AS RECEITAS TRIBUTÁRIAS MUNICIPAIS EM 2015

Documentos relacionados
AS RECEITAS TRIBUTÁRIAS MUNICIPAIS EM 2014

A IMPORTÂNCIA DO ISS PARA OS MUNICÍPIOS

O POTENCIAL DE ARRECADAÇÃO DO IPTU

A IMPORTÂNCIA DAS PRINCIPAIS TRANSFERÊNCIAS DE RECURSOS PARA OS MUNICÍPIOS ICMS E FPM

O DESEMPENHO FINANCEIRO DOS GRANDES MUNICÍPIOS ENTRE 2014 E 2016

RECURSOS PARA A ÁREA DA SAÚDE

PERFIL DOS VEREADORES ELEITOS EM 2016 BRASIL E REGIÕES

A SITUAÇÃO FISCAL DOS MUNICÍPIOS BILIONÁRIOS NO PERÍODO ENTRE 2009 E 2012

RECURSOS PARA A ÁREA DA SAÚDE

AS FINANÇAS MUNICIPAIS EM 2013

OS CANDIDATOS A PREFEITO NOS MUNICÍPIOS BILIONÁRIOS EM 2016

AS RECEITAS TRIBUTÁRIAS MUNICIPAIS EM 2010

OS CANDIDATOS A VEREADOR EM 2016

A DÍVIDA ATIVA INSCRITA PELOS MUNICÍPIOS E A RECEITA COM ELA AUFERIDA: A SITUAÇÃO EM 2010

TRANSPARÊNCIA E SUSTENTABILIDADE DOS MUNICÍPIOS

A IMPORTÂNCIA DO IPTU NAS FINANÇAS MUNICIPAIS

OS MUNICÍPIOS BRASILEIROS

DÍVIDA ATIVA: UMA IMPORTANTE RECEITA

CENÁRIO FUTURO PARA OS MUNICÍPIOS E AS DESPESAS LEGISLATIVAS

PERSPECTIVAS DAS FINANÇAS

EVOLUÇÃO DOS COEFICIENTES DO FPM EM 2018

O ÍNDICE DE GESTÃO FISCAL DOS MUNICÍPIOS EM 2013

O DESEMPENHO DAS RECEITAS DO ISS E DO IPTU NOS MUNICÍPIOS DAS CAPITAIS

ESCOLA DO LEGISLATIVO DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO. Emancipação de Municípios: Vantagens e desvantagens

INSTITUTO BRASILEIRO DE ADMINISTRAÇÃO MUNICIPAL

GUARDAS MUNICIPAIS EXISTENTES NOS MUNICÍPIOS

AÇÕES MUNICIPAIS PARA A ATRAÇÃO DE ATIVIDADES ECONÔMICAS

INSTITUTO BRASILEIRO DE ADMINISTRAÇÃO MUNICIPAL

EVOLUÇÃO DO FPM NO PERÍODO

NÚMERO MÁXIMO DE VEREADORES NAS ELEIÇÕES DE 2008 E Rondônia -

A IMPORTÂNCIA DO FPM PARA AS FINANÇAS MUNICIPAIS E SEU PAPEL NA EQUALIZAÇÃO DAS RECEITAS

A SITUAÇÃO DA URBANIZAÇÃO NOS MUNICÍPIOS BRASILEIROS EM (Estudo Técnico nº 126) François E. J. de Bremaeker

