Page222 Êxito na Universidade Success at the University Burns. T & Sinfield, S. (2008/2008). Essential study skills: the complete guide to success at University. 2ª ed. Ampliada. Los Angeles, Ca: SAGE, p. xv + 321. Geraldina Porto Witter UNICASTELO O livro aqui resenhado teve sua primeira impressão em 2008, que rapidamente foi consumida, sendo logo em seguida lançada a segunda edição acrescida com dois capítulos novos, um da autoria de Debbie Holley, da London Metropolitan University, e outro assinado por Christine Keenan, da Bournemouth University. Tom Burton leciona na London Metropolitan University e Sandra Sinfield atua na mesma universidade, sendo conhecidos pesquisadores do ensino superior. O livro começa com um guia de como usá-lo tirando o melhor proveito possível dos vários capítulos, programados na forma de autoinstrução. A Introdução é uma orientação mais envolvente de como usar os vários capítulos da obra que pretende tornar o universitário mais eficiente e feliz desvendando mistérios da Educação Superior. Alerta que há muitas maneiras de ver a questão além da enfocada no livro. Todos os capítulos seguem uma mesma estrutura: objetivos, resultados esperados, tópicos do tema em estudo, destaques, orientações para pensar sobre o assunto, sugestão de seminários, leituras independentes, atividades, conclusões, pontos para revisão e uma lista de checagem do que o aluno trabalhou e aprendeu dos tópicos principais do capítulo. São 21 capítulos organizados em quatro tópicos. O primeiro trata do ambiente e da origem dos próprios alunos, sendo que o primeiro dos três que integram esta parte trata da origem, razões e sentimentos dos que buscam a universidade, suas esperanças e temores que podem ser resolvidos com os seis passos para o êxito explicitado nos capítulos subseqüentes. O capítulo seguinte é uma descrição de como a universidade funciona, esperando que o leitor compreenda a comunidade acadêmica, os vários tipos de atividades que são aí desenvolvidas e se envolva com elas. Certamente é necessário fazer uma adaptação a cada universidade, especialmente as existentes em países como o Brasil. Embora haja pistas no capítulo que permitem esta flexibilidade a ação de um coordenador ou docente pode ser de grande utilidade. O capítulo seguinte orienta o leitor a conhecer o curso que
Page223 frequenta de uma maneira abrangente, como pode ter sua aprendizagem orientada, não sendo um mero passageiro no curso. É um texto muito útil como sugestão para coordenadores de curso que desejem dar melhores condições para o êxito dos alunos na vida universitária e na profissional. A segunda parte trata do aprender eficientemente e é composta por nove capítulos. O primeiro deles (4º do livro) conceitua aprendizagem e estilos de aprendizagem e como torná-la mais eficiente. O capítulo 5 orienta sobre como proceder para se organizar para ser independente o que implica em organização, saber quando, onde e como estudar, oferece pistas e orientações claras e úteis. A seguir (capítulo 6) é considerado como o computador pode apoiar a aprendizagem e o uso adequado dos recursos disponíveis, os cuidados no uso das várias tecnologias de informação, conhecer as semelhanças e diferenças entre elas, as características dos Ambientes Virtuais de Aprendizagem de modo a capacitar o aluno para ser um pesquisador competente do sistema Web. Bons endereços para aprendizagem acadêmica são apresentados. O capítulo seguinte foi escrito por Debbie Holley que volta a atenção do leitor para uma questão de interesse pessoal, acadêmico e social que é o trabalho em grupo esperando que o aluno aprenda a se envolver em atividades deste tipo, desenvolvendo as habilidades necessárias para capacitar-se para ter competências compatíveis e para melhorar seu curriculum vitae (CV). Conceitua este tipo de trabalho, seus vários tipos de estratégias para êxito. O capítulo 8 trata da criatividade como característica pessoal e profissional que precisa ser desenvolvida na escola, do que o aluno precisa estar ciente e começar a desenvolver para o que apresenta