Universidade Salgado de Oliveira Disciplina de Bioquímica Básica Carboidratos e metabolismo

Documentos relacionados
Funções do Metabolismo

Bioquímica Prof. Thiago

BE066 - Fisiologia do Exercício BE066 Fisiologia do Exercício. Bioenergética. Sergio Gregorio da Silva, PhD

Monossacarídeos. açúcares simples. Monossacarídeos. Carboidratos formados por C, H, O

Metabolismo dos Glicídios

Metabolismo de Glicídeos

Bioquímica: Componentes orgânicos e inorgânicos necessários à vida. Leandro Pereira Canuto

Profª Eleonora Slide de aula. Metabolismo de Carboidratos

30/05/2017. Metabolismo: soma de todas as transformações químicas que ocorrem em uma célula ou organismo por meio de reações catalisadas por enzimas

PRINCIPAIS VIAS METABÓLICAS

Carboidrato. Curso: Farmácia 3º período Prof. Helder Braz Maia

Aulas Multimídias Santa Cecília Profª Renata Coelho Disciplina: Biologia Série: 9º ano EF

MACRONUTRIENTES INTRODUÇÃO

Metabolismo energético das células

Metabolismo de Carboidratos

UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA

Matéria: Biologia Assunto: Respiração celular Prof. Enrico blota

METABOLISMO ENERGÉTICO. BIOLOGIA 9º ano Profª Renata Coelho Rodrigues

Glicogênese, Glicogenólise e Gliconeogênese. Profa. Alessandra Barone

Glicólise. Professora Liza Felicori

Aulas Biologia 1 Professor João METABOLISMO ENERGÉTICO

Gliconeogênese. Gliconeogênese. Órgãos e gliconeogênese. Fontes de Glicose. Gliconeogênese. Gliconeogênese Metabolismo dos aminoácidos Ciclo da Uréia

Glicólise. Monica Montero Lomeli Sylvia Alquéres

Semana 12 Respiração Celular

Sistema glicolítico ou metabolismo anaeróbio lático

BIOLOGIA. Moléculas, células e tecidos. Respiração celular e fermentação Parte 1. Professor: Alex Santos

3/6/2010. Biomoléculas orgânicas mais abundantes na

5/4/2011. Metabolismo. Vias Metabólicas. Séries de reações consecutivas catalisadas enzimaticamente, que produzem produtos específicos (metabólitos).

Biologia. Respiração Celular. Professor Enrico Blota.

Universidade Federal do Pampa Campus Itaqui Bioquímica GLICONEOGÊNESE. Profa. Dra. Marina Prigol

CARBOIDRATOS 23/08/2016. Carboidratos. Monossacarídeos. Classificação (quanto ao número de monômeros)

Biomoléculas e processos Passivos/Ativos na célula

Introdução ao Metabolismo Microbiano

METABOLISMO DE CARBOIDRATOS METABOLISMO DOS LIPÍDIOS METABOLISMO DE PROTEÍNAS

A energética celular:

A energética celular:

Oxidação parcial o que acontece com o piruvato?

Professor Fernando Stuchi. Fermentação Respiração Celular Fotossíntese

Introdução e apresentação geral do metabolismo da glicose

Biomoléculas e processos Passivos/Ativos na célula

QBQ 0204 Bioquímica. Carlos Hotta. Glicólise 13/05/17

METABOLISMO ENERGÉTICO

METABOLISMO ENERGÉTICO integração e regulação alimentado jejum catabólitos urinários. Bioquímica. Profa. Dra. Celene Fernandes Bernardes

- A energia é armazenada em suas ligações químicas e liberadas na digestão

Organelas Transdutoras de Energia: Mitocôndria - Respiração

MÓDULO 2 - METABOLISMO. Bianca Zingales IQ-USP

21/10/2014. Referências Bibliográficas. Produção de ATP. Substratos Energéticos. Lipídeos Características. Lipídeos Papel no Corpo

Bioquímica Celular. LIVRO CITOLOGIA Capítulo 02 Itens 1 a 3 págs. 19 a 30. 3ª Série Profª Priscila F Binatto Fev/2013

Monômero. Dímero O P S. Polímero

Metabolismo de Glicídeos Primeira parte

Constituintes químicos dos seres vivos

Pontifícia Universidade Católica de Goiás Departamento de Biologia Bioquímica CARBOIDRATOS

Profa. Angélica Pinho Zootecnista. Dpto de Zootecnia Fones:

TICA. Prof. Bruno Ramello

GOIÂNIA, / / 2015 PROFESSOR: DISCIPLINA: SÉRIE: 1º. ALUNO(a):

Composição química. Profª Maristela. da célula

Biologia Molecular - I. Prof. Fernando Belan - Classe A

Oxidação parcial o que acontece com o piruvato?

