Produção de mandioquinha-salsa ( Arracacia xanthorrhiza Banc) em cultivo sol- teiro e consorciado com cravo-de-defunto ( Tagetes erecta

Documentos relacionados
Produção e renda bruta da cenoura Brasília e do almeirão Folhas Amarelas, em cultivo solteiro e consorciado

Efeito do armazenamento das mudas antes do plantio na produção de mandioquinha-salsa, com e sem amontoa

Produção e Renda Bruta de Cebolinha e de Almeirão, em Cultivo Solteiro e Consorciado 1.

CARACTERÍSTICAS MORFOLÓGICAS E PRODUÇÃO DE QUATRO CLONES DE TARO CULTIVADOS EM DOURADOS-MS

Produção do mangarito Comum em função de massas de mudas e de número de amontoas

RESUMO. Palavras-Chaves: Daucus carota, Lactuca sativa, eficiência agronômica.

CARACTERÍSTICAS AGRO-BOTÂNICAS DE RAÍZES DE MANDIOCA EM FILEIRAS SIMPLES E DUPLAS CONSORCIADA COM FEIJÃO COMUM

DESINFECÇÃO DAS MUDAS COM ÓLEO DE EUCALIPTO, EM DIFERENTES TEMPOS DE IMERSÃO, NA PRODUÇÃO DE MANDIOQUINHA-SALSA AMARELA DE CARANDAÍ


Doses de cama-de-frango e densidade de plantio na produção de mandioquinha-salsa Amarela de Carandaí

Viabilidade produtiva de cenoura em cultivo solteiro e consorciado com rúcula e alface em Mossoró-RN.

PRODUTIVIDADE DAS PLANTAS DOS TAROS MACAQUINHO E CHINÊS EM RESPOSTA ÀS FORMAS DE ADIÇÃO AO SOLO DE CAMA-DE-FRANGO


Resumos do VIII Congresso Brasileiro de Agroecologia Porto Alegre/RS 25 a 28/11/2013

Produção de mangarito ( Xanthosoma mafaffa

RESUMO ABSTRATC. Hortic. bras., v. 30, n. 2, (Suplemento - CD Rom), julho 2012 S 5271

PRODUTIVIDADE DE PLANTAS DE ARARUTA COMUM PROPAGADAS COM DIFERENTES TAMANHOS DE MUDAS

PRODUÇÃO DA BARDANA SOB DIFERENTES DOSES DO ADUBO ORGÂNICO ORGANOSUPER

Palavras-chave ABSTRACT Yield of Comum arrowroot in function of way of addition of chicken manure to the soil and population density Keywords

CANTEIRO NA PRODUÇÃO DO MANGARITO CV. COMUM

Palavras-chave: Manihot esculenta, genótipos, aipim, produtividade.

Acta Scientiarum. Agronomy ISSN: Universidade Estadual de Maringá Brasil

PRODUTIVIDADE DA MANDIOQUINHA-SALSA EM RESPOSTA AOS ESPAÇAMENTOS ENTRE PLANTAS E PESO DE MUDAS

ADUBAÇÃO NITROGENADA NA CULTURA DO RABANETE

Alface crespa e americana em monocultivo e policultivo com bardana.

Produção de Mudas de Melancia em Bandejas sob Diferentes Substratos.

1 EPAMIG-CTZM C. Postal 216, Viçosa MG; UFV-Depto. de Fitotecnia, Viçosa MG

CULTIVARES DE ALHO COMUM PARA SISTEMAS ORGÂNICOS DE PRODUÇÃO NAS CONDIÇÕES DO CERRADO

Qualidade de mudas de Arctium lappa L. produzidas em diferentes substratos

Respostas produtivas de rúcula em função do espaçamento e tipo de muda produzida em bandejas contendo duas ou quatro plântulas por célula

Doses de potássio na produção de sementes de alface.

