ATA DE JULGAMENTO DE RECURSO PREGÃO ELETRÔNICO AA 43/2012 Aos 05 dias do mês de fevereiro de 2013, reuniram-se o Pregoeiro e os integrantes da Equipe Técnica de Apoio para análise das razões de recurso apresentadas no âmbito do Pregão Eletrônico supramencionado, em 24/01/2013, pelo licitante CAST INFORMÁTICA S/A, em face da decisão que considerou habilitado e, posteriormente, declarou segundo vencedor do certame o licitante RESOURCE AMERICANA LTDA. I. HISTÓRICO Por intermédio da IP Conjunta AGIR/DEADE 02/2012 e AGIR/DEARI 04/2012, aprovada em 04/12/2012, a Diretoria do BNDES autorizou a realização de licitação para Registro de Preços com vistas à aquisição, por Grupo de Itens, de novas licenças da família de produtos (softwares) SAP Business Objects (BO), incluindo a prestação dos serviços de suporte técnico e manutenção correlata, de instalação inicial e de instalações adicionais, bem como a prestação de serviço de apoio técnico presencial, conforme especificações do EDITAL e de seus ANEXOS. Realizada pesquisa de mercado pela Unidade Demandante, apurou-se o valor total para o Grupo de Itens de R$ 16.485.956,25 (dezesseis milhões, quatrocentos e oitenta e cinco mil, novecentos e cinquenta e seis reais e vinte e cinco centavos). Em razão das características do objeto, foi definida a modalidade Pregão, e a forma Eletrônica. No dia 28/12/2012, o aviso de licitação referente ao Pregão Eletrônico AA 43/2012 foi publicado no Diário Oficial da União (págs. 215 e 216 seção 3) e em jornal de grande circulação de âmbito nacional, noticiando que a abertura da licitação seria realizada em 14/01/2013. Na data designada, compareceram 5 (cinco) licitantes, e todos foram classificados para a fase de lances. Finda a etapa de lances, sagrou-se como proposta de menor valor a ofertada pelo licitante POLITEC TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO S/A, que ofertou o valor total para o Grupo de Itens de R$ 13.515.848,20 (treze milhões, quinhentos e quinze mil, oitocentos e quarenta e oito reais e vinte centavos). Analisada a documentação pela Equipe Técnica de Apoio, decidiu-se pela aceitação da referida proposta, após o que foi solicitada a documentação de habilitação do licitante POLITEC TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO S/A. Na mesma sessão, foi divulgado o resultado da análise da documentação de habilitação do referido licitante, o qual foi considerado habilitado pelo BNDES. Em prosseguimento, a Pregoeira convocou o licitante subsequente RESOURCE AMERICANA LTDA. para negociação, questionando-o sobre a possibilidade de equiparação de sua proposta a 1
ofertada pelo primeiro colocado. Cabe esclarecer essa e outras etapas do procedimento foram realizadas manualmente com a finalidade de possibilitar o registro de 2 (dois) licitantes na Ata de Registro de Preços, uma vez que o sistema disponibilizado pelo Comprasnet ainda não foi adaptado para a declaração de mais de um vencedor e o consequente registro de mais de um Licitante. Notese que as citadas adaptações no sistema foram feitas em conformidade com os subitens 1.1.1 e 4.21 e seguintes do Edital do Pregão Eletrônico AA 43/2012. Em resposta, a RESOURCE AMERICANA LTDA. concordou em equiparar a proposta ofertada com a apresentada pela POLITEC TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO S/A, após o que sua documentação de habilitação foi solicitada pela Pregoeira e enviada pela empresa. A sessão foi, então, suspensa para análise da documentação recebida pelo BNDES. Na sessão seguinte, foi divulgado o resultado da análise da documentação de proposta e de habilitação do licitante RESOURCE AMERICANA LTDA., que teve sua proposta e documentação de habilitação consideradas conformes o Edital e Anexos. Em consequência, os licitantes POLITEC TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO S/A e RESOURCE AMERICANA LTDA. foram declarados, respectivamente, primeiro e segundo vencedores do