AS DESPESAS DOS GOVERNOS FEDERAL, ESTADUAIS E MUNICIPAIS COM A FUNÇÃO GESTÃO AMBIENTAL EM 2010

O CRESCIMENTO DA POPULAÇÃO EM NÍVEL MUNICIPAL NO PERÍODO ENTRE 2000 E 2010

OS CANDIDATOS A PREFEITO NAS CAPITAIS EM 2016

IMPACTO DA CRISE ATUAL NAS FINANÇAS DOS MUNICÍPIOS EM 2017

AS FINANÇAS MUNICIPAIS EM 2009

AS FINANÇAS MUNICIPAIS E A REFORMA TRIBUTÁRIA

LEI DA TRANSPARÊNCIA COMO INSTRUMENTO DE FISCALIZAÇÃO DAS CONTAS PÚBLICAS

ESTIMATIVAS DAS COTAS DO FPM RORAIMA

RECURSOS PARA O FUNDEB PERMANENTE

O FORTALECIMENTO DAS FINANÇAS

ESTIMATIVAS DAS COTAS DO FPM AMAPÁ

VII CONGRESSO MINEIRO DE VEREADORES

NÚMERO MÁXIMO DE VEREADORES NAS ELEIÇÕES DE 2008 E Alagoas -

LEI DA TRANSPARÊNCIA COMO INSTRUMENTO DE FISCALIZAÇÃO DAS CONTAS PÚBLICAS

O FORTALECIMENTO DAS FINANÇAS

FONTES DE RECURSOS PARA OS MUNICÍPIOS

O IMPACTO DA CRISE ATUAL NOS MUNICÍPIOS

Carga Tributária Bruta de 2017 e a Receita Disponível dos Entes Federados

DESPESAS MUNICIPAIS COM SERVIÇOS, AÇÕES E PROGRAMAS DE COMPETÊNCIA DOS ESTADOS E DA UNIÃO EM 2009

OS MUNICÍPIOS BILIONÁRIOS EM 2013

Desafios da Federação Brasileira Fortalecimento dos Municípios

O IPTU no Brasil. Oportunidades e Restrições para a Exploração do Imposto como Fonte de Financiamento Local

AS RECEITAS DOS MUNICÍPIOS DO ESTADO DE SÃO PAULO EM 2009

PERFIL DOS PREFEITOS DO ESTADO DE RONDÔNIA ( )

VII Congresso Mineiro de Vereadores

Estudo Técnico: Evolução do ICMS no Estado do Rio Grande do Norte no período

DESPESAS DOS MUNICÍPIOS DO ESTADO DE MINAS GERAIS COM SERVIÇOS, AÇÕES E PROGRAMAS DE COMPETÊNCIA DOS ESTADOS E DA UNIÃO EM 2011

NÚMERO MÁXIMO DE VEREADORES NAS ELEIÇÕES DE 2008 E Mato Grosso -

AS RECEITAS DOS MUNICÍPIOS DA REGIÃO DE FEIRA DE SANTANA EM 2008

TEMA : SIMPLIFICAÇÃO E DESBUROCRATIZAÇÃO. REGIONAL OESTE Ação: SALA DO EMPRESÁRIO EM CASCAVEL PR. 1.Breve caracterização municipal

DOM PUBLICAÇÕES LEGAIS

DOM PUBLICAÇÕES LEGAIS

Federação desigual. Assimetrias regionais. Região PIB População Território Região Sudeste 55,41% 42% 10,60% Região Norte 5,40% 8% 45,20%

O IPTU NO BRASIL. CONABRASF Brasília 11 de dezembro de Erika Amorim Araujo Consultora em Finanças Públicas

Gráfico 1: IDMPE, Serranópolis do Iguaçu - PR

Consultoria de Orçamentos e Fiscalização Financeira

GASTOS LEGISLATIVOS MUNICIPAIS A N Á L I S E E P RO P O S I Ç Õ E S A G O S TO D E

PERFIL DOS VEREADORES DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL ( )

TRANSPARÊNCIA MUNICIPAL

BASE DE CÁLCULO E APLICAÇÃO MÍNIMA PELOS ENTES FEDERADOS EM AÇÕES E SERVIÇOS PÚBLICOS DE SAÚDE

51 ANOS A PROPOSTA DE EMENDA À CONSTITUIÇÃO QUE FIXA O NÚMERO DE VEREADORES (PEC Nº 353/2001) (Série Estudos Especiais nº 64)

