COLÉGIO OFÉLIA FONSECA



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Transcrição:

COLÉGIO OFÉLIA FONSECA A CRISE FINANCEIRA DOS CLUBES BRASILEIROS DE FUTEBOL: UM OLHAR SOBRE OS CLUBES PAULISTAS Kayo Moura Costa e Silva São Paulo 2015

Kayo Moura Costa e Silva A CRISE FINANCEIRA DOS CLUBES BRASILEIROS DE FUTEBOL: UM OLHAR SOBRE OS CLUBES PAULISTAS Trabalho realizado e apresentado sob a orientação do professor Carlos Henrique, da disciplina de Matemática

Agradecimentos Gostaria de agradecer a todos que de alguma forma fizeram parte deste trabalho. Quero agradecer aos meus familiares e amigos, por sempre estarem sempre me apoiando na realização deste TCC, ao longo de todo ano. E agradecer também especialmente ao meu querido orientador, Carlos Henrique, da disciplina de matemática que meu deu as diretrizes certas para a elaboração de um bom trabalho.

Resumo Esta tese discorre sobre a atual crise financeira em que os clubes brasileiros de futebol estão passando. Para uma análise precisa e coerente é tido neste trabalho uma observação sobre os clubes paulistas de futebol, clubes tradicionais e que representam muito bem o futebol nacional. Dentro desse modelo de análise são levantados fatores que fizeram com que os clubes entrassem na crise e o que pode ser feito para que estes saiam da mesma. Palavras-chave: Futebol Paulista; mídia; crise do futebol brasileiro, modelo clube empresa.

Sumário 1. Introdução...6 1.1. Organização do futebol brasileiro...8 1.2. Rede Globo de Televisão e sua interferência no futebol brasileiro...11 1.3. Bom Senso Futebol Clube...14 2. Desenvolvimento... 16 2.1. O modelo de organização do futebol Paulista...16 2.2. A elite do futebol paulista e os pequenos clubes...18 2.3. O modelo de administração do FC Barcelona...22 3. Conclusão...24 4. Referências Bibliográficas...25

1. Introdução O futebol é o esporte mais praticado no mundo, consiste resumidamente em 11 jogadores de cada lado em busca do gol, esse que define o time que sairá vencedor e fará a alegria da torcida, que por sua vez estabelece a importância social e cultural do esporte, principalmente no Brasil denominado por muitos O país do futebol, muito pelo amor do povo brasileiro, que é verdadeiramente apaixonado pelo esporte, não é à toa que é o país com mais títulos de Copa do Mundo de Futebol, são cinco conquistas no total no total. Mas atualmente o esporte que já foi motivo de tanto orgulho e glórias para todos brasileiros, passa por um processo de decadência no país, clubes não apresentam mais futebol de alto nível, não a tantos craques, iguais as gerações anteriores como os três R em 2002 Ronaldo, Ronaldinho e Roberto Carlos, em decorrência disso o último jogador brasileiro eleito o melhor do mundo, foi Kaká em 2007, jogando pelo AC Milan da Itália. Já fazem 8 anos que um jogador brasileiro não recebe uma bola de ouro, fato que não se repetia com tanta constância. Estes fatores nos fazem pensar de maneira mais embasada a verdadeira crise que o futebol brasileiro se encontra, um futebol com fraco nível técnico, que diferente dos anos anteriores, tem apenas um grande jogador, Neymar. Esse fato foi um dos que abriu os olhos do povo brasileiro para a atual situação do futebol nacional, o marco que fixou essa ideia foi o vexame na última Copa do Mundo de Futebol, com o verdadeiro massacre Alemão 7x1, que deixou todos brasileiros amantes do futebol envergonhados. O mais vitorioso e irreverente futebol do mundo, tem hoje seus 20 clubes que disputam a Série A do Campeonato Brasileiro de Futebol, o Brasileirão em situações financeiras semelhantes, quase todos devem milhões de reais, dívidas que somadas chegam a cerca de estratosféricos 4 bilhões de reais. Este tema, crise financeira dentro do futebol brasileiro, será trabalho, com foco voltado inteiramente para o estado de São Paulo, uma das potências do futebol nacional com grandes e pequenos clubes. Esse modelo de trabalho, será adotado com o intuito de mostrar de maneira óbvia e não tão complexa, o como o processo de decadência dos clubes é relacionado com a crise financeira dos mesmos no país. De maneira que foi analisada as situações financeiras dos clubes do futebol paulista, junto as entidades e cartolas que comandam o futebol no estado e os clubes. Começando pelos clubes 6

da elite estadual, como o quarteto de ferro do estado, que hoje é afetado, e vive esse momento turbulento dentro da economia dos clubes, que são compostos por: Corinthians, Palmeiras, Santos e São Paulo, além de clubes que já tiveram essa condição de grandes no estado, mas hoje, não estão nem entre os clubes que disputam os principais campeonatos, além de contarem com elencos modestos. Por fim serão analisados os bons modelos de administração de futebol no mundo, como possível solução para a crise dentro do futebol brasileiro, com foco no futebol paulista. 7

