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Transcrição:

(NåèÂ0R1R0) RELATOR(A) : JUIZ FEDERAL JOÃO CÉSAR OTONI DE MATOS RELATOR CONVOCADO : JUIZ FEDERAL JOÃO CÉSAR OTONI DE MATOS APELANTE : INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS PROCURADOR : PROCURADORIA REGIONAL FEDERAL DA 1ª REGIÃO APELADO : ELAINE CARNEIRO DE OLIVEIRA ADVOGADO : DF00011122 - SANDRA GISELDA GIL BRAMBILLA REMETENTE : JUIZO FEDERAL DA 20A VARA - DF EMENTA PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA. TEMPO DE SERVIÇO ESPECIAL. MOTORISTA DE CAMINHÃO DE TRANSPORTE DE CARGAS E MOTORISTA DE ÔNIBUS DE PASSAGEIROS. ENQUADRAMENTO POR CATEGORIA PROFISSIONAL NO PERÍODO ANTERIOR À EDIÇÃO DA LEI 9.032/95. APÓS, NECESSIDADE DE PROVA DA EFETIVA EXPOSIÇÃO A AGENTES NOCIVOS PREJUDICIAIS À SAÚDE E À INTEGRIDADE FÍSICA DURANTE A JORNADA DE TRABALHO. RUÍDO. APELAÇÃO E REMESSA NECESSÁRIA PARCIALMENTE PROVIDAS. 1 - A regulação pertinente, anterior ao advento da Lei 9.032/95 e Decreto 2.172/97, permitia a caracterização do tempo de serviço como especial mediante mero enquadramento por categoria profissional. 2 - Admitia-se ainda, para as atividades não expressamente referidas nos róis veiculados através dos Decretos 53.831/64 e 83.080/79, a configuração do trabalho especial desde que comprovada a exposição a agentes agressivos prejudiciais à saúde previstos na legislação referida, podendo essa demonstração ser realizada através de qualquer meio lícito e hábil de prova. 3 - Após a edição da Lei 9.032/95, tornou-se necessária a comprovação, mediante preenchimento de formulário próprio de informações sobre exercício de atividades com exposição a agentes nocivos, da sujeição permanente, não ocasional nem intermitente, a condições especiais de trabalho prejudiciais à saúde ou à integridade física, observada a relação de agentes agressivos de que trata o art. 58 da Lei 8.213/91. 4 - Já a partir da vigência do Decreto 2.172/97, mostra-se imprescindível à prova da especialidade do tempo de serviço a apresentação de prova técnica pericial acerca da exposição a agentes agressivos durante a jornada de trabalho. Oportuno salientar, no ponto, que a Instrução Normativa n. 27, de 30/04/08, do INSS, atualmente em vigor, embora padeça de redação confusa, em seu artigo 161, parágrafo 1º, prevê que, quando for apresentado formulário PPP que contemple também os períodos laborados até 31/12/03, será dispensada a apresentação do laudo técnico. A própria Autarquia Previdenciária, a partir de 2003, por intermédio de seus atos normativos internos, prevê a desnecessidade de apresentação do laudo técnico, para comprovação da exposição a quaisquer agentes agressivos, inclusive o ruído, desde que seja apresentado o PPP, por considerar que o documento é emitido com base no próprio laudo técnico, cuja realização continua sendo obrigatória, devendo este último ser apresentado tão somente em caso de dúvidas a respeito do conteúdo do PPP. (TNU, PU 2006.51.63.000174-1, Relator Juiz Federal Otávio Henrique Martins Port, julgado em 03/08/2009, votação unânime, DJ de 15/09/2009). 5 - É considerada especial a atividade exercida com exposição a ruídos superiores a 80 decibéis até a edição do Decreto n. 2.171, de 05.03.97, sendo considerado prejudicial, após essa data, o nível de ruído superior a 90 decibéis. A partir da entrada em vigor do Decreto n. 4.882, em 18.11.2003, o limite de tolerância de ruído ao agente físico foi reduzido a 85 decibéis. (AgRg no REsp 1399426/RS, HUMBERTO MARTINS, Segunda Turma, DJe de 04/10/2013) (Grifamos) (DB;HÎ) - Nº Lote: 2018112464-3_1 -