I 7% (sete por cento) para Municípios com população de até ( cem mil ) habitantes;

Contabilizando para o Cidadão Entendendo as Finanças Públicas

A POLÍTICA DE FUNDOS PARA A EDUCAÇÃO E O IMPACTO NAS FINANÇAS DOS ESTADOS E MUNICÍPIOS

NÚMERO MÁXIMO DE VEREADORES NAS ELEIÇÕES DE 2008 E Pará -

Contabilizando para o Cidadão Entendendo as Finanças Públicas

Apresentação. Freire Neto

Setor Público Brasileiro

Objetivo Geral: Objetivos Específicos:

Estruturação da Arrecadação do IPTU: Caso do Município de Campo Grande-MS

Contabilizando para o Cidadão

4ª Jornada Científica e Tecnológica da FATEC de Botucatu 7 a 9 de Outubro de 2015, Botucatu São Paulo, Brasil

AS RECEITAS DOS MUNICÍPIOS DO ESTADO DA BAHIA EM 2008

Contabilizando para o Cidadão Entendendo as Finanças Públicas

FUNDEB PERMANENTE O QUE ESTÁ EM JOGO? ANDRE LEMES SECRETÁRIO DE EDUCAÇÃO DE RIO GRANDE/RS PRESIDENTE UNDIME RS

O Comportamento das Finanças Municipais 2017

SISTEMA TRIBUTÁRIO NACIONAL E

REFLEXOS E PARADIGMAS DA GUERRA FISCAL DO ICMS

PADRÕES DE CRESCIMENTO DA POPULAÇÃO BRASILEIRA EM NÍVEL MUNICIPAL ( )

Art. 1º - Esta Lei estima a Receita e Fixa a Despesa do Município de ACARAÚ para o Exercício Financeiro de 2014, compreendendo:

AS DESPESAS MUNICIPAIS COM A FUNÇÃO LEGISLATIVA EM 2010

Estudo de Referência:

O Fundo Constitucional do Distrito Federal e os Efeitos Perversos sobre as Finanças do DF

Quinta-feira, 13 de Novembro de 2014 N 692 LEI Nº 830/2014

AS RECEITAS DOS MUNICÍPIOS DA REGIÃO SUDOESTE DA BAHIA EM 2008

RECEITAS , ,19 0, , Receitas Correntes , ,88 0, ,12

MANUAL DO USUÁRIO. do Relatório Simplificado de Acompanhamento Financeiro-Orçamentário SUMÁRIO

O comportamento das finanças próprias municipais em 2010

Transcrição:

AS S TRIBUTÁRIAS MUNICIPAIS EM 2015 François E. J. de Bremaeker Rio de Janeiro, janeiro de 2017

AS S TRIBUTÁRIAS MUNICIPAIS EM 2015 François E. J. de Bremaeker Bacharel em economia e bacharel e licenciado em geografia Gestor do Observatório de Informações Municipais Membro do Núcleo de Estudos Urbanos da Associação Comercial de São Paulo Presidente do Conselho Municipal do Ambiente de Paraíba do Sul (RJ) Consultor de entidades municipálistas (bremaeker@gmail.com) O presente estudo tem por finalidade a elaboração de uma análise sobre a composição das receitas tributárias dos Municípios brasileiros, evidenciando as diferenças que ocorrem em função do seu quantitativo demográfico. Estudos anteriores sobre o panorama das finanças municipais já deixavam evidente a fragilidade das finanças municipais, motivada pelas diferentes realidades encontradas nos Municípios, relacionadas a uma série de fatores, tais como: o quantitativo demográfico, o grau de urbanização e a sua vocação econômica. O que se observa é o fato de que a estrutura tributária brasileira sempre deixou sob a competência municipal os impostos tipicamente urbanos, tais como o Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU) e o Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza (ISS). Estes dois impostos foram responsáveis, em 2015, por 82,25% do montante da receita tributária municipal. Em 2014 a participação era de 81,65%.. Em 2013 esta participação era de 81,55%, em 2012 de 81,89%, em 2011 de 81,99%, em 2010 de 82,47%, em 2009 de 82,85%. Em 2008 era de 82,43% e em 2007 de 82,60%. Em 2006 era de 82,7%, em 2005 de 82,2% e em 2004 de 81,6%. A importância da receita tributária dos governos locais cresce na medida em que aumenta o quantitativo demográfico dos Municípios, pelo fato de ser uma variável intimamente relacionada com o grau de urbanização.