1.1.Organização do futebol brasileiro O futebol como já sabemos é um esporte de extrema importância popular, que consiste resumidamente em 22 jogadores em campo, esses divididos em 11 de cada lado, representando suas respectivas equipes, cada jogador exercendo sua função delimitada por seus treinadores, para assim buscar a vitória, seguindo, claro as regras do jogo aplicadas pelos árbitros responsáveis pelas mesmas. Com tudo o objetivo final, é fazer o gol, esse, que desperta com a vitória, a alegria dos torcedores do time vencedor e a tristeza dos torcedores do time perdedor, isso caracterizando a grande importância popular do esporte, através do torcedor. Mas o que pouco sabemos é que nem sempre foi assim, não tendo uma data certa de criação, o futebol, já tinha prática semelhante, povos da China antiga, gregos, romanos, japoneses entre outros, já praticavam esportes semelhantes ao futebol, que foi criado como conhecemos hoje de fato, pelos Ingleses que inventaram as regras, sistematizaram e organizaram o esporte. Na Inglaterra em seu primeiro momento não foi um esporte tão popular como vemos hoje, primeiro era praticado apenas por estudantes e filhos da nobreza inglesa, ao longo do tempo foi se popularizando, tanto que chegou rapidamente ao Brasil através de Charles Miller, que nascido no país, com apenas nove anos de idade, tinha ido a Inglaterra para estudar e assim acabou conhecendo o esporte. Retornando em 1894 trouxe em sua bagagem, a primeira bola de futebol do país. Nesse momento de introdução do futebol no Brasil, o esporte já começava a ser profissionalizado em seu país de criação, na Inglaterra e em alguns países no mundo, tanto que a partir de 1885, com a criação de clubes e ligas profissionais e cada vez mais aperfeiçoado o futebol teve fundada, em 21 de maio de 1904 a FIFA (Federação Internacional de Futebol Association), essa que foi criada com o intuito de ser o órgão responsável por organizar o futebol profissional no mundo, de maneira que padronizasse o futebol, através de modelos organizacionais de campeonatos de times e seleções profissionais, como acontece hoje, na organização de maneira indireta de alguns campeonatos, no planeta, á exemplo a América do sul e a Europa, que tem como principais campeonatos de futebol, respectivamente a Copa Libertadores da América, e a UEFA Champions League, além claro de ser a responsável por organizar, de maneira direta o torneio de seleções mais importante do mundo, a Copa do Mundo de Futebol entre seleções. 8

Para podermos entender, esse modelo organizacional de futebol, e como a FIFA é capaz de conseguir controlar de maneira efetiva todos os campeonatos profissionais de futebol no mundo, temos que compreender o funcionamento do atual modelo estrutural que a entidade usa. A FIFA é a maior entidade do futebol profissional no mundo, e claro não conseguiria controlar todos os campeonatos de futebol profissional no planeta terra. Assim então para conseguir, mais efetividade na organização dos campeonatos, a FIFA passou a ser uma controladora indireta dos campeonatos de futebol no mundo todo, que não envolvessem times de diferentes regiões do globo, instituindo dessa maneira a criação das confederações e federações, essas que organizam os campeonatos nacionais em seus respectivos países, como é o caso do Brasil, que conta com a CBF para a organização dos campeonatos nacionais, como o brasileirão e a copa do Brasil, os mais importantes, já as federações são as responsáveis pela organização do futebol dentro dos estados, como exemplo o campeonato paulista de futebol. Já em âmbito internacional, campeonatos são organizados por outras entidades que também compõem a estrutura do futebol, como acontece na América do Sul, a COMEBOL, é o órgão responsável pela organização da Copa Libertadores da América e Copa sul-americana que envolvem todos os times melhores colocados em seus respectivos campeonatos nacionais de diferentes regiões da América do Sul, para comporem o campeonato. Um bom exemplo é o Campeonato Brasileiro da série A, o Brasileirão série A, organizado pela CBF, ele dá o direito aos clubes mais bem colocados de cada ano, a chance de disputarem o título da Copa Libertadores com outros clubes mais bem colocados de seus respectivos países e depois ainda proporciona para o campeão da Taça Libertadores, a chance de disputar o campeonato mundial, com os melhores clubes de cada continente, esse sim organizado pela FIFA como todo campeonato de âmbito mundial. Desse modo analisando como o futebol brasileiro é organizado, quando o comparamos com o futebol, tido como exemplo no mundo, o futebol Europeu, vemos apenas semelhanças na estrutura entre os dois modelos. A não ser por um fato que não aparece diretamente no texto, os campeonatos do Brasil são geridos pelas confederações e federações de futebol, já os campeonatos da Europa são geridos por órgãos independentes das confederações e federações, algo que de primeira análise parece simples, mas é um dos fatores que delimita o mal funcionamento do futebol no Brasil. O grande poder dado as entidades como CBF e FPF entre outras, ocasiona na deixada dos clubes em segundo plano, já que as entidades visam apenas o lucro, como acontece no futebol paulista, e de outros estados, clubes e jogadores tem péssimas condições de trabalho, como 9

