Revista Brasileira de Prescrição e Fisiologia do Exercício ISSN versão eletrônica

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PRESCRIÇÃO DE CARGAS DE TREINAMENTO BASEADO NO PESO CORPORAL E NOS DADOS DA AVALIAÇÃO FÍSICA 430 Marcelo Lacerda do Nascimento 1 Demétrius Cavalcanti Brandão 2 RESUMO Acredita-se que a avaliação física realizada pelo praticante de atividade física seja fundamental na prescrição de carga de um treinamento. E que com o treinamento adequado obtêm-se uma melhora na força, potência, resistência, flexibilidade e agilidade que são qualidades indispensáveis para chegar ao objetivo desejado. O presente trabalho foi realizado através um estudo Transversal Analítico descritivo, realizado com praticantes de musculação. Fizeram parte do estudo 50 pessoas, de ambos os sexos, com idades a partir de 18 anos, até 40 anos, abordadas em três Academias da cidade de Fortaleza-CE, entre os dias 25 e 29 do mês de maio de 2010, utilizou-se testes de força/resistência afim de determinar a carga a ser utilizada nos exercícios, assim como peso, estatura e composição corporal. Verificou-se que o resultado da pesquisa da prescrição de carga de treinamento de musculação pelo peso corporal baseado na Escala de Borg aplicado aos praticantes de musculação foi concluído de forma satisfatória para os homens e mulheres de acordo com o nível de treinamento e resultado da avaliação física. Concluí-se que é possível prescrever exercícios baseado no peso corporal e relacionado com os dados da avaliação física para o grupo do presente estudo. ABSTRACT Training prescription charges based on body weight and the physical assessment of data It is believed that physical evaluation by physical activity practitioner is fundamental in prescribing a training load. And that with proper training will obtain an improvement in strength, power, endurance, flexibility and agility that are indispensable qualities to reach the desired goal. This work was performed by one Transversal study descriptive analytical, performed with bodybuilders. Study participants were 50 people, of both sexes, aged from 18 years to 40 years, addressed in three Academies of Fortaleza-CE, between the 25th and 29th of May 2010, we used if strength tests / resistance in order to determine the load to be used in exercises, as well as weight, height and body composition. it was found that the search result of the weight training load limitation by weight based on the scale Borg applied to bodybuilders has been completed to the satisfaction of men and women according to the level of training and results of physical examination. It is concluded that it is possible to prescribe exercise based on body weight and related to physical evaluation data for the group in this study. Key words: Anthropometry. Resistance Training. Body Weight. Palavras-chave: Antropometria. Treinamento Resistido. Peso Corporal. 1-Nutricionista, Professor de Educação Física, Fortaleza-CE, Brasil. 2-Grupo de Estudo em Biociência FAMETRO, Mestre em Saúde Coletiva, Professor Adjunto da Faculdade FAMETRO, Fortaleza-CE, Brasil. E-mail do autor: demetriuscb@yahoo.com.br Endereço para correspondência: Rua Conselheiro Estelita, 500- Centro. Fortaleza-CE-Brasil. CEP: 60010-250., São Paulo. v.9. n.54. p.430-437. Jul./Ago. 2015. ISSN 1981-9900.