certame, em conformidade com os subitens 1.1.1 e 4.21 e seguintes do Edital do Pregão Eletrônico AA 43/2012. Ato contínuo, a Pregoeira informou aos licitantes que, devido à impossibilidade do Comprasnet, procederia à habilitação do primeiro vencedor no sistema, a fim de que fosse aberto o prazo para manifestação de intenção de recurso. Em seguida, foi registrada a habilitação do primeiro vencedor no sistema, tendo o licitante CAST INFORMÁTICA S/A manifestado intenção de recorrer, o que foi informado pela Pregoeira aos demais licitantes via Chat. Na oportunidade, a Pregoeira lembrou ao recorrente que as razões de recurso deveriam ser apresentadas por intermédio do sistema Comprasnet, no prazo de 3 (três) dias úteis contados do encerramento da sessão pública, conforme subitem 4.23.2 do Edital. Na sequência, a sessão pública foi encerrada no sistema Comprasnet. No último dia do prazo, o licitante CAST INFORMÁTICA S/A encaminhou razões de recurso para o email licitacoes@bndes.gov.br, juntamente com arquivo contendo tela em printscreen do Comprasnet, alegando indisponibilidade do referido sistema para registro das razões recursais. Ademais, as razões recursais foram encaminhadas sem assinatura (Anexo I). No entanto, as razões recursais do licitante CAST INFORMÁTICA S/A não foram registradas no sistema Comprasnet, impossibilitando o registro das contrarrazões de recurso pelo licitante RESOURCE AMERICANA LTDA., assim como da decisão do Pregoeiro e da Autoridade Competente. O segundo vencedor do certame, RESOURCE AMERICANA LTDA., apresentou contrarrazões no prazo legal via email, já que, uma vez que o recorrente não registrou suas razões de recurso no 2
Comprasnet, o referido sistema não disponibilizou campo para registro de contrarrazões. Ao email enviado pela recorrida, foi anexado aviso divulgado pelo Comprasnet/Rede Serpro, informando que o sistema encontrava-se com instabilidade desde o dia 25/01 (Anexo II). II. RAZÕES RECURSAIS Em suas razões, o recorrente insurge-se contra a decisão que considerou o licitante RESOURCE AMERICANA LTDA. habilitado e, posteriormente, segundo vencedor do certame, alegando, em síntese, que os atestados apresentados pelo citado licitante seriam inaceitáveis por não atenderem às exigências legais e dispostas no Edital. Com base nesse argumento, a CAST INFORMÁTICA S/A requer a reforma da referida decisão, a fim de que a RESOURCE AMERICANA LTDA. seja considerada inabilitada, convocando-se a recorrente terceira na lista de classificação para apresentar sua documentação de proposta e habilitação. III. ANÁLISE DAS RAZÕES RECURSAIS III. a) Preliminar Preliminarmente, cabe salientar que o recurso do licitante CAST INFORMÁTICA S/A, além de enviado somente via email em contrariedade ao subitem 4.23.2 do Edital, foi apresentado sem assinatura e sem qualquer rubrica que viabilize a identificação da recorrente. Como é sabido, o recurso apresentado contra decisão tomada em processo licitatório deve observar as regras usuais de Direito Processual 1, sendo que a assinatura constitui um dos requisitos de admissibilidade dos recursos, sob pena de serem considerados inexistentes. Não é por outro motivo que somente possuem acesso à funcionalidade de, dentre outras, cadastrar razões recursais no Comprasnet aquelas pessoas previamente cadastradas junto ao Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão, as quais recebem chave de certificação digital para a prática de tais atos. A propósito, cumpre mencionar que o portal www.comprasnet.gov.br disponibilizou avisos informando aos usuários sobre a instabilidade do sistema a partir do dia 25/01, nada dispondo a respeito do dia anterior, em que o recorrente enviou suas razões via email (Anexo III). Assim, tendo em vista a apresentação de razões recursais não assinadas e do não cadastramento da referida petição no Comprasnet, caberia concluir no sentido do não conhecimento do recurso, dada a inobservância dos pressupostos recursais e de disposição expressa do Edital 2. 1 JUSTEN FILHO, Marçal. Comentários à Lei de Licitações e Contratos Administrativos. 14ª ed. São Paulo: Dialética, 2010 págs. 927/928. 2 JUSTEN FILHO, Marçal. Comentários à Lei de Licitações e Contratos Administrativos. 14ª ed. São Paulo: Dialética, 2010 págs. 927/928. 3