péssimos campos de futebol, más instalações básicas, entre outros fatores, que não aconteceriam. Pois, a organização de um campeonato por um órgão dirigido pelos clubes, não teriam outros interesses secundários, a não ser o bem dos clubes de futebol como acontece na Europa, as federações e confederações ficam em segundo plano e organizam apenas o que é relacionado a seleções nacionais diferente do que ocorre com elas em primeiro plano como, a principal interferência hoje no futebol brasileiro a mídia, no caso a Rede Globo de Televisão que será aprofundada no próximo tópico. Na fase Del Nero, a FPF ficou mais rica. Em 2003, o faturamento do Campeonato Paulista era de 17 milhões de reais esse número saltou para 130 milhões de reais em 2015. Isso não é mérito dele. Na verdade, os patrocínios ficaram maiores, reclama Andrés Sanchez, que continua no papel de principal opositor do cartola. O Del Nero será um retrocesso. (KFOURI, Juca) 10

1.2.Rede Globo de Televisão e sua interferência no futebol brasileiro O futebol como já foi dito é um esporte de extremo caráter popular, e também é o esporte mais praticado do mundo, tanto que na última Copa do Mundo de Futebol, realizada justamente no Brasil, aproximadamente 1 bilhão de pessoas estavam assistindo a final da competição entre Argentina e Alemanha. Desse ponto podemos entender a relação entre futebol e mídia, voltando alguns anos atrás A partir da década de 70, quando a mídia viu no futebol um grande potencial de crescimento e visibilidade, com perspectivas de bom mercado. Tanto que passou a investir no mercado futebolístico, através da venda de direitos de uso imagem de seleções, clubes e jogadores a empresas de produtos esportivos e outras que desejassem visibilidade, expondo sua marca em todo o lugar que o clube patrocinado aparecesse, seja em campo ou em coletivas de imprensa, as transferências de jogadores entre clubes de um país a outro e principalmente a venda dos direitos de transmissão de jogos por TV, rádio, internet etc, foram itens que somados superaram o antigo modelo de arrecadação dos clubes, a venda de ingressos para as partidas. Dado este ponto, podemos entender que o futebol sofreu uma grande mudança, passou a ser mais um item com fortes princípios econômicos, e a ter um outro pilar principal de sustentação, o torcedor, deu espaço a mídia e passou a ser tratado como produto por ela, que através do futebol, garante audiências mínimas e grande circulação de capital, tanto para os veículos de comunicação, quanto para os clubes, que passaram a ser verdadeiros reféns da grande mídia, principalmente os grandes clubes do futebol paulista. Um excelente exemplo é o que acontece no futebol brasileiro, e principalmente dentro do futebol paulista, onde a mídia tem grande poder e influência, com apenas uma emissora se sobressaindo, a Rede Globo de Televisão, que defende apenas seus interesses dentro do futebol, que por sua vez são quase que legitimados de fato pela CBF (Confederação brasileira de futebol). Já que a emissora detém todos os direitos e uso de imagem dos campeonatos em que a participação de clubes brasileiros. O exemplo mais atual dessa influência dentro do futebol paulista é a polêmica dos Naming Rights da nova Arena da Sociedade Esportiva Palmeiras, que vendeu o nome para a empresa Allianz de seguros, essa que por sua vez em seu direito, passou a denominar a arena de Allianz Parque, devendo assim a partir do então momento, passar a ser chamada pelo atual nome, sem nenhum pagamento de tarifa por isso, já que o contrato era diretamente com o clube, coisa que a Rede Globo de Televisão não acatou, e em suas transmissões dos jogos da Sociedade Esportiva Palmeiras, denominava a arena de 11