6 No caso em apreço, o período entre 18/04/77 a 06/02/78 deve ser enquadrado como especial, uma vez que o formulário de fl. 21, bem como o laudo técnico pericial juntado à fl. 22 atestam que neste lapso a parte autora trabalhou para a Bombril Cirio S/A, como Auxiliar de Acondicionamento e Acondicionadora, no setor: Lã de aço, exposta ao agente agressivo ruído de 85 db, intensidade esta acima da tolerada pela legislação previdenciária pertinente. 7 Os períodos de 10/03/80 a 10/12/80, 01/08/84 a 08/11/84, 05/06/86 a 30/08/86 e 09/10/86 a 22/02/87 também devem ser reconhecidos como tempo especial, tendo em vista que em todos eles a parte autora exerceu a atividade de motorista de caminhão de carga e motorista de transporte de passageiros, quadro que permite o enquadramento por categoria profissional na forma do código 2.4.2 do Anexo II do Decreto 83.090/79 (TRANSPORTE URBANO E RODOVIÁRIO Motorista de ônibus e de caminhões de cargas [ocupados em caráter permanente]). 8 - Os períodos de 02/10/81 a 20/07/84, 01/12/84 a 30/05/86, 01/07/87 a 30/11/87, 14/08/89 a 16/08/93 e de 17/08/93 a 28/04/95 devem ser enquadrados como tempo especial tanto pelo enquadramento pela categoria profissional na forma do código 2.4.2 do Anexo II do Decreto 83.090/79 (TRANSPORTE URBANO E RODOVIÁRIO Motorista de ônibus e de caminhões de cargas [ocupados em caráter permanente]), quanto pela sujeição da parte autora ao agente agressivo ruído cujas intensidades médias foram acima da tolerável pelo Decreto aplicável, conforme item 8, (de 82dB a 84 db vide documentos de fls. 24/25, 27/28, 34, 35/37 e 38/40. 9 - O período entre 29/04/95 e 05/03/97, em que a autora trabalhou na Sociedade de Transportes Coletivos de Brasília Ltda, também deve ser reconhecido como tempo de serviço especial tendo em vista a sua exposição ao ruído médio de 82 db durante a jornada de trabalho, atestada no laudo pericial acostado às fls. 38/40. Com relação ao lapso imediatamente posterior, 06/03/97 a 22/1/99, entretanto, não cabe o reconhecimento da especialidade pela categoria profissional, vez que posterior à edição da Lei 9.032/95, nem mesmo pela exposição ao agente ruído, pois, conforme atestado no formulário e laudo técnico referidos (fls. 38/40), a intensidade média a que a apelada ficava exposta (82 db) era inferior à tolerância prevista na legislação em vigência. 10 - Oportuno destacar que, a teor da Súmula 33 deste TRF/ 1ª Região, o requisito etário não é pressuposto para a concessão da aposentadoria especial: Aposentadoria especial decorrente do exercício de atividade perigosa, insalubre ou penosa não exige idade mínima do segurado". 11 Este o quadro, tem-se que a soma do tempo da apelada reconhecido como especial (18/04/77 a 06/02/78, 10/03/80 a 10/12/80, 02/10/81 a 20/07/84, 01/08/84 a 08/11/84, 01/12/84 a 30/05/86, 05/06/86 a 30/08/86, 09/10/86 a 22/02/87, 01/07/87 a 30/11/87, 14/08/89 a 16/08/93, 17/08/93 a 05/03/97) não totaliza 25 anos, do que resulta a improcedência do pedido de aposentadoria especial. 12 Registre-se que, ao contrário do concluído pelo magistrado sentenciante, ainda que considerado como especial o interstício entre 29/04/95 e 05/03/97, não possuiria a parte apelada tempo suficiente para a concessão da aposentadoria especial pleiteada. 13 - Por estas razões, dou parcial provimento à apelação e ao reexame necessário para afastar a especialidade do período 06/03/97 a 22/1/99 e julgar improcedente o pedido de concessão de aposentadoria especial. Fica determinado que o INSS proceda à averbação, com a devida conversão pelo fator 1.2, do tempo de serviço reconhecido como especial nos períodos de: 18/04/77 a 06/02/78, 10/03/80 a 10/12/80, 02/10/81 a 20/07/84, 01/08/84 a 08/11/84, 01/12/84 a 30/05/86, 05/06/86 a 30/08/86, 09/10/86 a 22/02/87, 01/07/87 a 30/11/87, 14/08/89 a 16/08/93, 17/08/93 a 05/03/97. 14 - Apelação e remessa necessária parcialmente providas. ACÓRDÃO Decide a Turma, à unanimidade, dar parcial provimento à apelação e à remessa necessária, nos termos do voto do Relator. 2ª Turma do TRF - 1ª Região. Brasília, 10 de outubro de 2018. JUIZ FEDERAL JOÃO CÉSAR OTONI DE MATOS (DB;HÎ) - Nº Lote: 2018112464-3_1 -

RELATOR CONVOCADO (DB;HÎ) - Nº Lote: 2018112464-3_1 -

