A COMUNICAÇÃO E 0 PODER



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NUMERO 28 ORGAO DA PASTORAL OPERARIA REGIONAL SUL I MARÇO-89 A COMUNICAÇÃO E 0 PODER Para conviver, as pessoas precisam, comunicar-se entre si. A boa comunicação favorece a construção da comunidade, da igualdade, da justiça social, da participação, da comunhão fraterna. Onde está, em geral, a falha em nos-l sa comunicação? Comunicar supõe que eu falo, o outro escuta e então o outro responde; assim eu e outro nos comunicamos e podemos juntos procurar a verdade e construir objetivos comuns. Mas, de fato, muitas vezes as coisas não acontecem assim. Queremos falar e exigimos que o outro apenas nos escute e faça o que queremos. Não estamos interessados em que ele responda e manifeste sua opinião. Deixamos o outro sem voz. Então, o processo de comunicação não se completa e se deturpa, o que faz com que, em vez de uma comunidade de iguais e irmãos, construímos estruturas de dominação, em que o mais forte fala e os outros ficam sem voz. Isso acontece muitas vezes no relacionamento a dois; isso pode acontecer na família, no grupo, na igreja, na associação/sindicato, e acontece na empresa, bem como na grande sociedade. Por outro lado, quem tem os meios de comunicação social na mão, usa em geral deles como instrumentos de dominação e - o que é pior - acaba inclusive fazendo a cabeça dos outros, que no fim concordam com ele, sem nunca terem tido a chance de manifestar sua opinião. A libertação começa, quando damos voz a quem não tem voz. Os emudecidos pelo poder devem poder começar a falar, sem cair no mesmo vício de não deixar os outros falarem! Nesta Campanha da Fraternidade sobre Comunicação, vamos tentar aumentar o espírito critico dos trabalhadores e do povo em geral diante dos poderosos e, em particular, diante dos jornais, rádio e TV. Vamos melhorar também nossa própria comunicação. Vamos exigir maior democratização dos grandes Meios de Comunicação Social. Atualmente, os grandes jornais, rádios e TV são os maiores e mais eficientes sustentáculos do poder manipulador e explorador. Dom Cláudio Hummes ENTREVISTA ENTREVISTA ENTREVISTA ENTREVISTA ENTREVISTA ENTREVISTA ENT Mel*-NOITE -róre ACHAMPO MEIO TRISTE ; POí aoe vooê NãO OSA -TOW SSA FOBCA CW LUTAR CONTKA o iwafo NCS» CAfAPAKHA SALARIAL? Elizete, Joaquim e Paulinho fazem parte da equipe de imprensa do Sindicato dos Químicos de São Paulo, responsável pela elaboração do "Sindiluta". E falam aqui de suas experiências e do papel da comunicação nos movimentos populares e sindical. RO Informa - Por que surgem os meios de comunicação popular? Elizete - Para contrapor a grande imprensa (jornais, TV, rádio) que servem os interesses dos donos do poder político e econômico. E que deturpam os fatos ocorridos nos movimentos sindical e popular, com objetivo de desmotivar e desmobilizar a luta. Joaquim - Os meios de comunicação popular (o rádio popular, o boletim do bairro, ou do sindicato, o vídeo, o teatro) surgem da necessidade dos trabalhadores de se comunicarem, de passar idéias, de mobilizar a classe, de agitar o movimento diante dos problemas. Paulo - Porém, com o crescimento do número de boletins, por exemplo, que é o meio mais utilizado pelos movimentos, houve um empobrecimento de idéias e de informações. Muitas vezes se faz um boletim, simplesmente por fazer, não levando em conta a realidade a quem se destina. RO Informa - A maioria do nosso povo não sabe ler, como vocês enfrentam esse problema, já que trabalham com boletim? Joaquim - É difícil encontrar trabalhador que lê. A gente tenta simplificar utilizando letras grandes e ilustração. Afinal, o boletim ainda é um dos meios de comunicação mais barato e de maior acesso. RO Informa - Oual a importância do boletim nos movimentos? Joaquim - A gente vê o resultado quando o movimento cresce, é como uma injeção de ânimo para a luta. Na Fábrica, por exemplo, quando há uma denúncia no boletim é como fogo na pólvora. Raulo - Eu me lembro uma vez que uma tira de quadrinhos que eu fiz utilizando um dos meus personagens, o "Meia Noite", um cara que adora fazer hora extra e puxar saco do patrão, conseguiu acabar com este problema numa firma metalúrgica. É que os trabalhadores passaram a chamar de "Meia Noite" os que faziam horas extras. Daí a gente pode ter uma idéia da força da comunicação. Elizete - O boletim é um instrumento na organização, mas não o fim. Todo material de comunicação não vai fazer a revolução nas fábricas e nos bairros. Ele apenas fortalece o movimento. Raulo - O boletim só refletirá o rosto do trabalhador quando houver comunicação e convivência direta entre quem escreve e quem iê. Joaquim - Não adianta só distribuir boletins se não houver uma proposta e um trabalho político concreto.

