável por sua individualidade, com identidade própria, porém esse eu não se exclui do coletivo, mas tem consciência de seu papel social, inserindo-se no coletivo como elemento de transformação social (MARTINS, 2003, p. 64) A pessoa com deficiência, uma vez inserida no coletivo da universidade, além da condição de destinatário em ações de acessibilidade, também é elemento de transformação social, ou seja, é colaborador ativo para a construção, em igualdade de condições, de políticas de acessibilidade no contexto acadêmico em que está inserido.

2428 REFERÊNCIAS ALVES, Márcia D; SOUZA, Carmem Rosane S. E. Rompendo barreiras atitudinais: um caminho de aproximação com o outro diferente. Vidya (Centro Universitário Franciscano), v. 21, n. 38, p. 119-124, jul.dez.. Santa Maria, 2004. ANDRADE, M. S. A.; PACHECO, M. L.; FARIAS, S. S. P. Pessoa com Deficiência Rumo ao Processo de Inclusão na Educação Superior. Disponível em: < http://www.fasb.edu.br/revista/index.php/conquer/article/viewfile/27/9>. Acesso em: 27de maio de 2011. BASTOS, Maria Helena C. Perspectivas da universidade brasileira. In: ROHDEN, Valério. (Org.). Idéias de Universidade. Canoas: Ed. ULBRA, 2002. BONDÍA, José L. Notas sobre a experiência e o saber da experiência. Revista Brasileira de Educação. n. 19, p. 20-29, jan- fev- mar-abr, 2002. BRASIL. Decreto n. 5.296, de 2 de dezembro de 2004. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2004/decreto/d5296.htm> Acesso em: 24 maio 2011.. Decreto n. 5.626, de 22 de dezembro de 2005. Disponível em: < http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2005/decreto/d5626.htm> Acesso em: 25 maio 2011.. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Especial. Decreto n. 3.298, de 20 de dezembro de 1999. Regulamenta a Lei n. 7.853 de 24 de outubro de 1989. Dispõe sobre a Política Nacional para Integração da Pessoa Portadora de Deficiência, consolida as normas de proteção e dá outras providências. Brasília, 1999.. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Especial. Política Nacional de Educação Especial. Livro I. MEC-SEESP. Brasília: SEESP, 1994.. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Especial. Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva. Brasília, 2008 a.. Presidência da República. Decreto n. 6.571. Dispõe sobre o atendimento educacional especializado. Brasilia, 2008b.

2429. Programa Incluir. Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/index.php?itemid=495&id=12257&option=com_content&view=article>. Acesso em: 27 maio 2011. CARVALHO, Rosita Edler. Temas em educação especial. Rio de Janeiro: WVA Ed., 1998. CASTRO, S. F. de; ALMEIDA, M. A. Barreiras atitudinais na inclusão de alunos com necessidades educacionais especiais na Universidade Federal de São Carlos. In: Congresso Brasileiro de Educação Especial, 3., 2008, São Carlos. Anais. São Carlos: UFSCar, 2008. CRUZ, José Ildon G., DIAS, Tácia Regina da S., Trajetória escolar do surdo no ensino superior: condições e possibilidades. Revista Brasileira de Educação Especial (Universidade Estadual Paulista). v. 15, n. 1., p. 65-80. Jan.-abr. Marília: ABPEE, 2009. GLAT, R., BLANCO, L. Educação Especial no contexto de uma Educação Inclusiva. In: GLAT, Rosana. Educação Inclusiva: cultura e cotidiano escolar. Rio de Janeiro: Sete Letras, p. 15-35, 2007. LIBÂNEO, José Carlos. Educação escolar: políticas, estrutura e organização. 8. ed. São Paulo: Cortez, 2009. MARTINS, José do Prado; CASTELHANO, Elisabete G. Educação para a cidadania. São Carlos: EdUFSCar, 2003. MOREIRA, H. F., MICHELS, L. R., COLOSSI, N. Inclusão educacional para pessoas portadoras de deficiência: um compromisso com o ensino superior. Escritos sobre Educação. v. 5, n. 1, Ibirité, jun, 2006. ORTIS, Andrea. HUBERTY, Daniela. HENRIQUES, Mariana. Acessibilidade no campus. Revista.txt. ano IV, número 13, p. 12-13, maio 2011. SANTOS, Boaventura de S. Pela mão de Alice: o social e o político na pós-modernidade. 13 ed. São Paulo: Cortez, 2010. SASSAKI, Romeu Kazumi. Inclusão: o paradigma do século 21. Revista Inclusão. ano I, n. 1, p. 19-23, out., 2005.

2430 UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA. Programa de Ações Afirmativas de Inclusão Racial e Social. Relatório de Atividades 2008-2011. Santa Maria, 2011. 70 p. Impresso. WATZLAWICK, Jaqueline Aparecida de A. As (im)possibilidades da inclusão na educação superior. Dissertação de Mestrado. Santa Maria, RS, B