TRIBUNAL DE JUSTIÇA DE RONDÔNIA 2ª Câmara Cível Data de distribuição :14/07/2008 Data de julgamento :27/08/2008 100.001.2007.023089-6 Apelação Cível - Rito Sumário Origem : 00120070230896 Porto Velho/RO (7ª Vara Cível) Apelante : Maria Ramos da Silva Advogados : Elivana Muniz de Carvalho (OAB/RO 3.438) e outros Apelado : Bradesco Seguros S/A Advogados : Odair Martini (OAB/RO 30-B), Rodrigo Barbosa Marques do Rosário (OAB/RO 2.969) e outros 1 / 6
Relator : Desembargador Marcos Alaor Diniz Grangeia RELATÓRIO Trata-se de apelação cível interposta por Maria Ramos da Silva objetivando a reforma da sentença proferida pelo Juízo da 7ª Vara Cível da Comarca de Porto Velho/RO. A sentença reconheceu a existência de prescrição da pretensão de cobrar indenização pelo seguro DPVAT, e julgou extinto o processo com resolução de mérito. O apelo sustenta a ausência de prescrição da pretensão de cobrar indenização pelo seguro DPVAT, sob o fundamento de que a ciência inequívoca da invalidez permanente operou-se tão-somente em 19 de agosto de 2006, de modo que embora impossibilitada de trabalhar, a apelante não tinha conhecimento de que sua enfermidade era incurável e consequentemente estava permanentemente inválida. Cita entendimento jurisprudencial que diz aplicável à espécie. Contra-razões às fls. 160/169 dos autos. É o relatório. VOTO DESEMBARGADOR MARCOS ALAOR DINIZ GRANGEIA 2 / 6
O apelo merece provimento. Tratando-se de invalidez permanente, entendo que o termo inicial deve corresponder à data em que o segurado teve ciência inequívoca da invalidez, pois não seria exigível que postulasse indenização antes de tomar conhecimento, de modo cabal e definitivo, da sua atual condição. Nesse sentido, tem-se orientado o STJ: DIREITO CIVIL. SEGURO EM GRUPO. PRESCRIÇÃO ÂNUA. TERMO A QUO DO PRAZO. RECIBO DE QUITAÇÃO. IRRELEVÂNCIA. PRECEDENTES. RECURSO PROVIDO. I - O recibo firmado pelo segurado dando plena e geral quitação à seguradora não tem o condão de inviabilizar a pretensão à diferença devida. II - No prazo prescricional da ação que envolve contrato de seguro, segundo entendimento do Tribunal, o termo a quo não é a data do acidente, mas aquela em que o segurado teve ciência inequívoca da sua invalidez e da extensão da incapacidade de que restou acometido (REsp. n. 257596/SP. 4ª Turma/STJ. Rel. Min. Sálvio de Figueiredo Teixeira. DJ 16/10/2000). Processual civil e civil. Recurso especial. Ação de cobrança de pagamento de indenização securitária. Seguro contra invalidade permanente. Prescrição. - O prazo prescricional para cobrar o valor do seguro por invalidez permanente começa a correr da data em que o segurado obtém ciência inequívoca sobre o seu estado de incapacidade. - Recurso especial não provido (REsp. n. 476419/MG. 3ª Turma/STJ, Relª. Minª Nancy Andrighi. DJ 23/6/2003). 3 / 6
No caso dos autos, a ciência inequívoca foi traduzida pelo atestado médico constante às fls. 19/20 dos autos, produzido perante o Sistema Único de Saúde do Estado do Amazonas, datado de 19 de agosto de 2006. Mesmo que o acidente tenha ocorrido ainda em 2001, vejo que não se pode presumir a ciência inequívoca da apelante acerca de sua debilidade permanente em momento anterior, visto que se trata de juízo subjetivista. Ademais, considero crível que pessoas de pouca instrução efetivamente podem acreditar em sua recuperação mesmo tempos depois, de modo que não é dado ao juiz supor que a apelante tinha conhecimento de que estava permanentemente inválida. A seguradora não trouxe nenhuma prova que corroborasse com a afirmação de que a apelante tinha conhecimento de sua invalidez permanente. Dessa forma, contando-se como termo inicial do prazo prescricional a data de 19 de agosto de 2006, considerando o prazo de 3 anos previsto no art. 206, 3º, IX, do CC, tem-se que o termo final é o dia 19 de agosto de 2009. Ajuizada a presente ação, em 11/10/2007, tenho como inexistente a prescrição. Deixo de aplicar o art. 515, 3º, do CPC em porquanto, ainda que existentes divergências doutrinárias a respeito, o Código trata a prescrição como causa de extinção do processo com julgamento de mérito. Ante o exposto, dou provimento ao recurso e determino a devolução dos autos ao juízo a quo para adotar as providências processuais cabíveis. É como voto. 4 / 6
PODER JUDICIÁRIO DO ESTADO DE RONDÔNIA Tribunal de Justiça 2ª Câmara Cível Data de distribuição :14/07/2008 Data de julgamento :27/08/2008 100.001.2007.023089-6 Apelação Cível - Rito Sumário Origem : 00120070230896 Porto Velho/RO (7ª Vara Cível) Apelante : Maria Ramos da Silva Advogados : Elivana Muniz de Carvalho (OAB/RO 3.438) e outros Apelado : Bradesco Seguros S/A Advogados : Odair Martini (OAB/RO 30-B), Rodrigo Barbosa Marques do Rosário (OAB/RO 2.969) e outros 5 / 6
Relator : Desembargador Marcos Alaor Diniz Grangeia EMENTA DPVAT. Invalidez permanente. Prescrição. Termo inicial. O termo a quo para contagem do prazo prescricional no caso de indenização de seguro DPVAT por invalidez permanente se dá no momento da ciência inequívoca pelo segurado de sua invalidez permanente, ou seja, a partir da declaração médica de invalidez. ACÓRDÃO Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Desembargadores da 2ª Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Estado de Rondônia, na conformidade da ata de julgamentos e das notas taquigráficas, em, POR UNANIMIDADE, DAR PROVIMENTO AO RECURSO NOS TERMOS DO VOTO DO RELATOR. O Desembargador Miguel Monico Neto e o Juiz Edenir Sebastião Albuquerque da Rosa acompanharam o voto do Relator. Porto Velho, 27 de agosto de 2008. DESEMBARGADOR MARCOS ALAOR DINIZ GRANGEIA RELATOR 6 / 6