Pode ser polimerizada, estocada, transportada e liberada rapidamente quando o organismo precisa de energia ou para compor estruturas especiais

Conversão de energia Mitocôndria - Respiração

Revisão do Metabolismo da Glicose

As bases bioquímicas da vida

Integração de Metabolismo.

METABOLISMO ENERGÉTICO

BIOQUIMICA DA NUTRIÇÃO INTRODUÇAO AO METABOLISMO ESTUDO DOS CARBOIDRATOS Parte 2. Andréa Fernanda Lopes

METABOLISMO DOS CARBOIDRATOS - GLICÓLISE

AÇÚCARES OU CARBOIDRATOS

Lista de Exercícios (BIO-LEO)

Universidade Federal do Pampa Campus Itaqui Bioquímica GLICÓLISE AERÓBICA. Ciclo de Krebs e Fosforilação Oxidativa. Profa.

Bioquímica Glicídios (carboidratos)

Unidade 2 - Metabolismo dos Carboidratos

Respiração Celular. Para quê fazer respiração?

Cap. 3: Componentes orgânicos celulares As moléculas energéticas. Equipe de Biologia

Professor Antônio Ruas

Organelas e suas funções. A energética celular:

UEAP ENG. AMB.CARBOIDRATOS / PROFESSORA ANA JULIA SILVEIRA

Prof André Montillo

Professor Antônio Ruas

MAPA II POLISSACARÍDIOS PROTEÍNAS LIPÍDIOS GLICOSE AMINOÁCIDOS ÁCIDOS GRAXOS. Leu Ile Lys Phe. Gly Ala Ser Cys. Fosfoenolpiruvato (3) Piruvato (3)

A função da água e sais minerais dentro da célula

Glória Braz GLICÓLISE

Corpos cetônicos. Quais são? A partir de qual composto se formam? Como se formam? Quando se formam? Efeitos de corpos cetônicos elevados?

Metabolismo celular. É o conjunto de todas as reacções químicas que ocorrem numa célula.

CURSO: MEDICINA DISCIPLINA: BIOQUÍMICA MÉDICA PROFESSOR: RAFAELA DOS S. SOARES MACIEL PERÍODO: ALUNO: RA: NOTA: ( ) DATA: / / AVALIAÇÃO P1

Equipe de Biologia. Biologia

Glicídios - Carboidratos. Professor: Paulo Disciplina: Biologia Campus Aquidauana

Metabolismo de Lipídeos

Animais Monogástricos. Digestão Monogástricos. Animais Monogástricos. Digestão Monogástricos 28/08/2012

Faculdade de Tecnologia de Araçatuba. Curso Superior de Tecnologia em Bioenergia Sucroalcooleira

Estrutura e Função dos Carboidratos. Ana Paula Jacobus

O que são as duas reações abaixo?

Água, Sais e Carboidratos

Obtenção de Energia. Obtenção de Energia. Obtenção de Energia. Oxidação de Carboidratos. Obtenção de energia por oxidação 19/08/2014

METABOLISMO. Estudo das reações químicas que ocorrem nos organismos

Metabolismo de Glicídios

Profª Eleonora Slide de aula. Metabolismo de Carboidratos

Carboidratos FUNDAÇÃO CARMELITANA MÁRIO PALMÉRIO FACIHUS - FACULDADE DE CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS

BASES MACROMOLECULARES CELULAR

Dra. Kátia R. P. de Araújo Sgrillo.

RESPIRAÇÃO. Katia Christina Zuffellato-Ribas

Transcrição:

Universidade Salgado de Oliveira Disciplina de Bioquímica Básica Carboidratos e metabolismo Profª Larissa dos Santos

Carboidratos Os carboidratos (também conhecidos como oses, osídeos, glicídios ou simplesmente açúcares) são moléculas com inúmeras funções celulares. Fonte de energia, podem atuar como estruturas de reconhecimento celular, como lubrificantes de junções esqueléticas, como polímeros insolúveis na superfície de alguns organismos Funções energética, estrutural, nutricional... Glicoconjugados: carboidratos associados a outras moléculas (glicoproteínas e glicolipídios).

