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Transcrição:

Padrão (template) para submissão de trabalhos ao XXVII Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação: Ambiente Midiático Potencializado pela Convergência de Mídias e Internet Móvel 1 Eduardo Campos Pellanda 2 Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul Resumo Em um contexto onde cada vez mais está presente o acesso a Internet sem-fios através de diversos tipos de novos dispositivos constata-se uma formação de um novo ambiente midiático. Uma realidade onde as distâncias são ainda mais virtuais e a conexão à rede é permanente. O fim dos fios para acessar o mundo virtual pode significar um rompimento com o cordão umbilical da atual forma de navegar. O trabalho em questão levanta alguns aspectos desta nova configuração da Internet. Palavras-chave Internet; sem-fio; ambiente; virtual; convergência Corpo do trabalho Depois do término da fase de euforia artificial do início da Internet comercial, conhecida como a fase da bolha, a área caminha agora para uma revolução mais lenta, porém com resultado possivelmente ainda mais impactante para o modo de relacionamento da humanidade com a comunicação. A explosão de conhecimento gerado pelo desenvolvimento frenético da indústria virtual, entre 1994 e 2001, permite que hoje já se possa ter condições de entender as mudanças com outro olhar. A desaceleração posterior da economia está causando um declínio nos investimentos em pesquisa e infra-estrutura para o 1 Trabalho apresentado ao NP 08 Tecnologias da Informação e da Comunicação, do Encontro dos Núcleos de Pesquisa da Intercom; 2 Mestre em Comunicação pela PUCRS, Doutorando em comunicação pela PUCRS Professor de Jornalismo online da PUCRS, Coordenador do estágio em Jornalismo online, Coordenador ATC/FAMECOS, Coordenador Multimídia CPM-FAMECOS Email- eduardo@pellanda.com.br

desenvolvimento das mídias digitais, mas a demanda por produtos interativos de parte dos usuários continua forte, principalmente com a novíssima geração que já cresceu com a Internet. Somado a isto a união da banda larga com a liberação de fios, que servem de cordões umbilicais dos usuários com os computadores, possibilita uma maneira nova de comunicação em rede. A informação agora pode estar não somente em escritórios ou casas mas nas ruas e estradas. Além disto, a forma de interação com o conteúdo não é mais somente por intermédio de textos e fotos. Já se pode contar com áudio, vídeo e gráficos animados convergindo linguagens em uma nova grande mídia. Isso é possível graças às tecnologias de conexão à rede sem fio. Olhar sobre a questão da técnica Desde que se estabelece uma definição de Homo Sapiens já se vincula a ele o conhecimento de técnicas, principalmente para a caça. Em decorrência disso surge a demanda por mobilidade, pois para procurar melhores oportunidades os ancestrais da humanidade precisam se movimentar. Mesmo quando o homem deixa o nomadismo, a mobilidade é uma necessidade. Técnicas para montar em animais e mais tarde a invenção da roda possibilitam uma expansão que decorre do intercâmbio entre as aldeias e depois a formação de cidades, países e a expansão para os continentes com as grandes navegações até a completa possibilidade de transporte existente hoje. Relação homem/técnica As técnicas de ferramentas usadas para a caça ou para fazer fogo geram o debate sobre a relação destas com o homem. Embora pareçam ser extensões do homem como uma lança, por exemplo, este pode ser um olhar simplista para a questão. Pierre Lévy (1994) observa que um martelo não é uma extensão do braço, pois o braço não possui esta função. Logo, o martelo está adicionando uma função ao braço e não fazendo simplesmente uma extensão. Lévy explana sobre extensões neste caso basicamente para contrapor o pensamento de McLuhan (1964) para quem o meio é uma extensão do homem. Já Paul Virilio (1994) concebe o conceito de prótese para os aparatos com os quais ocorre