Entretanto, em homenagem à garantia do direito de petição, prevista no art. 5º, inciso XXXIV, da Constituição da República o qual, aplicado ao caso, autoriza qualquer pessoa a impugnar decisões administrativas independentemente do preenchimento dos requisitos de admissibilidade recursal, passa-se a analisar o mérito do recurso apresentado. III. b) Mérito Como argumento central de seu recurso, a CAST INFORMÁTICA S/A aduz que o atestado emitido pela empresa Louis Dreyfus, apresentado pela RESOURCE AMERICANA LTDA. para comprovação de sua capacidade técnica, deveria ser recusado pelo BNDES em razão da ausência de reconhecimento de firma do signatário. Segundo a recorrente, o reconhecimento de firma seria requisito de validade dos documentos emitidos por particulares, somente sendo dispensável em documentos emitidos por funcionários públicos. A CAST INFORMÁTICA S/A impugna, ainda, o fato de o referido documento não ter sido apresentado em cópia autenticada. Em seguida, a recorrente questiona os demais atestados apresentados pela segunda vencedora do certame, emitidos pelas empresas Cimpor Cimentos do Brasil Ltda. e Lyondell Química do Brasil Ltda., alegando que tais documentos não atenderiam às exigências do Edital. Ao questionar a aceitação do atestado da empresa Louis Dreyfus, a recorrente afirma que a suposta exigência de reconhecimento de firma em documentos emitidos por particulares visa oferecer a possibilidade de ampla participação dos particulares, evitando-se comprometer, restringir ou frustrar o caráter competitivo. Cita, a propósito, o art. 37, XXI, da Constituição da República, segundo o qual os instrumentos convocatórios das licitações somente podem conter exigências de qualificação técnica indispensáveis à garantia do cumprimento das obrigações. Afirma, ainda, que os atestados apresentados pelo licitante RESOURCE deixam a desejar quanto ao atendimento às solicitações dispostas no edital, e também quanto a supostas exigências externas ao edital, sem, no entanto, indicar quais seriam essas exigências. Em primeiro lugar, cabe registrar que o Edital do certame em referência em nenhum momento exige o reconhecimento de firma nos atestados de capacidade técnica apresentados durante a etapa de habilitação. Aliás, o reconhecimento de firma é exigido pelo Edital para um único documento, qual seja, o instrumento particular de mandato, nos casos em que o licitante for representado por mandatário (subitem 4.18.2, IV). Ao tratar dos atestados, o instrumento convocatório exige apenas que constem determinadas informações acerca do atestante listadas no subitem 4.18.3, inciso II destinadas a viabilizar eventual diligência, a ser realizada em caso de dúvida quanto à veracidade das informações neles constantes. Nesse sentido, o subitem 4.19 do Edital faculta ao Pregoeiro a instauração de diligência destinada a esclarecer ou a confirmar a veracidade das informações, prestadas pelo Licitante, constantes dos documentos de habilitação. Resta claro, portanto, que, contrariamente ao que afirma a recorrente, o Edital não apenas não prevê a obrigatoriedade de reconhecimento de firma nos atestados, como disciplina procedimento efetivo e célere para dirimir eventuais dúvidas acerca da veracidade das informações constantes 4
