PROF. JOSEVAL MARTINS VIANA PRÁTICAS ABUSIVAS - ARTIGO 39 DO CDC

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Transcrição:

PRÁTICAS ABUSIVAS - ARTIGO 39 DO CDC Curso de Pós-Graduação em Direito do Consumidor - Módulo: Introdução ao Direito do Consumidor - Aula n. 27 1

2 - Recusa de atendimento O fornecedor não pode se recusar a atender às necessidades do consumidor se houver produtos no estoque e, ainda, de conformidade com os usos e costumes. 2

Usos e costumes são as práticas habituais em determinado lugar, com natureza de normas gerais, que suprem a omissão da lei e se incorporam ao direito consuetudinário. 3

Direito consuetudinário é o direito que surge dos costumes de uma certa sociedade, não passando por um processo formal de criação de leis, no qual um poder legislativo cria leis, emendas constitucionais, medidas provisórias etc. 4

LEI Nº 1.521, DE 26 DE DEZEMBRO DE 1951. Altera dispositivos da legislação vigente sobre crimes contra a economia popular. Ler o artigo 2º da Lei - Inciso I - recusar individualmente em estabelecimento comercial a prestação de serviços essenciais à subsistência; sonegar mercadoria ou recusar vendê-la a quem esteja em condições de comprar a pronto pagamento; 5

O consumidor pode comprar todas as mercadorias da prateleira, bem como exigir a venda da única peça em exposição na vitrina. 6

3 - Entrega sem solicitação do consumidor É vedado ao fornecedor enviar ou entregar qualquer produto ou fornecer qualquer serviço sem solicitação prévia. 7

Súmula 532 STJ Constitui prática comercial abusiva o envio de cartão de crédito sem prévia e expressa solicitação do consumidor, configurando-se ato ilícito indenizável e sujeito à aplicação de multa administrativa. Publicação - DJe em 8/6/2015. 8

DANO MORAL. PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS. CARTÃO DE CRÉDITO. ENVIO SEM PRÉVIA SOLICITAÇÃO. 1. O mero envio de cartão sem a prévia solicitação não gera dano moral "in re ipsa". 2. Não tendo notícias de efetivo abalo psicológico do autor, mas, somente, meros aborrecimentos, não cabe indenização. Recurso não provido. (TJSP; Apelação Cível 1005479-31.2018.8.26.0032; Relator (a): Melo Colombi; Órgão Julgador: 14ª Câmara de Direito Privado; Foro de Araçatuba - 5ª Vara Cível; Data do Julgamento: 09/05/2019; Data de Registro: 09/05/2019) 9

O mesmo se aplica à amostra grátis, não havendo obrigação de pagamento. 10

O art. 39, parágrafo único, do CDC dispõe que o produto e o serviço enviado ou entregue sem solicitação tornam-se gratuitos, equiparando-se às amostras grátis que os fornecedores utilizados para promover seus produtos ou serviços. Exemplo: enviar um livro. 11

4 - Prevalência da excepcional vulnerabilidade do consumidor O fornecedor não pode prevalecer-se da fraqueza ou ignorância do consumidor em razão da idade, saúde, conhecimento ou condição social a fim de obrigá-lo a adquirir seus produtos ou serviços. 12

O consumidor é vulnerável e hipossuficiente na relação de consumo. Nessa relação, ele é o mais fraco, especialmente pelo fato de que não tem acesso às informações que compõem o processo produtivo, que gera os produtos e os serviços. 13

É conhecida a prática abusiva dos hospitais que exigem toda sorte de garantias da família do doente que está para ser internada. 14

Proteção do Idoso Estatuto do idoso - Lei n. 10.741/03 Prioridade no atendimento Direito à saúde 15

Apelação. Contratos bancários. Ação revisional de contrato de empréstimo bancário com pedido de tutela de urgência. Pedido certo e determinado. Interesse de agir da autora verificado. Preliminares rejeitadas. Descontos superiores a 30% dos vencimentos líquidos da autora. Inadmissibilidade. Observância ao princípio da razoabilidade e do caráter alimentar dos vencimentos. Danos morais não requeridos pela autora. Pedido de redução da verba honorária. Cabimento. Sentença de parcial procedência mantida. Sucumbência recíproca Recurso conhecido em parte e, nesta parte, parcialmente provido. (TJSP; Apelação Cível 1000979-69.2018.8.26.0177; Relator (a): Pedro Kodama; Órgão Julgador: 37ª Câmara de Direito Privado; Foro de Embu-Guaçu - Vara Única; Data do Julgamento: 13/05/2019; Data de Registro: 13/05/2019) 16

DOS BANCOS DE DADOS E CADASTRO DE CONSUMIDORES 17

O SPC (Serviço de Proteção ao Crédito) está ligado à Confederação Nacional dos Dirigentes Lojistas (CNDL) e detém em torno de 70% do mercado brasileiro de informações de crédito de consumo. 18

SERASA - Centralização de Serviços dos Bancos S.A. - empresa que possui quase 300 mil clientes diretos e indiretos, atendendo mais de um milhão de consultas ao dia. 19

Crédito - Negativados e bancos de dados. As relações entre consumidores e instituições financeiras estão subordinadas ao CDC. 20

Relação jurídica de consumo e relação contratual de consumo. Bancos de dados: o consumidor é sempre tutelado. Os bancos de dados põem em risco garantias constitucionais. Artigo 5º, inciso X, da CF: são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito de indenização pelo dano material ou moral decorrentes de sua violação. 21

O mau funcionamento dos arquivos de consumo ameaça, primeiramente, o direito à privacidade, por isso cada indivíduo pode reclamar quando houver desrespeito à sua vida particular. 22

Além disso, formalmente ameaçado é o direito à imagem, tão caro nos modelos jurídicos da atualidade. A idoneidade financeira sempre foi [...] um componente essencial da honorabilidade do ser humano. Grinover, Ada Pellegrini. 23

Direito à liberdade: nome negativado impede a pessoa de obter crédito. 24