UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA. Escola de Medicina Veterinária e Zootecnia Programa de Pós-Graduação em Ciência Animal nos Trópicos



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Transcrição:

UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA Escola de Medicina Veterinária e Zootecnia Programa de Pós-Graduação em Ciência Animal nos Trópicos AVALIAÇÃO DA EFICIÊNCIA DE ACARICIDAS SOBRE Rhipicephalus (Boophilus) microplus NO ESTADO DA BAHIA JOSÉ TADEU RAYNAL ROCHA FILHO SALVADOR BAHIA JANEIRO/2014

UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA Escola de Medicina Veterinária e Zootecnia Programa de Pós-Graduação em Ciência Animal nos Trópicos AVALIAÇÃO DA EFICIÊNCIA DE ACARICIDAS SOBRE Rhipicephalus (Boophilus) microplus NO ESTADO DA BAHIA JOSÉ TADEU RAYNAL ROCHA FILHO SALVADOR - BAHIA JANEIRO/2014

Sistema de Bibliotecas da UFBA Co0 Rocha Filho, José Tadeu Raynal. Avaliação da eficiência de acaricidas sobre Rhipicephalus (Boophilus) microplus no Estado da Bahia / José Tadeu Raynal Rocha Filho. - 2014. 71 f. : il. Inclui anexos. Orientador: Prof. Dr. Ricardo Wagner Dias Portela. Co-orientador : Prof. Dr. Thiago Campanharo Dissertação (mestrado) - Universidade Federal da Bahia, Escola de Medicina Veterinária e Zootecnia, Salvador, 2014. 1. Carrapato - Bahia. 2. Boophilus microplus. 3. Acaricidas - Bahia. 4. Carrapato como transmissor de doenças. 4. Bovino - parasita. I. Portela, Ricardo Wagner Dias. II. Campanharo, Thiago. III. Universidade Federal da Bahia. Escola de Medicina Veterinária e Zootecnia. IV. Título. CDD 595.42 CDU 576..89

i JOSÉ TADEU RAYNAL ROCHA FILHO AVALIAÇÃO DA EFICIÊNCIA DE ACARICIDAS SOBRE Rhipicephalus (Boophilus) microplus NO ESTADO DA BAHIA Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Ciência Animal nos Trópicos, da Universidade Federal da Bahia, como requisito parcial para obtenção do título de Mestre em Ciência Animal nos Trópicos. Orientador: Prof. Dr. Ricardo Wagner Dias Portela Co-orientador: Prof. Dr. Thiago Campanharo SALVADOR - BAHIA JANEIRO/2014

ii TERMO DE APROVAÇÃO JOSÉ TADEU RAYNAL ROCHA FILHO AVALIAÇÃO DA EFICIÊNCIA DE ACARICIDAS SOBRE Rhipicephalus (Boophilus) microplus NO ESTADO DA BAHIA Comissão examinadora: Prof a Dr a Deborah Bittencourt Mothé Fraga Prof. Dr. Adriano Figueiredo Monte Alegre Prof a Dr a Heloísa Cristina da Silva Prof. Dr. Thiago Campanharo Bahiense (co-orientador) Prof. Dr. Ricardo Wagner Dias Portela (orientador) 17 de Janeiro de 2014

iii AGRADECIMENTOS Por muitas vezes pensei em como fazer os meus agradecimentos, agora tendo que falar ainda mais bonito. Então pensei, antes eu podia dizer: Rapadura é doce mas não é mole não fazendo uma analogia a este momento, mas fica melhor assim Sacarose extraída da cana de açúcar, que colocada em fervura aumenta a concentração do caldo, depois batido este ganha consistência e ainda quente é informado e ganha a forma de paralelepípedo. Realmente ficou mais bonito, mas para que tanta frescura e pompa, tenho é que ser simples e agradecer a todos, mais um problema: É tanta gente. Resolvi dividir em grupos em vez de citar nomes, começo por uma forma suprema Deus que me possibilitou passar por tudo. Minha família que sempre me apoiou e encorajou a seguir em frente Ao orientador que teve a paciência para ouvir as minhas ideias mirabolantes, que muitas vezes viraram engenhocas e a enxergar qual o melhor caminho a seguir, mas acho que eu e humanidade sempre teremos e cometeremos erros, pois caso contrário a vida seria muito fácil. A todos do Labimuno, ICS e Veterinária onde sempre tinha uma brincadeira e uma resenha para nos divertir, além do apoio. Aos professores que serviram e servem de exemplo. Aos produtores e colegas que ajudaram a conseguir os famosos carrapatos. Também aos que atrapalharam esta caminhada, porque com as dificuldades também aprende muito. A CAPES pela concessão da bolsa mestrado. A todos muito obrigado.

iv LISTAS DE FIGURAS 4. ARTIGO CIENTÍFICO 2... 26 FIGURA 1 DISTRIBUIÇÃO DOS MUNICÍPIOS INCLUÍDOS NESSE ESTUDO NO ESTADO DA BAHIA; OS NÚMEROS REPRESENTAM OS MUNICÍPIOS ONDE FORAM FEITOS TESTES: 1 GUANAMBI, 2 IBIASSUCÊ, 3 ITAPETINGA, 4 EUNÁPOLIS, 5 AMARGOSA, 6 CONCEIÇÃO DO JACUÍPE, 7 FEIRA DE SANTANA, 8 SERRINHA, 9 CAPIM GROSSO, 10 MIGUEL CALMON, 11 VÁRZEA DO POÇO, 12 PIRITIBA, 13 MUNDO NOVO, 14 MORRO DO CHAPÉU, 15 VÁRZEA NOVA, 16 JACOBINA, 17 JEREMOABO, 18 LUIZ EDUARDO MAGALHÃES E 19 RIBEIRA DO POMBAL.... 30 FIGURA 2 - MÉDIAS DA EFICÁCIA FINAL DE ACARICIDAS SOBRE R. MICROPLUS NA REGIÃO CENTRO-NORTE DA BAHIA. OS RESULTADOS EXPRESSAM A MÉDIA OBTIDA PARA TODAS AS AMOSTRAS DE TODOS OS MUNICÍPIOS ESTUDADOS, E AS BARRAS INDICAM OS RESPECTIVOS ERROS PADRÕES; LETRAS SOBRESCRITAS DIFERENTES INDICAM QUE HOUVE DIFERENÇA ESTATÍSTICA SIGNIFICATIVA ENTRE AS TAXAS DE EFICÁCIA, SEGUNDO O TESTE DE ANOVA, COM POSTERIOR TESTE DE TUKEY. ENTRE A E B, B E C, B E D E C E D NÃO HÁ DIFERENÇA ESTATÍSTICA; ENTRE A E C - P<0,05; A DIFERENÇA ENTRE B E E, C E E E D E E - P<0,001.... 35

v LISTAS DE GRÁFICOS 5. ARTIGO CIENTÍFICO 3... 42 GRÁFICO 1. EFICIÊNCIA DOS CARRAPATICIDAS TESTADOS AO LONGO DOA CINCO ANOS E PRODUTOS UTILIZADOS EM CADA ANO.... 47

vi LISTAS DE QUADROS 4. ARTIGO CIENTÍFICO 2... 26 QUADRO 1. VALORES DE EFICIÊNCIA NA OVIPOSTURA (EO), EFICIÊNCIA NA ECLOSÃO (EE) E EFICIÊNCIA FINAL (EF) DE DIVERSOS ACARICIDAS SOBRE RHIPICEPHALUS (B.) MICROPLUS COLETADOS NO ESTADO DA BAHIA. OS RESULTADOS ESTÃO EXPRESSOS EM PORCENTAGEM (%), E ENTRE OS PARÊNTESES ESTÁ DESCRITO O INTERVALO DE CONFIANÇA (5%).... 33 QUADRO 2 - VALORES DE EFICIÊNCIA DE DIVERSOS ACARICIDAS SOBRE RHIPICEPHALUS (BOOPHILUS) MICROPLUS COLETADOS E CINCO REGIÕES DO ESTADO DA BAHIA. OS RESULTADOS ESTÃO EXPRESSOS EM PORCENTAGEM (%), E ENTRE OS PARÊNTESES ESTÁ DESCRITO O INTERVALO DE CONFIANÇA (5%).... 34 QUADRO 3. VALORES DE EFICIÊNCIA DE ACARICIDAS SOBRE RHIPICEPHALUS (B.) MICROPLUS COLETADOS NO ESTADO DA BAHIA. OS RESULTADOS ESTÃO EXPRESSOS EM PORCENTAGEM (%), E ENTRE OS PARÊNTESES ESTÁ DESCRITO O INTERVALO DE CONFIANÇA (5%).... 35

vii LISTAS DE TABELAS 4. ARTIGO CIENTÍFICO 2... 26 TABELA 1 MUNICÍPIOS INCLUÍDOS NESTE ESTUDO E SEUS RESPECTIVOS REBANHOS BOVINOS.... 29 TABELA 2. ACARICIDAS UTILIZADOS NESTE ESTUDO, COM SEUS RESPECTIVOS GRUPOS QUÍMICOS E CONCENTRAÇÕES RECOMENDADAS PELOS FABRICANTES E EMPREGADAS NO EXPERIMENTO.... 31 5. ARTIGO CIENTÍFICO 3... 42 TABELA 1. TRATAMENTOS ACARICIDAS UTILIZADOS NA PROPRIEDADE ESTUDADA, DURANTE O PERÍODO DE 2008 A 2012.... 45 TABELA 2. ACARICIDAS UTILIZADOS NESTE ESTUDO, COM SEUS RESPECTIVOS GRUPOS QUÍMICOS E CONCENTRAÇÕES RECOMENDADAS PELOS FABRICANTES, COMO EMPREGADAS NESTE EXPERIMENTO.... 46

viii RESUMO O carrapato Rhipicephalus (Boophilus) microplus é responsável por grandes prejuízos na pecuária nacional, principalmente devido à redução no desempenho produtivo de bovinos. O desenvolvimento de resistência às principais classes de acaricidas empregadas atualmente tem sido largamente relatado, bem como a ocorrência de resíduos em produtos de origem animal e problemas ecológicos. O presente trabalho teve como objetivo avaliar a eficiência de carrapaticidas sobre R. (B.) microplus coletados em propriedades no estado da Bahia. Foram coletadas teleóginas em diversas unidades produtoras do estado, e foi realizado ensaio in vitro com acaricidas, observando a redução na ovipostura e na eclosão. Os resultados obtidos nos experimentos indicaram graus variáveis de eficácia das diversas bases estudadas. Conclui-se que, para a região estudada, há diferentes graus de eficiência dos principais princípios ativos comercializados, e muitos deles apresentam menos de 95% de eficiência, valor determinado como aceitável pela legislação brasileira. Palavras- chaves: Rhipicephalus (Boophilus) microplus, Acaricidas, Bahia.

ix SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO... 1 2. ARTIGO CIENTÍFICO 1... 3 3.1. Introdução... 4 3.2. O Carrapato... 5 3.3. Importância do carrapato: transmissão de doenças, hematofagia, perdas econômicas... 8 3.4. Compostos químicos acaricidas... 9 3.5.Carrapaticidas de contato... 10 3.6.Carrapaticidas sistêmicos... 12 3.7. A resistência... 13 3.8. MÉTODOS PARA AFERIÇÃO DE RESISTÊNCIA DE CARRAPATOS A ACARICIDAS... 15 3.9. CONTROLE... 16 3.9.1. BASES GENÉTICAS DA RESISTÊNCIA DOS ANIMAIS AOS CARRAPATOS... 17 3.10. CONSIDERAÇÕES FINAIS... 18 REFERÊNCIAS... 18 4. ARTIGO CIENTÍFICO 2... 26 A SER SUBMETIDO AO PERIÓDICO VETERINARY PARASITOLOGY TRADUZIDO AQUI PARA O PORTUGUÊS... 26 1. Introdução... 27 2. Material e Métodos... 28 3. RESULTADOS E DISCUSSÃO... 32 4. CONCLUSÃO... 38

x 5.REFERÊNCIAS... 39 5. ARTIGO CIENTÍFICO 3... 42 Resumo... 42 Abstract... 43 Referências... 48 6. COMCLUSÃO... 51 7. ANEXO... 52

