[Direito Administrativo] [2ª aula] [Turma: Carreiras Policiais] [Bancas: Cespe] [Tópicos a serem abordados neste material] Administração Pública [Prof. Adilson Pera] ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA Administração Pública é o aparelhamento estatal, integrado por pessoas jurídicas, pelos órgãos e agentes públicos postos à disposição do cidadão para a consecução das necessidades gerais e coletivas. Para que o Estado possa realizar materialmente suas atividades, visando o interesse público, necessita lançar mão de algumas técnicas que o direito lhe forneceu, entre as quais a desconcentração e a descentralização. Desconcentração é a repartição ou transferência de competências entre os vários órgãos de uma mesma Administração, ou seja, é a transferência de atribuições dentro da mesma pessoa jurídica, como por exemplo, os ministérios em âmbito federal, as secretarias em âmbito estadual ou municipal, as subprefeituras, etc. Descentralização é a repartição ou transferência de competências a outras pessoas jurídicas, destacadas do centro que podem ser estruturadas à maneira do direito público (autarquias e fundações públicas), ou estruturadas sob a forma de direito privado (empresas públicas e sociedades de economia mista). Sendo assim, podemos admitir que as pessoas que integram a Administração Pública indireta são exemplos de descentralização. Administração Pública direta e indireta Integram a Administração Pública direta a União, Estados, Distrito Federal e Municípios (pessoas jurídicas de direito público). Como já visto, também chamados de pessoas políticas ou entes políticos. A Administração Pública indireta abrange as autarquias e fundações públicas (pessoas jurídicas de direito público) e também empresas públicas e sociedades de economia mista (pessoas jurídicas de direito privado). Estes quatro entes também são chamados de pessoas administrativas, as quais veremos a seguir: Autarquia é pessoa jurídica de direito público (art. 41, IV do Código Civil), criada por lei específica, com especificação de fins, sujeito ao controle interno do ente maior que a criou e controle externo realizado pelo Poder Legislativo com auxílio do Tribunal de Contas. Ex.: Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), Conselho Administrativo de Defesa Econômica (CADE), Instituto Nacional de
Colonização e Reforma Agrária (INCRA), Comissão de Valores Mobiliários (CVM), Departamento Nacional de Registro do Comércio (DNRC) etc. Ficha técnica da autarquia: *Natureza jurídica pessoa jurídica de direito público. *Instituição criada por lei específica (art. 37, XIX da CF/88). *Regime jurídico público. *Capital público. *Funcionários celetistas ou estatutários. *Responsabilidade objetiva (art. 37, 6º da CF/88). *Bens públicos (impenhoráveis, inalienáveis, não oneráveis e imprescritíveis). *Pagamento de suas dívidas por meio de precatórios (art. 100 da CF/88). *Prazos em dobro para recorrer e para contestar sim conforme art. 183 do CPC. *Forma societária não tem. Fundações podem ser definidas como uma universalidade de bens personalizada, em atenção ao fim que lhe dá unidade. Esse fim normalmente tem caráter assistencial, educacional ou de pesquisa. As fundações podem ser instituídas por particulares (regidas pelo direito privado previstas no art. 62 e seguintes do Código Civil) ou pelo Poder Público (regidas pelo direito público ou privado, conforme a lei que a instituir). Ex.: FUNAI (instituída pelo Poder Público e regida pelo direito público), Vunesp (instituída pelo Poder Público e regida pelo direito privado). Ficha técnica da fundação pública: *Natureza jurídica pessoa jurídica de direito público ou privado. *Instituição criada por lei (se for de direito publico) e autorizada por lei (se for de direito privado). *Regime jurídico público ou privado com derrogações de direito público. *Capital público. *Funcionários celetistas ou estatutários. *Responsabilidade objetiva (art. 37, 6º da CF/88). *Bens públicos (impenhoráveis, inalienáveis, não oneráveis e imprescritíveis). *Pagamento de suas dívidas por meio de precatórios (art. 100 da CF/88). *Prazos em dobro para recorrer e para contestar sim conforme art. 183 do CPC. *Forma societária não tem. Empresas públicas são pessoas jurídicas de direito privado autorizadas por lei e constituídas consoante qualquer uma das formas societárias em direito admitidas, com capital público e podendo explorar atividade econômica ou prestar serviços públicos. Ex.: Caixa Econômica Federal, Correios, Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Infraero, etc. Ficha técnica da empresa pública: *Natureza jurídica pessoa jurídica de direito privado. *Instituição autorizada por lei (art. 37, XIX da CF/88). *Regime jurídico privado, com derrogações de direito público.