NÓS E A POLÍTICA em ação o Plano de 100 Dias Para atender as necessidades mais imediatas da população e consertar os estragos deixados pela administração Jânio Quadros, a prefeita Luiza Erundina e sua equipe de colaboradores prepararam um Plano de 100 Dias. O tempo, necessário para colocar a casa em ordem e elaborar um plano maior, que estabeleça metas a curto e médio prazo. Esse 1 9 Plano está dividido em 11 pontos básicos, com destaque para: Austeridade financeira; Impedir o colapso dos serviços; Recuperação dos equipamentos; Contato com a população; Aumento da receita. Conjuntamente com o Plano, surgiram como problemas de emergência a questão das enchentes, das moradias e dos ambulantes. Decorrida metade desse prazo (50 dias), podemos fazer um balanço realista. Encontramos a máquina da Prefeitura totalmente falida: sem dinheiro, dívidas que comprometem todo o orçamento de 89, máquinas, prédios e equipamentos sucateados (60% da frota encostada), falta de material básico como: cimento, areia, pedra, asfalto, peças de reposição, enfim, falta de tudo. Isso sem falar nos salários dos servidores, mais arrochados que os trabalhadores da iniciativa privada, e não permitindo sequer as condições mínimas de sobrevivência. Mas, apesar das dificuldades realizamos mudanças importantes: - as emergências estão sendo atendidas, enchentes, tapa-buracos, garantia de limpeza pública, funcionamento de escolas e hospitais; - fim da repressão e diálogo democrático com todos os setores populares; - abertura da máquina administrativa a toda a população, principalmen- te aos setores antes marginalizados e reprimidos. Diante das grandes expectativas de mudança surgidas com a vitória do PT, não é muito o que foi feito, mas as mudanças profundas não se fazem do dia para a noite. E essas mudanças não dependem só da equipe de governo: dependem também da participação de toda a população, da adesão dos servidores e de uma vontade política consciente que organize e mobilize os milhões de brasileiros explorados e oprimidos que vivem e trabalham nesta cidade. A grande obra dessa administração não será nenhum túnel ou viaduto: será ter conseguido, em 4 anos, que cada morador de São Paulo, principalmente os mais pobres e marginalizados, adquira a consciência de seu direito à cidadania, de que a cidade e seu espaço são üm direito de todos. Waldemar Rossi COMO VAI A ECONOMIA Contra o Em fevereiro de 86, o governo implantou o Plano Cruzado, alegando ser uma medida adequada para eliminar a inflação. Deu certo nos primeiros meses e depois afundou, levando para baixo também o valor dos salários. Logo depois das eleições de novembro veio o Plano Cruzado II que, assim como o Cruzado I, foi logo por água abaixo. Finalmente, em 1987, fez-se um terceiro plano, o Bresser, também propondo congelamento de preços e salários e que, igual ao Cruzado, não resolveu o problema da inflação. E que, assim como o Cruzado, acabou reduzindo ainda mais o valor do salário real. Agora em janeiro de 89, vem o governo da "Nova" República com mais um plano que no essencial é igual aos anteriores. Em primeiro lugar, o plano simplesmente desconsidera os chamados.fatores estruturais da inflação. Nao há qualquer medida referente ao problema da dívida externa Não há nenhuma providência efetiva com relação à dívida...... interna. E não há igualmente sequer atitude quanto à questão da concentração do poder econômico, particularmente. Além disso, propõe-se um congelamento que não é levado a sério nem mesmo pelo próprio governo. Quem ouviu falar de alguma medida verdadeiramente dura, de alguma penalidade pra valer a um dentre os so a organização muitos que já burlaram a proibição de aumentar preços? Outro problema é que esse plano é recessivo (reduz a atividade da economia) com o que já se verificou, de janeiro para cá, um aumento do número de demissões. Em outras palavras, o custo social do plano é pesado e injusto pois é pago pelos trabalhadores desempregados (e pelos assalariados). Mas, o pior de tudo - e como sempre - é que o salário, que é vítima da inflação, para o governo, é o vilão da história. Qutra vez congelou-se o salário por uma média que é cada vez mais baixa e outra vez robou-se do trabalhador um mês de reposição salarial. O que fazer contra o arrocho? Só a organização dos trabalhadores pode mudar os rumos da economia e recuperar as perdas salariais sucessivas. Cióvis Bueno de Azevedo