A receita tributária municipal A receita tributária municipal vigente em 2015 é constituída pelas seguintes espécies tributárias: impostos taxas o imposto predial e territorial urbano (IPTU) o imposto sobre serviços de qualquer natureza (ISS) o imposto sobre a transmissão de bens imóveis intervivos (ITBI inter vivos) o imposto territorial rural (ITR), desde que atendidos os requisitos da Lei nº 11.250, de 27/12/2005. o taxas pela utilização de serviços públicos o taxas pelo exercício do poder de polícia contribuição de melhoria A importância das receitas tributárias Em 2015 as receitas tributárias representavam 17,25% da receita orçamentária municipal. Em 2014 a participação era de 17,36%. A única região que apresentava uma participação acima da média nacional era a Sudeste. Na comparação com as demais regiões a Sudeste concentra 65,12% de toda a receita tributária municipal do país. Em segundo plano aparecia a região Sul, que concentrava 14,04% da receita tributária municipal, vindo a seguir os Municípios da região Nordeste, com 12,03%. Mais abaixo estão os Municípios da região Centro-oeste, que concentravam 5,09% da receita tributária, enquanto que os da região Norte concentravam 3,72%

TABELA 1 DISTRIBUIÇÃO DA ORÇAMENTÁRIA E DA TRIBUTÁRIA, SEGUNDO AS GRANDES REGIÕES. BRASIL 2015 (*) (em R$ 1,00) BRASIL E GRANDES REGIÕES ORÇAMENTÁRIA TRIBUTÁRIA % BRASIL 566.248.720.650 97.682.176.655 17,25 Norte 37.036.937.924 3.635.912.664 9,82 Nordeste 122.148.259.063 11.754.619.950 9,62 Sudeste 278.922.873.848 63.603.096.260 22,80 Sul 92.196.299.255 13.714.531.116 14,88 Centro-oeste 35.944.350.560 4.974.016.665 13,84 Através da receita tributária per capita têm-se uma mais precisa idéia da realidade. Verifica-se que a receita per capita dos Municípios da região Sudeste é a única que supera a média nacional (e com bastante folga). Os Municípios da região Sul aparecem em segundo plano e são os que mais se aproximam da média brasileira, vindo em seguida aqueles da região Centro-oeste, bem abaixo da média. Quanto às regiões Norte e Nordeste, estas apresentam as receitas tributárias per capita mais modestas, num patamar pouco mais de duas vezes menor que a média dos Municípios do País.

TABELA 2 DISTRIBUIÇÃO DA ORÇAMENTÁRIA PER CAPITA E DA TRIBUTÁRIA PER CAPITA, SEGUNDO AS GRANDES REGIÕES. BRASIL 2015 (*) (em R$ 1,00) BRASIL E GRANDES REGIÕES ORÇAMENTÁRIA PER CAPITA TRIBUTÁRIA PER CAPÍTA % BRASIL 2.809,27 484,62 17,25 Norte 2.115,86 207,71 9,82 Nordeste 2.159,73 207,84 9,62 Sudeste 3.252,91 741,77 22,80 Sul 3.154,15 469,19 14,88 Centro-oeste 2.869,26 397,05 13,84 A distribuição dos Municípios segundo os grupos de habitantes mostra que existe um significativo diferencial em relação à participação da receita tributária frente à receita orçamentária. Como seria de se esperar a participação da receita tributária em relação à receita orçamentária se eleva à medida em que aumenta o porte demográfico dos Municípios. Interessante observar que apenas os grupos dos Municípios com população acima de 200 mil habitantes superam a participação relativa da média nacional de receita tributária. Isto significa dizer que apenas 2,62% dos Municípios brasileiros (146 unidades) se encontram nos grupos que apresentam uma participação de receita tributária acima média nacional.