*Capital público. *Funcionários celetistas. *Responsabilidade objetiva (art. 37, 6º da CF/88), somente quando o dano decorrer da prestação do serviço público. *Bens são considerados públicos (impenhoráveis, inalienáveis e imprescritíveis), somente quando afetados à prestação do serviço público. *Pagamento de suas dívidas não se submete a precatórios. *Prazos em dobro para recorrer para contestar não gozam. *Forma societária admite qualquer forma societária. Sociedades de economia mista - são pessoas jurídicas de direito privado autorizadas por lei e constituídas sob as regras das sociedades anônimas, com capital misto (público e privado) e podendo explorar atividade econômica ou prestar serviços públicos. Ex.: Banco do Brasil, Petrobrás, Sabesp, Metrô, Imprensa Oficial, CDHU, etc. Ficha técnica da sociedade de economia mista: *Natureza jurídica pessoa jurídica de direito privado. *Instituição autorizada por lei (art. 37, XIX da CF/88). *Regime jurídico privado, com derrogações de direito público. *Capital misto (com predominância de capital público). *Funcionários celetistas. *Responsabilidade objetiva (art. 37, 6º da CF/88), somente quando o dano decorrer da prestação do serviço público. *Bens públicos (impenhoráveis, inalienáveis e imprescritíveis), somente quando afetados à prestação do serviço público. *Pagamento de suas dívidas não se submete a precatórios. *Prazos em dobro para recorrer e para contestar não gozam. *Forma societária somente sociedade anônima (S/A). ATENÇÃO: É competente a Justiça comum (estadual) para julgar as causas em que é parte sociedade de economia mista, mesmo que ela seja federal. Por isso compete à Justiça Estadual, em ambas as instâncias, processar e julgar as causas em que for parte o Banco do Brasil S/A (sociedade de economia mista federal), sendo que as sociedades de economia mista só tem foro na Justiça Federal, quando a União intervier como assistente ou opoente. (Súmulas 508, 517 e 556 do STF e art. 109, I da CF/88). A seguir, apresentamos uma tabela comparativa sobre empresas públicas e sociedades de economia mista que exploram atividade econômica e que prestam serviços públicos: Empresas Públicas ou Sociedades de Economia Mista exploradoras de Atividade Econômica *Seus contratos não são administrativos Empresas Públicas ou Sociedades de Economia Mista prestadoras de Serviço Público *Seus contratos são administrativos
*Responsabilidade subjetiva *Responsabilidade objetiva *O Estado não responde subsidiariamente *O Estado responde subsidiariamente *Sujeita-se ao regime falimentar *Não se sujeita ao regime falimentar *Seus bens não são considerados públicos * Seus bens são considerados públicos e não podem ser penhorados, usucapidos, etc podem ser executados quando afetados ao serviço público prestado. Regime de emprego Empresas Públicas ou Sociedades de Economia Mista exploradoras de atividade econômica ou prestadoras de serviços públicos *Seus agentes são regidos pela CLT, art. 173, 1, II da CF/88. *Contratação por concurso público, art. 37, II da CF/88. *Proibição de acumulação de cargos, art. 37, XVII da CF/88. *À justiça do trabalho compete julgar os litígios entre empregado e empregador, art. 114 da CF/88. *Equipara-se aos servidores públicos para fins penais, art. 327 do Código Penal. *O empregado pode receber acima do teto, caso a sociedade de economia mista não receba recursos de nenhum ente federativo para despesas de pessoal ou de custeio em geral (art. 37, 9º da CF/88). A Lei 13.303/16 dispõe sobre o estatuto jurídico da empresa pública, da sociedade de economia mista e de suas subsidiárias, no âmbito da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios. A referida lei apresenta os seguintes conceitos: Art. 3 o Empresa pública é a entidade dotada de personalidade jurídica de direito privado, com criação autorizada por lei e com patrimônio próprio, cujo capital social é integralmente detido pela União, pelos Estados, pelo Distrito Federal ou pelos Municípios. Art. 4 o Sociedade de economia mista é a entidade dotada de personalidade jurídica de direito privado, com criação autorizada por lei, sob a forma de sociedade anônima, cujas ações com direito a voto pertençam em sua maioria à União, aos Estados, ao Distrito Federal, aos Municípios ou a entidade da administração indireta.