interação. Mas o termo prótese geralmente é usado na substituição de algo perdido como uma perna ou um coração. No caso do martelo ou de uma chave de fenda não se trata de substituição nem de uma amplificação, mas de um adendo a uma função que até então o homem não poderia fazer. Spengler (1941:61) expõe que: Os mais remotos restos humanos e os mais remotos instrumentos têm a mesma idade. Isto indica que a técnica faz parte da natureza humana. Mas, ao mesmo tempo, o autor considera que a técnica é um afastamento do homem em relação a natureza primitiva. Neste sentido o homem seria artificial ao ambiente ou, por a técnica fazer parte do homem, ele seria naturalmente artificial. Mas, como afirma Ortega Y Gasset (1963:14): a técnica não é o que o homem faz para satisfazer suas necessidades. Não se trata, portanto, somente de uma visão simplista como aparentemente este tema pode ser tratado. A questão da relação do homem com a técnica torna-se ainda mais complexa com a introdução da ferramenta de computação de dados ou o computador. Neste caso, a relação é ainda mais complexa porque esta técnica não é mais tão perceptível e simples como a simbiose braço e martelo. A questão agora é a adição de capacidades de processamento de informações que complementam, amplificam, adicionam e geram feedback para o cérebro humano. Um dos primeiros autores a escrever sobre a relação homem/computador é JCR Licklinder, professor do MIT e pesquisador da ARPA. Licklinder (2002) demonstra que enquanto o computador tem uma possibilidade de processar informações de uma maneira muito rápida ele o faz de modo seqüencial e linear. O homem, por sua vez, pode não ter esta mesma capacidade de processamento linear, mais possui uma forma paralela de computação que permite principalmente relacionar vários dados de maneira quase impossível de se reproduzir. O verdadeiro poder, diz Licklinder, está na união destas duas maneiras de processamento. Talvez com o desenvolvimento não muito distante da computação quântica, que se aproxima mais do cérebro humano, tenha-se um salto nas possibilidades de inteligência artificial e portanto uma nova forma de simbiose homem/máquina. Douglas Engelbart é um dos pioneiros da humanização da técnica de relação do computador com o homem, um dos primeiros a pensar as tecnologias do mouse e da interface gráfica para o computador. Segundo Engelbart (1962), o poder da computação vai

além da questão de processamento matemático e pode ser reproduzido de maneira simbólica para que o homem possa interagir com a informação. Ele cita o caso de alguém projetando um edifício e o computador dando diferentes visões sobre esta obra de maneira gráfica. O interessante é que Engelbart faz um exercício de possibilidade que acaba acontecendo vinte anos após seus escritos. Engelbart(1962) lidera várias pesquisas no MIT sobre interfaces homem/máquina. Um dos experimentos, que a princípio é visto com um caráter futurista, é o de computadores para vestir. Uma das defesas deste e de outros projetos nesta linha é que a simbiose de interação com a máquina passa a ser mais transparente e invisível. O nível de invisibilidade pode ser comparado ao uso de óculos para deficientes visuais. Pessoas que nascem com alguma anomalia de visão praticamente se adaptam ao uso de óculos como se fizessem parte do corpo. A idéia por traz de vários designs de celulares e de computadores de mão está direcionado para este fim. Apesar de o uso de computadores para vestir parecer futurista, hoje já há diversas tecnologias como a de transmissão de dados sem fio Bluetooth. Com o uso desta tecnologia já é possível ter um computador conectado a um celular, que está no bolso da calça, conectado a um pequeno fone de ouvido, que está preso à orelha. Com isso, a simbiose homem/máquina que possivelmente leva a uma transparência do uso de dispositivos comunicacionais móveis, já pode estar sendo utilizada sem que ninguém se dê conta, num processo semelhante ao do uso de um óculos ou de um relógio. Relação homem/técnica/homem A virtualização dos meios de comunicação adiciona outra dimensão ao debate. As distâncias a serem percorridas não são mais físicas e sim culturais e de fala. Estas tendem a ser superadas através da formação de uma nova linguagem formada a partir da necessidade de comunicação. Um exemplo disto são os símbolos usado em chats como :-) para representar sorriso, felicidade. Mas é importante perceber que a virtualização não presume que as pessoas estão se comunicando por interfaces de computadores pessoais de maneira estática do ponto de vista físico. A necessidade de mobilidade está ainda implícita ao ser humano, que com isso