PRODUTIVIDADE DO MANGARITO COMUM PROPAGADO COM DIFERENTES ESPAÇAMENTOS ENTRE PLANTAS E MASSAS DE MUDAS

PRODUTIVIDADE AGROECONÔMICA DE PLANTAS DE MANDIOQUINHA-SALSA 'AMARELA DE CARANDAÍ', PRÉ-PROPAGADAS EM RECIPIENTES DE PAPEL COM DIFERENTES SUBSTRATOS

AVALIAÇÃO DO ARRANJO DE PLANTAS DE GIRASSOL

Rendimento das cultivares de cenoura Alvorada e Nantes Forto cultivadas sob diferentes espaçamentos

Desempenho agronômico de cultivares comerciais de coentro em cultivo solteiro sob condições de temperatura elevada.

Hortic. bras., v. 30, n. 2, (Suplemento - CD Rom), julho 2012 S 5011

Consórcio de manjericão (Ocimum basilicum L.) e alface sob dois arranjos de plantas

PRODUTIVIDADE DE AÇAFRÃO CULTIVADO COM DIFERENTES TIPOS E FORMAS DE ADIÇÃO DE CAMA-DE-FRANGO AO SOLO

Key-words: INTRODUÇÃO

CARACTERÍSTICAS AGRONÔMICAS DE VARIEDADES E HÍBRIDOS DE SORGO FORRAGEIRO NO OESTE DA BAHIA

UNIVERSIDADE FEDERAL DA GRANDE DOURADOS

CRESCIMENTO DA CULTURA DO PINHÃO MANSO EM DIFERENTES DENSIDADES DE PLANTAS.

Tamanho e época de colheita na qualidade de sementes de feijão.

KEYWORDS : INTRODUÇÃO

Sinop-MT,

Tipos de Bandejas e Número de Sementes por Célula Sobre o Desenvolvimento e Produtividade de Rúcula.

REGHIN, M.Y.; DALLA PRIA, M.; OTTO, R. F.; FELTRIM, A. L.; VINNE J.

Anais do Seminário de Bolsistas de Pós-Graduação da Embrapa Amazônia Ocidental

Rendimento e qualidade do melão em diferentes espaçamentos de plantio.

Influência de doses de fósforo e de nitrogênio na produção de abobóra híbrida, tipo tetsukabuto, na região norte de Minas Gerais

Produtividade, Renda Bruta e Razão de Área Equivalente de Cenoura e Rúcula, em Sistemas de Consórcio e Monocultivo.

UNIVERSIDADE FEDERAL DA GRANDE DOURADOS

RESUMO. ABSTRACT Effect of lettuce seedlings type arranged in differents plants density on lettuce crop

Produtividade agronômica de genótipos de amendoim Virginia cultivados com diferentes espaçamentos entre

RESUMO PALAVRAS-CHAVE:

Evaluation of sugar beet seedlings depending on substrates and seedling age

Desempenho de cultivares de alface em cultivo de verão na região Campo das Vertentes de Minas Gerais

EVOLUÇÃO DO CONSÓRCIO MILHO-BRAQUIÁRIA, EM DOURADOS, MATO GROSSO DO SUL

Produção de Repolho e de Capuchinha, Solteiros e Consorciados, Com Duas ou Três Fileiras no Canteiro.

Saúde; Av. Ministro Salgado Filho, s/n, Soteco, Vila Velha, ES.

UNIVERSIDADE FEDERAL DA GRANDE DOURADOS

Produção de Taro, Sob Amontoa, em Solo Seco do Pantanal Sul- Mato-Grossense.

Efeitos da adubação com cloreto de potássio em cobertura na produção de alface tipo americana.