Arena Palmeiras e ainda fez mais, em um acordo informal e as escuras com a CBF defendendo o seu interesse, e um possível acordo por fora, com a empresa Allianz, para a arrecadação de dinheiro para a exibição da marca, passou a cobrir os nomes da empesa de seguros que haviam nos portões da arena, para não exibir nem a imagem da empresa, situação que seria ilegal vinda diretamente da emissora, mas não vinda da CBF, que justificou o fato de maneira não convincente, o que ficou quase que claro para todos torcedores que ficaram indignados e não deixaram o fato seguir adiante, arrancando os papéis brancos por cima do nome da marca Allianz. Este exemplo é apenas mais um que justifica que a rede globo de televisão comanda o futebol em São Paulo, aliás, mas que isso comanda o futebol no Brasil, tanto que o país ocupa atualmente a decima oitava posição em média de público, o principal campeonato nacional, o Brasileirão da série A de futebol teve no ano passado média de público de apenas 12.961 pessoas por jogo, atrás de países com pouquíssima tradição no esporte, como EUA e Austrália, fato gerado pela dificuldade de se assistir jogos de futebol nos estádios, como os horários inapropriados, pela emissora, que dificultam inclusive a locomoção, usando transportes públicos, esse que não é muito efetivo na madrugada, isso tornando mais prático assistir os jogos pela TV, inclusive TV fechada, que transmite todos os jogos de futebol do país, como é o caso dos canais Premiere, que inclusive são canais pagos da Rede Globo de Televisão, tornando de fácil o entendimento o porquê a emissora interfere nos horários e outros fatores de organização dos campeonatos de futebol do país, interesses próprios e que beneficiam a própria Rede Globo. Desse outro ponto de vista podemos perceber que a entrada da mídia de fato no futebol, não trouxe tantos benéficos assim para o esporte, já que a mídia defende apenas os seus interesses dela mesma e para isso não mede escrúpulos, mesmo que estes atrapalhem o andamento do espetáculo nas arquibancadas e resultem em verdadeiras crises financeiras para os clubes que perdem o seu principal aliado, os torcedores, que somados as más administrações dentro dos clubes resultam no atual cenário financeiro dos 12 maiores clubes do futebol brasileiro, entre eles estão os 4 principais clubes paulistas, diferente do que acontece na Europa, onde o futebol é um meio de marketing e divulgação, mas o torcedor está acima de tudo, tanto que os estádios estão sempre lotados, provando que é possível conciliar o futebol com os interesses da mídia. 12

Tendo isso em vista e preocupados com os rumos que o futebol nacional pode tomar a partir da atual crise financeira, foi criado o movimento Bom Senso Futebol Clube, para tomar posições e discutir o futebol atualmente no país, este movimento será aprofundado no próximo tópico. Figura1: Entidades envolvidas na organização do futebol nacional. 13

1.3.Bom Senso Futebol Clube Com o intuito de ajudar o futebol brasileiro atuais e ex-jogadores fundaram em 2013 o, Bom Senso Futebol Clube (BSFC) movimento que busca melhorar o futebol brasileiro, em vários aspectos como o Fair play financeiro essencial para que diretores e presidentes (cartolas) dos clubes brasileiros não comprometam mais as finanças de seus clubes, esses que cumprem o seu mandato sem planejamento, arriscam as finanças no pouco tempo de mandato e fazem desastres com a economias dos clubes, sem qualquer punição para o clube ou diretor, período adequado de pré-temporada, calendário do futebol nacional, pois a porcentagem de clubes que ficam inativos por mais de 6 meses sem atuar é de85%, além da participação nos conselhos técnicos das entidades que regem o futebol nacional, são algumas das medidas que o BSFC reivindica dentro do futebol nacional, para solucionar os problemas do nosso futebol. O movimento para isso deve travar uma verdadeira guerra com as entidades que comandam o futebol brasileiro a CBF junto a FIFA e a Rede Globo de Televisão, essas que não concordam com o movimento, pois ele acabaria com os interesses das entidades, que visam apenas o negócio para a obtenção de capital e deixam o futebol em segundo plano. Tanto que no Brasil o endividamento dos clubes brasileiros chega a cerca de quatro bilhões de reais, dividas que se referem a qualquer débito com a União, não pagos no tempo e modos devidos. Podem ter natureza tributária (Imposto de Renda, CSLL, etc.) tributária previdenciária (contribuições previdenciárias) ou não-tributárias (multas, receitas patrimoniais, etc.) a Procuradoria também inscreve e cobra débitos do FGTS, isso se tratando de débitos fiscais, já dividas com empréstimos, compra de jogadores, são dívidas com grupos privados, como bancos e outros instituições. Para resolver a enorme dívida a câmera dos deputados tentou aprovar uma lei, chamada medida provisória do futebol que viria a refinanciar a dívida fiscal dos clubes, mas sem uma condição determinada por lei para que os clubes não voltassem a se envolver em dividas novamente, a medida não propunha nenhuma exigência ou contrapartida, a presidente Dilma Rousseff então vetou a medida e para a aprovação de uma nova medida com responsabilidade financeira por parte dos clubes, a presidente convocou o BSFC para ajudar a trabalhar em cima da medida provisória, já que o movimento visa em primeiro lugar o bem do futebol brasileiro, diferentemente da Rede Globo de Televisão, como vimos no tópico acima. 14

