PROPOSTA PARA PARCERIAS ENTRE EMPRESA JÚNIOR E HOTEL TECNOLÓGICO



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Transcrição:

Anais do XXXIV COBENGE. Passo Fundo: Ed. Universidade de Passo Fundo, Setembro de 2006. ISBN 85-7515-371-4 PROPOSTA PARA PARCERIAS ENTRE EMPRESA JÚNIOR E HOTEL TECNOLÓGICO Adalberto Matoski adalbert@cefetpr.br Universidade Tecnológica Federal do Paraná - DACOC Endereço: Av. Sete de Setembro, 3165 CEP: 80230-901 Curitiba - PR Jaqueline Motta de França jaquemotta@gmail.com Universidade Tecnológica Federal do Paraná - DACOC Endereço: Av. Sete de Setembro, 3165 CEP: 80230-901 Curitiba - PR Resumo: Este artigo apresenta as características da empresa júnior e do hotel tecnológico, buscando os aspectos comuns a ambos que permitam sua atuação em harmonia dentro de uma mesma instituição. Em algumas instituições onde existe o hotel tecnológico, há certa morosidade na autorização para implantar a empresa júnior pelo desconhecimento de suas características. O hotel tecnológico diferencia-se pela duração pré-definida dos projetos de empresas a serem incubados, tendo como principal objetivo desenvolver um grupo de alunos, que desejam estabelecer sua empresa no mercado. A empresa júnior visa o desenvolvimento dos alunos interessados em conhecer a área de atuação do seu curso, vivenciando a realidade de uma empresa. Ambos contam com o apoio obtido das instituições onde existam, através da cessão de espaço físico, mobiliário, infra-estrutura de recepção, rede de computadores, segurança, consultoria externa e apoio constante de professores. Palavras-chave: Empresa júnior, Hotel tecnológico, Educação, Empreendedorismo. Abstract: This article presents the characteristics of the Junior Enterprise and of the Technological Hotel, seeking the common aspects between them which allow their harmonious existence inside the same institution. In some institutions where there a technological hotel is present there is certain hesitance in authorizing the implantation of a junior enterprise due to the lack of knowledge of the enterprise s characteristics. The technological hotel is characterizedd by its pre-defined duration of a baby company s projects. Additionally, it is known for the wide support obtained from the institutions where they are located, through the concession of physical space, furniture, reception infrastructure, an internal computer network, security, external consulting, and constant support from the teachers for students that apply for this entrepreneurship. The Junior company, Anais do XXXIV Congresso Brasileiro de Ensino de Engenharia 6.4

among other characteristics, outstands for its bigger independence from the institution. These differences lead to the conclusion that the co-existence of these two organisns is possible inside the same institution. Key words: Junior Enterprise, Technological Hotel, Education, entrepreneurship. 1. INTRODUÇÃO Buscando preparar o jovem para atuar no mercado de trabalho, de forma a dar uma reposta a sociedade acerca dos investimentos que recebem, muitas instituições de ensino superior buscam e fomentam canais alternativos para essa forma de atuação. A resolução n 11 de março de 2002 do CNE/CES, cita no parágrafo 2 do artigo 5, que as atividades complementares como trabalhos de iniciação cientifica, trabalhos em equipe, participação em empresas juniores, entre outras atividades empreendedoras, deverão ser estimuladas. A empresa júnior caracteriza-se por ser uma organização ligada a uma unidade universitária, com o objetivo de preparar os alunos para o desempenho de sua profissão. A universidade deve fornecer toda infra-estrutura necessária, tais como sala, telefone, microcomputador e mobiliário. Essa organização tem natureza de uma empresa real, com diretoria, conselho de administração, estatuto e regimento próprio e também deve possuir autonomia em relação a direção da universidade, conforme citado por TAKEUCHI e SENHORAS, 2003. Por sua vez, o hotel tecnológico caracteriza-se por uma pré-incubadora ou incubadora de projetos de empresas. Esse hotel tem a supervisão de um professor da universidade e possui um manual de gestão de qualidade e demais documentos previamente definidos, buscando atender as necessidades dessa incubação. Baseado nos conceitos acima citados, este artigo está estruturado em três seções. A primeira e a segunda, tratam, respectivamente, sobre a empresa júnior e o hotel tecnológico, expondo suas características e papéis dentro da instituição universitária. A terceira seção compara e propõe uma atuação conjunta de ambas as atividades, cujos objetivos são o de preparar um profissional qualificado e um jovem empreendedor. 2. EMPRESA JÚNIOR Empresa júnior é uma associação civil gerenciada e fundada, na maioria das vezes, por estudantes universitários que realizam projetos e prestam serviços em suas áreas de graduação. Sem a finalidade de captar recursos financeiros para seus integrantes ou para a Instituição de Ensino de onde recebem o apoio, prestam serviços principalmente para micro e pequenas empresas. Por ter fins educacionais e possuir uma estrutura de baixos custos fixos, os preços praticados pela empresa júnior são inferiores aos praticados pelo mercado. No entanto, objetivando garantir um padrão de qualidade elevado, todos os projetos e serviços seguem orientação obrigatória de professores ou profissionais na área. Como qualquer outro órgão, uma empresa júnior deve ter seu estatuto registrado em cartório, CNPJ próprio, nota fiscal e outras obrigações de uma organização qualquer. Esse tipo de corporação permite o aprendizado, a iniciação profissional e o intercâmbio entre universidade e empresas, possibilitando aos acadêmicos exercitar a responsabilidade, desenvolver o conhecimento teórico adquirido durante o seu curso e realizar contatos importantes para sua profissão. Anais do XXXIV Congresso Brasileiro de Ensino de Engenharia 6.5