Características biométricas de cafeeiro intercalado com diferentes sistemas de produção de abacaxizeiro para agricultura familiar do Projeto Jaíba

PLANTIO DE MANDIOCA EM FILEIRAS DUPLAS SOBRE CANTEIROS: UMA PROPOSTA DE INOVAÇÃO NO SISTEMA DE PRODUÇÃO

Efeito do Composto Orgânico sobre a Produção e Acúmulo de Nutrientes nas Folhas de Couve Manteiga

UNIVERSIDADE FEDERAL DA GRANDE DOURADOS DOSES DE CAMA-DE-FRANGO E FILEIRAS DE PLANTAS NA PRODUÇÃO DE MANDIOQUINHA-SALSA AMARELA DE CARANDAÍ

Rendimento econômico do consórcio de repolho com cebolinha em sistema orgânico

EFEITO DE ADUBAÇÃO NITROGENADA EM MILHO SAFRINHA CULTIVADO EM ESPAÇAMENTO REDUZIDO, EM DOURADOS, MS

AVALIAÇÃO DE CULTIVARES DE ALFACE EM GARÇA S.P

Formação da cabeça do repolho em função das folhas externas.

SOARES LPR; NUNES KNM; MING LC; BORGES LS Produção de mudas de rúcula em diferentes substratos. Horticultura Brasileira 30: S3114-S3118.

CALAGEM, GESSAGEM E MANEJO DA ADUBAÇÃO EM MILHO SAFRINHA CONSORCIADO COM Brachiaria ruziziensis

VARIABILIDADE GENÉTICA EM LINHAGENS S 5 DE MILHO

Hortic. Bras., v. 31, n. 2, (Suplemento- CD Rom), julho

8º Congresso Brasileiro de Algodão & I Cotton Expo 2011, São Paulo, SP 2011 Página 893

TRATAMENTO FUNGICIDA EM SEMENTES DE GUAVIRA

Efeito do raleio de frutos na produtividade de tomate

PROJETO DE PESQUISA REALIZADO NO CURSO DE BACHARELADO EM AGRONOMIA DA UERGS 2

Hortic. bras., v. 31, n. 2, (Suplemento-CD Rom), julho 2014 S 0842

Produção de milho (Zea mays) sob três arranjos estruturais do eucalipto (Eucalyptus spp.) no Sistema de Integração Lavoura-Pecuária-Floresta

DESEMPENHO PRODUTIVO DA CULTIVAR PALOMAR NAS CONDIÇÕES DE POUSO ALEGRE-MG

Avaliação agronómica de variedades de mandioquinha-salsa

DESEMPENHO DE CULTIVARES DE MINI ALFACE CRESPA QUANTO À COBERTURA DO SOLO E ESPAÇAMENTO, EM TRÊS ÉPOCAS DE SEMEADURA

Departamento de Agronomia, Área de Fitotecnia,

AVALIAÇÃO DE CONSÓRCIOS DE DUAS VARIEDADES DE MILHO-PIPOCA COM FEIJÃO SEMEADO NA SAFRINHA

Termos para indexação: Manihot esculenta Crantz, variabiliade genética, Cerrado. Introdução

Vegetal, Via de Acesso Prof. Paulo Donato Castellane s/n, , Jaboticabal-SP. RESUMO

DIFERENTES DENSIDADES DE PLANTAS NO CULTIVO DE CALÊNDULA (Calendula officinalis L.).

RESULTADOS DO ENSAIO NACIONAL DE MILHO EM CONDIÇÕES DE SAFRINHA, EM MATO GROSSO DO SUL, 2008


ADUBOS ORGÂNICOS NA PRODUÇÃO DE BIOMASSA DE

CRESCIMENTO VEGETATIVO DE CULTIVARES DE MANDIOQUINHA-SALSA NA REGIÃO SERRANA DO ESPÍRITO SANTO.

PRODUTIVIDADE DE MILHO SAFRINHA EM AMBIENTES E POPULAÇÕES DE BRAQUIÁRIAS

Avaliação de Cultivares de Alface na Região de Gurupi-TO.