várias técnicas de eficiência conhecida e de fácil aplicação tais com a tempestade cerebral (brainstorm) em suas várias modalidades. Todos os países precisam contar com profissionais criativos para evoluírem e serem competitivos. A aprendizagem tem implicações emocionais que não podem ser ignoradas, tendo efeitos na autoconfiança e outros aspectos do saber e da personalidade. Este é o tema do capítulo 9 em que faz, do prisma emocional, uma revisão da natureza do ambiente acadêmico, discute os temores e a falta de autoconfiança, a necessidade de assertividade e estratégias para reduzir estresse e melhorar a confiança pessoal. Isto pode facilitar ao aluno tornar-se um pensador (capítulo 10) capaz de compreender a importância de refletir sobre o próprio processo de aprendizagem, as atividades em que se envolve, seu desenvolvimento em relação ao estudo e habilidades acadêmicas para ser um aluno bem sucedido e capaz de aproveitar as oportunidades disponíveis. Várias sugestões de atividades são apresentadas enfatizando as técnicas de estudo, as revisões específicas, a criatividade, a comunicação eficiente, as emoções e as revisões amplas e gerais. Ler academicamente pede habilidades específicas que precisam ser cuidadas na universidade o mesmo se podendo dizer da pesquisa, O capítulo 11 trata especificamente desta matéria devendo o
Page224 estudante compreender a natureza e o propósito de leitura acadêmica, saber fazer as relações necessárias e éticas entre leitura e escrita, compreender os objetivos da pesquisa e usar estratégias para a leitura pertinente, saber fazer anotações do que leu e envolver-se em várias atividades que reforcem a compreensão do que, do porquê e do como ler. Várias estratégias são apresentadas para alcançar estas metas com exercícios úteis. O capítulo seguinte dá continuidade ao tema enfocando o comportamento de tomar notas, aspectos teóricos e práticos, bem como a busca de padrões estratégicos de fazer anotações e práticas criativas de aprendizagem nas várias áreas. A terceira sessão do livro é voltada para a comunicação eficiente tratada ao longo de seis capítulos, sendo que no primeiro deles (capítulo 13) o aluno é orientado a se tornar um escritor confiante. Isto implica em conhecer como acessar material, o tipo de texto a ser redigido e de como seguir as normas para a boa comunicação, saber o valor do escrever para aprender em relação ao aprender para escrever. O processo começa pela organização pessoal com ênfase no planejamento e uso de técnicas para preparo, realização e revisão. Para ter êxito é preciso estabelecer relações nos vários aspectos do uso do texto: organização, manejo do tempo, revisão, criatividade, anotações, objetivos da pesquisa e leituras. Para escrever é necessário usar algumas técnicas que ajudam na escrita e permitem o desenvolvimento da mesma. O texto serve tanto para graduandos como pósgraduandos e qualquer profissional que seja um escritor relutante ou assuma um dos muitos papéis de avaliador de texto científico. Além dos textos, mais breves, do universitário e do profissional é esperado que escrevam ensaios e relatórios mais amplos. O assunto é o eixo do capítulo 14 que retoma alguns aspectos já enunciados nos capítulos anteriores. Começa conceituando as várias formas de discurso acadêmico: ensaio, relatório, apresentação, seminário, ensaios reflexivos, teses/dissertações, exames, resenhas, bibliografia anotada, revisão da literatura. O capítulo seguinte aprofunda o assunto e fornece uma base para redação de ensaios reflexivos, que implica em levar em conta as características deste discurso e como a pessoa é enquanto pessoa reflexiva. Para começar o processo é preciso organizarse, planejar, fazer esboços, orientar-se pelo que é exigido na elaboração de projetos de pesquisa em andamento. Lembra que o ciclo de reflexão implica na sequência: teoria-ação planejada reflexão sobre a ação e teoria revisão da teoria ou nova teoria nova ação planejada. Outra opção de sequência seria: identificar um problema elaborar ou buscar uma teoria exercer uma ação planejada refletir sobre o obtido. Certamente fazer relatórios de vários tipos e níveis é uma constante na vida universitária e é tratado no capítulo 16. O relatório pode implicar em relato de pesquisa, ensaio, apresentação pública, seminário, tendo em cada caso de seguir regras específicas para garantir uma comunicação eficiente. O estudante precisa conhecer a razão de fazer relatórios, das regras para atingir o alvo desejado e de