possui o dilema de que quando em movimento não pode estar conectado com o espaço virtual. As novas técnicas de transmissão de dados pelo ar podem ajudar nesta contradição. Agora a lógica de conexão muda, a mobilidade é também possibilidade de conectividade. Desta maneira junta-se através da técnica três anseios do homem da contemporaneidade: a rapidez, a eficiência de locomoção e o permanente contato com os demais membros da comunidade. Entenda-se comunidade aqui não mais um grupo social restrito a uma região geográfica, mas sim um conjunto de pessoas que tem interesses comuns. Pensando o computador ou outro aparato digital Pierre Lévy (1994:147) mostra que acontece uma amplificação das funções cognitivas porque as pessoas se relacionam não com uma máquina simplesmente, mas o processo é o de simbiose. Homem e computador funcionam de maneira colaborativa onde a máquina está processando informações recebidas e devolvendo para que no cérebro haja um novo processamento, e por conseqüência a geração de mais informações gerando assim um processo de looping. Desta maneira, a relação é dependente das duas partes para se manter, visto que, um computador sem informação para processar não é mais do que silício. O homem, por sua vez, ao poder simular e testar informações pela computação pode reorganizar seus conceitos e inclusive alterar o pensamento primitivo. Convergência de Mídias Harold Innis (1951) quando classifica as mídias em Time-biased e Space-biased demonstra que enquanto a primeira se refere aos meios que são difíceis de serem adaptados em vários lugares como a fala, a segunda é caracterizada pela portabilidade, como o papel. Innis mostra que as Space-biased mídias são responsáveis por várias expansões de impérios no passado. O que se vê hoje com a portabilidade de celulares e palmtops multimídia é que a busca pela informação em todas as horas e lugares continua como um aferidor do grau de desenvolvimento de uma sociedade. Contudo, as escalas de valores são diferentes. Hoje não é necessário somente ter a informação na palma da mão, mas sim poder compartilhar em rede para potencializar o poder comunicacional. Desta maneira, é possível verificar que as Space-biased mídias estão cada vez mais acompanhando os indivíduos em todos os lugares e não somente em escritórios ou residências. Paulatinamente caminha-se para um contexto de

imersão midiática onde há o fluxo de áudio, vídeo, textos, fotos e gráficos em vários suportes que acompanham os indivíduos durante o dia. Neste contexto, não há mais um meio claro nas mídias tradicionais. A nova mídia é uma convergência de várias peças como apresenta Pavlík (2000:140): Nós definimos new media (nova mídia) como a convergência entre computadores, telecomunicações e os meios tradicionais de comunicação. O resultado desta mistura digital online incluí a Internet. É importante ressaltar que o termo convergência de mídias seja talvez mais adequado para o que Pavlík chama de new media, pois trata-se de um processo de interação midiática e não somente uma nova mídia O fenômeno da convergência de mídias está sendo detectado neste momento histórico e por isto sua definição ainda não está amadurecida. Pellanda (2001:96) faz a seguinte proposta: A convergência de mídias se dá quando em um mesmo ambiente estão presentes elementos da linguagem de duas ou mais mídias interligados pelo conteúdo. O que se pretende mostrar é que as linguagens originais de uma determinada mídia convencional como o rádio, quando entra no ambiente como o da Internet, em que já existem outras, há uma interação natural entre elas. Esta interação de várias linguagens pode ser a origem de uma nova que seria uma das inovações comunicacionais e definiria melhor a Internet como mídia. Ao se levar em conta várias linguagens convergindo em um mesmo ambiente como na Internet, a mensagem passa a ser o agente principal e determina qual a linguagem com que deve ser narrada. As diferentes versões e linguagens com que um determinado fato pode ser relatado com a convergência de mídias possibilita que não seja moldado e filtrado pelo meio. Sendo assim, as mensagens estão circulando de acordo com a necessidade de narração dos fatos, o que inverte o conceito de Marshall McLuhan que pressupõe uma primazia dos meios no processo de moldagem das mensagens. Walter Ong (1998:196) observa que a mensagem passa a ter um papel diferente quando comparada ao modelo de comunicação vigente: Esse modelo obviamente tem certa semelhança com a comunicação humana, porém, um exame mais atento mostra que essa semelhança é muito pequena e deforma o ato de comunicação, tornando-o irreconhecível. Por isso, o título desvirtuado do livro de McLuhan, The medium is the message [O meio é a mensagem](não exatamente a mensagem ). A comunicação humana, verbal ou não, difere do modelo do meio de uma forma mais essencial pelo fato de requerer uma resposta prevista, a fim de que possa ocorrer. No modelo do meio a mensagem é transportada da posição do