10 QUE VAI PELOS SINDICATOSl r^ Metalúrgicos da CUT em Campanha Salarial Q "Choque Verão" do governo Sarney, que significa o maior arrocho salarial da história do País, foi decretado em plena Campanha Salarial de 450 mil metalúrgicos de todo o Estado, ligados à CUT - Central Única dos Trabalhadores. A data-base da categoria é 1 9 de abril. A pauta de reivindicações, com mais de 100 itens, foi entregue à Fiesp pelo Departamento Estadual dos Metalúrgicos da CUT no dia 26 de janeiro 'e contém algumas novidades em relação aos anos anteriores, segundo o presidente do Sindi- cato dos Metalúrgicos de Santo André, Mauá, Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra, João Avamileno: "Uma, das inovações na campanha deste ano - diz o sindicalista - é que nós queremos que a Fiesp também apresente uma pauta contendo aquilo que os empresários pretendem oferecer aos trabalhadores. É uma forma de evitar aquela enrolação de todos os anos na mesa de negociações". O eixo da Campanha, ou seja, as principais reivindicações dos metalúrgicos, tem como carro-chefe o Contrato Coletivo de Trabalho, que" substitui os contratos individuais e torna definitivas iodas as conquistas trabalhistas, que não precisarão ser renovadas em cada data-base. Os metalúrgicos também exigem reposição das perdas salariais, inclusive as provocadas pelo "Choque Verão" e aumento real significativo. E, em função do "Choque Verão", do arrocho de salários, este ano a categoria está bastante mobilizada para uma greve geral, caso a Fiesp não atenda às suas reivindicações. "A categoria está cansada de tanta exploração e vai responder à altura" - avisa João Avamileno. Outra questão que está mobilizando os metalúrgicos de Santo André, ainda segundo o presidente do Sindicato, são os direitos dos trabalhadores na nova Constituição: "No Grupo Eluma foi feita uma greve de 11 dias e os patrões for&m obrigados a ceder e implantar a jornada de seis horas nos turnos de revezamento. Outras fábricas também vão adotar o mesmo procedimento" - finaliza. :. Helena Dor igues - Jornalista PASTORAL OPERÁRIA - 0 QUE E O Libertador do povo será o próprio povo E Lucas (7, 18-33) que mostra a diferença entre a prática de João Batista e a de Jesus. João partilhava a crença de seu tempo de que a estrutura sócio-religiosa da nação vinha de Deus e precisava, sim, de se desvincular do Império Romano. E que além disso, havia necessidade de uma limpeza profunda dos quadros burocráticos, mas com a conversão dos corações. Com essas providências João acreditava que o sistema poderia servir o projeto de Deus. Por isso mesmo, pregava solidariedade para o povo e a moralização de funcionalismo público (comparar Lc 7, 28-29). O projeto de João falhou por subestimar a organização malévola do estado e a opção dos seus dirigentes para mantê-la sem mudanças (Lc 7, 30). João foi preso e, como o povo, buscou saber de Jesus o por quê. Jesus responde a João que a Boa Nova exige muito mais que uma reforma burocrática e a conversão dos corações. A sociedade estava organizada para empobrecer e alienar as r massas sócio e religiosamente (Lc 7, 21). As doenças no Novo Testamento representam categorias sociais. O sistema não era recuperável porque esquartejava a comunidade, impossibilitanto a sua reprodução, reduzindo os seus membros à luta pela sobrevivência individual. As curas de Jesus simbolizavam o seu projeto de reintegrar os excluídos da sociedade na conjuntura sócio-religiosa, não como indivíduos, mas sim como um "Nós", uma força MíW^6& 77*A/ud n.ca5a rêm OímTO PE t&fwíí$ nova capaz de virar o sistema de cabeça para baixo. A proposta parece escandalosa para os ouvintes, mas o libertador do povo será o próprio povo (7, 22-23). Jesus desafia o povo a dar continuidade e ir além do projeto de João. A responsabilidade de acabar com o sistema inútil para o Reino de Deus é do povo (Lc 24-30). Roberto Fitzpatrick