PRODUTIVIDADE DE MILHO SAFRINHA EM POPULAÇÕES DE PLANTAS DE MILHO E DE BRAQUIÁRIA

Espaçamentos entre plantas e cobertura do solo com cama-de-frango na produção de ervilhas

Índice de clorofila em variedades de cana-de-açúcar tardia, sob condições irrigadas e de sequeiro

Transcrição:

SANTOS MC; ZÁRATE NAH; VIEIRA MC; PELLOSO IAO; SOUZA NH; PINTO JVC. Produção de mandioquinhasalsa (Arracacia xanthorrithiza Banc) em cultivo solteiro e consorciado com cravo de-defunto (Tagetes erecta L.), sob dois arranjos de plantas. 2010. Horticultura Brasileira 28: S2026-S2031. Produção de mandioquinha-salsa (Arracacia xanthorrhiza Banc) em cultivo solteiro e consorciado com cravo-de-defunto (Tagetes erecta L.), sob dois arranjos de plantas. Maria Carmo dos Santos 1 ; Néstor A. Heredia Zárate 2 ; Maria do Carmo Vieira 2 ; Inez Aparecida de O. Pelloso 3 ; Natália Hilgert de Souza 3 ; Jannaína Velasques da Costa Pinto 1 Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD) - FCA, C. Postal 533, 79804-970 Dourados-MS. ¹Acadêmicas do Mestrado em Agronomia da UFGD, Bolsistas Capes; ²Professores UFGD, Bolsistas de Produtividade em Pesquisa CNPq; 3 Estudante de doutorado em Agronomia da UFGD; e-mails: mariasato@ibest.com.br; nahz@terra.com.br; mariavieira@ufgd.edu.br; iapelloso@hotmail.com; natalia_hilgert@hotmail.com; jannawicca@yahoo.com.br RESUMO Este trabalho foi conduzido no Horto de Plantas Medicinais, da Universidade Federal da Grande Dourados - (UFGD), em Dourados-MS, de junho de 2009 a janeiro de 2010, em solo Latossolo Vermelho Distroférrico, textura argilosa. O objetivo foi avaliar a produtividade da mandioquinhasalsa (Arracacia xanthorrhiza Banc) e o cravode-defunto (Tagetes erecta L.) sob cultivo solteiro e consorciado, em dois arranjos de plantas. Os fatores em estudos foram a mandioquinha-salsa com duas e três fileiras no canteiro - (M2 e M3) e o cravo-de-defunto com duas e três fileiras - (C2 e C3) sob cultivo solteiro e o cultivo consorciado com duas fileiras de mandioquinha e três fileiras de cravo (M2C3) e três fileiras de mandioquinha e duas de cravo (M3C2). O delineamento foi em blocos casualizados com quatro repetições. A mandioquinha-salsa não produziu raízes comerciais. produziu maiores massas frescas e secas de coroas (2,11 e 0,36 t ha -1 ) e rebentos (1,86 e 0,28 t ha -1 ) sob cultivo solteiro e sob três fileiras de plantas no canteiro (2,35 e 0,40 t ha -1 e 1,78 e 0,27 t ha -1, respectivamente). O número de rebentos foi maior em cultivo solteiro (336,60 mil ha -1 ) e sob o arranjo de duas fileiras de plantas por canteiro (363,82 mil ha -1 ). O número de raízes não-comerciais foi maior em cultivo solteiro (348,97 mil ha -1 ) e sob o arranjo de três fileiras de plantas por canteiro (361,35 mil ha -1 ). As massas frescas dos capítulos florais do cravo-de-defunto não foram influenciadas pelo consórcio nem pelo arranjo de plantas,sendo em média de 12,37 t ha -1. Palavras-chave: Arracacia xanthorrhiza Banc, Tagetes erecta L., sistema de cultivo, arranjos de plantas. ABSTRACT Production of arracacha (Arracacia xanthorrithiza Banc) in monocrop and intercropping with marigold (Tagetes erecta L.) under two arrangements of plants This work was conducted in Horto de Plantas Medicinais, of Universidade Federal da Grande Dourados - (UFGD), in Dourados- MS, from June 2009 to January 2010, in oxisol soil, clay texture. The aim was to evaluate the productivity of arracacha (Arracacia xanthorhiza Banc) and marigold (Tagetes erecta L.) in monocrop and intercropping, in two arrangements of plants. The factors in study were arracacha with two and three rows per plot (M2 and M3) and marigold with two Hortic. bras., v. 28, n. 2 (Suplemento - CD Rom), julho 2010 S2026