1 1. INTRODUÇÃO Nos países tropicais e subtropicais, grandes prejuízos na pecuária têm sido causados por parasitas, devido aos danos de morbidade e mortalidade, e consequente queda na produção (PATARROYO et al., 2002; PEREIRA, 2006). O carrapato Rhipicephalus (Boophilus) microplus (CANESTRINI, 1887), (Acari: Ixodidae) é um dos principais ectoparasitas de bovinos, ocasionando diversos problemas na pecuária nacional; esses carrapatos são vetores de patógenos causadores de várias doenças, tais como Babesia bovis e Anaplasma marginale (BROWN et al., 2006; JONSSON et al., 2006; 2008). As perdas econômicas no Brasil relacionadas ao carrapato são estimadas em cerca de 1 bilhão de dólares por ano, representadas tanto pela ação direta do parasito, bem como pelo custo dos sistemas de controle, que representam gastos anuais de cerca de R$ 800 milhões (MARTINEZ et al., 2004; FURLONG et al., 2004). No Brasil, além de um rebanho bovino composto de raças taurinas, zebuínas e mestiças diferentemente susceptíveis ao desenvolvimento das fases parasitárias deste carrapato, existem ainda variações climáticas muito favoráveis à sobrevivência e desenvolvimento dos seus estágios não parasitários (CORDOVÉS, 1997). O controle químico do carrapato tem provocado um aumento progressivo dos casos de resistência deste ectoparasita, consequentemente, ocasionando aumento na frequência da aplicação de acaricidas, levando a presença de resíduos desses produtos no leite e na carne (VARGAS et al., 2003; CAMPOS JÚNIOR & OLIVEIRA, 2005; MENDES, 2005). A eficiência legalmente aceitável para uma base química carrapaticida ser licenciada deve ser igual ou superior a 95% (MINISTÉRIO DA AGRICULTURA, 1987). Onde relatamos a resistência as bases químicas: piretróide, organofosforado,

2 associação das duas últimas, amitrazina, fipronil e neen, no estado da Bahia (Raynal et al, 2013). Assim, o combate ao carrapato está direcionado ao desenvolvimento de estratégias de controle, com uso prudente e racional dos parasiticidas disponíveis, levando à manutenção de populações parasitárias abaixo do seu limiar de dano econômico com um mínimo impacto ambiental (FAO, 2003). Na Bahia ainda não existem dados que demonstrem a eficácia das principais bases químicas carrapaticidas utilizadas para o controle de R. (B.) microplus em todo o estado. A importância da detecção da resistência dos carrapatos reside principalmente na escolha de um produto comprovadamente eficaz para o controle deste ectoparasita. A obtenção de um perfil regional do problema de resistência do ácaro frente aos carrapaticidas mais empregados pode servir de subsídio para o planejamento de medidas conjuntas de controle desse parasita. Com base na hipótese de que existem populações de R. (B.) microplus, na Região Centro-Norte Bahia apresentando resistência contra os principais grupos carrapaticidas disponíveis no mercado, esse trabalho teve como objetivo avaliar a eficácia in vitro de diversos fármacos sobre população de R. (B.) microplus.

3 2. ARTIGO CIENTÍFICO 1 Revisão de literatura submetida à Revista Brasileira de Saúde e Produção Animal Resistência do carrapato Rhipicephalus (Boophilus) microplus a acaricidas José Tadeu Raynal 1 Thiago Campanharo Bahiense 2 Roberto Meyer 2 Ricardo Wagner Portela 2 (1) Mestrando em Ciência Animal nos Trópicos, ESCOLA DE MEDICINA VETERINÁRIA E ZOOTECNIA, UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA (UFBA), Av. Adhemar de Barros, nº 500, Ondina, Salvador, Bahia, 40170-110, Brasil, jtraynal@hotmail.com (2) Professor - INSTITUTO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE, DEPARTAMENTO DE BIOINTERAÇÃO, UFBA, Av. Reitor Miguel Calmon, s/n - Vale do Canela, Salvador, BA, 40110-100 - Brasil Resumo: O contínuo aumento de relatos da resistência do carrapato Rhipicephalus (Boophilus) microplus a diversas bases químicas utilizadas comercialmente vem sendo observado, com descrição de diversos mecanismos genéticos que conferem essa característica, bem como de raças bovinas que são mais resistentes à infecção com esses ectoparasitos. Já foram desenvolvidos vários métodos para aferição da eficiência dos fármacos acaricidas, que podem ser empregados como base da escolha do melhor sistema de controle em cada situação específica. A importância dos estudos sobre o carrapato bovino reside no fato deste ser responsável por grandes prejuízos na pecuária nacional, principalmente devido à redução no

4 desempenho, devido a hematofagia e transmissão de doenças. Por ser o principal ectoparasito do rebanho bovino no Brasil e em áreas tropicais em todo o mundo, métodos de controle devem ser implantados para que o uso racional e prudente das possíveis alternativas de controle possam reduzir as perdas econômicas. A presente revisão teve como objetivo apresentar características biológicas de R. (B.) microplus, bem como discutir os relatos de resistência a carrapaticidas, seus mecanismos genéticos e formas de aferição de eficiência desses fármacos. Palavras-chave: Resistência; Rhipicephalus (Boophilus) microplus; carrapaticidas. 3.1. Introdução O carrapato Rhipicephalus (Boophilus) microplus (CANESTRINI, 1887) (Acari: Ixodidae) é um dos principais ectoparasitas de bovinos, ocasionando diversos problemas na pecuária nacional. Esses carrapatos são vetores de patógenos causadores de várias doenças, tais como Babesia sp e Anaplasma marginale (BROWN et al., 2006; JONSSON et al., 2006; JONSSON et al., 2008). Os prejuízos na pecuária causados por parasitas provocam danos de morbidade e mortalidade nos animais, com consequente queda de produção em países tropicais e subtropicais (PATARROYO et al., 2002; PEREIRA, 2006). No Brasil, perdas relacionadas a esse parasita são estimadas em cerca de 1 bilhão de dólares por ano, representadas pela ação direta do parasito e pelo custo dos sistemas de controle, que representam gastos anuais de cerca de R$ 800 milhões com produtos químicos para o combate aos parasitas. (MARTINEZ et al., 2004; FURLONG et al., 2004). O rebanho bovino brasileiro é composto de raças taurinas, zebuínas e mestiças, possuindo diferentes susceptibilidades ao desenvolvimento das fases parasitárias deste carrapato; existem ainda condições climáticas muito favoráveis à sobrevivência e desenvolvimento dos seus estágios não parasitários (CORDOVÉS, 1997).

5 O aumento progressivo da resistência do carrapato R. (B.) microplus a compostos químicos tem tido como consequência o aumento na frequência da aplicação de acaricidas, com a presença de resíduos desses produtos no leite e na carne (VARGAS et al., 2003; CAMPOS JÚNIOR & OLIVEIRA, 2005; MENDES, 2005). O combate ao carrapato está direcionando as pesquisas de estratégias de controle, para uma combinação do uso prudente e racional dos parasiticidas disponíveis com as alternativas de controle, que levam à manutenção de populações parasitárias abaixo do seu limiar de dano econômico com um mínimo impacto ambiental (FAO, 2003). Foi observado nos últimos anos o aumento dos relatos científicos sobre o desenvolvimento de resistência a maioria das bases químicas disponíveis comercialmente, bem como sobre o esclarecimento das vias moleculares do desenvolvimento dessa resistência. 3.2. O Carrapato Originário da Ásia, o carrapato R. (B.) microplus é extremamente prevalente em áreas tropicais e subtropicais, tendo como principal hospedeiro o bovino (IVENS et al., 1978). É o principal ectoparasita de bovídeos no Brasil e em todas as áreas entre os paralelos 32 de latitude norte e 35 de latitude sul (FREITAS, 1982), abrangendo importantes zonas da América Central, América do Sul, África e Oceania (GONZALES, 1993). Praticamente todo o território brasileiro encontra-se no espaço de ocorrência desse parasita (FONSECA et al., 1997). Seu nome deriva do grego Boo (boi) e philus (amigo), ou seja, amigo do boi (CURTICE, 1891). Sua origem remonta ao subcontinente indiano, tendo se alastrado para outras regiões do mundo com o comércio de bovinos instaurado no período do colonialismo (HOOGSTRAAL, 1985). Estudos de filogenia molecular por análise e comparação de sequências de DNA permitiram caracterizar e determinar grande similaridade entre os gêneros Rhipicephalus (KOCH, 1844) e Boophilus (CURTICE, 1891). Estes estudos levaram a alteração da nomenclatura e o gênero Boophilus passou a designar um subgênero de Rhipicephalus (MURRELL & BARKER, 2003).

6 Taxonomicamente, o carrapato R. (B.) microplus é classificado, segundo Guimarães et al. (2001) e modificado posteriormente por Murrel & Barker (2003) da seguinte forma: Reino: Animalia; Filo: Arthropoda; Classe: Arachnida; Subclasse: Acari; Corte: Parasitiformes; Ordem: Ixodida; Família: Ixodidae; Subfamília: Rhipicephalinae; Gênero: Rhipicephalus; Sub-gênero: Boophilus Espécie: Rhipicephalus (Boophilus) microplus. R. (B.) microplus é um carrapato monoxeno (NUÑEZ et al. 1982) pois desenvolve todo o seu ciclo biológico de fase parasitária em um único hospedeiro. A duração da fase de vida livre varia de acordo com as diferentes estações do ano. A pré-postura máxima observada foi de sete dias no inverno e três dias no verão (FARIAS, et al,. 1995). O período de incubação relatado é de 55 dias no inverno e 15 dias no verão. A longevidade de larvas é relatada entre 60 e 90 dias (GONZALES, et al,. 1975). A temperatura e a umidade são os fatores mais importantes que influenciam a duração desse ciclo (SWEATMAN, 1967), tendo mais influência na fase de vida livre (FURLONG, 1998). Em determinado momento do seu ciclo biológico, a população de carrapato encontra-se distribuída em aproximadamente 95% na pastagem e 5% parasitando os animais (FURLONG, 1993).

7 A fase de vida livre é iniciada quando a fêmea ingurgitada de sangue se desprende do hospedeiro e cai ao solo. As fêmeas procuram locais sem incidência dos raios solares diretos, com temperatura e umidade favoráveis, para iniciar a postura. O período de pré-postura, dura em média três dias, em condições adequadas de temperatura e umidade. O período de postura dura cerca de quinze dias, sendo que no quinto dia há maior produção de ovos. A eclosão inicia-se ao redor do sétimo dia após o final do período de postura com o nascimento das larvas que, com mais sete dias, chegam na forma infestante (GONZALES, 1974). O final da postura e a eclosão das larvas podem levar 100 dias, em condições desfavoráveis de temperatura e umidade (PEREIRA et al., 2008). A fase parasitária tem início com a fixação das larvas infestantes no hospedeiro bovino, onde começam alimentando-se de linfa e, em torno do oitavo dia após a fixação, sofrem a primeira muda passando a ser ninfas, que se alimentam de sangue e sofrem nova muda, onde tornam-se metaninfas (PEREIRA et al., 2008). A partir desta fase começa a diferenciação sexual. Os machos ainda jovens são denominados neandros e gonandros, e se tornam adultos 15 dia após a fixação; são menores que as fêmeas e percorrem todo o corpo do animal, alimentando-se de sangue e fecundando várias fêmeas. A fêmea jovem é denominada neógina e, ao redor do 18 dia, quando apresenta maturidade sexual, passa a ser denominada partenógina. Após a fecundação, a fêmea continua se alimentando de sangue, ingurgitando-se até o fim do período parasitário, quando passa a ser denominada teleógina, se desprendendo do animal entorno do 21 dia, cai no solo para iniciar a postura. Segundo Riek (1956) e Pereira et al. (2008), teleóginas podem ingerir de 1 a 3 ml de sangue durante sua vida parasitária e transformam cerca de 60% de sua massa corporal em ovos, que em média chegam a 3.000 unidades. Um grama de ovos de R. (B.) microplus contém cerca de 20.000 ovos (GONZALES, 1993; PEREIRA et al., 2008). As características morfológicas de R. (B.) microplus são: corpo pequeno sem ornamentação no escudo, capítulo hexagonal, coxas com dois espinhos curtos em ambos os sexos, aparelho bucal curto, hipostômio mais longo que os palpos com placas respiratórias circulares, sulco anal e festões