Nascido em Paris, no ano de 1967, o movimento empresa júnior (mej), atinge hoje os quatro cantos do mundo. Cansados de muita teoria e pouca prática, alunos da ESSEC (L'Ecole Supérieure des Sciences Economiques et Commerciales de Paris) criaram a Junior Enterprise, uma associação onde colocariam em prática os conhecimentos que obteriam no meio acadêmico, prestando serviços e consultorias para o mercado, obtendo assim o primeiro contato com o meio empresarial. Pouco tempo depois o conceito empresa júnior foi difundido pela França, e já em 1969 era criada a primeira Confederação Nacional, a Confederação Francesa de Empresas Juniores, a qual representaria o MEJ Francês. No fim da década de oitenta, confederações como a francesa, espanhola, portuguesa e italiana já estavam bem estabilizadas, gerando assim um cenário favorável ao nascimento da Confederação Européia de Empresas Juniores (GEIE), decorrido em 1990. Dois anos após sua criação, membros da GEIE, juntos com as Confederações da Alemanha e Noruega, fundaram a JADE (Junior Association for Development of Europe), reconhecida hoje como a European Confederation of Junior Enterprises (Confederação Européia de Empresas Juniores), (SANTOS, 2005). Através da câmara de comércio franco-brasileira, o conceito empresa júnior aporta no Brasil em 1988, tendo a FGV e FAAP como instituições de ensino dispostas a desenvolver tal projeto. Em 1990 já existiam sete empresas juniores no estado de São Paulo, as quais se uniram para fundar a FEJESP (federação das empresas juniores do estado de São Paulo), com objetivos de representar as empresas federadas mantendo-as coerentes ao conceito de empresa júnior e garantir a unidade do movimento. No mesmo ano surge a primeira empresa júnior, paranaense, criada e gerida por alunos de administração da UEL. A partir dessa iniciativa surgiram outras empresas juniores contribuindo para o crescimento do movimento no estado. Com o crescimento do número de empresas juniores no Paraná, criou-se a necessidade de um órgão de representação das mesmas, e em 1996 é fundada a FEJEPAR - Federação das Empresas Juniores do Paraná, que tem como objetivo divulgar o movimento no estado e orientar no desenvolvimento das empresas que estão começando. (LOPES, 2005). 2.1 Características da empresa júnior A micro e pequena empresa, no Brasil e no mundo, é fundamental para a geração de emprego e renda. Ela é intensiva em mão de obra, e seu papel econômico-social é inquestionável para um País. Por isso são essenciais as estratégias de fortalecimento dessa espécie de organização, desde a capacitação e consultorias empresariais ao apoio na formação de arranjos produtivos locais e no estímulo à exportação. Portanto, direcionar esforços para esse tipo de empresa possibilita o aumento em sua competitividade e sustentabilidade com benefício para toda sociedade. É justamente nesse papel que a empresa júnior procura cumprir, para que, em conjunto com seus parceiros possam aumentar e melhorar a capacidade no atendimento, orientação e desenvolvimento empresarial dessas empresas, potencializando cultura de qualidade, inovação e competitividade empresarial, uma vez que são seus principais clientes. Para os alunos, a participação em empresas juniores pode servir como um diferencial para conseguir emprego ou mesmo se destacar no mercado de trabalho. Há muitos casos em que os alunos são absorvidos nas empresas pelas quais trabalhou como consultores por intermédio da empresa júnior. Grandes empresas costumam ver com bons olhos os alunos egressos da empresa júnior assimilando-os mais facilmente. Algumas instituições de ensino superior acreditam que suas empresas juniores funcionam como um diferencial para conquista de novos alunos e divulgação para a sociedade e o mercado de trabalho em geral. O fato de uma dada faculdade oferecer um diferencial no tratamento de seus alunos permitem que sejam vistas de maneira diferente ajudando na captação de novos alunos. Anais do XXXIV Congresso Brasileiro de Ensino de Engenharia 6.6