and three rows (C2 and C3) under monocrop, and the intercropping with two rows of arracacha and three rows of marigold (M2C3) and three rows of arracacha and two of marigold (M3C2). The design was in randomized block with four replications. Arracacha not produced commercial roots; produced higher fresh and dry weight of crowns (2.11 and 0.36 t ha -1 ) and shoots (1.86 and 0.28 t ha -1 ) under monocrop and with three rows of plants in plot (2.35 and 0.40 t ha -1, and 1.78 and 0.27 t ha -1, respectively). The number of shoots was higher in monocrop (336.60 mil ha -1 ) and under the arrangement of two rows of plants per plot (363.82 mil ha - 1 ). The number of non-commercial roots was higher in monocrop (348.97 mil ha -1 ) and under the arrangement of three rows of plants per plot (361.35 mil ha -1 ). Fresh weight of floral chapters of marigold was not influenced by the consortium and nor the arrangement of plants, averaging 12.37 t ha -1. Keywords: Arracacia xanthorrithiza Banc, Tagetes erecta L., cropping system, arrangements of plants. A mandioquinha-salsa, Arracacia xanthorrhiza Bancroft (Umbelliferae), é uma espécie amilácea, originária dos Andes colombianos, cujas características podem atender a demandas das indústrias de alimentos e como fonte de renda para os pequenos agricultores. Também é conhecida como batata-baroa ou batata-salsa, entre outras denominações. As raízes, que é sua parte alimentar, é rica em minerais, vitaminas e fibras, têm alto valor energético, sendo importante na dieta de crianças, idosos e convalescentes (Câmara & Santos, 2002). A cultura da mandioquinha-salsa tem aumentado de importância em algumas regiões brasileiras, com incremento da área plantada e do consumo (Sediyama, 2005). Seu cultivo está concentrado na região Centro-sul, porém, seu plantio tem sido bem sucedido no Distrito Federal, Goiás, Tocantins (Santos, 1997a) e Mato Grosso do Sul (Vieira, 1995), regiões com altitudes inferiores a 1.000 m. Em Mato Grosso do Sul, a mandioquinha-salsa Amarela de Carandaí tem apresentado ciclo vegetativo de 7 a 8 meses, com produções entre 10 a 15 t ha -1 de raízes comercializáveis e entre 25 a 35 t ha -1 de resíduos, como folhas, coroas, rebentos e raízes não-comercializáveis (Heredia Zárate, 2009). A mandioquinha-salsa apresenta grande potencial para o cultivo no sistema de agricultura familiar devido ao baixo custo de implantação, rusticidade de cultivo, alta demanda de mãode-obra necessária nas operações de colheita, limpeza, classificação e embalagem, além de altas cotações no mercado (Sediyama et al., 2005). Levando-se em conta que a mandioquinhasalsa tem ciclo relativamente longo, e que nos primeiros meses de desenvolvimento das plantas, o solo fica descoberto em grande extensão e que o produtor muitas vezes só tem renda a partir do oitavo mês de cultivo, então, pode ser viável o cultivo sob consorciação com outras espécies, dentre elas cravo-de-defunto. As espécies de Tagetes são usadas em rotação de culturas, mas, em muitas situações, funcionam muito bem em consorciação. Montezano & Peil (2006) relatam que o sistema consorciado é uma tecnologia muito utilizada na produção de hortaliças, e que influencia profundamente a produtividade das culturas, além de gerar inúmeros benefícios fitotécnicos; tornando-se necessários maiores estudos sobre os policultivos de hortaliças e suas diferentes associações. Levando em consideração essa linha de raciocínio, o objetivo do trabalho foi avaliar a produção de biomassa de Arracacia xanthorrhiza Banc em cultivo solteiro e consorciado com Tagetes erecta L.. Hortic. bras., v. 28, n. 2 (Suplemento - CD Rom), julho 2010 S2027