431 INTRODUÇÃO A avaliação física é um processo pelo qual, utilizando-se medidas podem-se, subjetiva e objetivamente, exprimir e comparar critérios. É uma forma utilizada para traçar o perfil físico do aluno a fim de preparar o programa adequado às suas condições e limitações, além de identificar contraindicações, podendo-se evitar com isso possíveis incidentes. Ela serve ainda para avaliar o nível de condicionamento físico atual do aluno, determinar objetivos para o indivíduo avaliado, coletar dados para a elaboração do programa, identificar possíveis limitações, entre outros. A avaliação julga o quanto foi eficiente o sistema de trabalho usado com um indivíduo. Serve como fator de motivação para o testado que irá realizar o programa de treinamento (Pinto, 1977; Kiss, 1987; Carnaval, 2000; Morrow Junior e colaboradores, 2003). Avaliação Física é uma ferramenta importantíssima que permite monitorar o progresso de um organismo com base em testes científicos para determinar variáveis morfológicas (composição corporal, somatótipo e medidas circunferências e lineares) e variáveis funcionais (capacidade aeróbia, anaeróbia, força e flexibilidade). Deve-se, portanto, fazer avaliações físicas periódicas. Sistematiza Guimarães Neto (2001), que na elaboração de um programa com sobrecargas é fundamental uma avaliação física para conhecer as variáveis morfológicas e funcionais do atleta. Pelas avaliações determina-se a intensidade e volume de treino do indivíduo e todas as suas restrições para determinados exercícios, fazendo com que o programa de treinamento seja preciso e livre de falhas. Um exemplo de falha na montagem do programa de treinamento é fazer com que eles se dediquem boa parte do período de treino ao condicionamento aeróbico, realizando corridas intermináveis e sem necessidade. Deve-se antes de prescrever qualquer tipo de programa de condicionamento aeróbico deve-se avaliar se o realmente necessita dele. Às vezes por não saber disso o atleta corre o risco de sobre treinar. A frequência ideal de treinos está na dependência do nível de aptidão do praticante, tipo de treinamento, disponibilidade de tempo, recursos disponíveis e a forma como foi elaborado o treino. A frequência mínima é a de duas vezes e quando o praticante se encontra em bom nível de treinamento pode ser de três a cinco dias (Monteiro, 1997). Deve-se considerar a individualidade biológica de cada individuo na montagem de qualquer tipo de programa de treino; não existe um modelo de treino que se adapte a todas as pessoas. O que serve para uma pessoa não necessariamente serve para outras. Dessa forma esses programas são um direcionamento geral para otimizar a preparação acessória (musculação), que não prejudique o treinamento especifico, mas colabore com ele (Guimarães Neto, 2001). Dado a importância da avaliação do indivíduo antes de iniciar-se o trabalho de treinamento, a elaboração e execução da bateria de testes deve ser muito cuidadosa. A avaliação deve ser feita em cada qualidade física que será posteriormente desenvolvida no programa de treinamento. É preciso traçar o perfil físico do aluno a fim de preparar o programa adequado às suas condições, respeitando assim os seus limites e suas deficiências. De acordo com Giannichi (1996), a avaliação determina a importância ou valor da informação coletada; como decisão, classifica os alunos, reflete o progresso, indica se os objetivos estão ou não sendo atingidos, se o sistema de ensino está ou não sendo satisfatório e outros. Deve refletir a filosofia, metas e objetivos do professor. Kiss (1987) e Pitanga (2000) afirmam que a avaliação diagnóstica é do tipo de que envolve a descrição, a classificação e a determinação do valor de algum aspecto do comportamento do indivíduo. Esta fase é importante afim de que possamos traçar um plano para o alcance dos objetivos. É peculiar na Educação Física e Esportes a aplicação dos testes para uma posterior averiguação do trabalho ou do treinamento desenvolvido. No intuito de observar e direcionar os estudos para a área de avaliação física, entende-se que testar, medir e avaliar é função básica para permear qualquer programa de treinamento físico, quer seja para pessoas sedentárias, destreinadas, ativas ou para as treinadas em nível competitivo., São Paulo. v.9. n.54. p.430-437. Jul./Ago. 2015. ISSN 1981-9900.