É do ponto de vista institucional que as escolas de ensino superior sentem os principais benefícios em incentivar as empresas juniores. Pois a qualidade dos alunos e ex-alunos faz a propaganda da instituição. A procura pela instituição não cresce apenas pela presença da empresa júnior, mas por causa dela é possível vender uma imagem positiva da instituição. O Brasil possui muitas facilidades que possibilitam o crescimento das empresas juniores. Alguns estados do país movimentaram mais de cinco milhões de reais através dessas empresas. Conforme citado por (Lopes, 2005), estima-se que elas elaborem por volta de 2500 projetos de consultoria anualmente, principalmente para micro e pequenas empresas, envolvendo quase 23 mil empresários juniores. 3. HOTEL TECNOLÓGICO Busca o hotel tecnológico a preparação dos alunos candidatos a jovens empreendedores para a criação de empresas pretendendo dessa forma, contribuir para o desenvolvimento social e econômico do país. O incentivo se dá através de uma infra-estrutura pré-existente que possibilita a transformação de idéias em negócios, contribuindo para a transferência de conhecimento e tecnologia. Pois o empreendedorismo envolve a idéia de inovação, envolve a habilidade de se criar e manter uma atividade empresarial. Tem como objetivo também contribuir para aumentar a taxa de sobrevivência das pequenas empresas, através de uma adequada preparação e apoio nas diversas facetas desse empreendimento. Dessa forma também busca melhorar a taxa de empregabilidade dos egressos. Entre as várias formas de apoio recebidas pelos alunos participantes do hotel tecnológico está a presença de profissionais de entidades, como a Fundação de Assistência Social (FAS), e instituições de ensino, como a UTFPR, UFSC e UFPR, que ministram minicursos e palestras sobre o perfil do mercado e de como se comportar ao ingressar ou se manter nele. Palestrantes vindos de outros países também participam eventualmente dessas atividades. O hotel tecnológico hospeda, por até dois anos, projetos de empresas de professores, alunos, ex-alunos, orientando-os no empreendedorismo. O hotel oferece suporte administrativo, técnico, gerencial e mercadológico para a criação de produtos e serviços inovadores. A transformação desses projetos em empresas tem boas chances de sucesso. Após os projetos de empresa completarem o período de dois anos no hotel tecnológico, são graduados ou seja, são levados à condição de empresas e retiram-se do mesmo. Dessa forma abrem vaga para que outros projetos façam parte do hotel tecnológico. Na UTFPR, atualmente estão hospedados quatro projetos tendo dois na fila. A forma de ingresso no hotel se dá através de publicações de editais onde os candidatos tem acesso a todas as informações necessárias. 4. DIFERENÇAS ENTRE A EMPRESA JUNIOR E O HOTEL TECNOLÓGICO Um importante aspecto da diferença entre a empresa júnior e o hotel tecnológico está no fato de que na empresa Junior são criados cargos e funções com a finalidade de vivenciar o que ocorre numa empresa. A prestação de serviço utilizando-se dos conhecimentos adquiridos sem ter a necessidade de criar um produto original é o que a diferencia do hotel tecnológico. A participação dos alunos desde os primeiros períodos no curso até sua conclusão é uma forma democrática e que acaba criando uma facilidade na manutenção da identidade do curso é outra característica que deve ser considerada. Anais do XXXIV Congresso Brasileiro de Ensino de Engenharia 6.7

A forma de ingresso na empresa Junior gerenciada pelos próprios alunos permite uma vivência única, pois não há interferência de professores ou da instituição diferente do que ocorre no hotel tecnológico. Finalmente, cabe citar que a empresa Junior não tem data para encerrar suas atividades, podendo existir enquanto existir o curso que dá origem a essa empresa. No entanto isto não impede que possa existir numa mesma instituição ambos os organismos voltados para o empreendedorismo, entrando aqui a proposta do hotel tecnológico ter entre suas linhas a linha da empresa Junior. 5. CONSIDERAÇÕES FINAIS Analisando as diversas características dessas formas de auxiliar o aluno a empreender pode-se citar como principal diferença o fato da empresa júnior ter uma grande independência da instituição e assim sendo um desafio atraente para os alunos que buscam seu crescimento profissional. Em toda instituição existem várias linhas de pensamento de acordo com a atuação de cada grupo. A necessidade de adaptar-se às novas diretrizes da engenharia de uma forma ampla e isenta pode levar a resistências inerentes a mudança. O receio de perder o espaço criado ou de supor que haverá concorrência entre as diversas formas de empreendedorismo também podem levar a atitudes, excessivamente conservadoras e autocráticas. Assim fica como proposta a adoção de procedimentos que permitam que ambas as formas coexistam atendendo aos diversos grupos atuante numa instituição de ensino. Medidas de atuação conjunta como a abertura de uma linha paralela a do hotel tecnológico para a implantação de empresas juniores pode ser uma solução. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS LOPES, F. Simplesmente um bom negócio. Ensino Superior. São Paulo, ano 8, n. 87, p. 36-39, 2005 SANTOS, A. A. O conhecimento na prática. Contexto Radial. São Paulo, n. 4, p. 07-13, 2005 TAKEUCHI, K. P.; SENHORAS, E.M. Empresa júnior como um mecanismo de interação empresa-universidade: um estudo de caso nos cursos de engenharia da UNCAMP. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE ENSINO DE ENGENHARIA, 2003, Brasília. Anais. Brasília - UnB. Anais do XXXIV Congresso Brasileiro de Ensino de Engenharia 6.8