MATERIAL E MÉTODOS O experimento foi conduzido no Horto de Plantas Medicinais HPM, da Universidade Federal da Grande Dourados UFGD, em Dourados-MS, no período de maio de 2009 a janeiro de 2010. O solo da área experimental é classificado como Latossolo Vermelho distroférrico, de textura muito argilosa. Os fatores em estudos foram a mandioquinha-salsa com duas e três fileiras no canteiro - (M2 e M3) e o cravo-de-defunto com duas e três fileiras - (C2 e C3) sob cultivo solteiro cultivo consorciado com duas fileiras de mandioquinha e três fileiras de cravo (M2C3) e três fileiras de mandioquinha e duas de cravo (M3C2).. O delineamento foi em blocos casualizados com quatro repetições. Os espaçamentos entre as plantas tanto para mandioquinha-salsa como para cravo-de-defunto foram de 0,25m. Os espaçamentos entre fileiras foram de 0,33 m e 0,50 m, para três e duas fileiras no canteiro, respectivamente. A área total de cada parcela foi de 3,6 m 2 (2,4 m de comprimento e 1,5 m de largura) e área útil de 2,4 m 2 (2,4 m de comprimento e 1,0 m de largura). Foram utilizados rebentos de tamanho médio (massa média de 5,30 g) provenientes de plantas cultivadas no Horto de Plantas Medicinais da UFGD, para a propagação da mandioquinha-salsa. As mudas do cravo-de-defunto foram produzidas em casa de vegetação usando sementes proveniente do comércio local de Dourados-MS. O transplantio do cravode-defunto foi feito quando as plântulas atingiram cerca de 10 cm de altura. No final do ciclo de cultivo da mandioquinha-salsa, aos 231 DAT, foram arrancadas quatro plantas por parcela, quando avaliaram-se a população de planta, número de rebento e de raízes comerciais e não-comerciais, diâmetro e comprimento médio de raiz não-comercial e de rebento e massas frescas e secas das folhas, raízes, coroas e rebentos. Os capítulos florais do cravo-de-defunto foram colhidos escalonadamante, a partir de 30 dias após o transplante - DAT, a cada sete dias, até 135 DAT. Dos capítulos florais foram avaliados número, massas fresca e seca, altura e diâmetro transversal. Após a última colheita dos capítulos florais foram colhidas as plantas, quando avaliaram-se as massas frescas e secas dos caules, folhas e raízes. Os dados foram submetidos à análise de variância e teste F, a 5% de probabilidade. RESULTADOS E DISCUSSÃO Não houve produção de raízes comerciais de mandioquinha-salsa, provavelmente, porque o plantio foi feito em junho, período já considerado tardio para a espécie. Todas as características avaliadas da mandioquinha-salsa foram influenciadas significativamente, tanto pelo consórcio quanto pelo número de fileiras de plantas no canteiro, exceto as massas frescas e secas de folhas, que não foram influenciadas por nenhuma das variáveis e as massas frescas e secas de raízes, que só foram influenciadas pelo consórcio (Tabela 1). As maiores populações de plantas ocorreram sob cultivo solteiro e arranjo de três fileiras de plantas no canteiro. O diâmetro e o comprimento de raízes não comerciais e de rebentos foram influenciados significativamente pela forma de cultivo, independente do número de fileiras no canteiro (Tabela 2). Hortic. bras., v. 28, n. 2 (Suplemento - CD Rom), julho 2010 S2028