432 Força é a capacidade que o organismo possui de deslocar e suportar determinada carga, através das contrações musculares. Quanto maior a carga suportada maior será a força (Aoki, 2002). Para Machado (1980, p.17) força muscular é a força máxima que pode ser gerado por um músculo ou por um grupo muscular. A mensuração da força muscular é uma prática comum na avaliação dos programas de treinamento. A musculação tem por objetivo aumentar a massa muscular, a densidade óssea, aperfeiçoando o desempenho relacionado à força, melhorando a condição funcional do praticante, fazendo com que ele realize os esforços da vida diária com mais segurança, disposição e facilidade. Além disso, a incidência de lesões durante sua prática é muito reduzida, em função da ausência de choques entre as pessoas, de movimentos violentos e mínimos riscos de quedas (Santarém, 2007). O objetivo geral do trabalho é de investigar se é coerente prescrever treinamento baseado no peso corporal. Especificamente, buscou-se elucidar a importância da avaliação física na prescrição do treinamento, descrever a influência do peso corporal na avaliação física para prescrição de cargas de treinamento de musculação. MATERIAIS E MÉTODOS O presente trabalho foi realizado através um estudo Transversal Analítico descritivo, realizado com praticantes de musculação. Fizeram parte do estudo 50 pessoas, de ambos os sexos, com idades a partir de 18 anos até 40 anos, sendo excluídos pessoas portadoras de cardiopatia, hipertensão, diabetes e lesões recorrentes, bem como as menores de 18 anos e maiores de 40 anos abordadas em três Academias da cidade de Fortaleza-CE, entre os dias 25 e 29 do mês de maio de 2010. Foi utilizada como instrumento de coleta de dados uma anamnese, estruturada, contendo perguntas objetivas, elaboradas com linguagem simples e direta. A anamnese abordava algumas questões relacionadas à saúde, onde se buscou investigar as possíveis complicações salutares adquiridas ou que ainda estejam em desenvolvimento entre os entrevistados; e outras questões sobre a prática de atividade física, fazendo uma breve descrição dos hábitos dos praticantes de musculação, para que em seguida pudessem ser aplicados os testes da avaliação física. Em seguida, cada praticante de musculação entrevistado na pesquisa, participou de uma avaliação física, por meio de uma série de exercícios onde se pode avaliar a frequência cardíaca, pressão arterial, peso, estatura, medidas métricas, medidas ósseas, dobras cutâneas, avaliação postural, teste de flexibilidade, abdominal, apoio de frente teste de membros inferiores. Para a prescrição das cargas, utilizouse como parâmetro o peso corporal do avaliado correlacionando se a carga estava adequada baseado na escala subjetiva de esforço de Borg. Utilizou-se as seguintes categorias de prescrição: Fraco e regular - 30% a 50% do peso corporal para Membros Inferiores (MMII) e abdominais, o mesmo valor dividido por dois para Membros Superiores (MMSS), e divido por quatro para braços de alavancas em desvantagem mecânica. Médio e bom - 100% a 150% do peso corporal para Membros Inferiores (MMII) e abdominais, o mesmo valor dividido por dois para Membros Superiores (MMSS), e divido por quatro para braços de alavancas em desvantagem mecânica. Excelente - 150% a 300% do peso corporal para Membros Inferiores (MMII) e abdominais, o mesmo valor dividido por dois para Membros Superiores (MMSS), e divido por quatro para braços de alavancas em desvantagem mecânica. Para recomendação desses parâmetros, utilizou-se as referências dos autores abaixo para definição das cargas de trabalho. Esperava-se que os praticantes conseguissem realizar a atividade no fraco e regular com pouca intensidade e no médio, bom e excelente com muita intensidade, realizando entre 8 a 12 repetições, conforme recomendação dos autores na prescrição do treinamento. Para ACSM (1998), o cálculo de intensidade de trabalho de condicionamento muscular, não se desenvolve pelo teste de 1 RM. A recomendação inclui um teste de RM para uma faixa de repetições entre 8 e 12, para pessoas com menos de 60 anos. Já para, São Paulo. v.9. n.54. p.430-437. Jul./Ago. 2015. ISSN 1981-9900.