GRUPOS DE HABITANTES (por mil) TABELA 3 DISTRIBUIÇÃO DA ORÇAMENTÁRIA E DA TRIBUTÁRIA, SEGUNDO OS GRUPOS DE HABITANTES. BRASIL 2015 (*) (em R$ 1,00) ORÇAMENTÁRIA TRIBUTÁRIA BRASIL 566.248.720.650 97.682.176.655 17,25 até 2 1.359.971.308 24.050.095 1,77 2 I-- 5 17.209.481.235 529.240.619 3,08 5 I-- 10 25.631.785.038 1.141.160.556 4,45 10 I-- 20 50.172.302.149 2.694.230.047 5,37 20 I-- 50 80.370.325.899 6.268.066.959 7,80 50 I-- 100 59.279.258.139 6.716.447.280 11,33 100 I-- 200 54.871.268.927 8.040.868.763 14,65 200 I-- 500 90.036.801.296 17.334.560.463 19,25 500 I-- 1000 45.545.140.747 9.331.615.362 20,49 1000 I-- 5000 64.445.019.544 15.961.111.048 24,77 5000 e mais 77.327.366.368 29.640.825.463 38,33 % Este fato mostra que existe uma forte concentração da receita tributária nos Municípios de maior porte demográfico, que são aqueles mais urbanos. Estes poucos Municípios, com população superior a 200 mil habitantes, concentram nada menos que 73,98% de toda a receita tributária do conjunto dos Municípios do País. Em oposição, verifica-se que 68,66% dos Municípios, que possuem população abaixo de 20 mil habitantes, detém apenas 4,49% do total da receita tributária do conjunto dos Municípios brasileiros. Vale à pena registrar que os 2 Municípios mais populosos (São Paulo e Rio de Janeiro) concentram 30,34% de toda a receita tributária arrecadada pelo conjunto dos Municípios do País. A observação dos valores per capita da receita tributária municipal mostra que a média nacional somente é ultrapassada pelos Municípios do grupo com população superior a 200 mil habitantes.

Os Municípios com população até 20 mil habitantes apresentem valores per capita de receita tributária muito próximos, sendo que a partir deste ponto os valores começam a se elevar. TABELA 4 DISTRIBUIÇÃO DA ORÇAMENTÁRIA PER CAPITA E DA TRIBUTÁRIA PER CAPITA, SEGUNDO OS GRUPOS DE HABITANTES. BRASIL 2014 (*) (em R$ 1,00) GRUPOS DE HABITANTES (por mil) ORÇAMENTÁRIA PER CAPITA TRIBUTÁRIA PER CAPITA % BRASIL 2.809,27 484,62 17,25 até 2 7.256,35 128,32 1,77 2 I-- 5 4.308,72 132,51 3,08 5 I-- 10 2.974,17 132,41 4,45 10 I-- 20 2.555,63 137,24 5,37 20 I-- 50 2.427,23 189,30 7,80 50 I-- 100 2.436,72 276,09 11,33 100 I-- 200 2.596,57 380,50 14,65 200 I-- 500 2.788,29 536,82 19,25 500 I-- 1000 2.795,03 572,67 20,49 1000 I-- 5000 2.738,75 678,31 24,77 5000 e mais 4.192,44 1.607,03 38,33 A partir do grupo de 20 mil a 50 mil habitantes os crescimentos são crescentes em valores per capita, diminuindo nos grupos de 500 mil a 5 milhões de habitantes e dando um salto de 2,37 vezes no grupo de mais de 5 milhões de habitantes. O diferencial entre o maior e o menor valor per capita da receita tributária é de 12,52 vezes.