Figura2: Membros do Bom Senso FC, reunidos com a presidente Dilma Rousseff. 15

2.Desenvolvimento 2.1.O modelo de organização do futebol Paulista Quando chegou ao Brasil, o futebol veio logo para São Paulo em 1894, através do paulista, já citado no capítulo anterior, Charles Milller. O primeiro campeonato foi realizado justamente em São Paulo, anos mais tarde em 1902, com a participação de cinco clubes, eram eles: C.A. Paulistano, São Paulo A.C., A.A. do Mackenzie College, S.G.Germânia e S.C. Internacional. Começava nesse momento a relação do futebol com o estado de São Paulo, tanto que em 14 de dezembro de 1941 foi criada a Federação Paulista, com o objetivo de profissionalizar o esporte dentro do estado e estabelecer medidas para conseguir gerenciar de maneira digna e correta o futebol estadual, para isso foram criadas algumas responsabilidades, que a Federação haveria de cumprir, seguem estas listadas abaixo: Dirigir o futebol do Estado de São Paulo, incentivando sua difusão e aperfeiçoamento, podendo ajudar as entidades de prática desportiva e ligas filiadas a ir ao encontro de sua autossuficiência e de suas necessidades financeiras; Promover a organização e realização de campeonatos, torneios e competições de futebol; Incrementar a cultura física, intelectual, moral e cívica dos desportistas, especialmente da juventude; Contribuir para o progresso material e técnico das entidades de prática desportiva filiadas, que constituem a base da organização desportiva nacional; Promover campanhas educacionais, principalmente para a juventude, incentivando, por meio de trabalhos promocionais ou outro qualquer meio possível, o futebol como espetáculo; Criar e participar, de forma direta, de projetos que tenham como objetivo instituir escolas de futebol em favor da comunidade carente. Tido esses tópicos fundamentais para a prática de um futebol ideal para a federação paulista de futebol, percebemos que nem todos itens são respeitados muito por questões já levantadas neste trabalho, como os interesses, no lucro cada vez maior, por parte das entidades organizacionais, junto a questão da mídia e sua interferência no futebol nacional, isso nos propõe dizer que o modelo de organização do futebol paulista está sucateado e precisa de uma urgente reforma. Principalmente no que diz respeito a corrupção, já que recentemente foram 16

descobertas verdadeiras máfias dentro da FIFA, que envolvem diversas entidades do futebol mundial entre elas, a CBF, com os casos de Ricardo Teixeira e José Maria Marin, ambos expresidentes da entidade e que estavam envolvidos em sistemas grandiosos de corrupção. Ricardo Teixeira ex-presidente da CBF, foi acusado de ter recebido dinheiro, para voltar no Catar como sede da Copa do mundo em que o país estava concorrendo. Já José Maria Marin é acusado de participar de um esquema de direitos de transmissão e marketing. A forte corrupção que vive nosso futebol, junto a questões midiáticas e a incompetência dos cartolas brasileiros que será abordada no próximo tópico, são fatores que veem destruindo o futebol nacional, pouco a pouco. Figura3: Ex-presidente da CBF, que está atualmente preso. 17