433 indivíduos com mais de 60 anos seriam aplicadas entre 10 e 15 repetições. Com este resultado, se determina a intensidade de trabalho em seis níveis, de acordo com o percentual selecionado. Tabela 1 - Hierarquização da intensidade de trabalho de condicionamento muscular pelo ACSM. Máxima contração voluntária Intensidade Menos 60 anos: 8-12 repetições Mais de 60 anos: 10 15 repetições Muito fácil < 30% Fácil 30 49% Moderado 50 69% Difícil 70 84% Muito difícil > 85% Máximo 100% Fonte: ACSM (1998). Teste de flexão abdominal: Pollock e Wilmore (1993). É um teste de flexão do tronco sobre os membros inferiores flexionados. Os equipamentos utilizados: um colchão de ginástica e um cronômetro. Protocolo: deitado de costa, sobre o colchão colocado numa superfície plana, com os dedos das mãos entrelaçados na nuca, joelhos flexionados, pés em contato com o solo (30,5 cm das nádegas) e abertos na largura dos ombros. O avaliador deve manter os pés do avaliado em contato com o solo e presos para não escorregarem; o aluno, retirando as costas do chão flexiona o tronco e o quadril até os cotovelos tocarem nos joelhos, voltando à posição inicial com os cotovelos tocando o solo, repete o movimento tão depressa tantas vezes quantas forem possíveis; marcar-se o número de repetições durante um minuto. Pontos de corte: Tabela 2 - Testes abdominais - homens. Número de repetições em 60 seg. Idade Excelente Bom Médio Regular Fraco 15 19 48 42 27 38 41 33 37 32 20 29 43 37 42 33 36 29 32 28 30 39 36 31 35 27 30 22 26 21 40 49 31 26 30 22 25 17 21 16 50 59 26 22 25 18 21 13 17 12 60 69 23 11 22 12 16 07 11 06 Fonte: Pollock, Wilmore (1993). Tabela 3 - Testes abdominais - mulheres. Número de repetições em 60 seg. Idade Excelente Bom Médio Regular Fraco 15 19 42 36 41 32 35 27 31 26 20 29 36 31 35 25 30 21 24 20 30 39 29 24 28 20 23 15 19 14 40 49 25 20 24 15 19 07 14 06 50 59 19 12 18 05 11 03 04 02 60 69 16 12 15 04 11 02 03 01 Fonte: Pollock, Wilmore (1993)., São Paulo. v.9. n.54. p.430-437. Jul./Ago. 2015. ISSN 1981-9900.

434 Tabela 4 - Testes para flexão dos braços - homens. Número de repetições até a exaustão Idade Excelente Bom Médio Regular Fraco 15 19 39 29 38 23 28 18 22 17 20 29 36 29 35 22 28 17 21 16 30 39 30 22 29 17 21 12 18 11 40 49 22 17 21 13 16 10 12 09 50 59 21 13 20 10 12 07 09 08 60 69 18 11 17 08 10 05 07 04 Fonte: Pollock, Wilmore (1993). Tabela 5 - Testes para flexão dos braços - mulheres. Número de repetições até a exaustão Idade Excelente Bom Médio Regular Fraco 15 19 33 25 32 18 24 12 17 11 20 29 30 21 29 15 20 10 14 09 30 39 27 20 26 13 19 08 12 07 40 49 24 15 23 11 14 05 10 04 50 59 21 11 20 07 10 02 06 01 60 69 17 12 16 05 11 01 04 01 Fonte: Pollock, Wilmore (1993). Salto Vertical Sargent Jump Test (modificado, 1921): mede indiretamente a força muscular dos membros inferiores. Equipamento: pode ser usada uma tábua de 1,50m de comprimento e 30 cm de largura, marcada em cm, e fixada numa parede, devendo ficar afastada da mesma pelo menos 15,2 cm para que o aluno não se arranhe ao executar o salto. Protocolo: a posição inicial é com o pé junto a uma linha (no chão), a 30 cm da tábua de marcação. Deve ser passado pó de giz nas polpas dos dedos indicadores da mão dominante e, com a outra, junto ao corpo, procura-se alcançar o mais possível, conservando-se os calcanhares em contato com o solo. Faz-se uma marca na tábua com os dedos (sujos de giz) desta posição, agacha-se e salta, fazendo nova marca com os dedos (mão dominante) no ponto mais alto que conseguir alcançar, não é permitido andar ou tomar distância para dar o salto. O resultado é registrado medindo-se a distância entre a primeira marca e a segunda, registrada em cm. São permitidas três tentativas. Cálculo: O kgm.s -1 = 2.21 x peso corporal x raiz quadrada de D. Onde: D = diferença entre a primeira marca da segunda em metros. Tabela 6 - Salto vertical. Desempenho Homens Mulheres % cm cm 90 64 36 80 61 33 70 58 30 60 48 25 50 41 20 40 33 15 30 23 10 20 20 05 10 05 2.5 Fonte: Living Fit (1988)., São Paulo. v.9. n.54. p.430-437. Jul./Ago. 2015. ISSN 1981-9900.