As produções de massas frescas e secas dos capítulos florais e das plantas do cravode-defunto nem altura e diâmetro transversal dos capítulos florais não foram influenciados significativamente pelo consórcio nem pelo arranjo de plantas (Tabelas 3 e 4). Apesar de não ter havido produção de raízes comerciais de mandioquinha-salsa, a produção dos resíduos das plantas podem ser usados, tal como preconizado por Heredia Zárate (...) para ração animal. A produção do cravo, no consórcio, pode ser utilizada como fonte de renda para o produtor. Além disso, com este trabalho, conclui-se que a mandioquinha salsa deve ser plantada mais cedo, provavelmente, até, no máximo, meados de maio. AGRADECIMENTOS Ao CNPq, pelas bolsas concedidas e FUNDECT-MS, pelo apoio financeiro. REFERÊNCIAS CÂMARA FLA; SANTOS FF dos. 2002. Cultura da mandioquinha-salsa. In: CEREDA, M. P. (Coord.). Agricultura: tuberosas amiláceas latino americanas. São Paulo: Fundação Cargill, p. 519-532. HEREDIA ZÁRATE N A; VIEIRA M C; GRACIANO J D; FIGUEIREDO P G; BLANS N B; CURIONI B M. Produtividade de mandioquinha-salsa sob diferentes densidades de plantio e tamanho das mudas. Ciência e Agrotecnologia., v.33, p.139-143, 2009. MONTEZANO EM; PEIL RMN. 2006. Sistemas de consórcio na produção de hortaliças. Revista Brasileira Agrociência, Pelotas, 12, n.2: 129-132. SANTOS FF dos. 1997. A cultura da mandioquinha-salsa no Brasil. Informe Agropecuário, Belo Horizonte, 19, n.190: 5-7. SEDIYAMA MAN; VIDIGAL SM; SANTOS MR; MASCARENHAS MHT. 2005. Cultura da Mandioquinha-salsa ou batata-baroa. Belo Horizonte. EPAMIG, (Boletin Técnico, n.77) 28p. VIEIRA MC. 1995. Avaliação do crescimento e da produção de clones e efeito de resíduo orgânico e de fósforo em mandioquinha-salsa no Estado de Mato Grosso do Sul. Viçosa: UFV. (Tese doutorado). Hortic. bras., v. 28, n. 2 (Suplemento - CD Rom), julho 2010 S2029

Tabela 1. Massas frescas e secas das folhas, raízes não-comerciais (NC), coroas e rebentos de mandioquinha-salsa em cultivo solteiro e consorciado com cravo-de-defunto sob duas ou três fileiras no canteiro. (Fresh and dry weight of leaves, non-commercial roots (NC), crowns and shoots of arracacha in monocrop and intercropping with marigold under two or three rows on plot). Dourados - UFGD, 2010. Fatores Massa fresca (t ha -1 ) Massa seca (t ha -1 ) em estudo Folha Raiz (NC) Coroa Rebento Folha Raiz (NC) Coroa Rebento Solteiro 0,63 a 2,72 a 2,11 a 1,86 a 0,11 a 0,49 a 0,36 a 0,28 a Consórcio 0,55 a 1,46 b 1,77 b 1,27 b 0,10 a 0,27 b 0,29 b 0,19 b Duas 0,54 a 1,91 a 1,52 b 1,35 b 0,09 a 0,35 a 0,25 b 0,21 b Três 0,65 a 2,27 a 2,35 a 1,78 a 0,12 a 0,41 a 0,40 a 0,27 a CV(%) 23,00 37,82 11,99 15,08 21,32 34,96 12,71 14,28 Médias seguidas das mesmas letras nas colunas, para tipo de cultivo, não diferem estatisticamente pelo Teste de Tukey e para o número de fileiras, pelo Teste F, até 5% de probabilidade. (Means followed by the same letters in columns, to type of cultivation, are not statistically different by Tukey test and to number of rows, by F test, up to 5% probability) Tabela 2. População de planta (PPL), número de rebento (NREB) e de raiz não-comercial (RNC), diâmetro e comprimento médio de raiz não comercial (RNC) e de rebento (REB) de mandioquinha-salsa em cultivo solteiro e consorciado com cravo-de-defunto sob duas ou três fileiras no canteiro. (Plant population (PPL), number of shoot (NREB) and of noncommercial roots (RNC), diameter and average length of root non-commercial (RNC) and of shoot (REB) of arracacha in monocrop and intercropping with marigold under two or three rows in plot). Dourados - UFGD, 2010. Fatores em PPL NREB RNC Diâmetro Comprimento estudo (mil ha -1 ) (mil ha -1 ) (mm) RNC REB RNC REB Solteiro 46,06 a 336.60 a 348,97 a 21,82 a 17,52 a 34,99 a 21,37 a Consórcio 40,38 a 276,37 b 254,02 b 18,79 b 15,22 b 37,54 a 16,67 b Duas 36,04 b 363,82 a 249,15b 19,47 a 16,72 a 41,12 a 20,02 a Três 50,39 a 249,15 b 361,35 a 21,14 a 16,01 a 31,41 a 18,03 a CV (%) 26,73 12,04 24,56 12,04 9,37 24,60 12,38 Médias seguidas das mesmas letras nas colunas, para tipo de cultivo, não diferem estatisticamente pelo Teste de Tukey e para o número de fileiras, pelo Teste F, até 5% de probabilidade. (Means followed by the same letters in columns, to type of cultivation, are not statistically different by Tukey test and to number of rows, by F test, up to 5% probability). Hortic. bras., v. 28, n. 2 (Suplemento - CD Rom), julho 2010 S2030