desses documentos. Ademais, ao não exigir o reconhecimento de firma nos atestados e nos demais documentos apresentados durante a licitação, o Edital desonera os licitantes das despesas correspondentes, promovendo, dessa maneira, a competitividade do certame. Desta feita, e considerando que o Edital não contém qualquer previsão no sentido da obrigatoriedade de reconhecimento de firma nos atestados, cabe concluir que eventual exigência nesse sentido durante a etapa de habilitação importaria em flagrante violação ao princípio da vinculação ao instrumento convocatório e do julgamento objetivo, além de vulnerar os arts. 3º e 41 da Lei 8.666/93. Nesse sentido, cabe mencionar o entendimento do Tribunal de Contas da União, segundo o qual o Edital deve prever expressamente quais documentos deverão ser apresentados com firma reconhecida, de modo a evitar a exclusão de licitantes em virtude de formalidades excessivas: Discrimine de forma inequívoca todos os documentos a terem suas assinaturas com firma reconhecida, evitando, desta forma, inabilitações pelo descumprimento de formalidades editalícias, ocasionadas pela interpretação equivocada de suas disposições, bem assim em busca da proposta mais vantajosa para administração, em conformidade com o art. 3º, caput, da Lei nº 8.666/1993. (Acórdão 3966/2009 Relator Ministro Benjamin Zymler Segunda Câmara (Relação) Data da Publicação: 07/08/2009 grifou-se) Acrescente-se, por relevante, que, consoante ressalta a própria recorrente em suas razões, a Constituição da República somente admite a inclusão, nos Editais de licitação, das exigências de qualificação técnica indispensáveis à garantia do cumprimento das obrigações. Ocorre que, no presente caso, tal dispositivo constitucional vai de encontro à tese defendida pela recorrente, na medida em que o objetivo de eventual exigência de reconhecimento de firma qual seja, confirmar a legitimidade da assinatura dos signatários dos atestados pode ser facilmente alcançada por outros meios menos gravosos aos licitantes, tais como a simples realização de diligência. Ademais, ainda que o Edital houvesse exigido o reconhecimento de firma nos atestados, eventual descumprimento dessa disposição não autorizaria a inabilitação do licitante, uma vez que a ausência de reconhecimento de firma constitui mera irregularidade formal, passível de ser sanada durante o certame. Nesse sentido, orienta-se o entendimento do Superior Tribunal de Justiça, conforme se verifica do seguinte julgado: ADMINISTRATIVO. RECURSO ESPECIAL. FALTA DE RECONHECIMENTO DE FIRMA EM CERTAME LICITATÓRIO. 1. A ausência de reconhecimento de firma é mera irregularidade formal, passível de ser suprida em certame licitatório, em face dos princípios da razoabilidade e proporcionalidade. 2. Recurso especial improvido. Discute-se no presente feito, se a falta de reconhecimento de firma do advogado subscritor da proposta em feito licitatório é suficiente para eliminação do certame em respeito ao princípio da vinculação ao instrumento convocatório. Ora, a ausência de reconhecimento de firma pode ser facilmente suprida pelos demais documentos apresentados e ao longo do procedimento licitatório. Deste modo, ela se constitui em mera irregularidade, perfeitamente sanável, pois não causa qualquer prejuízo ao interesse público. 5
Nessa seara, a legalidade estrita cede terreno à instrumentalidade das exigências do edital, porquanto a irregularidade ocorrida (falta de reconhecimento de firma do instrumento de procuração) constitui-se em defeito irrelevante ao não comprometer a identificação do participante e do seu mandatário no certame. (Recurso Especial 542.333/RS Rel. Min. Castro Meira Segunda Turma Data da Publicação: 07/11/05 grifou-se) Assim, resta claro que, ao contrário do que alega a recorrente, inexiste obrigatoriedade quer legal, quer editalícia de reconhecimento de firma nos atestados, independentemente de o signatário ser ou não funcionário público. E, em vista da inexistência de previsão nesse sentido, a exigência de reconhecimento de firma somente deve ser feita caso haja dúvidas acerca da autenticidade da assinatura, conforme orientação contida no Manual de Licitações e Contratos do Tribunal de Contas da União, a seguir destacado: Ressalvada imposição legal, o reconhecimento de firma somente será exigido quando houver dúvida de autenticidade. 