(NåèÂ0R1R0) RELATÓRIO O Exmo. Sr. Juiz Federal JOÃO CÉSAR OTONI DE MATOS (Relator Convocado): 1 - Trata-se de recurso de apelação contra sentença (fls. 300 e segs.) que julgou procedente o pedido autoral para reconhecer os períodos trabalhados entre 18/04/77 a 06/02/78, 10/03/80 a 10/12/80, 02/10/81 e 20/07/84, 01/08/84 e 08/11/84, 01/12/84 a 30/05/86, 05/06/86 a 30/08/86, 09/10/86 e 22/02/87, 01/07/87 e 30/11/87, 14/08/89 e 16/08/93 e 17/08/93 e 22/11/99, como atividade especial e determinar a conversão desse período em tempo comum, mediante aplicação do fator 1,20, para ser somado ao restante do tempo sujeito, também a contagem comum e, por conseguinte, determinar ao INSS que conceda à Autora a aposentadoria especial, desde a data do requerimento administrativo, tal seja, 7 de outubro de 2002, com o pagamento dos benefícios atrasados condenado o INSS a conceder o benefício de aposentadoria especial ao autor desde a data do requerimento administrativo, 17/03/2003. 2 - Diz o apelante, em síntese (fls.308 e segs.), que: a) não houve a comprovação da especialidade do período controverso; b) a parte autora/apelada não preenche o requisito legal etário previsto para a concessão do benefício de aposentadoria especial; c) o raciocínio utilizado pelo magistrado a quo para alcançar o lapso superior a 25 anos de tempo especial não encontra respaldo legal; d) na hipótese de ser mantida a sentença, deve ser aplicada a Súmula 111 do STJ, segundo a qual os honorários devem incidir sobre os valores devidos até a data da prolação da sentença. 3 - Contrarrazões às fls. 317 e segs. É o relatório. VOTO 4 - A regulação pertinente, anterior ao advento da Lei 9.032/95 e Decreto 2.172/97, permitia a caracterização do tempo de serviço como especial mediante mero enquadramento por categoria profissional. 5 - Admitia-se ainda, para as atividades não expressamente referidas nos róis veiculados através dos Decretos 53.831/64 e 83.080/79, a configuração do trabalho especial desde que comprovada a exposição a agentes agressivos prejudiciais à saúde previstos na legislação referida, podendo essa demonstração ser realizada através de qualquer meio lícito e hábil de prova. 6 - Após a edição da Lei 9.032/95, tornou-se necessária a comprovação, mediante preenchimento de formulário próprio de informações sobre exercício de atividades com exposição a agentes nocivos, da sujeição permanente, não ocasional nem intermitente, a condições especiais de trabalho prejudiciais à saúde ou à integridade física, observada a relação de agentes agressivos de que trata o art. 58 da Lei 8.213/91. 7 - Já a partir da vigência do Decreto 2.172/97, mostra-se imprescindível à prova da especialidade do tempo de serviço a apresentação de prova técnica pericial acerca da exposição a agentes agressivos durante a jornada de trabalho. Oportuno salientar, no ponto, que a Instrução Normativa n. 27, de 30/04/08, do INSS, atualmente em vigor, embora padeça de redação confusa, em seu artigo 161, parágrafo 1º, prevê que, quando for apresentado formulário PPP que contemple também os períodos laborados até 31/12/03, será dispensada a apresentação do laudo técnico. A própria Autarquia Previdenciária, a partir de 2003, por intermédio de seus atos normativos internos, prevê a desnecessidade de apresentação do laudo técnico, para comprovação da exposição a quaisquer agentes agressivos, inclusive o ruído, desde que seja apresentado o PPP, por considerar que o documento é emitido com base no próprio laudo técnico, cuja realização continua sendo obrigatória, devendo este último ser apresentado tão somente em caso de dúvidas a respeito do conteúdo do PPP. (TNU, PU 2006.51.63.000174-1, Relator Juiz Federal Otávio Henrique Martins Port, julgado em 03/08/2009, votação unânime, DJ de 15/09/2009). 8 - É considerada especial a atividade exercida com exposição a ruídos superiores a 80 decibéis até a edição do Decreto n. 2.171, de 05.03.97, sendo considerado prejudicial, após essa data, o nível de ruído (DB;HÎ) - Nº Lote: 2018112464-2_0 -