8 ausentes. Os machos possuem quatro placas ad-anais longas e seu corpo termina em uma ponta aguda; nas fêmeas o corpo termina normalmente em forma arredondada. Os machos apresentam coloração castanho-avermelhada e as teleóginas coloração cinza-chumbo (ARTHUR, 1960; AESCHLIMANN & MOREL, 1965; GUIMARÃES et al., 2001). 3.3. Importância do carrapato: transmissão de doenças, hematofagia, perdas econômicas Entre os ectoparasitos dos bovinos, o carrapato R. (B.) microplus continua sendo uma das principais causas das perdas econômicas na pecuária (GIOVANA et al., 2009). Além dos danos provocados na pele, são vetores de patógenos causadores de várias doenças (BROWN et al., 2006; JONSSON et al., 2006; JONSSON et al., 2008). Cada teleógina é capaz de causar a redução na produção de aproximadamente 1 g de peso vivo e de 10 ml de leite em vacas em lactação (JONSSON, 2006). A dependência do carrapato com relação à ingestão de sangue dos bovinos acarretam diversos problemas ao animal parasitado. As larvas, ninfas e adultos quando se fixam na pele do animal causam uma desorganização da derme começando com edema, infiltração celular e difusão de um ponto de necrose (PEREIRA, 1982). A saliva do ácaro possui substâncias com mecanismo anticoagulante, anti-inflamatório, imunossupressor e inibidor do sistema complemento, interferindo na cascata de coagulação e reação inflamação do hospedeiro, podendo causar prurido, edema e ulceração no local da picada (LIMO et al., 1991; RIBEIRO et al., 1985; RIBEIRO, 1989). O grau de inflamação varia de acordo com a sensibilidade do animal e o nível de infestação. O sangue ingerido sofre ação de substâncias hemolíticas presentes no tubo digestivo do carrapato; a fração heme da hemoglobina é liberada, pois o carrapato não é capaz de metabolizar esta fração, que é transportada pelas lipoproteínas da hemolinfa para os tecidos do carrapato (MAYA-MONTEIRO et al., 2000). O carrapato também pode causar infestações secundarias por protozoários: Babesia spp podem estar presentes na saliva do carrapato

9 durante a ingestão de sangue, estes podem ser inoculados nos bovinos, penetrando nas hemácias e causando babesiose (MONTENEGRO-JAMES, 1992). Segundo Mahoney & Mirre (1974) a Babesia bovis é inoculada somente pelas larvas de carrapato; Theileria, tem o ciclo biológico complexo e causa doença linfo-proliferativa levando a uma alta morbidade mortalidade (SCOOT, 2002; UILENBERG, 1995). A anaplasmose bovina é uma infecção cusada por Anaplasma marginale (THEILER, 1910) e A. centrale (THEILLER, 1911), rickettsias amplamente distribuídas nas regiões tropicais, subtropicais e temperadas do mundo (PALMER, 1989). No Brasil, o rebanho bovino é composto de raças taurinas, zebuínas e mestiças com diferentes graus de sangue (relação taurino, zebuíno), o que confere aos animais diferentes susceptibilidades ao desenvolvimento das fases parasitárias do carrapato. Além disso o território nacional apresenta variações climáticas muito propicias à sobrevivência e desenvolvimento dos seus estádios não parasitários (CORDOVÉS, 1997) favorecendo a manutenção dos carrapatos no ambiente. Adicionalmente, a falta de conhecimento adequado do ciclo parasitário e dos mecanismos de ação do carrapaticida onera ainda mais os custos de controle do parasita, e consequentemente diminuem o lucro da produção pecuária, bem como aumentam a endemicidade do carrapato em algumas regiões. Perdas econômicas causadas pelo carrapato bovino nas áreas tropicais e subtropicais, foram estimadas em 7 bilhões de dólares em todo o mundo (FAO, 2004). 3.4. Compostos químicos acaricidas Acaricidas passaram a ser usados de forma sistemática a partir de 1896, o arsênico foi liberado nos Estados Unidos em 1910 para controle de carrapatos em bovinos, surgindo neste momento um mercado internacional para esse produto (ANDREOTTI, 2010). Após 1937, com o surgimento da resistência dos carrapatos ao arsênico e o risco à saúde e as preocupações relacionadas a resíduos, fez-se necessário o desenvolvimento de novos produtos, começando pelos organoclorados em 1946, ciclodienos e toxafeno em 1947, formamidinas em 1975, piretróides em 1977 e lactonas macrocíclicas em 1981 (GEORGE et al., 2008).

10 3.5.Carrapaticidas de contato São aplicados por meio de pulverização, imersão ou pour on, e são divididos em cinco grupos: Organofosforados, Amidínicos, Piretróides, Fenilpirazoles e Tetranotriterpenóides. Organofosforados são um dos grupos mais antigos de carrapaticidas, sendo ainda comercializados para utilização em bovinos, desenvolvidos inicialmente em 1946 (GEORGE et al., 2008). Estes compostos apareceram comercialmente em torno de 1955 para substituir os organoclorados, como DTT (dimetil-difenil-tricloroetano) e BHC (benzeno-hexaclorito), os quais apresentavam alta toxicidade (WASSERMANN et al., 1970), resistência em diferentes espécies de carrapatos e preocupações quanto a sua persistência no ambiente e acumulação na gordura corporal dos animais (GEORGE et al., 2008). Muitos produtores não mais utilizam esses produtos, por acreditarem que exista resistência dos carrapatos a eles, e porque os grupos mais novos, pelo seu maior poder residual, permitem maior intervalo entre as pulverizações, gerando menores gastos. Organofosforados estão disponíveis comercialmente no mercado, entretanto a maioria dos produtos dessa família está disponível em associação com piretróides, o que provocou aumento da vida útil do produto; essa associação tem demonstrado aumento da eficiência quando comparado ao uso de uma única substância. (FURLONG, 2005). Sua ação nos carrapatos esta baseado no fato de que os derivados orgânicos do ácido fosfórico são responsáveis por inibir a enzima acetilcolinesterase, levando a um aumento de acetilcolina em níveis tóxicos para os carrapatos, com aumento das contrações musculares e consequente paralisia (ANDREOTTI, 2010). Sabe-se que o mecanismo da resistência aos organofosforados tem relação com a insensibilidade a acetilcolinesterase (FOIL et al., 2004), com o aumento do metabolismo das esterases localizadas no tegumento de teleóginas resistentes, e com a super-expressão dessas enzimas em larvas (VILLARINO et al., 2001). Amidínicos é o grupo de carrapaticida que sucedeu os organofosforados e possuem poder residual maior (14 dias), o que permite intervalos maiores entre tratamentos. Após invadir o organismo do carrapato, a

11 amidina é metabolizada em um composto denominado de N 2,4 dimetilfenil N metilformamidina, que age mais intensamente sobre a postura de ovos das teleóginas, sendo tóxico para todas as fases do carrapato, principalmente para as larvas (ANDREOTTI, 2010). É um dos produtos mais comercializados no mercado, e é amplamente aceito pelos produtores, apesar de que há indícios de resistência (FURLONG, 2005). Piretróides sintéticos foram desenvolvidos em busca de um produto que tivesse menor toxicidade e permanecesse mais tempo sobre o pelo e a pele dos animais (maior poder residual). São muitos os subgrupos de piretróides sintéticos, embora os produtos mais comuns sejam originários principalmente da deltametrina e cipermetrina. (FURLONG, 2005). Essa família também se caracteriza por facilitar a ativação do canal de sódio, de modo que os canais de sódio abram no potencial de repouso normal, e também inibem a inativação, de modo que os canais falham em se fecharem. Assim, a membrana torna-se hiperexcitável e o potencial de ação é prolongado. Inicialmente, ocorrem descargas espontâneas, mas as células eventualmente ficam de modo permanente despolarizado e inexcitável. Todas estas substâncias afetam o coração do carrapato, produzindo extra-sístoles e outras arritmias, culminando em fibrilação, descargas espontâneas no sistema nervoso e no músculo, levando a espasmos e convulsões (RANG et al, 2004). Quando aplicados sob a forma de pulverização, não apresentam poder residual, devendo obedecer a um intervalo de tratamento sugerido de 21 dias. Com aplicação pour on, o período residual é de 7 dias. O leite de animais tratados não deve ser utilizado para consumo humano tratados antes de decorridas 24 horas da aplicação do produto, e não se deve abater animais tratados antes de 7 dias após a aplicação do produto (ANDREOTTI, 2010). Fenilpirazoles, principal molécula empregada dessa classe no controle ectoparasitário em animais domésticos é o fipronil (SCOTT et al., 2002), são aplicados na forma de pour on, e atuam sobre o sistema nervoso dos carrapatos, bloqueando os impulsos nervosos, paralisando-os pelo bloqueio dos canais de cloro regulados pelo ácido gama-aminobutírico (GABA) nos neurônios do sistema nervoso central. Tem a desvantagem da proibição de uso nos animais em lactação (HUNTER et al., 1994; ANDREOTTI, 2010).

12 Extraída das folhas e sementes da planta neem (Azadirachta indica), a azadirachtina, do grupo dos tetranortriterpenóide, é a substancia ativa responsável pelos efeitos da planta sobre as pragas em geral. Ela é formada por um grupo de isômeros relacionados denominados AZ-A até AZ-G, sendo o AZ-E considerado o mais efetivo regulador de crescimento em insetos. Tem ações repelentes, inibidora do crescimento, redutora da fertilidade, além de causar distorções na metamorfose (SCHMUTTERER, 1990). Pode ter grande importância no controle de insetos hematófagos (SCHMUTTERER, 1990), por não ter ação fitotóxica, sendo praticamente atóxica ao homem e não deixando resíduos no meio ambiente, além de possuir largo espectro de ação (CARVALHO & FERREIRA, 1990). Tem demonstrado ação repelente contra diversas espécies de artrópodes (SABER et al., 2004; BARNARD & XUE, 2004). 3.6.Carrapaticidas sistêmicos São carrapaticidas aplicados por meio de injeções ou pour on. O princípio ativo é metabolizado pelo organismo e distribuído a todo o corpo do animal tratado, sendo ingerido pelos carrapatos pelo sangue (FURLONG, 2005). As lactonas macrocíclicas produziram grande revolução no mercado mundial dos antiparasitários, por apresentarem maior poder residual e serem eficientes também contra helmintos e miíases, sendo por isso chamados de endectocidas" (FURLONG, 2005). São derivadas de produtos obtidos com a fermentação do fungo Streptomyces avermitilis (BURG et al., 1979). Existem quatro subgrupos no mercado, a abamectina, a ivermectina, a doramectina e a moxidectina. Atuam da mesma forma que o fenilpirazole paralisando os carrapatos. Animais em lactação ou 30 dias antes do abate não podem ser tratados com este principio ativo, em função do nível de resíduos que permanece no leite e na carne (FURLONG, 2005). As benzofeniluréias, ou inibidores do crescimento, têm a capacidade de inibir a síntese do maior componente da cutícula do carrapato, a quitina, e o subgrupo utilizado no controle do carrapato é o fluazuron. Ele impede que os

13 carrapatos mudem de fase e cresçam, além de impossibilitar a eclosão das larvas, controlando a população de carrapatos na pastagem. De maneira semelhante aos derivados das lactonas macrocíclicas, também não podem ser utilizados nos animais em lactação. Os produtos representantes deste grupo são aplicados na forma pour on (FURLONG, 2005). 3.7. A resistência Nas últimas décadas, a resistência a inseticidas tem sido considerada como o principal problema no controle de pragas em programas da agricultura, pecuária e saúde pública (SHIDRAWI, 1990). O controle químico do carrapato tem se caracterizado pelo aumento continuo da resistência, com consequente aumento na frequência da aplicação de acaricidas, com a presença de resíduos desses produtos no leite e na carne (LEITE et al., 1995; VARGAS et al., 2003; CAMPOS JÚNIOR & OLIVEIRA, 2005; MENDES, 2005). Para ser licenciada a utilização comercial, uma base química carrapaticida deve possuir eficiência igual ou superior a 95% sobre uma cepa sensível de R. (B.) microplus (MINISTÉRIO DA AGRICULTURA, 1987). Com o decorrer do uso de um produto químico, alguns carrapatos da população sobrevivem, pois já existem na população alguns indivíduos naturalmente resistentes, cerca de um a cada um milhão ou mais de indivíduos (ROUSH, 1993) antes mesmo da aplicação do fármaco. Adicionalmente, o uso frequente do produto seleciona alterações (mutações) em alguns indivíduos da população, que seriam resistentes, sendo esse processo chamado estabelecimento do alelo resistente (FURLONG & MARTINS, 2000). Diversos mecanismos de resistência foram sendo propagados como estratégia de sobrevivência pelo carrapato (FREITAS et al., 2005). Populações com diferentes características genéticas e com diferentes graus de resistência surgem em decorrência do uso de carrapaticidas. Tais características adquiridas variam desde a redução do poder de penetração do pesticida ao aumento do poder sequestrante de moléculas tóxicas, ou mesmo insensibilidade a compostos tóxicos, além do aumento da detoxificação celular (OAKESHOTT et al., 2003). Desta forma, os pesticidas utilizados ficam