435 Tabela 7 - Escala de Categoria (Taxação do Esforço percebido). 6 Sem nenhum esforço 7 Extremamente leve 8 9 Muito leve 10 11 Leve 12 13 Um pouco intenso 14 15 Intenso pesado 16 17 Muito intenso 18 19 Extremamente intenso 20 Máximo esforço Fonte: Borg (1998). Considerações éticas O estudo, assim como o questionário, foi aprovado no Comitê de Ética da Faculdade Integrada do Ceará FIC, conforme as normas da Faculdade que regem os princípios de pesquisas práticas. Após estes esclarecimentos foi solicitada dos participantes a assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, para realização da pesquisa. Análise estatística Os dados do presente estudo foram analisados estatisticamente utilizando-se o programa Microsoft Office Excel. Os mesmos foram apresentados em forma de gráficos tomando por base a correlação de variáveis através de avaliação de cálculo percentual. Os resultados foram interpretados por meio de uma síntese das ideias essenciais dos participantes, explicitados com precisão e clareza. A Planilha em Excel utilizada para prescrição de cargas pelo peso corporal é uma criação do Prof. Ms. Demétrius Cavalcanti Brandão. ANÁLISE DOS RESULTADOS No grupo de 25 mulheres e 25 homens que foram submetidos ao teste de força, de membros superiores, inferiores e abdominal. Tabela 8 - Resultados observados na aplicação das cargas no grupo do sexo feminino. Membros Membros Abdominal Intensidade superiores inferiores Total de Mulheres 14 fraco fraco fraco 07 moderado moderado moderado 04 moderado excelente moderado Total 25 Todas elas consideraram a intensidade do treinamento baseada na escala de Borg como intensidade leve. Classificaram a intensidade como um pouco intenso. Consideraram a carga para membros superiores como muito esforço pela Escala de Borg. Já para membros inferiores consideram intenso pesado., São Paulo. v.9. n.54. p.430-437. Jul./Ago. 2015. ISSN 1981-9900.

Tabela 9 - Resultados observados na aplicação das cargas no grupo do sexo feminino. Total de Membros Membros Homens superiores inferiores Abdominal Intensidade 08 fraco fraco Fraco Consideraram a intensidade pela Escala de Borg como intensidade leve. 11 moderado moderado moderado Consideraram a intensidade do treinamento um pouco intensa de acordo com a Escala de Borg. 06 excelente excelente excelente Consideraram a intensidade do treino como muito intenso de acordo com a Escala de Borg. Total 25 436 Vale ressaltar que o resultado predominou mais em máquinas articuladas com polias, que não mantém o peso real. DISCUSSÃO Se para um dado número de repetições for solicitado que um grupo de indivíduos se exercite com os mesmos percentuais de suas cargas individuais de 1 RM, é bem provável que nem todos os elementos do grupo em questão executem o mesmo número de repetições, essas diferenças ocorrem em muito pelo pelo príncípio da individualidade biológica e também pelas diferenças de forças apresentadas em um mesmo indivíduo para grupos diferentes. Para os autores Fleck e Kraemer (1999), é possível especular ainda que as repetições realizadas por um ou outro sujeito fiquem abaixo ou acima da zona de repetições pré-estabelecida e com isso, esses indivíduos poderão sofrer adaptações fisiológicas distintas. Esse pode ter sido um dos motivos pelos quais houve diferenças nos resultados entre os gêneros. Zakharov (1992) propôs uma hierarquização da intensidade de treinamento de condicionamento muscular com percentual de carga máxima, divididas em oito subníveis, que podem ser utilizadas durante uma periodização. Tabela 10 - Correspondência aproximada entre a carga adicional e o número máximo de repetições em cada série nos exercícios de força. Intensidade % CM Número de repetições Máxima 100 1 Submáxima 99 90 2 3 Grande (1ª Subzona) 89 80 4 6 Grande (2ª Subzona) 79 70 7 10 Moderada (1ª Subzona) 69 60 11 15 Moderada (2ª Subzona) 59 50 16 20 Pequena (1ª Subzona) 49 40 21 30 Pequena (2ª Subzona) 39 30 + 30 Fonte: Zakharov (1992). A necessidade de se ter cautela em assumir que percentuais semelhantes de 1RM possam proporcionam intensidade e volume de treinamento também semelhantes entre diferentes indivíduos relata que algumas das pesquisas citadas apontam a necessidade desse tipo de cuidado, sendo um ponto de vista não destacado se diz respeito à falta de discussão sobre as variações do número de repetições intragrupos, ou seja, a maioria dos estudos compara a variação em torno das médias do número de repetições de cada grupo separadamente e não compara a diferença entre as repetições dos sujeitos do mesmo grupo. No presente estudo, encontramos pequenas diferenças, principalmente no sexo feminino., São Paulo. v.9. n.54. p.430-437. Jul./Ago. 2015. ISSN 1981-9900.