Agências Executivas é a mera qualificação ou denominação dada à autarquia ou fundação que celebre contrato de gestão com o órgão da Administração direta a que se acha vinculada, para melhoria da eficiência e redução de custos. Importante frisarmos que são meras autarquias ou fundações, que por decreto editado pelo chefe do Poder Executivo recebem a denominação de Agências Executivas. Ex.: Inmetro. Reguladoras são autarquias em regime especial, criadas por lei, com o objetivo de regular e fiscalizar os prestadores de serviços públicos e atividades privadas de interesse coletivo. Ressalta-se que as agências reguladoras são criadas por lei, ou seja, não são entes que já existiam e receberam uma denominação, como ocorre com as executivas. Ex.: Agência Nacional de Telecomunicações (ANATEL), Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL), Agência Nacional do Petróleo (ANP), Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), Agência Nacional de Águas (ANA), Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC), etc. Observações sobre as Agências Reguladoras: 1) Segundo a professora Maria Sylvia Z. Di Pietro apenas duas agências tem previsão constitucional (ANP art. 177, 2º, III, e a ANATEL art. 21, XI ambos da CF/88). As demais são previstas em leis esparsas. 2) Os dirigentes ou diretores dessas agências são escolhidos pelo chefe do Executivo, dependendo de aprovação pelo Senado Federal. 3) Esses dirigentes têm mandato fixo previsto em lei e gozam de estabilidade durante o mandato. 4) Os dirigentes se beneficiam da chamada quarentena (após deixar o mandato de dirigente não poderá exercer qualquer função nas empresas que fiscalizava, recebendo, nesse período, remuneração da Agência como se estivesse trabalhando). 5) Têm natureza de autarquias em regime especial, possuindo maior autonomia. QUESTÕES 1. Órgão público pode ser definido como pessoa jurídica de natureza pública, dotada de personalidade jurídica própria e com atribuições para atuar em prol do interesse público. 2. As secretarias de estado são órgãos públicos que integram a administração direta. 3. O Ministério da Saúde faz parte da estrutura da administração pública indireta.
4. Enquanto a administração direta é composta de órgãos internos do Estado, a administração indireta compõe-se de pessoas jurídicas de direito público ou privado também denominadas entidades. 5. As autarquias federais detêm autonomia administrativa relativa, estando subordinadas aos respectivos ministérios de sua área de atuação. 6. A concessão de serviço público a particulares é classificada como descentralização administrativa por delegação ou por colaboração. 7. As empresas públicas devem ser constituídas obrigatoriamente sob a forma de sociedade anônima. 8. O fato de uma autarquia federal criar, em alguns estados da Federação, representações regionais para aproximar o poder público do cidadão caracteriza o fenômeno da descentralização administrativa. 9. Constituem traços distintivos entre a empresa pública e a sociedade de economia mista, entre outros, o fato de que a primeira pode ser organizada sob qualquer das formas admitidas em direito, vedado o desempenho de atividade de natureza econômica, enquanto a segunda é estruturada sob a forma de sociedade anônima e desempenha atividade de natureza econômica. 10 Sob a perspectiva do critério formal adotado pelo Brasil, somente é administração pública aquilo determinado como tal pelo ordenamento jurídico brasileiro, independentemente da atividade exercida. Assim, a administração pública é composta exclusivamente pelos órgãos integrantes da administração direta e pelas entidades da administração indireta. 11 Ao outorgar determinada atribuição a pessoa não integrante de sua administração direta, o Estado serve-se da denominada desconcentração administrativa Acerca da administração direta e indireta, julgue os itens que se seguem. 12 A administração direta é constituída de órgãos, ao passo que a administração indireta é composta por entidades dotadas de personalidade jurídica própria, como as autarquias, que são destinadas a executar serviços públicos de natureza social e atividades administrativas. 13 Decorrem do princípio da reserva legal a exigência de que as entidades da administração indireta sejam criadas ou autorizadas por leis específicas e a de que, no caso das fundações, leis complementares definam suas áreas de atuação. GABARITO 1 E; 2 C; 3 E; 4 C; 5 E; 6 C; 7 E; 8 E; 9 E; 10 C; 11 E; 12 C; 13 C