14 defasados em curto espaço de tempo, tornando necessário o aumento da concentração de uso, a mudança do princípio ativo, ou combinar diferentes princípios (SUTHERST et al., 1983). No Brasil a resistência a organofosforados começou a ser descrita desde 1968 (SHAW et al., 1968). Foi indicado no estado de São Paulo 70,8% de resistência (MENDES et al., 2011), um nível que se aproxima muito do observado por Mendes et al. (2007), que observaram níveis de resistência que variavam de 85,31% a 100% em Ibiúna (SP). A resistência aos piretróides no Brasil foi inicialmente relatada por Leites (1988) no Rio de Janeiro, e logo depois vários autores também notificaram baixas eficiências médias desta base química. A eficiência média encontrada em Ilhéus para a deltametrina foi de 65,04% (CAMPOS JUNIOR & OLIVEIRA, 2005) e 55,25% em Pernambuco (FAUSTINO et al., 1995), Segundo Leite et al. (1995) há uma grande variação na resistência de R. (B.) microplus frente aos subgrupos de compostos químicos piretróides utilizados como acaricidas em Minas Gerais. A baixa sensibilidade ao amitraz (amidinico) tem sido notificada em várias regiões e por diferentes autores. Foram encontradas eficiências médias de 30,95% em Ilhéus (CAMPOS JUNIOR & OLIVEIRA, 2005), 81,94% em Pernambuco (FAUSTINO et al., 1995), 61,16% em Minas Gerais (OLIVEIRA, 1999), e 40,50% em outro estudo em Pernambuco (SANTANA, 2000). A associação piretróide-organofosforado (cipermetrina-diclorvós) apresentou nas propriedades rurais estudadas na região de Ilhéus a maior eficiência média dos quatro produtos comerciais testados, de 75,73% (CAMPOS JUNIOR & OLIVEIRA, 2005). Esse valor confirma resultados de Oliveira (1999) em Minas Gerais (55,47%) e Santana (2000) em Pernambuco (89,60%), que observaram eficiências médias maiores de tais compostos associados, em relação às piretrinas isoladas. O primeiros caso de R. (B.) microplus resistentes ao fipronil (fenilpirazole) no Brasil foi relatado por Castro-Janer et al. (2010) no estado de São Paulo. O isolamento de uma cepa resistente à ivermectina (lactona

15 macrociclica) de R. (B.) microplus foi feito por Klafke et al., 2010 no estado de São Paulo. 3.8. Métodos para aferição de resistência de carrapatos a acaricidas Existem vários testes para diagnóstico da resistência acaricida, como: - Teste pacote larval (LPT) (STONE & HAYDOCK, 1962), no qual os resultados para o diagnóstico da resistência de R. (B.) microplus demoram cerca de seis semanas, sendo baseado em protocolos do Commonwealth Scientific and Industrial Research Organization (CSIRO) e o Queensland Department of Primary Industries (DPI), da Austrália. Neste ensaio, são separadas 100 larvas por grupo teste, que são colocadas em envelopes de papel filtro impregnado com o carrapaticida, sendo incubados em estufa a uma temperatura de 27-28 C e 70-80% de umidade relativa durante 24 h. Após essa etapa isso, é feita observação usando microscópio óptico, onde são registrados os números de larvas vivas e mortas, bem como as larvas que não foram capazes de andar, consideradas como inaptas. - Teste de imersão larval (LIT) (SHAW, 1966), não é amplamente utilizado para diagnóstico de resistência pois os resultados podem levar muito tempo para ficarem prontos. É realizado com aproximadamente 100 ovos (0,005g) acondicionados em envelopes de tecido TNT (1,0cm X 1,5cm). Os envelopes são incubados em temperatura de 27-28ºC e 70-80% de umidade relativa por 14 dias, até a eclosão dos ovos. Após mais 14 dias de incubação, os envelopes contendo as larvas são submersos por 5 minutos em 10mL das soluções-teste. Após a evaporação do solvente, os envelopes são incubados em temperatura de 27-28ºC e 70-80% de umidade relativa por 48h. Larvas (vivas e mortas) são contadas para avaliar o percentual de mortalidade. Normalmente os testes são feitos em triplicatas. - Teste de imersão de adultos (AIT), aplicado em teleóginas ingurgitadas, descrito por DRUMMOND (1971). Teleóginas coletadas diretamente de bovinos, são separadas de forma equitativa em pelo menos 10 teleóginas por grupo, e cada grupo é imerso em uma solução-teste por 30 segundos, sendo depois secas e colocadas em estufa BOD, onde ficam em

16 uma temperatura de 27±1ºC e 70-90% de umidade relativa por 14 dias. A massa de ovos é pesada e retorna para a estufa BOD nas mesmas condições por mais 30 dias, para que ocorra a eclosão, sendo realizada estimativa visual das larvas após esse período. 3.9. Controle A eficiência do sistema estratégico nas propriedades rurais varia em função de muitos fatores: número de carrapatos na pastagem, a altura do pasto, tipo e lotação da pastagem, maior ou menor grau de sangue europeu do rebanho (CAMPOS JÚNIOR & OLIVEIRA, 2005), como será aplicado o produto e principalmente, resistência das populações de carrapatos aos carrapaticidas. Caso a pulverização, ou o tratamento, não sejam bem feitos, ou se o carrapaticida usado não estiver mais agindo contra os carrapatos, não haverá bons resultados (EVANS, 1992). Quando bem-feito, será sempre mais eficiente que o método de combate tradicional, baseado apenas na aplicação de acaricidas, dependendo do número de carrapatos visualizados nos animais (FURLONG, 2005). Para contornar a desvantagem que o sistema possui que é a realização de tratamentos em épocas de chuva em algumas regiões do país, uma das alternativas é programar banhos ou tratamentos com intervalos menores. Desta forma, caso chova no dia marcado para a aplicação, será possível retardar o tratamento dos animais, que deve acontecer antes do intervalo máximo de 22 dias. Alternativa é deixar os animais sob uma coberta protegidos da chuva, no mínimo por duas horas após o tratamento. Os carrapaticidas usados em imersão ou pulverização matam os carrapatos por contato, e o tempo de duas horas (sem tomar chuva) é suficiente para que eles se intoxiquem e morram; deve-se também aplicar os produtos no final da tarde para evitar perder eficiência em função de uma possível volatilidade do produto em contato com o sol intenso, bem como intoxicação dos animais. No caso de produtos pour-on ou injetáveis, tal procedimento não é necessário. Após intoxicar os carrapatos, a solução carrapaticida poderá ser lavada pela água da chuva, e desaparecer dos pelos e da pele. As larvas começam a subir nos animais mais cedo do que o esperado, por conta desta lavagem do produto, mas isso não impedirá que morram no próximo tratamento, não interferindo no sucesso do esquema

17 estratégico (FURLONG, 2005). A associação entre prudência e racionalidade no uso dos carrapaticidas disponíveis, com as alternativas de controle adequadas, leva a redução das perdas econômicas e a um mínimo impacto ambiental (FAO, 2003). Dentre as diferentes regiões do país, existem áreas que apresentam dificuldades no controle do carrapato em função da diversidade do uso da terra para a agricultura e pecuária, além da periodicidade de chuvas e umidade relativa favoráveis a manutenção do parasita (EVANS, 1992). Com as temperaturas médias anuais bem acima do requerido para R (B.) microplus, de 17 C, a região de Ilhéus, no estado da Bahia, é considerada uma das mais favoráveis para a infestação de carrapatos (CAMPOS JÚNIOR & OLIVEIRA, 2005), mas também foi relatada baixa eficiência a piretróides, organofosforados, associação das últimas duas bases, amitrazinas, extrato de Neen e fipronil, na região Centro Norte da Bahia (Raynal et al., 2013). 3.9.1. Bases genéticas da resistência dos animais aos carrapatos É cada vez mais comum para pecuaristas a observação da resistência a acaricidas (MORALES et al., 1999). R. (B.) microplus tem conseguido propagar resistência a grande maioria dos produtos utilizados no controle de carrapato (AGUIRRE et al., 2000; BIANCHI et al., 2003). Introduzir meios alternativos de controle do carrapato, tais como rotação de pastagem, e criação de raças zebuínas (Bos taurus indicus) ou sintéticas (FRISCH, 1999), que são cruzamentos entre zebuínos e taurinos (Bos taurus)...? Raças zebuínas provavelmente propagaram a resistência por seleção natural, por conviverem a milhares de anos com o R. (B.) microplus (THIESEN, 1979; LEMOS, 1986), assim como as raças taurinas, por terem tido pouco contato com carrapato, são menos resistentes (PENNA, 1990). Presume-se que as raças que durante seu período evolutivo estiveram em contato com os carrapatos de uma determinada espécie acumularam grande quantidade de genes de pequeno efeito, e essa forma de resistência poligênica promoveu resposta rápida e efetiva às raças de moderada a alta resistência (FRISCH, 1999). Em rebanhos zebuínos há grande proporção de animais com resistência

18 ao carrapato (VILLARES, 1941). Riek (1962) descreveu dois mecanismos de resistência, (1) a inata, presente no animal na primeira infestação, e (2) a adquirida, que surge após a exposição do animal a algumas infestações por carrapatos. As bases moleculares da resistência são delineadas em três tipos principais: aumento da expressão de genes ou aumento da atividade de enzimas envolvidas em metabolismo de xenobióticos/detoxificadoras, mutações em neurotransmissores e mutações em canais de sódio (MARTIN et al, 2003; RUFINGIER et al, 1999). 3.10. Considerações finais A avaliação da resistência do R. (B.) microplus a acaricidas, associada a métodos de controle adequados e a situação climática de cada propriedade, podem fazer com que as novas resistências se instalem de forma mais lenta, e que perdas econômicas causadas pela ação direta e indireta do carrapato sejam reduzidas. Dessa forma, espera-se um aumento da margem de lucro do sistema pecuário que tem se tornado cada vez mais competitivo exigindo dos animas máxima eficiência. Para isso, os pecuaristas devem ser assessorados por médicos veterinários que possam interpretar estes fatores de forma adequada e traçar estratégias para que os objetivos de controle do carrapato sejam atingidos. Referências AGUIRRE, D. H.; VINABAL, A. E.; SALATIN, A. O.; CAFRUNE, M. M.; VOLPOGNI, M. M.; MANGOLD, A. J.; GUGLIELMONE, A. A. Susceptibility to two pyrethroids in Boophilus microplus (Acari: Ixodidae) populations of northwest Argentina. Preliminary results. Veterinary Parasitololgy, v.88, p.329 334, 2000. ANDREOTTI, RENATO. Situação atual da resistência do carrapato-do-boi Rhipicephalus (Boophilus) microplus aos acaricidas no Brasil: Campo Grande, MS: Embrapa Gado de Corte, 2010. 36p. (Embrapa Gado de Corte. Documentos, 180). Disponível em:. Acesso em: 04 jun. 2011. ARTHUR, D. R. Ticks. A monograph of the ixodoidea. On the genera Dermacentor, Anocentor, Cosmiomma, Boophilus e Margaporus. London: Cambridge University Press, p.215, 1960.