A LUTA DOS TRABALHADORES CPT avalia e planeja suas atividades A CPT - COMISSÃO PASTO- RAL DA TERRA - realizou no mês de dezembro último, reunião de avaliação e planejamento da sua atuação no Estado de São Paulo, tendo em pauta a sua identidade, suas funções, objetivos e metodologia e ainda a definição de prioridades e de estratégias e táticas de ação. No que diz respeito à sua identidade, concluiu-se que a prática é quem irá dizer o que é a CPT. No entanto, ficou claro o que a distingue de outras entidades, que é o fator ESPIRITUALIDADE, muito embora ela ainda esteja sendo construída. Reafirmando seu compromisso com o "Povo de Deus que caminha em busca da TERRA PROMETIDA", a CPT entende que esta não será conquistada sem antes passarmos pela REFORMA AGRÁRÍA e pela luta por melhores condições de vida e trabalho para os que da terra tiram seu sustento. No entanto, a CPT não possui nenhum projeto específico de reforma agrária, pois este compete aos próprios trabalhadores estar montando. Definiu-se como prioridades para 89, a formação/capacitação de agentes e trabalhadores, sobretudo no que diz respeito à fundação e conquista de sindicatos da categoria. Constatou-se também a necessidade de valorizar o intercâmbio de experiências entre as micros, a perspectiva de abrir novas frentes de trabalho, iniciando todo este processo a partir das Dioceses, propondo um trabalho junto às PASTORAIS DA JUVENTUDE e levando para o interior de suas práticas, questões levantadas pela PASTORAL DA TERRA enquanto perspectiva de luta, além de promover uma discussão a fim de estabelecer princípios básicos de atuação nas seguintes questões: SINDICATO, ACORDO CO- LETIVO, POLÍTICA AGRÍCOLA, etc. Vale lembrar, por fim, que a CPT de São Paulo já se aproxima dos seus 10 anos de existência e atuação, o que se pretende comemorar com romarias, celebrações, lançamento de um LIVRO DE MEMÓ- RIAS da CPT de SP, entre outras atividades. Você que já foi escrava E mucama de feitor Foi súdita de todos os reinados E virou propriedade Registrada por sobrenome Cidadã pela metade. Ejá viveu festas e guerras Invernos e primaveras E a tantos foi prometida Em meses de maio sem fim Sepultando seus amores Seus horrores e segredos Escondendo seus desejos Torturando-se em seus medos. Você que enfrenta todas as barras Seja fora ou entre os seus Musa, mãe, trabalhadora Operária, camponesa Estudante, professora. Você que chora E morde os lábios Enxuga as lágrimas E não desiste. Você é maravilhosa E sempre algo de novo. E uma mulher militante Mistura de luta e paixão Com o homem, lado a lado Em busca da emancipação. A PASTORAL ACONTEC CALENDÁRIO DE ATIVIDADES / 89 Abril Dia 06 - Encontro Estadual de Agentes - SP Dia 12-Reunião da Executiva Estadual Dia 15-Encontro de Freiras Engajadas na PO - SP Dia 22 - Reunião da Coordenação Estadual - Betânia (Campinas) Dia 23 - Encontro de Formação Sindical - Betânia (Campinas) Dia 29 - Encontro de Formação sobre Maria - SP Junho Dia 10 - Encontro de Formação Bfblica - SP Dia 14 - Reunião da Executiva Estadual Dia 24 - Reunião da Coordenação Estadual - Betânia (Campinas) Dia 25 - Encontro de Formação sobre Movimento Popular - Betânia (Campinas) Dia 28 - Encontro Estadual de Agentes - SP ASSINE PO INFOBI^ Maio Dia 10-Reunião da Executiva Estadual Dia 20 - Encontro das Equipes de Finanças do Estado - SP Dia 27 - Reunião da Coordenação Estadual - SP Dia 28 - Encontro com Animadores de Grupos de Base - SP Julho Dia 12-Reunião da Executiva Estadual Dias 15 e 16 - Encontro Estadual de Casais - Ir. Japonesas (Jaraguá) Dia 22 - Reunião da Coordenação Estadual - SP Dias 17 a 28 - Encontro Nacional de Agentes - RJ EXPEDIENTE PO INFORMA - Órgão da Pastoral Operária Regional Sul 1. Sede da PO: Rua Venceslau Brás, 78/sala 113- Cep 01016 - S. Paulo - SP - F.:(011) 36.5531. Jornalista responsável: Ana Vallm (MT 13.003). Composição: Artetexto - F.: (011) 744.2213.