Carboidratos - classificação Monossacarídeos: açúcares mais simples, contendo de 3 a 7 carbonos 3 carbonos trioses, 4 carbonos tetroses, 5 carbonos pentoses Além de carbono, todos contêm oxigênio e hidrogênio Fórmula geral (CH 2 O)n Alguns monossacarídeos outros elementos químicos como nitrogênio, formando aminas (ex: N-acetilglicosamina) e fósforo, formando fosfatos (ex: glicose 6-fosfato) Monossacarídeos de 3 e 4 carbonos são estruturas lineares, mas os de 5, 6 e 7 carbonos se apresentam como estruturas cíclicas

Alguns monossacarídeos de ocorrência natural

Carboidratos - classificação Oligossacarídeos: açúcares formados pela união de dois até vinte monossacarídeos Os oligossacarídeos mais conhecidos são os dissacarídeos (formados pela união de dois monossacarídeos) maltose (açúcar do malte, presente nas cervejas), trealose (presente nos cogumelos, formado por glicose + glicose), isomaltose (açúcar também encontrado no malte, formado por glicose + glicose) e lactose (açúcar do leite, formado por galactose + glicose) Fazem parte da dieta da maioria dos humanos e precisam ter suas ligações glicosídicas quebradas por enzimas hidrolases do intestino delgado para que seus monossacarídeos sejam absorvidos cíclicas

Oligossacarídeos Carboidratos - classificação Nem todos os oligossacarídeos da dieta são totalmente quebrados Rafinose, trissacarídeo (galactose, glicose e frutose), está na dieta (encontrado no feijão, repolho, brócolis, grãos integrais e outros alimentos) os humanos conseguem somente quebra-la em frutose e melibiose (galactose + glicose), não hidrolisando totalmente a rafinose. Deste modo a frutose é absorvida, mas a melibiose não (No intestino grosso, a rafinose e a melibiose podem ser degradadas enzimaticamente por bactérias, produzindo CO 2, metano e/ou hidrogênio, provocando flatulência associada à ingestão de feijão e outros legumes).

Carboidratos - classificação Polissacarídeos: açúcares contendo desde várias dezenas até milhares de monossacarídeos Homopolissacarídeos: contendo sempre o mesmo tipo de monossacarídeo, incluindo o amido, o glicogênio, a celulose e a quitina Heteropolissacarídeos: contendo dois ou mais tipos de monossacarídeos ao longo da molécula, incluindo o peptidoglicano e os glicosaminoglicanos As principais funções dos polissacarídeos são a reserva de energia e a estrutural

Digestão e absorção de carboidratos Muitos carboidratos são obtidos na dieta (maioria oligossacarídeos e polissacarídeos) Humanos absorvem somente monossacarídeos hidrólise dos oligossacarídeos e polissacarídeos Tubo digestivo arsenal de enzimas digestivas (boca e lúmen int delgado) para estes açúcares maiores a fim de liberar os monossacarídeos (os que não são digeridos ou são apenas parcialmente digeridos acabam atuando como fibras, incluindo a quitina, a quitosana, a celulose e outros) Fonte: http://www.fisfar.ufc.br/v2/grad uacao/arquivo_aulas/digestivo. pdf

Digestão e absorção de carboidratos Eventos da digestão e absorção de carboidratos. Fonte: http://www2.fct.unesp.br/docent es/edfis/ismael/nutricao/aula% 20carboidratos%2004.04.12.pd f

Digestão e absorção de carboidratos Principais enzimas digestórias envolvidas na digestão de carboidratos. Fonte: http://www2.fct.unesp.br/docentes/edfis/ismael/nutricao/aula%20carboidratos%2004.0 4.12.pdf

Absorção de carboidratos Mecanismo de absorção de monossacarídeos. Fonte: http://www.fisfar.ufc.br/v2/graduacao/arquivo_aulas/digestivo.pdf Do sangue, os monossacarídeos são captados pelas células também por proteínas transportadoras (como a GLUT4 das células musculares esqueléticas e cardíacas e células do tecido adiposo e a GLUT3 dos neurônios).