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26 4. ARTIGO CIENTÍFICO 2 A ser submetido ao periódico Veterinary Parasitology traduzido aqui para o português AVALIAÇÃO DA EFICIÊNCIA DE ACARICIDAS SOBRE Rhipicephalus (Boophilus) microplus NO ESTADO DA BAHIA José Tadeu Raynal Rocha Filho 1 Thiago Campanharo Bahiense 2 Roberto Meyer 1 Ricardo Wagner Portela 1 1 Laboratório de Imunologia e Biologia Molecular, Instituto de Ciências da Saúde, UFBA. Av. Reitor Miguel Calmon, s/n - Vale do Canela, Salvador, BA, 40110100 - Brasil 2 Laboratório de Parasitologia Veterinária, Instituto de Ciências da Saúde, UFBA. Av. Reitor Miguel Calmon, s/n - Vale do Canela, Salvador, BA, 40110100 - Brasil Resumo O carrapato Rhipicephalus (Boophilus) microplus é responsável por grandes prejuízos na pecuária nacional, principalmente devido à redução no desempenho produtivo de bovinos. O desenvolvimento de resistência às principais classes de acaricidas empregadas atualmente tem sido largamente relatado, bem como a ocorrência de resíduos em produtos de origem animal e problemas ecológicos. O presente trabalho teve como objetivo avaliar a

27 eficiência de carrapaticidas sobre R. (B.) microplus coletados em propriedades do estado da Bahia. Para isso, foram coletadas teleóginas em diversas unidades produtoras da região, e realizado ensaio in vitro com acaricidas, observando a redução na ovipostura e na eclosão. Os resultados obtidos nos experimentos indicaram graus variáveis de eficácia das diversas bases estudadas. Conclui-se que, para a região estudada, há diferentes graus de eficiência aos principais princípios ativos comercializados, e muitos deles apresentam menos de 95% de eficiência, valor determinado como aceitável pela legislação brasileira, sendo necessária a realização constante de ensaios de resistência aos carrapaticidas. Keywords: Rhipicephalus (Boophilus) microplus, Carrapaticidas, Bahia. 1. Introdução Nos países tropicais e subtropicais, grandes prejuízos na pecuária têm sido causados por parasitas, devido aos danos de morbidade e mortalidade nos animais, além da queda na produção (PATARROYO et al., 2002; PEREIRA, 2006). O carrapato Riphicephalus (Boophilus) microplus, (Acari Ixodidae) é um dos principais ectoparasitas de bovinos, ocasionando diversos problemas na pecuária nacional; além de danos provocados na pele e queda na eficiência produtiva dos animais, esses carrapatos são vetores de patógenos causadores de várias doenças (BROWN et al., 2006; JONSSON et al., 2006; JONSSON et al., 2008). As perdas econômicas no Brasil relacionadas a esse parasita são estimadas em cerca de 1 bilhão de dólares por ano, representadas tanto pela ação direta do parasito, bem como pelo custo dos sistemas de controle, que representam gastos anuais de cerca de R$ 800 milhões com produtos químicos para o combate aos parasitas. ( FURLONG et al., 2004). No Brasil, além de um rebanho bovino composto de raças taurinas, zebuínas e mestiças diferentemente susceptíveis ao desenvolvimento das fases parasitárias deste carrapato, existem ainda variações climáticas muito favoráveis à sobrevivência e desenvolvimento dos estágios não parasitários (CORDOVÉS, 1997), tendo a resistência a carrapaticidas sido descrita por Raynal et al. (2013).

28 O controle químico do carrapato se caracteriza pelo aumento progressivo dos casos de resistência deste ectoparasita e, consequentemente, pelo aumento na frequência da aplicação de acaricidas, com a presença de resíduos desses produtos no leite e na carne (VARGAS et al., 2003; CAMPOS JÚNIOR & OLIVEIRA, 2005). A eficiência legalmente aceitável para uma base química carrapaticida ser licenciada deve ser igual ou superior a 95% (MINISTÉRIO DA AGRICULTURA, 1987). Assim, o combate ao carrapato está direcionado a pesquisas de estratégias de controle, isto é, uma combinação do uso prudente e racional dos parasiticidas disponíveis com as alternativas de controle, que levam à manutenção de populações parasitárias abaixo do seu limiar econômico com um mínimo impacto ambiental (FAO, 2003). No estado da Bahia ainda não existe um registro de dados, em larga escala, que demonstrem a eficácia das principais bases químicas carrapaticidas utilizadas para o controle de Rhipicephalus (Boophilus) microplus. A importância na detecção da resistência destes carrapatos reside principalmente na escolha de um produto comprovadamente eficaz para o controle deste ectoparasita. A obtenção de um perfil regional do problema de resistência do ácaro frente aos carrapaticidas mais empregados poderia servir de subsídio ao planejamento de medidas conjuntas de controle desse parasita. Com base nos resultados demonstrados por CAMPOS JUNIOR & OLIVEIRA (2005) no município de Ilhéus, acredita-se que existam populações de Rhipicephalus (Boophilus) microplus no estado da Bahia apresentando níveis variáveis de resistência contra os principais grupos carrapaticidas disponíveis no mercado, esse trabalho tem como objetivo avaliar a eficácia de diversos fármacos sobre o carrapato Rhipicephalus (Boophilus) microplus. 2. Material e Métodos 2.1. Municípios estudados Os municípios do estado da Bahia incluídos no estudo foram escolhidos de acordo com o tamanho do rebanho bovino de cada um, como listado no levantamento do IBGE (2009), e representação por região do estado da Bahia.

29 A população bovina presente nos municípios incluídos neste estudo perfazem 8,09% do rebanho do estado, estando listados na Tabela 1. Tabela 1 Municípios incluídos neste estudo e seus respectivos rebanhos bovinos. Região Municipio Rebanho Propriedades estimado (IBGE, por município 2009) Sul Eunápolis 86.699 1 Serrinha 22.100 1 Nordeste Ribeira do Pombal 46.700 1 Jeremoabo 51.394 1 Guanambi 49.356 1 Cento Sul Itapetinga 134.826 1 Amargosa 24.263 1 Ibiassucê 14.891 1 Feira de Santana 61.700 1 Jacobina 78.800 2 Mundo Novo 55.690 1 Miguel Calmon 37.880 4 Centro Norte Piritiba 33.987 1 Capim Grosso 29.700 1 Morro do Chapéu 29.583 1 Várzea do Poço 16.230 1 Várzea Nova 12.517 1 Extremo Oeste Luís Eduardo 28.647 1 Metropolitana de Salvador Magalhães Conceição do Jacuípe 12.638 1 TOTAL 827.601 23 2.2. Coleta de amostras Foram coletadas manualmente 250 a 300 teleóginas ingurgitadas da espécie R. microplus, com comprimento igual ou superior a 4 mm, diretamente de bovinos de diversas raças e graus de sangue, naturalmente parasitados, em propriedades rurais dos municípios listados na Tabela 1, realizando um estudo de coorte transversal. A distribuição geográfica dos municípios no estado da Bahia esta representada na figura 1. As teleóginas foram acondicionadas em frascos com orifícios para ventilação, que foram mantidos em temperatura ambiente e remetidos ao LABIMUNO/UFBA, onde foram manipuladas no prazo máximo de um dia após a coleta.

30 Figura 1 Distribuição dos municípios incluídos nesse estudo no estado da Bahia; os números representam os municípios onde foram feitos testes: 1 Guanambi, 2 Ibiassucê, 3 Itapetinga, 4 Eunápolis, 5 Amargosa, 6 Conceição do Jacuípe, 7 Feira de Santana, 8 Serrinha, 9 Capim Grosso, 10 Miguel Calmon, 11 Várzea do Poço, 12 Piritiba, 13 Mundo Novo, 14 Morro do Chapéu, 15 Várzea Nova, 16 Jacobina, 17 Jeremoabo, 18 Luiz Eduardo Magalhães e 19 Ribeira do Pombal. 2.3. Ensaio de Determinação de Resistência/Susceptibilidade a Acaricidas As teleóginas coletadas em cada propriedade foram divididas em 08 grupos compostos de vinte parasitas cada, o tamanho, o peso e a morfologia das teleóginas foram classificadas segundo ARAGÃO & FONSECA (1961), itens observados para que a separação fosse realizada da forma mais equitativa possível. Foram então realizados os testes de imersão de teleóginas (DRUMMOND et al.,1973), com modificações (PATARROYO et al., 2002). Sucintamente, cada

31 grupo de vinte teleóginas foi envolvido em gaze cirúrgica e imerso em solução carrapaticida. As sete bases utilizadas foram: Cipermetrina, Deltametrina, Amitraz, Associação Diclorvós e Clorpirifós, Associação Diclorvós e Cipermetrina, Fipronil e extrato de Neen (Azadirachta indica), nas concentrações referidas na Tabela 2. O controle negativo para o grupo do Fipronil foi imerso em solução com 40mL de acetona e 60 ml de água destilada. Todas as diluições foram realizadas de acordo com as recomendações dos fabricantes para as soluções de uso, sendo utilizado volume final de 100 ml para cada grupo, utilizando-se água destilada como controle. Após cinco minutos de imersão, as teleóginas foram secas com papel absorvente e colocadas em placas de 24 poços para incubação em estufa B.O.D., a 27 C e 80% de umidade, pelo período de 15 dias. Tabela 2. Acaricidas utilizados neste estudo, com seus respectivos grupos químicos e concentrações recomendadas pelos fabricantes e empregadas no experimento. ACARICIDA GRUPO CONCENTRAÇÃO Cipermetrina Piretróide 0,15mg/mL Deltametrina Piretróide 0,5 mg/ml Amitraz Amitrazina 0,25mg/mL Diclorvós e Clorpirifós Diclorvós e Cipermetrina Organofosforados Associação Organofosforado e Piretróide 1,5mg/mL e 0,5mg/mL 1,25mg/mL e 0,12mg/mL Fipronil Fenilpirazoles 0,25mg/mL Extrato aquoso comercial da planta Neen (Azadirachta indica) Tetranortriterpenóides 1:200 Após o período de ovipostura, foi feita a pesagem da massa de ovos de cada teleógina. Cada ovipostura foi então recolocada na estufa BOD, em tubos de ensaio fechados com algodão cirúrgico, onde foram

32 incubadas por mais 30 dias, quando foram pesadas as cascas dos ovos, para predição do peso das larvas (DE LA FUENTE, 1995). 2.4 Análises matemáticas e estatísticas Os cálculos para predição da eficiência dos acaricidas foram realizados de acordo com o descrito por Patarroyo (2002), levando-se em consideração o peso dos ovos e das larvas dos grupos experimentais, com relação ao grupo controle. As fórmulas usadas no cálculo da eficiência foram: Redução de Ovipostura (RO) = 1 - ( peso da ovipostura do teste ) x 100 peso da ovipostura do controle Redução da Eclosão (RE) = 1- ( peso das larvas do teste ) x 100 peso das larvas do controle Eficiência final = ( RO x RE ) x 100 A análise estatística foi conduzida no programa SPSS v-18. As diferenças entre o peso dos ovos e das larvas após o tratamento com acaricidas, comparadas entre os grupos tratados com acaricidas e o grupo controle. As diferenças entre as eficiências de cada carrapaticida testados e o grupo controle foram calculadas pelo teste ANOVA, seguido do teste de Tukey, e foram consideradas significativas quando p < 0,05 (PATARROYO et al., 2002). Também foram comparadas estatisticamente as eficiências de cada acaricida em cada município/região e no estado da Bahia, para verificar qual apresentou maior eficácia estatisticamente comprovada. 3. Resultados e Discussão A Bahia possui um rebanho bovino de 10.230.469 cabeças, sendo que o rebanho dos municípios avaliados corresponde a 827.601 cabeças (IBGE, 2009), equivalendo a um percentual de 8,09% do efetivo bovino do estado. Esses número de animais demonstra a importância da avaliação da eficiência