3 Destarte, verifica-se que o Edital alinhou-se à orientação do Tribunal de Consta da União sobre o tema, ao prever a possibilidade de realização de diligência para dirimir eventuais dúvidas acerca da autenticidade dos documentos de habilitação (subitem 4.19). Por meio dessa previsão, adotou-se a solução menos burocrática e mais benéfica à competitividade, na medida em que minimiza as despesas a serem suportadas pelos licitantes em momento anterior à contratação efetiva. No que concerne à alegação de que o atestado emitido pela empresa Louis Dreyfus deveria ter sido apresentado em cópia autenticada, melhor sorte não assiste à recorrente. Isso porque o Edital, com a finalidade de ampliar a competitividade do certame e evitar a imposição de ônus desnecessários aos licitantes antes da contratação, em nenhum momento exige a apresentação de cópias autenticadas durante a sessão pública. A apresentação de cópias autenticadas ou, alternativamente, cópias não autenticadas acompanhadas de originais para conferência somente é exigida dos licitantes vencedores para fins de adjudicação, conforme prevê o subitem 4.24 do instrumento convocatório. Cumpre mencionar, por oportuno, que a citada disposição do Edital foi devidamente cumprida pelos licitantes vencedores no prazo estabelecido no Edital, qual seja, de 3 (três) dias úteis contados do encerramento da sessão pública, conforme destacado nas contrarrazões recursais da RESOURCE AMERICANA LTDA. Ademais, o mesmo entendimento exposto por ocasião do enfrentamento da questão do reconhecimento de firma aplica-se à questão ora enfrentada, relativa à suposta necessidade de autenticação dos documentos apresentados durante a sessão. 3 Licitações e contratos : orientações e jurisprudêcia do TCU / Tribunal de Contas da União. 4. ed. rev., atual. e ampl. Brasília : TCU, Secretaria-Geral da Presidência : Senado Federal, Secretaria Especial de Editoração e Publicações, 2010 pág. 464 (grifou-se). 6
Em outros termos, vale dizer que (i) o Edital não exigiu a apresentação de atestados em cópia autenticada ou com firma reconhecida durante a fase de habilitação, de modo que eventual exigência nesse sentido pela Pregoeira importaria em violação aos princípios da vinculação ao instrumento convocatório e do julgamento objetivo, bem como aos arts. 3º e 41 da Lei 8.666/93; (ii) eventual exigência nesse sentido seria desnecessária, porquanto sua finalidade é passível de atendimento por meio da formulação de exigências menos gravosas aos licitantes, tais como as contidas nos subitens 4.19 e 4.24 do Edital; (iii) ainda que o ato convocatório houvesse exigido a apresentação de atestados com firma reconhecida ou autenticados, a inobservância dessa disposição importaria em mera formalidade passível de correção durante o procedimento, não constituindo motivo suficiente para excluir competidores da disputa. Nessa linha de considerações, é de se notar a seguinte orientação do Tribunal de Contas da União, contida no Manual de Licitações anteriormente citado: Sempre que a autenticidade de algum documento em licitação gerar dúvida, deve o responsável exigir do licitante, para efeito de confrontação, respectivo original ou cópia autenticada ou conferida por servidor da Administração licitadora. 4 Demonstrada a inconsistência do argumento central apresentado pelo recorrente, passa-se a analisar a afirmação de que os atestados emitidos pelas empresas Cimpor Cimentos do Brasil Ltda. e Lyondell Química do Brasil Ltda. não atenderiam às exigências do ato convocatório. Conforme subitem 4.18.3, inciso II, alínea a do Edital, foi exigida, para fins de comprovação de capacidade técnica na licitação em tela, a apresentação de atestado que demonstrasse a prestação de serviço de suporte técnico em parque de no mínimo 203 (duzentas e três) licenças de software do mesmo fabricante. Ocorre que o primeiro dos