437 Não há estudos que elucidem a prescrição de cargas pelo peso corporal. Neste estudo, apresentaram-se algumas limitações: 1) A insatisfação de treinamento por membros superiores das mulheres pesquisadas, o que pode ter interferido no resultado; 2) A reprodutibilidade do teste através do re-teste no mesmo grupo estudado. CONCLUSÃO Verificou-se que na elaboração de um programa com sobrecargas é essencial uma avaliação física para que se possam conhecer as variáveis morfológicas (composição corporal, somatótipo e medidas circunferências e lineares) e variáveis funcionais (capacidade aeróbia, anaeróbia, força e flexibilidade) do praticante de musculação. Verificou-se que o resultado da pesquisa da prescrição de carga de treinamento de musculação pelo peso corporal baseado na Escala de Borg aplicado aos praticantes de musculação foi concluído de forma satisfatória para os homens e mulheres de acordo com o nível de treinamento e resultado da avaliação física. REFERÊNCIAS 1-American College of Sports Medicine. Prova de esforço e prescrição de exercícios. Revinter. 1998. 2-Aoki, M S. Fisiologia. Treinamento e Nutrição aplicados ao futebol. Fontoura. 2002. 3-Borg, G. A. V. Psychophysical bases of perceived exertion. Medicine and Science in Sports and Exercise. Vol.14. p. 377-381. 1998. 4-Carnaval, P. E. Medidas e avaliação em ciências do esporte. Sprint. 2000. 5-Fleck, S.J.; Kraemer, W. J. Fundamentos do treinamento de força muscular. Porto Alegre. Art Med. 1999. 6-Giannichi, R. S.; Martins, J. C. B. Avaliação e prescrição de atividade física: guia prático. Shape. 1996. 7-Guimarães Neto, W. M. Musculação Total: Preparação física com a utilização de sobrecargas nos esportes de luta. Coleção Musculação Total. Phorte. 2001. 8-Guimarães Neto, W. M. Musculação: anabolismo total. 7ª edição. Phorte. 2005. 9-Kiss, M. A. P. D.M. Avaliação em Educação Física. Aspectos Biológicos e Educacionais. Manole, 1987. 10-Machado, I. L. Modelagem do físico: musculação ao alcance de todos. Tecnoprint. 1980. 11-Modifield from H.J Montaye. Living Fit. Benjamin/Cummings. Menlo Park, CA. 1988. 12-Monteiro, W. D. Força muscular: uma abordagem fisiológica em função do sexo, idade e treinamento. Revista Brasileira de Atividade Física e Saúde. Vol. 2. Núm. 2. p.50-66. 1997. 13-Morrow Junior, J. R.; Jackson, A. W.; Disch, J. G.; Mood, D. P. Medida e Avaliação do Desempenho Humano. Tradução: Maria da Graça Figueiró da Silva. 2ª edição. Porto Alegre. Artmed. 2003. 14-Pinto, J. R. Caderno de Biometria. Vol. 01 Educação Física Castelo Branco. Rio de Janeiro. Editora FEFIG. 1977. 15-Pitanga, F. J. G. Testes, medidas e avaliação. Salvador. GrafufBa. 2000. 16-Pollock, M.L.; Wilmore, J.H. Exercícios na saúde e na doença. 2ª edição. Rio de Janeiro. Medsi. 1993. 17-Santarém, J. M. Musculação: princípios atualizados: fisiologia, treinamento e nutrição. São Paulo. Fitness Brasil. 2007. 18-Zakharov, A. Ciências do treinamento desportivo. Rio de Janeiro. Palestra. 1992. Recebido para publicação 13/01/2015 Aceito em 26/05/2015, São Paulo. v.9. n.54. p.430-437. Jul./Ago. 2015. ISSN 1981-9900.