Apelação Cível n , de Chapecó Relator: Desembargador Hélio do Valle Pereira

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Transcrição:

Apelação Cível n. 0011568-04.2009.8.24.0018, de Chapecó Relator: Desembargador Hélio do Valle Pereira TELEFONIA MÁ PRESTAÇÃO DOS SERVIÇOS CANCELAMENTO DO CONTRATO DÉBITO INEXISTENTE INSCRIÇÃO INDEVIDA EM CADASTRO DE PROTEÇÃO AO CRÉDITO PREEXISTÊNCIA DE OUTRAS ANOTAÇÕES ABALO MORAL NÃO CARACTERIZADO IMPROCEDÊNCIA. Ainda que se presuma o abalo moral decorrente de indevida anotação em cadastro de maus pagadores, identicamente se afasta em termos absolutos a mesma indenização quanto ao consumidor que tem naquele momento outros registros depreciativos. Súmula 385 do STJ que é reiteradamente seguida. Recurso da empresa de telefonia (que pretendia manter até o valor das faturas) e recurso adesivo da autora (visando à soma de danos morais) desprovidos. Vistos, relatados e discutidos estes autos de Apelação Cível n. 0011568-04.2009.8.24.0018, da comarca de Chapecó 4ª Vara Cível em que são apelantes e apelados Tim Celular S/A e Associação Hospitalar Lenoir Vargas Ferreira. A Quinta Câmara de Direito Público decidiu, por unanimidade, conhecer o recurso da ré e adesivo da autora, negando a ambos provimento. Custas legais. Participaram do julgamento, realizado nesta data, os Excelentíssimos Senhores Desembargadores Denise de Souza Luiz Francoski e Artur Jenichen Filho. Florianópolis, 28 de junho de 2018. Desembargador Hélio do Valle Pereira Presidente e relator

RELATÓRIO Os pedidos formulados pela Associação Hospitalar Lenoir Vargas Ferreira na ação de rito comum foram julgados parcialmente procedentes, declarando-se a ausência de dívida com a Tim Celular S/A (pois inexigível a cobrança de multa por quebra de fidelização), assim como as faturas de abril a julho de 2008 (com exceção das ligações efetuadas). O pleito em relação aos danos morais e materiais foi julgado improcedente, por haver outras inscrições do nome da autora nos órgãos de proteção ao crédito. Vêm dois recursos. O primeiro, da demandada, sustenta que a aplicação da multa foi legítima, pois não houve falha na prestação dos serviços. Postula o afastamento da declaração de inexistência dos débitos reclamados. Já no recurso adesivo, a demandante afirma que a inscrição do seu nome no rol dos inadimplentes lhe causou transtornos, razão pela qual merece ser indenizada por abalo moral. Houve contrarrazões. VOTO 1. A Juíza Maira Salete Meneghetti deu adequada solução ao caso, valendo transcrever as considerações de fundo de Sua Excelência: Da análise da consulta acostada às fls. 60/61 da ação cautelar em apenso, observo que o pedido para baixa da negativação do nome da autora diz respeito às inscrições promovidas pela ré referentes às faturas vencidas nos meses de abril de 2005, janeiro de 2006 e abril, maio, junho e julho de 2008. A autora, por sua vez, confirma a inadimplência das faturas vencidas no ano de 2008 em razão de terem sido emitidas quando o rompimento do contrato estava sendo discutido perante o PROCON. Disse, ainda, que as faturas relativas aos anos anteriores estavam devidamente quitadas, consoante comprovantes acostados aos autos (item 3 da fl. 05). Compulsando detidamente os autos principais, observo que não há qualquer prova da referida quitação. Não obstante, conforme se extrai do documento da fl. 68 da cautelar, a 2