2.2. A elite do futebol paulista e os pequenos clubes Hoje quando falamos de futebol brasileiro em roda de conversa, logo surge o futebol paulista no debate, muito por ser um dos mais irreverentes e importantes do Brasil e dono de uma vasta história ao seu redor, um dos estados com maior número de títulos nacionais e internacionais. Que tem quatro clubes de destaque que comandam todas estas conquistas, são eles: Sport Club Corinthians Paulista (SCCP), Sociedade Esportiva Palmeiras (SEP), Santos Futebol Clube (SFC) e São Paulo Futebol Clube (SPFC), juntos estes clubes são responsáveis por grande parte da renda do futebol do estado de São Paulo, fato consequente do grande público que estes clubes têm. Começando pelo SCCP, fundado em 1910 é o segundo time com mais torcedores no país, são aproximadamente, cerca de 27.3 milhões de torcedores, 13,3% do total, tendo média de público no último campeonato brasileiro muito superior à média geral, que foi de 16.555, o Corinthians teve em seus jogos do campeonato Brasileiro média de 28.960 torcedores por jogo ocupando a segunda posição no ranking geral de torcidas elaborado pela Rede Globo de Televisão, apenas atrás do Esporte Clube Cruzeiro, clube que conta com cerca de 6,2 milhões de torcedores no país tem média de 29.678 torcedores por jogo, apesar do pequeno número de torcedores comparado aos clubes de maior torcida no país. O clube que vem logo em seguida é o São Paulo FC, fundado em 1935, o SPFC, conta com a terceira maior torcida do país, são aproximadamente cerca 13,6 milhões de torcedores, 6,8% do total, tendo também média por jogo muito superior à do campeonato brasileiro, são exatamente 28.544 torcedores por jogo, número que chega muito perto ao do Corinthians, apesar do SPFC ter mais que o dobro de torcedores a menos. O terceiro clube da lista é a Sociedade Esportiva Palmeiras, fundada em 1914, a SEP conta com a sétima posição no ranking geral de média de público, são aproximadamente cerca de 10,6 milhões de torcedores, 5,3% do total, tendo média de público por jogo de exatamente 19.755 torcedores, ficando abaixo de clubes com número de torcedores inferiores, como Grêmio e Internacional. Ocupando a última posição do quarteto de ferro do estado de São Paulo, aparece o Santos Futebol Clube, o conhecidíssimo clube do Rei Pelé, que teve sua fundação em 1912, o SFC não é um clube de muitos torcedores são aproximadamente 4,8 milhões, de torcedores, 2,4% do total, o clube ocupa no ranking de média de público por jogo, a modesta décima posição, 18

com média de público de exatamente 9.243 torcedores por jogo muito distante do pelotão de frente em todos os aspectos, isso muito pelo número inferior de torcedores em relação aos demais clubes do Brasil. Esse contexto junto aos títulos nacionais e internacionais do quarteto de ferro do estado de São Paulo, nos permite visualizar que o futebol paulista é de extrema importância para o futebol nacional, tanto que entre as cinco principais receitas de clubes de futebol em 2014, três clubes dos cinco eram paulistas, entre eles estavam Corinthians, São Paulo e Palmeiras. Sendo que os quatro clubes de somados tiveram faturamento em 2014 de 931 milhões, valores somados entre vendas e uso de direitos de imagem, vendas de jogadores, camisetas entre outros itens que trazem lucro aos clubes. Importante notar que entre estes clubes no ano de 2013 e 2014 apenas a SEP teve aumento positivo nas suas arrecadações aumentou seus rendimentos em 66.4milhoes de reais, enquanto Corinthians, São Paulo e Santos tiveram déficit, que somado chega exatamente 187.6 milhões de reais. O que também não foi positivo para os clubes em 2014 foi o crescimento da dívida de todos os clubes paulista citados nesse tópico, a dívida dos clubes somadas chegam ao preciso número de 1.360.4 bilhões de reais em valores de dívidas tributarias, time mania, compra de jogadores, dívidas bancárias entre várias outras dívidas, que esses clubes se envolveram ao longo do tempo que vão se formando em uma espécie de bola de neve sem fim, através dos juros, que são o que os clubes conseguem pagar hoje em dia. O interessante é saber como estes clubes entraram nesse caos econômico que não é nada recente. Um fato que tem responsabilidade principal por esta crise financeira nestes clubes é o modo em que os dirigentes brasileiros começaram a tratar os clubes, investindo verdadeiros caminhões de dinheiros em jogadores que tem salários que não condizem com a realidade do futebol nacional, como foram os casos dos jogadores Ronaldo no Corinthians, Robinho no Santos entre muitos outros jogadores que retornaram para o futebol nacional, ganhando salários milionários, dirigentes gastam sem nenhuma contrapartida, responsabilidade e quando acabam seus mandatos deixam seus clubes em péssimas situações financeiras, tornando assim um ciclo cultural vicioso no futebol brasileiro, que só terá um fim caso o a medida do bom senso futebol clube entre como lei primordial no país. Outro fato que contribuiu para a crise financeira dos clubes foi a Copa do Mundo, com o forte investimento de clubes como o Corinthians e Palmeiras que inauguram seus novos estádios no ano de 2014, trouxeram mais 19