O detalhamento das receitas tributárias O principal tributo municipal é o Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza (ISS). Ele representava 54,06% do montante da receita tributária do conjunto dos Municípios. Dos R$ 52,807 bilhões arrecadados em 2015 com o ISS, nada menos que 65,45% está concentrado na região Sudeste. A segunda região em importância é a Nordeste, onde foi arrecadado 13,55% de todo o ISS do País, seguindo-se em importância a região Sul (11,52%) e bem abaixo as regiões Norte (4,96%) e Centro-oeste (4,52%), observando-se que não são computados os dados referentes a Brasília (Distrito Federal). O segundo tributo municipal em importância é o Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU). Ele representava 28,19% do montante da receita tributária do conjunto dos Municípios. Dos R$ 27,534 bilhões arrecadados em 2015, nada menos que 70,72% estão concentrados nos Municípios da região Sudeste. A segunda região em importância é a Sul, onde foi arrecadado 13,91% de todo o IPTU no País, seguindo-se em importância a região Nordeste (8,47%) e bem abaixo as regiões Centro-oeste (5,17%) e Norte (1,73%). O terceiro tributo municipal em importância é o Imposto sobre a Transmissão de Bens Imóveis inter vivos (ITBI). Ele representava 10,10% do montante de receita tributária do conjunto de Municípios. Dos R$ 9,865 bilhões arrecadados em 2015, a região Sudeste concentrava 58,13% deste montante. A região que aparecia em segundo plano é a Sul, onde foi arrecadado 20,09% de todo o ITBI no País, seguindo-se em importância a região Nordeste (12,07%) e bem abaixo as regiões Centro-oeste (7,32%) e Norte, 2,39%. O quarto tributo em importância são as taxas. Elas representavam 7,38% do montante da receita tributária do conjunto dos Municípios. Dos R$ 7,213 bilhões arrecadados em 20157, a região Sudeste concentra 51,85% de todas as taxas arrecadadas no País, vindo em segundo plano a região Sul (23,56%), seguida pelas regiões Nordeste (14,51%), Centrooeste (5,96%) e Norte (4,12%). Tanto o Imposto Territorial Rural (ITR), cobrado pelos Municípios que aderiram ao convênio com a União para a fiscalização e cobrança, quanto a Contribuição de Melhoria apresentavam uma arrecadação residual, representando, 0,27% do montante das receitas tributárias do conjunto dos Municípios.

TABELA 5 DISTRIBUIÇÃO DA S TRIBUTÁRIAS MUNICIPAIS, SEGUNDO AS GRANDES REGIÕES. BRASIL 2015. (R$ 1,00) BRASIL E GRANDES REGIÕES TOTAL IPTU ITBI ISS TAXAS BRASIL 97.682.176.655 27.534.334.162 9.864.781.002 52.806.689.407 7.212.928.491 Norte 3.635.912.664 476.051.172 235.835.973 2.621.227.281 297.280.180 Nordeste 11.754.619.950 2.332.553.530 1.190.245.898 7.153.809.046 1.046.746.924 Sudeste 63.603.096.260 19.471.369.916 5.734.796.038 34.563.362.576 3.739.447.905 Sul 13.714.531.116 3.830.811.965 1.982.207.002 6.083.159.898 1.699.468.279 Centro-oeste 4.974.016.665 1.423.547.579 721.696.091 2.385.130.606 429.985.203 Os valores per capita seguem as mesmas tendências apontadas para os valores absolutos, mostrando o melhor desempenho da região Sudeste, cujos valores se destacam em relação ao ISS e ao IPTU. No caso do ITBI há uma ligeira predominância da região Sul, e um mais destacado resultado em relação às taxas. TABELA 6 DISTRIBUIÇÃO DA S TRIBUTÁRIAS MUNICIPAIS PER CAPITA, SEGUNDO AS GRANDES REGIÕES. BRASIL 2015. (R$ 1,00) BRASIL E GRANDES REGIÕES TOTAL IPTU ITBI ISS TAXAS BRASIL 484,62 136,60 48,94 261,98 35,78 Norte 207,71 27,20 13,47 149,75 16,98 Nordeste 207,84 41,24 21,05 126,49 18,51 Sudeste 741,77 227,08 66,88 403,09 43,61 Sul 469,19 131,06 67,81 208,11 58,14 Centro-oeste 397,05 113,63 57,61 190,39 34,32