remetente para a do receptor. Na comunicação humana real, o remetente deve estar não apenas na posição de remetente, mas também na do receptor antes que ele possa enviar algo. Quando se pretende transmitir algum acontecimento, o interessante é pensar qual é a linguagem mais adequada para o fato. É relevante que seja transmitido algum vídeo ou uma narração em áudio e um texto para comentar? Ou ainda uma animação em 3D com uma narração para simular o fato e possibilitar a interação do usuário, que escolhe diferentes ângulos de visão deste acontecimento? Os caminhos da convergência entre as mídias podem se dar na medida da demanda da mensagem de acordo com a necessidade de expressão, não só do emissor desta informação, mas do receptor que ao escolher as mídias que mais lhe convém e interagir com a comunicação, se torna também autor. Torna-se importante ressaltar que embora a mídia que transmite o vídeo não é a TV e o áudio não é o rádio, a linguagem destes meios está presente nos ambientes convergentes. Foram estes meios que esgotaram as possibilidades de uso de suas formas de transmissão. Para transmitir um evento em rádio, os profissionais sabem usar artifícios e desenvolvem formas de o ouvinte imaginar o que está acontecendo. Em um ambiente de convergência digital cada uma das linguagens desenvolvidas ao longo dos últimos anos pela TV, rádio e jornal está presente para proporcionar ao receptor uma experiência rica em detalhes e interações. Seguindo um caminho natural, é possível vislumbrar o nascimento de uma nova linguagem resultante desta fusão de mídias tradicionais. Um repórter segmentado por um suporte como o rádio, quando acompanha um fato, sempre imagina como irá transportá-lo para a linguagem auditiva usando todas as técnicas e filtros que a técnica desta linguagem permite. O mesmo acontece quando o profissional de TV ou jornal faz a reportagem deste mesmo fato. Cada mídia tem sua limitação característica e que é suprida usando artifícios. Nem sempre o fato a ser narrado se encaixa neste contexto. Na convergência de mídias na Internet observa-se que as mensagens são narradas de acordo com a linguagem e o tempo necessário para a sua compreensão. Um acidente de carro pode ser narrado com a linguagem do vídeo para mostrar a cena geral do acidente, fotos com detalhes dos impactos, gráficos animados para demonstrar como foi a colisão e áudio para captar depoimentos de testemunhas. Como todas estas linguagens estão interagindo entre seus pontos de

complementações, acabam se transformando em uma nova linguagem convergente. Não há mais aqui a vinculação linguagem/suporte, o que possibilita o entendimento da comunicação de forma mais natural e global para os usuários. Com isto, fica mais claro que o foco neste caso está na mensagem e não mais no meio, pois este se constituí na forma de um ambiente midiático transparente que suporta as diversas linguagens. Ambiente midiático - Meio invisível A tecnologia Wireless sempre esteve ligada à rede no sentido de não linearidade que é a idéia de teia. Até a época do telégrafo e do telefone a comunicação é feita entre dois pontos formando uma reta, portanto linear. Com o desenvolvimento da transmissão sem fio e conseqüentemente do rádio, a linha não é mais reta. Existe um ponto de transmissão e vários de recepção, formando uma rede. Na realidade, a questão da linearidade está vindo à tona no início do século passado como aponta Paul Levinson (1997:80): No mesmo tempo em que Einstein desenhava uma geometria não Euclidiana e publicava seu primeiro paper sobre a teoria da relatividade, Marconi recebia seus primeiros sinais Wireless. É verdade que a teoria de Einstein era comentada por telefone, discutida por pessoas transportadas por trens, descrita, criticada e explicada em documentos impressos, mas ela veio para explicar um século que seria profundamente movido por carros e rádios, e depois por rádios com imagem, a televisão. A tecnologia sem fio está profundamente ligada à base da maioria das grandes formas de comunicação do século XX. A rapidez de consumo de informações faz com que a tecnologia Wireless sirva de suporte para a recepção em tempo real e onipresente, começando assim, uma nova era de relação tempo/espaço. Com esta relação sendo usada à exaustão durante todo o século XX, ao chegar ao seu final percebe-se que diversas tecnologias de comunicação convergem entre si. O resultado disso funde-se com a computação, nascendo assim a Internet. A convergência é um processo intrínseco ao conceito de comunicação em rede. Vários interesses convergem na Internet. Pessoas encontram outras pessoas com as quais possuem afinidade, empresas se conectam com outras empresas que complementem seus modelos de negócios. Seguindo esta linha, há a tendência também da convergência de funções nos aparelhos permitindo