atestados apresentados pela RESOURCE AMERICANA LTDA., emitido pela empresa Louis Dreyfus, por si só já comprova a prestação do serviço de suporte em parque tecnológico de dimensão mais de dez vezes superior à exigida no Edital. Com efeito, o documento em referência atesta a prestação de serviços de suporte em parque de 2.400 (duas mil e quatrocentas) licenças SAP, enquanto o Edital, conforme mencionado acima, exigia parque tecnológico de apenas 203 (duzentas e três) licenças do mesmo fabricante. Desta feita, resta claro que o licitante RESOURCE AMERICANA LTDA. demonstrou possuir capacidade técnica em patamar superior ao exigido no subitem 4.18.3, inciso II do instrumento convocatório, de modo que não há que se falar na desconsideração do referido atestado, conforme pretende a recorrente. Cabe citar, a respeito, que, consoante manifestação da Equipe Técnica de Apoio ao Pregoeiro, a documentação técnica apresentada pelo licitante RESOURCE AMERICANA LTDA. está de acordo com as exigências do Edital, e demonstra a qualificação necessária para a execução do objeto pelo referido licitante. 4 Licitações e contratos : orientações e jurisprudêcia do TCU / Tribunal de Contas da União. 4. ed. rev., atual. e ampl. Brasília : TCU, Secretaria-Geral da Presidência : Senado Federal, Secretaria Especial de Editoração e Publicações, 2010 pág. 467 (grifou-se). 7
Por oportuno, cumpre salientar que o acolhimento do pedido formulado pela recorrente importaria em flagrante violação ao princípio da vinculação ao instrumento convocatório e julgamento objetivo, na medida em que o Edital exigiu a comprovação de aptidão técnica em patamar mais de 10 (dez) vezes inferior ao comprovado pela recorrida. Considerando que o mencionado atestado seria, por si só, mais do que suficiente para suprir a exigência editalícia, cabe concluir que não haveria necessidade de apresentação de outros atestados pelo licitante RESOURCE AMERICANA LTDA. No entanto, o referido licitante optou por acrescentar outros 2 (dois) atestados, emitidos pelas empresas Cimpor Cimentos do Brasil Ltda. e Lyondell Química do Brasil Ltda., à sua documentação de habilitação. Assim, e ao contrário do que pretende a recorrente, a apresentação do segundo e terceiro atestados não pode ser considerada em desfavor da recorrida, na medida em que o primeiro atestado já comprova aptidão técnica mais que suficiente para a execução do objeto licitado. Desta forma, conclui-se pela impossibilidade de acolhimento do recurso apresentado, seja pela anteriormente demonstrada improcedência da alegação de que os atestados deveriam ter sido apresentados em cópia autenticada e com firma reconhecida, quanto pela demonstração, pela recorrida, de capacidade técnica consideravelmente superior à exigida pelo instrumento convocatório. IV. CONCLUSÃO Pelas razões acima expostas, decide-se por negar provimento ao recurso apresentado pela sociedade CAST INFORMÁTICA S/A, para manter a decisão tomada pela Pregoeira, no sentido de considerar a licitante RESOURCE AMERICANA LTDA. habilitada e, consequentemente, segunda vencedora do Pregão Eletrônico AA 43/2012 BNDES. Por oportuno, é submetido o presente procedimento licitatório ao Sr. Superintendente da Área de Administração, nos termos do inciso IV, do artigo 8º do Decreto 5.450/2005, para julgamento. (original assinado) Mariana País Albuquerque Pregoeira AA/DELIC/GLIC2 (original assinado) Raphael Domingues de Moraes Zyngier Gerente Substituto AA/DELIC/GLIC2 8
Ata de Decisão de Recurso Pregão Eletrônico AA 43/2012 BNDES Pelas razões já expostas na Ata de Julgamento de Recurso, datada de 05/02/2013, que passam a integrar a presente, CONFIRMO a decisão do Pregoeiro que negou provimento ao recurso interposto pela licitante CAST INFORMÁTICA S.A., declarando vencedora do certame RESOURCE AMERICANA LTDA. Rio de Janeiro, 06 de fevereiro de 2013. (original assinado) Carlos Roberto Lopes Haude Superintendente Área de Administração