Tabela 3. Número (NCF), massas fresca e seca (MFCF, MSCF), altura e diâmetro transversal (ALT, DIAM) de capítulos florais do cravo-de-defunto, em cultivo solteiro e consorciado com mandioquinha-salsa, sob duas e três fileiras. (Number (NCF), fresh and dry weight (MFCF, MSCF), height and transverse diameter (ALT, DIAM) of floral chapter of marigold, in monocrop and intercropping with arracacha, under two and three rows). UFGD, Dourados, 2010. Fatores em NCF MFCF MSCF ALT DIAM estudo (mil ha -1 ) (t ha -1 ) (t ha -1 ) (mm) (mm) Solteiro 3,74 a 10,84 a 1,46 a 37,98 a 54,31 a Consórcio 3,23 a 13,85 a 1,32 a 38,37 a 54,97 a Duas 2,92 b 12,89a 1,23 a 38,65 a 55,35 a Três 4,05 a 11,90a 1,56 a 37,70 a 53,93 a CV(%) 24,39 27,18 24,57 2,62 3,50 Médias seguidas das mesmas letras nas colunas não diferem estatisticamente pelo Teste F, até 5% de probabilidade. (Means followed by the same letters in columns are not statistically different by F test, up to 5% probability). Tabela 4. Massas fresca e seca de folhas, caules, raízes do cravo-de-defunto em cultivo solteiro e consorciado com mandioquinha-salsa, sob duas e três fileiras. (Fresh and dry weight of leaves, stems and roots of marigold in monocrop and intercropping with arracacha under two and three rows). UFGD, Dourados, 2010. Fatores Massa fresca (t ha -1 ) Massa seca (t ha -1 ) em estudo Folha Caule Raiz Folha Caule Raiz Solteiro 3,32 a 5,84 a 0,69 a 0,63 a 1,48 a 0,24 a Consórcio 3,16 a 5,23 a 0,74 a 0,58 a 1,35 a 0,31 a Duas 2,68 b 4,66 b 0,62 b 0,49 b 1,18 b 0,21 b Três 3,79 a 6,41 a 0,81 a 0,72 a 1,65 a 0,34 a CV(%) 26,26 21,82 20,06 24,59 22,77 31,56 Médias seguidas das mesmas letras nas colunas não diferem estatisticamente pelo Teste F, até 5% de probabilidade. (Means followed by the same letters in columns are not statistically different by F test, up to 5% probability). Hortic. bras., v. 28, n. 2 (Suplemento - CD Rom), julho 2010 S2031