Page225 como usar as técnicas de pesquisa, de planejamento e estratégias diversas, conforme o relatado no capítulo. A apresentação também requer preparo adequado, o uso de estratégias e respeito a regras diversas, inclusive cuidado no uso da linguagem oral/escrita e corporal (capítulo 17). É preciso pensar nas possíveis questões que a audiência poderá fazer. Uma comunicação eficiente implica, segundo os autores, em quatro passos: planejar, preparar, praticar e apresentar. Dão orientações úteis a todos eles e a aspectos específicos de cada um. Caberia fazer algumas considerações sobre como aproveitar as sugestões, as observações e o vivenciar a apresentação nas elaborações posteriores de apresentação e de elaboração de texto. Outra atividade comum na vida universitária e mesmo profissional é a participação em seminários. Há uma rica e variada tipologia e formas eficientes de fazer seminários que não são empregadas no Brasil. Os autores não poderiam no espaço de um capítulo (18) explicitar todos, além do que diariamente novas modalidades surgem. Nestas condições, optaram por apresentar as características básicas comuns úteis a todas as maneiras de executar esta atividade. Para ter êxito é preciso estar ciente do tipo de seminário, o que, o porquê e o como estão implícitos, respeitar as regras da comunicação eficiente, os critérios e valor da informação a ser apresentada aos pares, organizar-se para a apresentação, estabelecer relação com os aspectos referidos anteriormente. A última parte trata de como fazer revisões eficientes e ter êxito em exames e seleções. Foi composta por três capítulos. O capítulo 19 orienta sobre como construir a memória e ter efetividade nas revisões, o que requer considerar as próprias estratégias de memória e memorização, aprender e considerar as diferenças de estratégias para memória de curto e longo prazo. É preciso trabalhar a memória, a aprendizagem e usar procedimentos adequados. Recorrer ao ciclo de memória é muito útil em termos gerais e implica em cinco passos: 1 - em dez minutos fazer uma síntese do material e ligar com o já foi estocado na memória; 2 no dia seguinte em dois minutos rever a matéria e suas ligações; 3 uma semana depois, reativar a Memória em dois minutos; 4 um mês depois reativar a memória por dois minutos; 5 sempre e por quanto tempo desejar manter o assunto ativo na memória usar da reativação. Há estratégias específicas para memória, de curto e longo prazo. Como entender e passar nos exames (capítulo 20) implica em saber a natureza dos exames, as respostas típicas esperadas, considerar o curso como um todo, saber usar os recursos de aprendizagem, estratégias de revisão e exame. Várias orientações são dadas e sugestões úteis para se preparar, para superar as dificuldades e vencer a competição. O último capítulo é da autoria de Christine Keenan e trata do estabelecimento do Planejamento de Desenvolvimento Pessoal (PDP), essencial para alunos, professores, profissionais, para todos os seres humanos ao longo de suas vidas, Para tanto é preciso aprender as fases de
Page226 aprendizagem associadas do PDP, o que ele é e implica, que benefícios traz para todos, as estratégias de planejamento, como a vida universitária influi e como se processa a transferência de aprendizagem. Um índice de conteúdo e de autores ajuda a recuperação e a manutenção na memória do material constante no livro. Trata-se de livro atual e de informação e formação de grande pertinência e utilidade para a vida universitária, para a vida profissional e para quantos se ocupam com a formação de recursos humanos. Recebido em: 01/01/2011 Aceito em: 07/06/2011