um gasto, no qual não houveram planejamentos adequados com as atuais condições financeiras dos clubes. Mas se conseguíssemos trocar de lado e analisar o outro lado da moeda, clubes de menor expressão no futebol paulista hoje, mas que já foram verdadeiras potências e exemplos a serem seguidos, estão hoje em situações financeiras horríveis, em decorrência das más administrações que estes clubes tiveram, dirigentes que fizeram e fazem o mesmo com clubes de maior prestígio, porque não ocorre um colapso total no futebol nacional, já que todos devem, e alguns verdadeiras fortunas? Para entendermos esse contexto, são necessários alguns casos, de clubes de tradição, mas que hoje vivem péssimos momentos financeiros, são os principais casos, o São Caetano Esporte Clube, que chegou a disputar a final do campeonato sul americano mais importante do país, a Copa Libertadores da América, jogou a primeira divisão, entre outros grandes campeonatos, graças a investimentos privados e públicos, mas que hoje conta com elenco modesto e participa apenas da quarta divisão do futebol nacional.o Guarani Futebol Clube e a Associação Portuguesa de Desportos são outros dois casos, muito parecidos, mas diferentes do São Caetano, pois não foi injetado dinheiro nesses clubes, sempre mantiveram o padrão como acontece com o quarteto paulista, mas com menor expressão claro. O grande momento conturbado destes clubes hoje é consequência também claro das péssimas gestões administrativas, já citadas acima. Mas com um fator que interfere diretamente, nesse momento que vivem esses clubes com menor popularidade, a quantidade de recursos e visibilidade que esses ganham comparados aos clubes aclamados pela mídia. Uma vez que entram em más gestões administrativas, é quase que impossível se recuperarem novamente, pois não contam com tantos recursos financeiros, nem apoio da mídia, que ganharia pouco, ajudando a salvar as finanças destes clubes, e preferem investir ainda mais nos maiores, como o quarteto paulista. Através das cotas de TV, que são distribuídas pela quantidade de audiência que estes clubes trazem, compondo assim um modelo de exclusão dos clubes de menor expressão midiática. Este processo caminha para ser de vez a consolidação dos clubes de elite que estão caminhando, para acabar com toda a tradição de um futebol tão vitorioso, um dos mais importantes do país. Estes são alguns dos fatores que nos fazem pensar a crise do futebol paulista e que deixa todos preocupados, mas como decorrer sobre uma solução administrativa complexa como está? Para 20

propor o entendimento e solução da crise. Nada melhor do que analisar o clube referência em administração do futebol mundial, o FC Barcelona, clube que conseguiu revolucionar a maneira de se pensar o futebol no campo administrativo, apesar de ter uma liga que contribuiu, para isso. 21

2.3. O modelo de administração do FC Barcelona. Hoje encontrar modelos de excelente administração dos recursos dos clubes de futebol em nosso país é impossível, tido que todos os grandes clubes do país tem dívidas altíssimas e que chegam todas as casas dos milhões. Diferentes de alguns clubes europeus, que claro contam com maiores recursos, mas sabem administrar muito bem o dinheiro que ganham, já que tem gastos proporcionais ao valor que arrecadam e não comprometem o dinheiro do clube, mantendo assim um modelo consistente de administração. O Maior exemplo de excelente administração dentro do futebol é o FC Barcelona, clube grandiosíssimo, que conta com uma grande estrutura futebolística, em consequência da boa gestão administrativa, e que reflete em títulos, como acontece desde que o presidente responsável pela mudança, Ferran Soriano assumiu a direção do clube em 2003 e implantou o modelo de administração, clube empresa. O Barça sob sua gestão foi campeão europeu duas vezes e tricampeão espanhol, o que não acontecia a alguns anos. Para justificar o modelo adotado de gestão, Ferran Soriano diz que não existe uma fórmula mágica de gestão administrativa, ele afirma: Toda equipe precisa ser guiada como uma empresa. O rigor é indispensável. Em sua fala Soriano se refere ao modelo clube empresa adotado em sua gestão, e que fez com que o Barça entrasse no seleto grupo dos maiores clubes de futebol do mundo. O modelo clube empresa consiste, como o próprio nome diz, em administrar e gerir o clube de futebol, como uma empresa. O futebol é um meio que movimenta grandes quantidades de dinheiro, com pagamento de funcionários, atletas, rendas de jogos, custos com estruturas, viagens, estadias, direitos de imagem, marketing, vendas de jogos para TV aberta, fechada e, per pay view entre tantos outros itens que somam despesas e lucros, que o clube teria para conseguir se sustentar com suas próprias forças, sem depender de meios externos e sem claro sem gerar grandes dívidas, sendo administrado como uma grande corporação, com muito rigor, inteligência e pouquíssima emoção. Esse último fator é crucial, já que faz com que, não só o futebol, mas o esporte exista, a emoção, trazida pela torcida, que constrói o esporte e não pode perder seu lugar dentro do futebol. Casos como este estão sujeitos a ocorrer, no modelo clube empresa, mal formulado, como alguns clubes que contam com investimentos privados de pessoas físicas, como acontece com o Paris Saint German (PSG), clube que foi adquirido por um empresário que injeta verdadeiras fortunas dentro do clube, para esse assim conseguir contratar grandes jogadores e virar um clube de extrema 22