que eles sirvam de suporte para os ambientes multimídia digital. A multiplicação de aparelhos com várias funções incorporadas está cada vez mais acentuada, o que leva a novos usos e combinações não imaginadas originalmente. Um mesmo aparelho com as funções de escrever, tocar, executar e gravar áudio e vídeo, conectado à Internet sem fio, é uma unidade móvel capaz de suportar a convergência de mídias. Estes aparatos tecnológicos estão cada vez mais presentes na forma de celulares, computadores de mão, computadores para carros, pequenos laptops e computadores portáteis em forma de pranchetas com reconhecimento de escrita (Tablet PC). Todos estes aparelhos usam tecnologias como o WI-FI 3, GPRS 4 ou Bluetooth 5 que permitem que se conectem à Internet ou uns com os outros sem fio. Estas tecnologias, além de não terem fios, permitem que o usuário fique todo o tempo conectado (always on) e começam a nascer no momento em que acontece uma estagnação na venda dos computadores de mesa tradicionais. O ano de 2004 é marcado pelo lançamento de vários dispositivos que possuem as três tecnologias wireless citadas anteriormente. Estes aparelhos traduzem a possibilidade de conexão sem limites de tempo e espaço. Diante deste quadro, onde aparelhos acompanham as pessoas em qualquer lugar e é possível ver vídeos ou ouvir áudios em tempo real e navegar em páginas da Internet, há, acima de tudo, a informação onipresente. O cordão umbilical, que restringia o acesso ao ciberespaço aos escritórios, salas de aula e casas, foi rompido. Com a crescente expansão desta realidade se observa uma mídia invisível, por estar em todas as partes, que passa a ser desapercebida como mídia, criando um novo ambiente de comunicação. Como neste ambiente midiático a mídia existe em carros, shoppings e ruas, é possível retomar a discussão de que o suporte não tem tanta importância, justamente pelo seu caráter invisível. O que importa neste contexto é principalmente a mensagem. 3 Com a tecnologia WI-FI é possivel que áreas como universidades, hotéis, cafés ou aeroportos possuam uma rede sem fio de alta velocidade, mas com uma abrangência não muito grande. Esta tecnologia está em franca expansão no mundo inteiro já sendo introduzida em várias residências. 4 A tecnologia GPRS (General Packet Radio Service) utiliza a rede de celular para conectar os aparelhos na Internet. Além disto, permite a cenexão de laptops e computadores de mão. No Brasil a TIM, Claro e a Oi estão instalando esta rede em todo o país. 5 Permite a conexão entre aparelhos a uma curta distância. Possibilita que se ligue um celular a um laptop ou computador de mão.

Rheingold (2001) demonstra, a partir de observações de adolescentes na Finlândia e no Japão, dois países que estão entre os maiores consumidores de comunicações móveis, que verdadeiras comunidades virtuais são formadas nas ruas. Os grupos combinam rapidamente o encontro em um shopping center ou discutem como vão fazer um trabalho para a escola. Tanto as comunicações entre comunidades como os serviços de notícias em texto, áudio ou vídeo mostram que a Internet móvel possui o poder de manter as pessoas em rede estejam elas onde estiverem. Este é um sinal de que o virtual pode potencializar o mundo real ou atual. No começo da Internet há um grande medo de que os indivíduos se isolem em casa. Somando-se a isso, os provedores de conteúdo precisam que os internautas estejam muito tempo à frente dos computadores para potencializar o modelo de negócio e assim sustentar o meio. Tudo isso se quebra com a Internet móvel, as necessidades de informação mudam de sentido e se adaptam como afirma Costa (2002:74): parece que o início do século 21 está preparando outra mutação na maneira que as pessoas se comunicam. Se olharmos para a direção certa, será possível detectar os primeiros sinais de comunidades virtuais que se distanciam dos desktops e saem do ciberespaço. É a chegada dos sem fio. A essência desses novos grupos tem um nome: mobilidade. Eles se conectam por telefones celulares, palmtops ou pequenos radiotransmissores de curto alcance. São os portáteis. O essencial é poder estar sempre ligado em qualquer lugar. Desta forma, o perfil dos super-conectados do passado, onde são observadas pessoas trancadas em casa por várias horas, difere bastante dos internautas móveis. Estes, por definição da tecnologia, estão todo o tempo conectados, mas só acessam informações quando necessitam. Na comunidade virtual móvel uma conversa com pessoas que nunca se encontraram pode possibilitar rapidamente um encontro. A noção de distância que já foi abalada no começo da Internet, agora parece estar ainda mais incerta. Andando na rua, em qualquer cidade do mundo, pode-se escutar a rádio da cidade natal ou acessar um banco de dados para saber se o imposto da casa foi pago. Na própria cidade onde se mora é possível saber informações móveis extremamente úteis como condições do trânsito e endereços. A informação, mais do que nunca, está em qualquer lugar e pode ser acessada a qualquer hora. Existe agora outra configuração de entrada no ciberespaço como mostra a fig 1. Antes havia toda a ponte entre o real e o virtual, passando pelo computador em casa ou