33 de acaricidas sobre carrapatos, já que são os ectoparasitas mais prevalentes na bovinocultura. No Quadro 1 são observados os valores de eficiência dos carrapaticidas na ovipostura das teleóginas, na eclosão dos ovos e na relação entre estas duas eficiências, que é expressa como eficiência final; a partir destes resultados podemos observar a ação do acaricida em cada momento avaliado, tendo sido observado no trabalho que não houve maior influência de nenhum carrapaticida testado na eficiência da eclosão quando comparado a eficiência da ovipostura. Isto é justificado pois, foi realizado apenas o teste de imersão de adultas. Quadro 1. Valores de eficiência na ovipostura (EO), eficiência na eclosão (EE) e eficiência final (EF) de diversos acaricidas sobre Rhipicephalus (B.) microplus coletados no Estado da Bahia. Os resultados estão expressos em porcentagem (%), e entre os parênteses está descrito o desvio padrão (5%). ACARICIDAS EFICIÊNCIA DO ACARICIDA (%) EO EE EF Cipermetrina 30,48 (28,96-32,01) 20,54 (19,52-21,57) 13,36 (12,69-14,03) Deltametrina 34,26 (32,55-35,98) 25,17 (23,92-26,43) 15,74 (14,95-16,52) Diclorvós e Clorpirifós 44,88 (42,64-47,12) 35,40 (33,63-31,17) 23,12 (21,96-24,27) Amitraz 45,63 (43,35-47,91) 39,91 (37,92-41,91) 24,51 (23,28-25,73) Diclorvós e 30,43 (28,91-31,95) 19,33 (18,37-20,30) 11,06 (10,51-11,61) Cipermetrina Fipronil 98,22 (93,31-100) 97,40 (92,53-100) 95,73 (90,94-100) Neen 20,96 (19,91-22,01) 16,50 (15,67-17,32) 5,28 (5,02-5,55) A eficiência média das bases testadas por regiões do estado da Bahia está descrita no Quadro 2, onde é possível observar uma variação de resistência do ácaro aos carrapaticidas avaliados, o que é justificado em função das diferentes formas de tratamento empregadas em cada propriedade. Cipermetrina, deltametrina, amitraz, diclorvós e clorpirifós, diclorvós e cipermetrina e extrato aquoso da planta Neen (Azadirachta indica) apresentaram eficiência bem abaixo do determinado como aceitável pela legislação brasileira. Somente o fipronil obteve resultado superior a 93,97% de eficiência nos municípios amostrados.

34 Quadro 2 - Valores de eficiência de diversos acaricidas sobre Rhipicephalus (Boophilus) microplus coletados e cinco Regiões do Estado da Bahia. Os resultados estão expressos em porcentagem (%), e entre os parênteses está descrito o desvio padrão (5%). ACARICIDAS Cipermetrina Deltametrina Diclorvós e Clorpirifós Amitraz Diclorvós e Cipermetrina Fipronil Neen Centro- Norte Baiano 9,94 (9,45-10,44) 8,83 (8,38-9,27) 21,34 (20,27-22,44) 29,50 (28,03-30,98) 7,72 (7,33-8,10) 95,46 (90,69-100) 2,93 (2,79-3,08) EFIICIENCIA DO ACARICIDA (%) Centro- Extremo Nordeste Sul Oeste Baiano Baiano Baiano 11,85 (11,26-12,45) 24,36 (23,14-25,57) 23,9 (22,7-25,09) 3,98 (3,78-4,17) 12,33 (11,72-12,95) 93,97 (89,27-98,67) 2,34 (2,23-2,46) 54,83 (52,09-57,57) 40,26 (38,25-42,27) 29,36 (27,89-30,83) 44,33 (42,11-46,55) 44,85 (42,61-47,09) 95,71 (90,92-100) 50,07 (47,57-52,57) 20,21 (19,20-21,22) 25,03 (23,78-26,28) 33,63 (31,95 53,31) 35,61 (33,83-37,39) 12,99 (12,34-13,64) 100 (95 100) 6,59 (95 100) Sul Baiano 3,23 (3,07-3,39) 10,10 (9,6-10,61) 4,58 (4,35-4,81) 9,04 (8,59-9,49) 8,61 (8,18-9,04) 95,25 (90,49-100) 1,80 (1,71-1,89) A eficiência média das bases testadas na Bahia é observado no quadro 3. A Figura 2 representa a média dos valores de eficiência obtidos em todos os municípios da Bahia incluídos no estudo em uma representação gráfica. O fipronil alcançou as maiores médias de eficiência em todas as regiões. Amitraz foi a base que apresentou nível de eficácia intermediário, diferente do controle, com p<0,05. Nenhum dos outros acaricidas apresentou diferença estatística em relação ao grupo controle.

35 Quadro 3. Valores de eficiência de acaricidas sobre Rhipicephalus (B.) microplus coletados no Estado da Bahia. Os resultados estão expressos em porcentagem (%), e entre os parênteses está descrito o intervalo de confiança (5%). ACARICIDAS EFIICIENCIA DO ACARICIDA (%) Cipermetrina 13,37 (12,69-14,03) Deltametrina 15,74 (14,95-16,52) Diclorvós e Clorpirifós 23,12 (21,96-24,27) Amitraz 24,50 (23,28-25,73) Diclorvós e Cipermetrina 11,06 (10,51-11,61) Fipronil 95,73 (90,94-100) Neen 5,28 (5,02-5,55) Figura 2 - Médias da eficácia final de acaricidas sobre R. microplus na região Centro-Norte da Bahia. Os resultados expressam a média obtida para todas as amostras de todos os municípios estudados, e as barras indicam os respectivos erros padrões; letras sobrescritas diferentes indicam que houve diferença estatística significativa entre as taxas de eficácia, segundo o teste de ANOVA, com posterior teste de Tukey. Entre a e b, b e c, b e d e c e d não há diferença estatística; entre a e c - p<0,05; a diferença entre b e e, c e e e d e e - p<0,001.

36 Os tratamentos in vitro com cipermetrina 0,15mg/mL e deltametrina 0,5 mg/ml (piretróides) obtiveram eficiências de 13,36% e 15,74%, respectivamente. Estes resultados de baixa eficiência corroboram com estudos anteriores, onde a cipermetrina apresentou eficácia variando de 41,27% a 64,16% no município de Ibiúna, no estado de São Paulo (MENDES et al., 2007), e também em São Paulo observou-se que 27,4% da população de R. microplus testada apresentou susceptibilidade a cipermetrina e 23,7% a deltametrina (MENDES et al., 2011). No estado da Bahia, na cidade de Ilhéus, foi visto que a deltametrina apresentou 65,04% de eficácia (CAMPOS JÚNIOR & OLIVEIRA, 2005), e na cidade de Ibiúna (SP) a eficácia dessa base variou de 40,85% a 63,59% (MENDES et al., 2007). Em estudo conduzido no Vale do Paraíba (SP), foi demonstrada eficiência do tratamento da deltametrina em cerca de 28,24% dos animais(pereira, 2006), já em Pernambuco foi observada eficácia de 55,25% (VIEIRA & TUERLINCK, 1997). Esses dados demonstram que a resistência de R. microplus aos dois piretróides estudados está presente em diversas partes do país, e que tratamentos com essas bases podem ser considerados ineficazes para o controle da população parasitária do carrapato em diversas localidades. Neste estudo, o Amitraz (amitrazina), na concentração de 0,25mg/mL, apresentou eficiência de 24,50%. Em estudos conduzidos em outros estados, tais como Pernambuco (FAUSTINO et al., 1995) e Rio Grande do Sul (VIEIRA & TUERLINCK, 1997) a eficácia foi de 81,94% e 91,50% respectivamente. Apesar de nosso estudo ter demonstrado uma baixa eficiência dessa base acaricida, percebe-se que ela ainda possui uma boa eficiência em outros estados e regiões brasileiras, por isso ela deve ser ainda considerada como uma opção no controle do carrapato, após um estudo de eficiência na região a ser considerada para o controle. Uma das opções para o controle do carrapato R. microplus é a associação de duas bases farmacológicas diferentes, e tal apresentação é largamente encontrada em nível comercial. Neste estudo, foram realizados ensaios de eficiência com dois organofosforados em associação, diclorvós (na concentração de 1,5mg/mL) e clorpirifós (concentração de 0,5mg/mL),

37 apresentando eficiência de 23,12%, um nível de eficácia que se diferencia muito do observado por MENDES et al. (2007), que observaram níveis de eficiência que variavam de 85,31% a 100% em Ibiúna (SP). Adicionalmente, a associação de um organofosforado (diclorvós, na concentração de 1,25mg/mL) e um piretróide (cipermetrina, na concentração de 0,12mg/mL), e apresentou eficiência média de 11,06%. Encontram-se já publicados relatos de eficácia desse tipo de associação farmacológica apresentando eficácia de 75,73% em Ilhéus (BA) (CAMPOS JÚNIOR & OLIVEIRA, 2005), e também eficiência variando de 40,38% a 76,81% em Ibiúna-SP, segundo Mendes et al, (2007). Fipronil a 0,25mg/mL demonstrou eficiência de 95,73% no presente trabalho, sendo considerada uma base de alto grau de eficiência e plenamente aplicável perante os parâmetros considerados desejáveis pelo Ministério da Agricultura brasileiro. Porem no Uruguai (CASTRO-JANER et al., 2010a) e no Brasil, nos estados do Rio Grande do Sul, Mato Grosso do Sul e São Paulo, foram comprovadas a existência de cepas resistentes a fipronil (CASTRO- JANER et al., 2010b), o que não foi verificado nesse estudo Com extrato aquoso comercial da planta Neen (Azadirachta indica) foi demonstrado 5,28% de eficiência. Outros trabalhos demonstraram 30,0% de eficácia no semiárido paraibano (SILVA et al., 2007), e na Índia verificou-se 31,2% a 76,1% de eficácia (MAGADUM et al., 2009; SRIVASTAVA et al., 2008). Habluetzel et al., (2007) verificaram que esse extrato produziu redução na sobrevivência dos estágios de ninfas e adultos e também interferiu na ovipostura e oogênese, os compostos presentes nos extratos do Neem exercem atividade nos processos reprodutivos, comportamentais, alimentares e de crescimento dos artrópodes (SCHUMUTTERER, 1990; MORDUE & NISBET, 2000). Devemos ressaltar que os testes realizados foram conduzidos em condições laboratoriais, o que superestima a ação dos acaricidas, já que no campo o tempo de contato do carrapato com o defensivo seria bem menor. Os resultados também não podem ser comparados linearmente a outros resultados previstos, visto que a maioria dos estudos utilizou somente a diminuição da eficiência de ovipostura, e não incluiu a diminuição da eficiência de eclosão.

38 As eficiências das bases químicas testadas variaram nos diferentes municípios, sendo essa situação justificada pelo uso de bases carrapaticidas diferentes, com forma e época de aplicações variadas, o que faz acreditar que a resistência inicie por falta de controle estratégico, uso aleatório de bases químicas e administração do acaricida de forma inadequada e subestimando o peso vivo do animal, selecionando então carrapatos que possuem naturalmente o gene resistente ao produto utilizado. Aqueles que passam a se reproduzir e transmitem tal característica às gerações futuras. Os resultados aqui demonstrados podem servir de base para direcionar os testes de resistência aos carrapaticidas na região, e também para orientar os criadores sobre que tipo de base utilizar em sua região. As diversas bases estudadas apresentaram graus de eficácia diferentes conforme as regiões, e devem ser consideradas e adicionadas em ensaios de eficácia em cada cidade e/ou unidade produtora, para melhor conhecimento do tipo de controle a ser conduzido, e também para a decisão sobre a relação custo/benefício do emprego de cada uma delas. Além disso, é necessário também considerar os índices de umidade e pluviométricos na região estudada, como base para se traçar um mapa, para orientar sobre as melhores épocas para aplicação das bases de alta eficácia, bem como orientar também sobre a frequência correta de aplicação desses fármacos. Com essas ações, espera-se a diminuição do número de aplicações, e também redução dos gastos com pessoal e carrapaticida, bem como as perdas no desempenho dos animais. Também deve-se considerar a produção de leite e carne sem ou com menos resíduos químicos, menor impacto ambiental e menor risco de intoxicação dos animais tratados e funcionários que realizam as aplicações. 4. Conclusão Amostras de Rhipicephalus (Boophilus) microplus do estado da Bahia apresentaram alto grau de resistência para organofosforados, piretróides, associações desses dois últimos, amitrazinas e extrato de Neen. O Fipronil apresentou nível aceitável de eficiência. Assim comprovamos que os carrapatos do estado tem um alto grau de resistência, até mesmo em regiões