fatura vencida em janeiro de 2006 foi devidamente adimplida. Assim, ao que parece, a inscrição relativa à fatura correspondente ao mês de abril de 2005 é lícita, porquanto não há comprovação do seu pagamento. Outrossim, ainda que o pedido de declaração de inexistência de débito refira-se unicamente ao valor concernente à multa (R$ 11.081,00), faz-se necessária a análise da validade ou não da cobrança em relação às faturas emitidas em 2008 que ensejaram a inscrição da autora no cadastro de inadimplentes a fim de se aferir acerca da procedência ou não do pedido da ação cautelar. Nesse sentido, da análise da vasta documentação trazida por ambas as partes, denota-se que o requerente estava tendo problemas com a prestação de serviços, tanto é que por diversas vezes entrou em contato com a ré para tentar solucioná-los e requereu o cancelamento. Tal fato pode ser corroborado, inclusive, pelos documentos encaminhados ao PROCON pela ré, dando conta das diversas tentativas de cancelamento do contrato (fls. 134/138 e 190/206). Assim, em havendo justificativa razão para a rescisão do contrato por má qualidade na prestação do serviço o que pode ser confirmado pelas várias tentativas de solução dos problemas pelo autor torna-se inexigível a cobrança da multa rescisória no valor de R$ 11.081,00, já que a culpa pelo rompimento da avença não pode ser imputada à autora, mas à própria ré, que não prestou serviço de forma adequada e de maneira a satisfazer o consumidor. Por outro lado, tenho que o contrato foi rescindido em 30.11.2007, consoante afirmado pela própria ré (fl. 136). Dessa forma, os débitos relativos aos meses posteriores em razão dos quais o autor foi negativado não são exigíveis, o que torna a inscrição ilícita quanto a estes valores. Note-se, ainda, que da análise das faturas acostadas às fls. 54/75, as quais dão conta de que somente foram cobradas as tarifas básicas, é possível perceber que não houve, ao menos a princípio, a utilização dos serviços, o que confirma ainda mais a rescisão anterior do contrato. Evidente, no entanto, que eventual ligação realizada seja devidamente cobrada do autor, sob pena de enriquecimento ilícito dele. Todavia, da análise do documento das fls. 60/61 da cautelar em apenso, observase que o autor foi inscrito no rol de inadimplentes também porque possuía várias outras pendências financeiras anteriores. Diante disso, ainda que a ré tenha inscrito o autor de forma ilegítima com relação às faturas posteriores ao encerramento do contrato, inclusive quanto aquelas que haviam sido pagas no prazo, incabível a condenação por danos morais. É que, nos termos da Súmula 385 do STJ, não é cabível indenização por danos morais decorrentes de anotação irregular se já existente 3

inscrição lícita anterior. Dessa forma, a condenação da ré ao pagamento de indenização por danos morais não podia mesmo ser acolhida. De acordo com o constante nas fls. 60-61 (autos em apenso), as inscrições referidas na inicial não eram as únicas formalizadas em nome da autora perante os órgãos de proteção ao crédito o que em nenhum momento foi negado ou combatido pela acionante em suas razões recursais. Nesse quadro prepondera a Súmula 385 do STJ: "Da anotação irregular em cadastro de proteção ao crédito, não cabe indenização por dano moral, quanto preexistente legítima inscrição, ressalvado o direito ao cancelamento". Tal entendimento, a propósito, representa uma compreensão corriqueira nesta Corte, valendo reiterar, entre tantos, estes precedentes: A) AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS. TELEFONIA. INSCRIÇÃO INDEVIDA EM CADASTRO DE PROTEÇÃO AO CRÉDITO. SITUAÇÃO APTA A ENSEJAR ABALO ANÍMICO. TODAVIA, PREEXISTÊNCIA DE OUTRAS INSCRIÇÕES REGULARMENTE REALIZADAS. DANO MORAL NÃO CARACTERIZADO. SÚMULA 385 DO STJ. RECURSO DESPROVIDO. (AC 2011.055658-7, da Capital, rel. Des. Cesar Abreu) B) (...) AÇÃO DECLARATÓRIA C/C INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS. TELEFONIA. INSCRIÇÃO INDEVIDA NOS ÓRGÃOS DE PROTEÇÃO AO CRÉDITO. ANOTAÇÃO PREEXISTENTE. DEVER DE INDENIZAR NÃO CONFIGURADO. APLICAÇÃO DA SÚMULA 385 DO STJ. MANUTENÇÃO DA SENTENÇA. RECURSO DESPROVIDO. "Da anotação irregular em cadastro de proteção ao crédito, não cabe indenização por dano moral, quando preexistente legítima inscrição, ressalvado o direito ao cancelamento." (STJ Súmula 385). (AC 2012.015999-1, de Taió, rel. Des. José Volpato de Souza) C) (...) TELEFONIA. ALISTAMENTO EM CADASTRO DE INADIMPLENTES. PREEXISTÊNCIA DE OUTRO REGISTRO NEGATIVO LEGÍTIMO. DANO MORAL NÃO CARACTERIZADO. APLICABILIDADE DA SÚMULA 385 DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS FIXADOS COM EXAÇÃO. APELO DESPROVIDO. I. Preexistindo legítima negativação creditícia do autor, descabe indenização por dano moral, nos termos da Súmula 385 do Superior Tribunal de Justiça. (...) (AC 2012.069326-6, de Itajaí, rel. Des. João Henrique Blasi) 4

Outrossim, como exposto na sentença há pouco reproduzida, os créditos pelos quais a ré protesta tampouco existiam. 2. Assim, conheço dos recursos, mas nego-lhes provimento. É o voto. 5