importância. Esse modelo de administração do PSG parece ser muito interessante, mas cabe uma análise muito mais precisa, em um primeiro momento parece um excelente plano, o clube tem sempre muito dinheiro em caixa e consegue montar fortes elencos, assim conseguindo um dos objetivos fundamentais do futebol, a conquista de títulos, já o lado negativo fica pelo fato de o clube depender inteiramente do seu dono, caso ocorra uma eventual saída de seu mandatário o clube passará por um momento turbulento e certamente por uma administração rígida e que execute as verdadeiras etapas para se evitar uma crise. Como está implícito em seu livro: a bola não entra por acaso, Ferran Soriano deixa claro que o futebol evoluiu e não pode ser gerido da mesma forma, irresponsável e que contribua com a corrupção dentro do futebol, medida que o Bom Senso FC defende atualmente em todo o Brasil, um clube de futebol não pode almejar, nem conquistar, ou se manter no esporte se não for gerido como uma empresa, com devidas responsabilidades. Claro sem esquecer que o modelo traz alguns malefícios, como a distribuição de cotas de TV, corrupção entre outros, mas que podem ser resolvidos com pequenas medidas dentro do modelo organizacional do futebol brasileiro. Toda equipe precisa ser guiada como uma empresa. O rigor é indispensável. (SORIANO, Ferran) 23

3. Conclusão Com o desenvolvimento desta tese, é possível entender que atualmente o futebol brasileiro, passa por uma enorme crise financeira, que é refletida dentro de campo, com baixos e constantes níveis técnicos, apresentados na maioria das partidas, o que nos mostra de maneira exata, as consequências da crise dos clubes. Essa tem como fatores ponderastes e percussores a mídia, as entidades organizacionais do futebol nacional e ás más gestões de dirigentes no comando de seus clubes, claro contando tudo com o fator principal, a corrupção. Tudo funciona da seguinte maneira: A mídia coloca seus interesses acima dos clubes, e consegue isso em acordos informais e corruptos, junto as entidades que organizam o futebol no país, que tem seus mandatários favorecidos, Esses que acabam por corromper os dirigentes dos clubes, que também não fazem os investimentos corretos com os recursos destinados a eles, gastam além do que podem, e endividam o clube, que tem suas próximas gestões presas a uma enorme dívida e submissa aos interesses da mídia, dificultando o pagamento da dívida e até a manutenção do clube. O modelo Clube Empresa busca descontruir, todo esse sistema mal formulado do futebol brasileiro e profissionalizar realmente o futebol no Brasil. O modelo consiste na administração dos clubes como uma empresa, tendo o modo de funcionamento parecido, com as finanças organizadas e devidamente relatadas, com um sistema de consulta de investimentos, como contratações de jogadores, negociações de marketing entre outros, a diferença é que o clube não pode ser tratado 100% como uma empresa, já que seu torcedor é produto indispensável e deve ter suas tradições com o clube mantidas, o clube não pode perder sua identidade e o jogador não deve ser tratado também como um simples funcionário, já que é uma das características mais importantes de um clube de futebol. Tido este modelo de administração como ideal, também será necessário um conjunto de legislações como propõe o Bom Senso FC para que seja estabelecida a culpa aos cartolas que investirem de maneira inadequada e indevida os recursos financeiros dos seus clubes, junto a isso é necessário também a criação de um sistema de organização dos clubes para imporem os seus direitos e de seus torcedores sobre a mídia. Desta maneira o futebol brasileiro caminharia para a sua profissionalização administrativa e só teria a evoluir, com um campeonato equilibrado, diferentemente do Espanhol, onde apenas dois clubes disputam o título, Barcelona e Real Madrid, na maioria das temporadas, analisando os últimos 20 anos. O Campeonato brasileiro superaria os demais e viraria referência mundial. Tudo através de uma inovação administrativa. 24

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