r assinatura F.. IMIOIRMA ORCÃO INFORMATIVO DA P.O. REGIONAL SUL I Rua Wenceslau Brás, 78 1Q andar - sala 113 01016 - São Paulo - SP Fone.: (011) 36-5531 NOVA / RENOVAÇÃO NOME: RUA; NO ^^ BAIRRO: \ CIDADE: ESTADO: \ CEP: FONE: 0 pagamento pode ser feito de duas formas: Cheque nominal Ivale Postal DATA

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POR QUÊ GREVE GERAL? O Plano Verão é uma edição revisada e ampliada do Plano Ctuzado(Fev./86) e do Plano Bresser(jun./87). Ele acrescenta algo de novo como o vetor (recurso estatístico, para expurgar a inflação que antecedeu fto pa cote de modo a não "influenciar" na inflação dos meses posteriores ao Plano), mas também copia outras como por exemplo, o arrocho salarial e o "con gelamento" de preços. Sem dúvida alguma, esse plano diabólico, veio entre outras coi sas, acabar com a "URP"(unidade de referência de preços), arrochando ainda mais os salários dos trabalhadores e por outro lado veio beneficiar os empresários em especial os que exportam, assim como os grandes agricultores e o setor financeiro. Em linhas gerais,esses setores além do próprio gover no, são os únicos beneficiados com o Plano. DE PACOTE EM PACOTE VEJA COMO CAIU 0 PODER DE COMPRA DO SEU SALÁRIO As perdas com os três congelamentos Evolução dos salários reais (Base igual a 100 no môs de dissídio de cada categoria profissional, no ano de 1985) ESTE PLANO ECONÔMICO, A EXEMPLO DOS ANTERIORES SÓ AUMENTAM NOS SAS PERDAS SALARIAIS. SEGUNDO ESTUDOS DO DIEESE, TRABALHADORES DE TODAS AS CATEGORIAS PROFISSIONAIS NECESSITAM DE REPOSIÇÃO QUE VARIAM DE 50% A 83% / PARA RECUPERAR SUAS PERDAS SALARIAIS. OS TRABALHADORES JA APRENDERAM QUE OS PATRÕES E 0 SEU GOVERNO NUNCA DÃO NADA. TODAS AS CONQUISTAS QUE CONSEGUIMOS FORAM ARRANCADAS DOS PATRÕES COM A NOSSA FORÇA, ORGANIZAÇÃO E MOBILIZAÇÃO. GREVE GERAL 1415 - REPOSIÇÃO PERDAS SALARIAIS. - REAJUSTE MENSAL DE SALÁRIO. - CONGELAMENTO REAL DE PREÇOS. - CONTRA O DESEMPREGO. - CONTRATO COLETIVO DE TRABALHO.-RE FORMA AGRÁRIA. - NÃO PAGAMENTO DA DÍVIDA EXTERNA. -NOVA POLÍTICA AGRÍCOLA? Pastoral Operária Regional Sul I