no ambiente de trabalho. Agora, não existe mais uma ponte e há a possibilidade de o usuário estar envolto durante a vida real em um ambiente de mídias conectado à Internet. Fig. 1 Neste gráfico fica mais nítida a idéia de ambiente que a mobilidade pode proporcionar. Somando-se a isso outros imputs de informações, existentes nas cidades atualmente, há uma relação de invisibilidade do acesso à informação. Não fica mais tão claro como antes, quando havia praticamente só o jornal como canal de comunicação. Esta característica invisível se dá no momento em que uma tecnologia é incorporada ao cotidiano como explica Mark Weiser (1991:43): A mais profunda tecnologia é aquela que desaparece. Ela se mistura no cotidiano e fica indistinguível dela mesma. O rádio demonstra como a mobilidade pode infuenciar em uma mudança profunda na linguagem de um meio. Na década de 50, a portabilidade possibilitada pela invenção do transistor é uma forma de revitalização do rádio, já que a TV começa a ocupar o espaço principal nas salas das residências. A mobilidade permite que os ouvintes levem o rádio aos estádios de futebol e para os carros. O conteúdo, então, paulatinamente sofre transformações até chegar a uma integração ao cotidiano dos ouvintes como é conhecido

hoje. Mas a rede sem fio do rádio não pode tomar proveito das vantagens que a Internet possuí como a comunicação em duas vias e a conexão ponto a ponto. Estas características potencializam uma transformação ainda mais profunda na linguagem e usos da rede, pois permitem que haja a colaboração entre as pessoas como observa Rheingold (2003:60): Quando uma rede é disposta para fazer a transmissão de algo para indivíduos, como a rede de TV, o valor do serviço é linear. Quando a rede disponibiliza transações entre nós individuais, o valor é quadrado. Quando a mesma rede inclui maneiras de pessoas criarem grupos, o valor é exponecial. A Internet móvel, desta forma, pode possibilitar não somente a transposição de todas as formas de comunicação conhecidas hoje na rede, mas a incubação de várias outras novas. A informação passa a ser recebida e enviada não só em um escritório ou residência, mas em todos os lugares em que for pertinente. Referências bibliográficas COSTA, Rogério da. A cultura digital. São Paulo, Publifolha, 2002 DERTOUZOS, Michael. What will be, New York, HarperCollins, 1997 --. The Unfinished Revolution, New York, HarperCollins, 2001 GILDER, George F. Life after Television, New York, W.W. Norton & Company, Inc, 1990 --. Telecosm, New York, The Free Press, 2000 HILTZIK Michael. Dealers of Lightning, New York, HarperCollins, 1999 FORD, Aníbal. Navegações: comunicação, cultura e crise. Rio de Janeiro, Editora da UFRJ, 1999 INNIS, Harold Adams. The Bias of Communication. 1951. Intro. Marshall McLuhan. Toronto: Univerity of Toronto Press, 1964. LÉVY, Pierre. Cibercultura. São Paulo, Editora 34, 1999 --. O que é o Virtual. São Paulo, Editora 34, 1996 --. Tecnologias da Inteligência. São Paulo, Editora 34, 1994

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