39 onde as condições climáticas não são propicias para o seu ciclo de vida por falta de umidade, dessa forma controle deve ser feito com o máximo de cuidado, de forma impedir que esse quadro se agrave. 5.Referências ARAGÃO, H., FONSECA, F. Notas de ixodologia. V. Notas de ixodologia. VIII. Lista e chave para os representantes da fauna ixodológica brasileira. Memórias do Instituto Oswaldo Cruz, 59, n.2, p.115-153, 1961. Brown, W.C., Norimine, J., Knowles, D.P., Goff, W.L., 2006. Immune control of babesia bovis infection. Vet. Parasitol. 138, 75-87. Campos Júnior, D.A., Oliveira, P.R., 2005.. Avaliação in vitro da eficiência de acaricidas sobre Boophilus microplus (Canestrini, 1887)(Acari: Ixodidae) de bovinos no município de Ilhéus, Bahia, Brasil. Ciênc. Rural, 35, 1386-1392. Castro-Janer, E., Martins, J.R., Mendes, M.C., Namindome, A., Klafke, G.M., Schumaker, T.T.S., 2010b. Diagnoses of fipronil resistance in Brazilian cattle ticks (Rhipicephalus (Boophilus) microplus) using in vitro larval bioassays. Vet. Parasitol. 173, 300-306. Castro-Janer, E., Rifran, L., González, P., Piaggio, J., Gil, A., Schumaker, T.T.S., 2010a. Rhipicephalus (Boophilus) microplus (Acari: Ixodidae) resistance to fipronil in Uruguay evaluated by in vitro bioassays. Vet. Parasitol. 169, 172-177, 2010a. Cordovés, C.O. (Ed.), 1997. Carrapato: controle ou erradicação. Porto Alegre: Guaíba Agropecuária, 197pp. De La Fuente, J., Rodríguez, M., Fragoso, H., Ortiz, M., Massard, C.L., Garcia, O., Lleonar, R. 1995. Efficacy of vaccination with Gavac TM in the control of Boophilus microplus infestations. De la Fuente, J. (Eds.), Recombinant Vaccines for the Control of Cattle Tick. Elfos Scientae, La Habana, pp.177 185. Drummond, R.O., Gladney, W.J., Whetstone, T.M., Ernst, S.E.1971.Laboratory Testing of Insecticides for Control of the Winter Tick. J. Econ. Entomol 64, 686-688. FAO, 2003. Resistencia a los antiparasitarios: Estado actual com énfasis en América Latina. Roma, FAO Producción y Sanidad Animal 52. Faustino, M.A.G., Pena,E.J.M., Gurgel, A.E.B. 1995. Eficácia in vitro de produtos carrapaticidas em fêmeas ingurgitadas de cepas de Boophilus microplus da sub-região da Zona da Mata de Pernambuco. Ver. Bras. Parasitol. Vet. 4, 58.

40 Furlong, J. 2004. Diagnóstico in vitro da sensibilidade do carrapato Boophilus microplus a acaricidas. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE PARASITOLOGIA VETERINÁRIA (Ed.), Revista Brasileira de Parasitologia. 305. Habluetzel, A., Carnevali, F., Lucantoni, L., Grana, L., Attili, A.R., Archilei, F., Antonini, M., Valbonesi, A., Abbadessa, V., Esposito, F., Van Der Esch, S.A. 2007. Impact of the botanical insecticide Neem Azal on survival and reproduction of the biting louse Damalinia limbata on angora goats. Vet Parasitol.144, 328-337. IBGE. Bovino - efetivo dos rebanhos: 2009. (Instituto Brasileiro de Geografia e estatística). Disponível em: 04 mar. 2011. Jonsson, N.N.2006. The productive effects of cattle tick (Boophilus microplus) infection on cattle, with particular reference to Bos indicus cattle and their crosses. Vet. Parasitol. 137, 1-10. Jonsson, N.N., Bock, R.E., Jorgensen, W.K. 2008. Productive and health effects of anaplasmosis and babesiosis on Bos indicus cattle and their crosses, and effects of differing intensity of tick control in Australia. Vet. Parasitol. 155,1-9. Magadum, S., Mondal, D.B., Ghosh, S. 2009. Comparative efficacy of Annona squamosa and Azadirachta indica extracts against Boophilus microplus Izatnagar isolate. Parasitology Research. 105,1085 1091. Mendes, M.C., Lima C.K.P., Prado Â.P. 2007. Determinação da frequência de realização de bioensaios para o monitoramento da resistência do carrapato Boophilus microplus (acari: ixodidae). Arq. Inst. Biol. 74, 87-93. Mendes, M.C., Lima, C.K.P., Nogueira, A.H.C., Yoshiharab, E., Chiebaoc, D.P., Gabrielc, F.H.L., Uenod, T.E.H., Namindome, A., Klafke, G.M. 2011. Resistance to cypermethrin, deltamethrin and chlorpyriphos in populations of Rhipicephalus (Boophilus) microplus (Acari: Ixodidae) from small farms of the State of São Paulo, Brazil. Vet. Parasitol. 178, 383-388. MINISTÉRIO DA AGRICULTURA. 1987. Normas para registros de parasiticidas de uso pecuário na Brasil. Brasília: Ministério da Agricultura, 19. Mordue, A.J., Nisbet, A.J. 2000. Azadirachtin from the Neem Tree Azadirachta indica: its Action Against Insects. An Soc Entomol. 29, 4. Patarroyo, J.H., Portela R.W., De Castro R.O., Couto Pimentel J., Guzman F., Patarroyo M.E., Vargas M.I., Prates A.A., Dias Mendes M.A. 2002 Immunization of cattle with synthetic peptides derived from the Boophilus microplus gut protein (Bm86). Vet. Immunol. Immunopathol. 88, 163-172. Pereira, J.R. 2006. Eficácia in vitro de formulções comerciais de carrapaticidas em teleóginas de Boophilus microplus coletadas de bovinos leiteiro do Vale do Paraíba, Estado de São Paulo. Ver. Bras. Parasitol. Vet. 15, 45-8. RAYNAL, J.T.; SILVA, A.A.B.; SOUSA, T.J.; BAHIENSE, T.C.; MEYER, R.; PORTELA, R.W. Acaricides efficiency on Rhipicephalus (Boophilus) microplus

41 from Bahia state North-Central region. Revista Brasileira de Parasitologia Veterinária, v.22, n.1, p.71-77, 2013. Schmutterer, H. 1990 Properities and potencial of natural pesticides from nim tree, Azadirachta indica. Annu. Rev. Entomol. 35, 271-297. Silva, W.W., Athayde, A.C.R., Rodrigues, O.G., Araújo, G.M.B., Santos, V.D., Neto, A.B.S., Coelho, M.C.O.C., Marinho, M.L. 2007. Efeitos do neem (Azadirachta indica A. Juss) e do capim santo [Cymbopogon citratus (DC) Stapf] sobre os parâmetros reprodutivos de fêmeas inbgurgitadas de Boophilus microplus e Rhipicephalus sanguineus (Acari: Ixodidae) no semiárido paraibano. Rev. Bras. Plantas Med. 9, 1-5. Srivastava, R., Ghosh, S., Mandal, D.B., Azhahianambi, P., Singhal, P.S., Pandey,N.N., Swarup, D. 2008. Efficacy of Azadirachta indica extracts against Boophilus microplus. Parasitology Research, 104,149 153. Vargas, M, Céspedes, N.S., Sánchez, H.F., Martins, J.R. Cépedes, C.O. 2003 Avaliação in vitro de uma cepa de campo de Boophilus microplus (Acari : Ixodidae) resistente à Amitraz. Ciênc. Rural, 33, 737-742. Vieira, M.I., Tuerlinck. 1997. Avaliação da resistência do carrapato Boophilus microplus a carrapaticidas em rebanhos de corte e leite do município de Bagé, RS. Ver. Bras. Parasitol. Vet. 6, 132.

42 5. ARTIGO CIENTÍFICO 3 Short Communication a ser submetida ao periódico Tropical Animal Health and Production Perfil de eficiência de acaricidas em Rhipicephalus (Boophilus) microplus em uma propriedade rural no Estado da Bahia no período de cinco anos José Tadeu Raynal I, Bruno Lopes Bastos II, Thiago Jesus de Sousa III, Bianca Cardeal de Souza I, Thiago Campanharo Bahiense IV, Roberto Meyer IV, Ricardo Wagner Portela IV* Resumo O carrapato Rhipicephalus (Boophilus) microplus, prevalente em todo o território brasileiro, é causador de consideráveis prejuízos na pecuária nacional, e o seu controle tem sido realizado por meio da aplicação de fármacos acaricidas, mas há algumas décadas a resistência a diversas bases tem sido relatada. O presente trabalho avaliou a eficiência de acaricidas, através de testes de imersão, em carrapatos provenientes de uma propriedade no estado da Bahia, no período de 2008 a 2012. Foi verificada intensa variação da eficiência das bases estudadas, relacionada à pressão de seleção decorrente do uso de algumas bases, como fipronil e amitrazinas. Ao mesmo tempo, foi possível observar que, após a suspensão temporária do uso dessas bases, houve a reversão no perfil de resistência. Pode-se concluir que há necessidade de realizar testes periódicos para verificação da eficiência de carrapaticidas, pois essa característica é extremamente dependente do uso de fármacos específicos e da periodicidade de sua aplicação, com recuperação temporal de eficiência de bases anteriormente vistas como não eficientes. Palavras-chave: Rhipicephalus (Boophilus) microplus, acaricidas, Bahia.

43 Profile of acaricide efficiency on Rhipicephalus (Boophilus) microplus in a rural property in Bahia State during a five years period Abstract The tick Rhipicephalus (Boophilus) microplus causes severe economic losses to the Brazilian livestock industry, and its control has been made through the application of several pharmacological products. The tick s resistance to acaricides is widely related. This study aimed to observe the efficiency profile of acaricides on ticks from a rural property at Bahia State, Brazil, in the period from 2008 to 2012, and to correlate this characteristic with the application of different acaricides. It could be observed an intense variation in the efficiency of each studied acaricides, related to the selection pressure made by its use, and it could be also seen a reversion in the resistance profile, mainly after the suspension of fipronil and amitraz use at the property. It can be concluded that the acaricides efficiency assay must be routinely conducted, since the resistance profile can vary throughout time, and some acaricides that were previously considered as inefficient can present a recovery in its efficiency after a temporary suspension of its application. Key words: Rhipicephalus (Boophilus) microplus, acaricides, Bahia. Originário da Ásia, o carrapato Rhipicephalus (Boophilus) microplus é prevalente em áreas tropicais e subtropicais, tendo como principal hospedeiro o bovino (IVENS et al., 1978). Infestações em bovinos provocadas pelo carrapato R.(B.) microplus continuam sendo uma das principais causas das perdas econômicas na pecuária, no Brasil estimadas em cerca de 1 bilhão de dólares por ano (FURLONG et al., 2004). O combate ao parasita tem sido realizado com a utilização de substâncias químicas, fitoterápicas, homeopáticas e associações entre estas, mas, com o decorrer do uso de um produto, alguns carrapatos de uma população determinada sobrevivem. Com o uso contínuo do produto, há o

44 aumento de indivíduos com essa característica de resistência, produzindo descendentes cada vez mais resistentes e em maior número na população (FURLONG & MARTINS, 2000). O presente trabalho tem como objetivo avaliar a eficiência de acaricidas sobre R.(B.) microplus em uma unidade produtora de bovinos de corte, com manejo extensivo, localizada na região do semiárido tropical brasileiro, isolada geograficamente e na qual não houve introdução de novos animais durante o período do estudo, relacionando essa eficiência com a utilização de acaricidas durante o período estudado. A propriedade rural avaliada é localizada no município de Miguel Calmon, Bahia. Localizada em uma região de clima semiárido, a propriedade possui uma área total de 109 hectares. Desde o ano de 2005 não foi introduzido nenhum animal ao rebanho da fazenda, só havendo trânsito de animais saindo da propriedade; o rebanho é composto por bovinos com graus variados de sangue zebuíno-taurino, onde foi realizado um estudo de coorte fechado. Os tratamentos acaricidas realizados na propriedade no período do acompanhamento estão listados na Tabela 1. Os mesmos foram realizados sob supervisão de profissionais habilitados para o procedimento, e em todos os animais da propriedade. Previamente ao período de estudo, no ano de 2005, foi realizada uma aplicação de fipronil; em 2006 uma aplicação de fipronil e cinco aplicações de associação cipermetrina e clorpirifós; e, em 2007, três aplicações de associação diclorvós e clorpirifós e mais duas aplicações de associação cipermetrina e clorpirifós.