A distribuição da arrecadação dos diferentes tributos pelos grupos de habitantes mostram tanto para os valores absolutos quanto principalmente para os valores per capita o melhor desempenho dos grupos de maior porte demográfico, vez que no caso dos dois tributos mais importantes (ISS e IPTU) o fator urbano tem uma forte influência. TABELA 7 DISTRIBUIÇÃO DA S TRIBUTÁRIAS MUNICIPAIS, SEGUNDO OS GRUPOS DE HABITANTES. BRASIL 2015. GRUPOS DE HABITANTES (por mil)) (R$ 1,00) TOTAL IPTU ITBI ISS TAXAS BRASIL 97.682.176.655 27.534.334.162 9.864.781.002 52.806.689.407 7.212.928.491 até 2 24.050.095 3.876.669 6.211.087 10.453.883 2.957.229 2 I-- 5 529.240.619 80.915.629 115.400.959 272.875.369 54.512.742 5 I-- 10 1.141.160.556 207.145.865 213.772.592 585.192.128 124.500.321 10 I-- 20 2.694.230.047 534.764.727 364.909.568 1.483.294.736 294.509.214 20 I-- 50 6.268.066.959 1.489.162.047 725.104.377 3.310.827.567 711.481.240 50 I-- 100 6.716.447.280 1.917.783.599 766.912.946 3.217.328.235 787.704.480 100 I-- 200 8.040.868.763 2.352.603.799 797.681.565 4.010.217.892 813.488.147 200 I-- 500 17.334.560.463 5.090.237.872 1.665.231.933 8.884.404.269 1.647.896.190 500 I-- 1000 9.331.615.362 2.793.279.326 948.739.871 4.782.407.972 803.011.186 1000 I-- 5000 15.961.111.048 4.481.392.126 1.791.988.691 8;386.684.707 1.247.044.844 5000 e mais 29.640.825.463 8.583.172.503 2.468.827.413 17.863.002.649 725.822.898 Verifica-se que na distribuição dos valores per capita que os grupos de habitantes até 20 mil habitantes apresentam valores bastante próximos em comparação com os demais grupos, o que realça a influência do fator urbano na arrecadação de todos os tributos.