superior a 90 decibéis. A partir da entrada em vigor do Decreto n. 4.882, em 18.11.2003, o limite de tolerância de ruído ao agente físico foi reduzido a 85 decibéis. (AgRg no REsp 1399426/RS, HUMBERTO MARTINS, Segunda Turma, DJe de 04/10/2013) (Grifamos) 9 - No caso em apreço, o período entre 18/04/77 a 06/02/78 deve ser enquadrado como especial, uma vez que o formulário de fl. 21, bem como o laudo técnico pericial juntado à fl. 22 atestam que neste lapso a parte autora trabalhou para a Bombril Cirio S/A, como Auxiliar de Acondicionamento e Acondicionadora, no setor: Lã de aço, exposta ao agente agressivo ruído de 85 db, intensidade esta acima da tolerada pela legislação previdenciária pertinente. 10 - Os períodos de 10/03/80 a 10/12/80, 01/08/84 a 08/11/84, 05/06/86 a 30/08/86 e 09/10/86 a 22/02/87 também devem ser reconhecidos como tempo especial, tendo em vista que em todos eles a parte autora exerceu a atividade de motorista de caminhão de carga e motorista de transporte de passageiros, quadro que permite o enquadramento por categoria profissional na forma do código 2.4.2 do Anexo II do Decreto 83.090/79 (TRANSPORTE URBANO E RODOVIÁRIO Motorista de ônibus e de caminhões de cargas [ocupados em caráter permanente]). 11 - Os períodos de 02/10/81 a 20/07/84, 01/12/84 a 30/05/86, 01/07/87 a 30/11/87, 14/08/89 a 16/08/93 e de 17/08/93 a 28/04/95 devem ser enquadrados como tempo especial tanto pelo enquadramento pela categoria profissional na forma do código 2.4.2 do Anexo II do Decreto 83.090/79 (TRANSPORTE URBANO E RODOVIÁRIO Motorista de ônibus e de caminhões de cargas [ocupados em caráter permanente]), quanto pela sujeição da parte autora ao agente agressivo ruído cujas intensidades médias foram acima da tolerável pelo Decreto aplicável, conforme item 8, (de 82dB a 84 db vide documentos de fls. 24/25, 27/28, 34, 35/37 e 38/40. 12 - O período entre 29/04/95 e 05/03/97, em que a autora trabalhou na Sociedade de Transportes Coletivos de Brasília Ltda, também deve ser reconhecido como tempo de serviço especial tendo em vista a sua exposição ao ruído médio de 82 db durante a jornada de trabalho, atestada no laudo pericial acostado às fls. 38/40. Com relação ao lapso imediatamente posterior, 06/03/97 a 22/1/99, entretanto, não cabe o reconhecimento da especialidade pela categoria profissional, vez que posterior à edição da Lei 9.032/95, nem mesmo pela exposição ao agente ruído, pois, conforme atestado no formulário e laudo técnico referidos (fls. 38/40), a intensidade média a que a apelada ficava exposta (82 db) era inferior à tolerância prevista na legislação em vigência. 13 - Oportuno destacar que, a teor da Súmula 33 deste TRF/ 1ª Região, o requisito etário não é pressuposto para a concessão da aposentadoria especial: Aposentadoria especial decorrente do exercício de atividade perigosa, insalubre ou penosa não exige idade mínima do segurado". 14 - Este o quadro, tem-se que a soma do tempo da apelada reconhecido como especial (18/04/77 a 06/02/78, 10/03/80 a 10/12/80, 02/10/81 a 20/07/84, 01/08/84 a 08/11/84, 01/12/84 a 30/05/86, 05/06/86 a 30/08/86, 09/10/86 a 22/02/87, 01/07/87 a 30/11/87, 14/08/89 a 16/08/93, 17/08/93 a 05/03/97) não totaliza 25 anos, do que resulta a improcedência do pedido de aposentadoria especial. 15 - Registre-se que, ao contrário do concluído pelo magistrado sentenciante, ainda que considerado como especial o interstício entre 29/04/95 e 05/03/97, não possuiria a parte apelada tempo suficiente para a concessão da aposentadoria especial pleiteada. 16 - Por estas razões, dou parcial provimento à apelação e ao reexame necessário para afastar a especialidade do período 06/03/97 a 22/1/99 e julgar improcedente o pedido de concessão de aposentadoria especial. Fica determinado que o INSS proceda à averbação, com a devida conversão pelo fator 1.2, do tempo de serviço reconhecido como especial nos períodos de: 18/04/77 a 06/02/78, 10/03/80 a 10/12/80, 02/10/81 a 20/07/84, 01/08/84 a 08/11/84, 01/12/84 a 30/05/86, 05/06/86 a 30/08/86, 09/10/86 a 22/02/87, 01/07/87 a 30/11/87, 14/08/89 a 16/08/93, 17/08/93 a 05/03/97. 17 - Tendo em vista a sucumbência recíproca, cada parte arcará com os honorários dos respectivos patronos, na forma do aplicável art. 21 do CPC/73. É o voto. JUIZ FEDERAL JOÃO CÉSAR OTONI DE MATOS RELATOR CONVOCADO (DB;HÎ) - Nº Lote: 2018112464-2_0 -