45 Tabela 1. Tratamentos acaricidas utilizados na propriedade estudada, durante o período de 2008 a 2012. Ano Tratamento Duas aplicações de associação cipermetrina e clorpirifós 1 2008 Duas aplicações de amitraz 1 Duas aplicações de fipronil 2 2009 Três aplicações de associação diclorvós e clorpirifós 1 Três aplicações de amitraz 1 2010 Três aplicações de amitraz 1 Três aplicações de abamectina 2 2011 Duas aplicações de abamectina 2 2012 Duas aplicações de abamectina 2 1 Tratamento por banho de imersão; 2 Tratamento por aplicação pour on. Foi então realizado em cada ano o teste de imersão de teleóginas segundo DRUMMOND et al. (1971) e RAYNAL et al. (2013), três meses após o último tratamento acaricida em cada ano. Foram coletadas manualmente teleóginas ingurgitadas da espécie R. (B.) microplus diretamente de bovinos naturalmente parasitados, que foram divididas em grupos compostos de vinte indivíduos cada. Cada grupo de vinte teleóginas foi envolvido em gaze cirúrgica e imerso em solução de carrapaticida; o grupo controle foi feito utilizando água destilada As seis formulações utilizadas e suas concentrações referidas estão na Tabela 2. Todas as diluições relacionadas foram realizadas de acordo com as recomendações dos fabricantes para as soluções de uso. Os cálculos para predição da eficiência dos acaricidas foram realizados de acordo com o descrito por PATARROYO et al. (2002).

46 Tabela 2. Acaricidas utilizados neste estudo, com seus respectivos grupos químicos e concentrações recomendadas pelos fabricantes, como empregadas neste experimento. ACARICIDA GRUPO CONCENTRAÇÃO UTILIZADA Cipermetrina Piretróide 0,15mg/mL Amitraz Amitrazina 0,25mg/mL Diclorvós e Clorpirifós Diclorvós e Cipermetrina Organofosforado Associação Organofosforado e Piretróide 1,5mg/mL e 0,5mg/mL 1,25mg/mL e 0,12mg/mL Ivermectina Avermectina 5mg/mL Fipronil Fenilpirazole 0,25mg/mL As eficiências dos acaricidas obtidas estão indicadas no Gráfico 1, onde é possível verificar uma variação de resistência aos carrapaticidas avaliados durante o tempo de avaliação. Foi possível observar que, após a utilização de algumas formulações carrapaticidas, a resistência começou a ser observada. Esse comportamento pode ter ocorrido devido a seleção de populações resistentes pela utilização de uma determinada base acaricida (SANTOS & VOGEL, 2012). Um exemplo dessa situação foi o amitraz, que foi aplicado em 2008 e, em um ano após sua aplicação, foi observada queda da eficiência de 75,05% para 15,80%, valor mais baixo que o encontrado, por exemplo, no Rio Grande do Sul por SANTOS & VOGEL (2012) e MARTINS & DOYLE (2008). O amitraz continuou a ser aplicado por mais dois anos, mantendo-se com baixa eficiência, e após dois anos de suspensão do uso, observou-se a recuperação da eficiência para 79,13%. Essa reversão de resistência a uma determinada base pode ocorrer devido ao uso de outros fármacos, com seleção de indivíduos resistentes a outros agentes químicos, e com ressurgência da parcela de população susceptível ao fármaco não utilizado durante o período.

47 Gráfico 1. Eficiência dos carrapaticidas testados ao longo doa cinco anos e produtos utilizados em cada ano. A associação diclorvós e cipermetrina foi utilizada por três anos, de 2006 a 2008, e depois do primeiro ano de testes a eficiência, a qual já era baixa, diminuiu ainda mais e se manteve durante o período do estudo, sendo esse tipo de resistência já observada anteriormente por FARIAS et al. (2008). Deve-se citar que o uso desta base, mesmo com eficiência baixa, foi realizado por ser a opção mais econômica naquele momento para o proprietário da unidade produtora, uma situação já citada anteriormente como sendo algo comum de ser encontrado dentre proprietários rurais no Brasil (ROCHA et al, 2006). Apesar da avermectina esta sendo utilizada ha três anos, a eficiência ainda não apresentou redução. Não se pode ainda prever qual será o comportamento cinético de resistência a essa base, pois a resistência pode ainda aparecer, como foi relatado previamente por PEREZ-COGOLLO et al. (2010) e KLAFKE et al. (2010) e quando isso ocorrer será necessário trocar de base utilizada. O fipronil, que foi aplicado nos animais em 2005, 2006 e 2008, apresentou uma redução na eficiência em 2009 de 100% para 86,54%. Com a

48 interrupção de seu uso por um ano, a eficiência subiu para 98,44% em 2010, e 100% em 2011 como era em 2008. Resistência a fipronil já foi anteriormente descrita por CASTRO-JANER et al. (2010). Carrapatos que não entraram em contato com a droga no momento do tratamento recebem o termo de refugia (VAN WYK, 2001), por esse motivo a eficiência dos produtos utilizados na propriedade pode ter voltado a subir, bem como o fato da associação de substancias continuar com baixa eficiência mesmo não tendo sido utiliza na propriedade no período de estudo. Concluindo, pode-se observar que logo após a aplicação do carrapaticida nos animais a eficiência deste diminui, com a sobrevivência de carrapatos que já tiveram contato com o acaricida, assim como quando deixa de ser utilizado no controle de carrapatos, a sua eficiência volta a aumentar. Desta forma, estratégias de controle devem ser baseadas em testes carrapaticidas periódicos, que podem aumentar a longevidade dos carrapaticidas, pois podem servir como base para escolha da base acaricida correta para aquele determinado momento, determinadas bases químicas podem voltar a ser eficientes quando deixam de ser aplicadas nos animais, retornando a limiares viáveis para o seu uso. Referências CASTRO-JANER, E.; MARTINS, J.R.; MENDES, M.C.; NAMINDOME, A.; KLAFKE, G.M.; SCHUMAKER, T.T.S. Diagnoses of fipronil resistance in Brazilian cattle ticks (Rhipicephalus (Boophilus) microplus) using in vitro larval bioassays. Veterinary Parasitology, v.173, p.300-306, 2010. http://dx.doi.org/10.1016/j.vetpar.2010.06.036 DRUMMOND, R.O.; GLADNEY, W.J.; WHETSTONE, T.M.; ERNST, S.E. Laboratory Testing of Insecticides for Control of the Winter Tick. Journal of Economic Entomology, v.64, p.686-688, 1971. http://lrs.afpmb.org/u0afqbq5vadr3nz4au7egubx/arc/al_06_tit_fetch/1/59 828. FARIAS, N.A.; RUAS, J.L.; SANTOS, T,R,B. Análise da eficácia de acaricidas sobre o carrapato Boophilus microplus, durante a última década, na região sul do Rio Grande do Sul. Ciência Rural, v.38, n.6, p.1700-1704, 2008. http://www.scielo.br/pdf/cr/v38n6/a32v38n6.pdf

49 FURLONG, J. Diagnóstico in vitro da sensibilidade do carrapato Boophilus microplus a acaricidas. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE PARASITOLOGIA VETERINÁRIA, 8., 2004, Ouro Preto, MG, Brasil. Anais. Ouro Preto: Revista Brasileira de Parasitologia, 2004. p.305. FURLONG, J.; MARTINS, J.R.S. Resistência dos carrapatos aos carrapaticidas. Juiz de Fora: Embrapa Gado de Leite, 2000, 25p. (Circular técnica, 59). http://www.cnpgl.embrapa.br/nova/informacoes/pastprod/textos/34instrucao.pdf IVENS, V.R.; MARK, D.L.; LEVINE, N.D. Principal parasites of domestic animals in the United States: Biological in domestic information. Urbana- Champaign: University of Illinois at Urbana-Champaign. 1978, 52p. (Special publication, 52). KLAFKE, G.M.; ALBUQUERQUE, T.A.; MILLER, R.J.; SCHUMAKER, T.T.S. Selection of an ivermectin-resistant strain of Rhipicephalus microplus (Acari: Ixodidae) in Brazil. Veterinary Parasitology, v.168, p.97-104, 2010. http://dx.doi.org/10.1016/j.vetpar.2009.10.003 MARTINS J.R., DOYLE R. Comportamento do amitraz 12,5% em testes "in vitro" frente ao carrapato Boophilus microplus no período de 2004 a 2007. In: XXXV CONGRESSO BRASILEIRO DE MEDICINA VETERINÁRIA, 2008, Gramado, RS, Brasil. Anais. Gramado: 35º Congresso Brasileiro de Medicina Veterinária. 2008, p.1-3. PATARROYO, J.H.; PORTELA R.W.; DE CASTRO R.O.; COUTO PIMENTEL J.; GUZMAN F.; PATARROYO M.E.; VARGAS M.I.; PRATES A.A.; DIAS MENDES M.A. Immunization of cattle with synthetic peptides derived from the Boophilus microplus gut protein (Bm86). Veterinary Immunology and Immunopathology, v.88, p.163-172, 2002. http://dx.doi.org/10.1016/s0165-2427(02)00154-x PEREZ-COGOLLO, L.C.; RODRIGUEZ-VIVAS, R.I.; RAMIREZ-CRUZ, G.T.; MILLER, R.J. First report of the cattle tick Rhipicephalus microplus resistant to ivermectin in Mexico. Veterinary Parasitology, v.168, p.165-169, 2010. http://dx.doi.org/10.1016/j.vetpar.2012.08.011, RAYNAL, J.T.; SILVA, A.A.B.; SOUSA, T.J.; BAHIENSE, T.C.; MEYER, R.; PORTELA, R.W. Acaricides efficiency on Rhipicephalus (Boophilus) microplus from Bahia state North-Central region. Revista Brasileira de Parasitologia Veterinária, v.22, n.1, p.71-77, 2013. http://dx.doi.org/10.1590/s1984-29612013005000006 ROCHA, C.M.B.M.; OLIVEIRA, P.R.; LEITE, R.C.; CARDOSO, D.L.; CALIC, S.B.; FURLONG, J. Percepção dos produtores de leite do município de Passos, MG, sobre o carrapato Boophilus microplus (Acari: Ixodidae), 2001. Ciência Rural, Santa Maria, v.36, n.4, p.1235-1242, 2006. http://dx.doi.org/10.1590/s0103-84782006000400029 SANTOS, F.C.C.; VOGEL, F.S.F. Resistência do carrapato Rhipicephalus (Boophilus) microplus frente ao amitraz e cipermetrina em rebanhos bovinos no Rio Grande do Sul de 2005 a 2011. Revista Portuguesa de Ciências

50 Veterinárias, v.111, p.121-124, 2012. http://www.fmv.utl.pt/spcv/pdf/pdf6_2012/121-124.pdf VAN WYK, J. A.; VAN SCHALKWYK, P. C. A novel approach to the control of anthelmintic resistant Haemonchus contortus in sheep. Veterinary Parasitology, Amsterdam, v. 35, n. 1-2, p. 61-69, 1990. http://dx.doi.org/10.1016/0304-4017(90)90116-s

51 6. COMCLUSÃO Os níveis de eficiência dos carrapaticidas comercializados na Bahia variam de uma região para a outra, sendo que a Cipermetrina, Deltametrina, Diclorvós e Clorpirifós, Diclorvós e Cipermetrina, Amitraz e Neen, apesar de terem uma variação de até 50% têm os valores de eficiência abaixo dos 95% exigidos pelo Ministério da Agricultura, onde apenas o Fipronil e a Ivermectina mantiveram níveis médios aceitáveis em todo o estado, apesar dos carrapatos terem apresentado resistência ao Fipronil em algumas propriedades. Observamos também que depois de um período sem ser aplicados nos animais a eficiência volta a níveis aceitáveis, onde sugerimos que isso possa ter ocorrido por conta dos carrapatos que estavam em refugia.

7. ANEXO 52

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