TABELA 8 DISTRIBUIÇÃO DA S TRIBUTÁRIAS MUNICIPAIS PER CAPITA, SEGUNDO OS GRUPOS DE HABITANTES. BRASIL 2015. (R$ 1,00) GRUPOS DE HABITANTES (por mil)) TOTAL IPTU ITBI ISS TAXAS BRASIL 484,62 136,60 48,94 261,98 35,78 até 2 128,32 20,68 33,14 55,78 15,78 2 I-- 5 132,51 20,26 28,89 68,32 13,65 5 I-- 10 132,41 24,04 24,80 67,90 14,45 10 I-- 20 137,24 27,24 18,59 75,55 15,00 20 I-- 50 189,30 44,97 21,90 99,99 21,49 50 I-- 100 276,09 78,83 31,52 132,25 32,38 100 I-- 200 380,50 111,33 37,75 189,77 38,50 200 I-- 500 536,82 157,64 51,57 275,14 51,03 500 I-- 1000 572,67 171,42 58,22 293,49 49,28 1000 I-- 5000 678,31 190,45 76,15 356,41 53,00 5000 e mais 1.607,03 465,35 133,85 968,48 39,35 (*) Dados para o universo de 5.568 Municípios. Não são considerados os dados referentes ao Distrio Conclusão Como o sistema tributário concede aos Municípios impostos cuja base de tributação mais expressiva é relacionada ao meio urbano, este fato faz com que haja uma elevada concentração das receitas tributárias nos Municípios de maior porte demográfico, que são os que apresentam a maior parcela de população urbana do País. Isto faz com que os Municípios de pequeno porte e até mesmo os menores dentre aqueles de médio porte demográfico tenham uma baixa participação quanto à receita tributária, ou seja, que em média, para o conjunto de 68,66% dos Municípios do País a sua participação, não ultrapasse os 4,65% da sua receita orçamentária. Verifica-se que o atual sistema tributário leva a esta situação, e que, infelizmente, não se vislumbra uma perspectiva diferente, mesmo que se promova uma profunda alteração no sistema tributário nacional, vez que o grande problema destes Municípios é, além da relativamente pequena quantidade de contribuintes, a baixa capacidade ou mesmo a incapacidade contributiva da sua população, devido não apenas à enorme desigualdade na distribuição da renda de sua população, mas também da enorme concentração de pobreza nestes Municípios.

Por este motivo os únicos Municípios que têm conseguido ampliar de maneira significativa suas receitas tributárias são aqueles de grande porte demográfico, através da arrecadação do Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza, não apenas em decorrência da ampliação da lista de serviços, como também pelo aperfeiçoamento do seu aparato de fiscalização.

François E. J de Bremaeker Bacharel em economia e bacharel e licenciado em geografia Gestor do Observatório de Informações Municipais Membro do Núcleo de Estudos Urbanos do Conselho de Política Urbana da Associação Comercial de São Paulo Membro do Conselho Municipal do Ambiente de Paraíba do Sul (RJ), desde 2010, sendo eleito Presidente em 2012 Colaborador da Universidade de São Paulo (USP) na elaboração do Atlas do Brasil Consultor da Associação Brasileira de Câmaras Municipais (ABRACAM) Consultor da Associação Brasileira de Prefeituras (ABRAP) Consultor-palestrante da Oficina Municipal Sócio-Benemérito da Associação Brasileira de Câmaras Municipais, recebendo os prêmios de DESTAQUE ABRASCAM em 2002 pelo trabalho em prol dos legislativos municipais e em 2003, pelo trabalho desenvolvido em defesa do Serviço Público Municipal É colunista da Revista Painel de Compras Municipais É articulista da Revista Correio dos Estados e Municípios É articulista do Jornal do Interior, da União dos Vereadores do Estado de São Paulo (UVESP) Tem artigos publicados em diversos veículos de comunicação e sítios na Internet Participou em reunião do Fórum sobre Federalismo do Comitê de Articulação Federativa da Secretaria de Relações Institucionais da Presidência da República (CAF/SRI-PR) Foi membro da Rede de Diálogo do Observatório da Equidade do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social da Presidência da República (CDES-PR) Foi assessor técnico do Instituto Brasileiro de Administração Municipal por 38 anos, de 1971 a 2008 (aposentado) Foi membro do extinto Conselho de Desenvolvimento das Cidades da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo de São Paulo (FECOMERCIO-SP) e jurado do 2º Prêmio de Sustentabilidade Foi Membro do Conselho de Desenvolvimento Territorial de Paraíba do Sul (RJ) de 2010 a 2012, quando foi desativado Foi consultor da Associação Transparência Municipal de agosto de 2008 a outubro de 2013 Foi Conselheiro-suplente do Fórum de Consórcios e do Federalismo da Frente Nacional dos Prefeitos (FNP), representando a Transparência Municipal Foi Membro do Conselho Deliberativo da Associação Brasileira de Municípios - seccional Rio de Janeiro (ABM-RJ)