Obtenção de energia com carboidratos Ao entrar nas células, os monossacarídeos podem ser utilizados para obtenção de energia. Para obter energia são necessárias três etapas: a glicólise, o ciclo de Krebs (ou ciclo do ácido cítrico) e a cadeia respiratória. Glicólise: também chamada de via glicolítica ou via de Embden-Meyerhof-Parnas, é a primeira via metabólica na obtenção de energia. Todas as células vivas, desde bactérias até as células humanas fazem glicólise. Ocorre no citoplasma das células. Glicose, frutose, galactose e manose são convertidas em duas moléculas de piruvato através de várias etapas enzimáticas. Durante o processo, parte da energia destes monossacarídeos é conservada na produção líquida de duas moléculas de ATP e de duas moléculas de NADH

Glicólise Em células oxigenadas: moléculas de piruvato vão para mitocôndria, são convertidas em acetilcoenzima A (acetilcoa) e o metabolismo energético prossegue. Se a célula está com pouco ou nenhum oxigênio ou se a célula não apresenta mitocôndrias ou então apresenta mitocôndrias defeituosas, o metabolismo energético não prossegue e as moléculas de piruvato são convertidas no citoplasma em lactato (fadiga muscular) ou etanol, dependendo da célula na qual está ocorrendo a glicólise. Piruvato pode ainda ser convertido no aminoácido alanina (quando a célula necessita deste para a síntese de proteínas).

Ciclo de Krebs Em condições aeróbicas, as moléculas de piruvato vão para a mitocôndria Mitocôndria

Formação de acetil-coa e Ciclo de Krebs Para cada piruvato: A etapa inicial de formação de acetil-coa promove a formação de 1 NADH Saldo do ciclo de Krebs= 1 ATP, 3NADH e 1 FADH Fonte: http://www.ledson.ufla.br/wpcontent/uploads/2018/05/ciclo-dekrebs.gif

Fonte: https://www.researchgate.net/figure/figura-1-fosforilacao-oxidativa-os-complexos-da-cadeia-respiratoria-i-ii-iii-e- IV-e_fig1_279912311 Cadeia respiratória A fosforilação oxidativa é o processo no qual a energia liberada durante a transferência de elétrons pelos complexos multienzimáticos da membrana interna da mitocôndria é usada no bombeamento de prótons para a produção de ATP

Saldo final da respiração celular Cada NADH= energia para síntese de 2,5 ATPs Cada FADH= energia para síntese de 1,5 ATPs Saldo final: 30 a 32 ATPs (2 ATP na glicólise, 1 ATP em cada um dos dois ciclos de Krebs e 26 ou 28 ATP na cadeia respiratória)

Glicogênese O glicogênio é um polissacarídeo contendo milhares de moléculas de glicose Formado após as refeições: quando a dieta contém mais glicose que o necessário para as necessidades energéticas do organismo A glicogênese (síntese de glicogênio) ocorre em todas as células do corpo, mas as células que mais produzem glicogênio são as hepáticas e as musculares esqueléticas.

Glicogenólise Glicogenólise: degradação do glicogênio Em um músculo com atividade intensa ou mesmo em repouso, o glicogênio é rapidamente degradado O glicogênio hepático é degradado lentamente para manter a glicemia sanguínea e nutrir órgãos que estejam precisando de glicose, principalmente durante um jejum prolongado ao longo do dia como durante o sono.

Gliconeogênese Gliconeogênese: produção de novas moléculas de glicose Ocorre no fígado a partir de fontes não glicídicas, como lactato, alanina, oxaloacetato e glicerol Quando os níveis de glicose sanguínea e glicogênio hepático e muscular estão muito baixos, a gliconeogênese é uma alternativa para aumentar a glicemia tanto sanguínea quanto dos órgãos. Lactato é obtido geralmente de hemácias, a alanina é obtida da degradação de proteínas musculares durante períodos de jejum prolongado, o oxaloacetato (um intermediário do ciclo de Krebs) é obtido do próprio fígado e o glicerol é obtido após digestão enzimática dos triglicerídeos no tecido adiposo

Via das pentoses-fosfato Glicose utilizada para síntese de NADPH e ribose 5- fosfato Mais ativa em tecidos que sintetizam constantemente ácidos graxos e esteroides, como o fígado e o tecido adiposo NADPH é essencial na síntese de alguns lipídios Ribose 5-fosfato é empregada na síntese de ATP, do NAD +, do NADP +, do FADH 2, da coenzima A e dos nucleotídeos que compõem o ácido ribonucleico (RNA)

Fonte: http://www2.fct.unesp.br/docentes/edfis/ismael/nutricao/aula%20car boidratos%2004.04.12.pdf