Os Jogos de Empresas como Recurso Didático na Formação de Administradores

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Transcrição:

Os Jogos de Empresas como Recurso Didático na Formação de Administradores Magda Raquel G. F. dos Santos (EA/UFRGS) mrgfsantos@ea.ufrgs.br Siusiane Lovato (EA/UFRGS) slovato@ea.ufrgs.br

Objetivo do Artigo Este trabalho tem caráter exploratório e visa levantar os principais pontos fortes e fracos da utilização de jogos de empresas na formação de administradores a partir da literatura sobre o tema.

Contexto Há demanda por IES que preparem os futuros administradores para lidarem efetivamente com processos de comunicação, tomada de decisão e mudança organizacional (RAMOS, 2001). [...] as empresas precisam muito mais de pessoas capacitadas a tomar decisões e a serem empreendedoras do que meros operários incapazes de criar ou decidir por si mesmos (VICENTE, 2001, p. 8).

Jogos de Empresas São uma modalidade de simulação, que consiste em termos amplos, de um modelo operacional, dinâmico, de algum aspecto da realidade; Os participantes assumem o papel de um tomador de decisões em uma organização empresarial, um CEO (Chief Executive Officer), diretor de empresa ou gerente de algum setor. O objetivo é resolver um problema ou simplesmente gerenciar a posição por certo tempo (VICENTE, 2001).

Jogos de Empresas (cont.) Permite simular uma empresa que é um sistema complexo com recursos físicos, processos, pessoas, produtos, clientes e, normalmente, opera num ambiente competitivo; Desenvolve habilidades de ordem prática a partir da base conceitual já construída pelo professor, num curto espaço de tempo

Jogos de Empresas (cont.) Alternativa didática para levar o estudante a desempenhar, em representações de situações administrativas, vários papéis comparáveis aos do sistema real, privilegiando o aprender fazendo num ambiente simulado (RAMOS, 2001). Não visa apenas simular o funcionamento de uma empresa, mas a forma de gerenciamento interno e o relacionamento externo (BERNARD, 2006).

Uso de Jogos de Empresas na Formação de Administradores [...] um dos pressupostos básicos das simulações empresariais [jogos de empresas] é que estas devem reproduzir os principais desafios da gestão empresarial, fazendo com que o aluno tenha oportunidade de praticar, em uma realidade simulada, o conteúdo teórico abordado nas diversas disciplinas que compõe sua formação (FREITAS E SANTOS, 2005, p. 2).

Uso de Jogos de Empresas na Formação de Administradores (cont.) O uso de jogos de empresas na Graduação de Administração atende a uma exigência do Ministério da Educação (MEC). Resolução CNE/CES nº. 1/2004: determina que o projeto pedagógico deva fazer uma integração entre a teoria e a prática

Tecnologia O avanço tecnológico também influi no crescimento, em virtude do desenvolvimento de softwares mais práticos, interativos, envolvendo mais variáveis e a disponibilidade de hardwares mais difundida, com capacidades de processamento maiores e acesso à internet mais amplo.

Desafio na Formação de Administradores Pode-se observar que as escolas têm enfrentado dificuldades em preparar administrador para a profissão, em estabelecer um nível de educação formal que se possa considerar plenamente satisfatório, tanto do ponto de vista do recém-formado quanto do ponto de vista das empresas que o acolhem (SAUAIA, 1995, p. 5).

Suporte para a compreensão do mundo dos negócios Ajudam a perceber a realidade de um ponto de vista dinâmico, fugindo aos modelos clássicos ensinados nas salas de aulas e na maioria dos livros; Atraem e fascinam fazendo com que aprender se torne um hábito prazeroso, em vez de um processo penoso e sacrificante. (VICENTE, 2001)

Pontos Fortes Freitas e Santos (2005) Facilita o processo de aprendizado; Promove múltiplas representações da realidade e representa a complexidade natural do mundo real; Promove um ambiente de aprendizado com ênfase na realidade empresarial, em detrimento de seqüências de informações pré-determinadas; Possibilita a prática reflexiva e a construção colaborativa de conhecimento através das interações sociais.

Pontos Fracos Freitas e Santos (2005) É desaconselhável se não for associado com outras técnicas ou metodologias de ensino, visto que as simulações não encerram um fim em si mesmo.

Pontos Fortes Arbex et al. (2006) Proporciona a união entre teoria e prática; Estimula o aprendizado e motiva os alunos; Proporciona uma visão sistêmica, interdisciplinaridade e o aprendizado em um ambiente que mescla competição e cooperação; Estimula o raciocínio analítico, o planejamento e o processo de elaboração de estratégias; Facilita o treinamento em áreas específicas da empresa.

Pontos Fracos Arbex et al. (2006) Tem alto custo de aquisição do software; Falta de infra-estrutura para realizar tal atividade na IES; Deficiências do software (interface pouco atrativa e baixa capacidade de simulação, apresentando poucos recursos e deixando de fora alguns aspectos relevantes); Falta de conhecimento do software pelo professor que aplica a atividade.

Pontos Fortes Lopes (2001) Desenvolvimento de habilidade cognitivas fundamentais para a gestão de negócio; Cria uma postura ativa e uma maior disponibilidade e atenção dos alunos; Os erros e acertos contribuem para ampliar a compreensão das práticas gerenciais.

Pontos Fracos Lopes (2001) A complexidade de desenvolver um jogo novo e de compreender um jogo pronto; Falta de professores com perfil adequado para coordenar a atividade; O animador deve ser um profundo conhecedor do modelo e das relações entre as variáveis; Dificuldade de adaptar o modelo às mudanças ambientais que se refletem nas estratégias.

Pontos Fortes Martinelli (1988) Feedback constante entre os participantes; Alto realismo para os participantes; Abrange extensa faixa de problemas de gerenciamento; Procura o desenvolvimento dos participantes em razão das suas necessidades; Adaptabilidade entre diferentes finalidades.

Pontos Fracos Martinelli (1988) Não definir claramente os objetivos a que se propõem; Fatores externos serem pouco contemplados; Simplificação da realidade para que seja possível a simulação.

Pontos Fortes Bernard (2006) Proporcionando uma visão holística da empresa; Compacta o tempo para que o aluno possa ver os resultados esperados em poucas horas; Familiariza o aluno com ferramentas de tomada de decisão; Identifica e trabalha aspectos comportamentais como liderança e trabalho em equipe.

Pontos Fracos Bernard (2006) O efeito videogame onde o aluno busca apenas a vitória do jogo; A simulação é simplificação do funcionamento de uma empresa e não dispõem de todas as variáveis como as qualitativas; O custo elevado do software na compra e na manutenção.

Pontos Fortes Sauaia (2006) Permite assimilar princípios que são integrados e aplicados em novas situações; Submete os participantes às forças competitivas, econômicas, legais, sociais e políticas; O participante tem controle de suas ações e acompanha o resultado produzido por suas decisões; A vivência não pressupõe vivência em uma empresa real; Alto grau de satisfação e aprendizagem pelos participantes.

Pontos Fracos Sauaia (2006) Modelo excessivamente complexo para alunos e professores; Condução por professores despreparados.

Conclusões Confirma-se a grande importância da utilização dos jogos de empresas como instrumento didático na formação de administradores. Por meio dos jogos, as IES têm a oportunidade de habilitar o aluno para o mercado de trabalho.

Conclusões (cont.) Os jogos integram a teoria à prática, oportunizam aos alunos vivenciar os conceitos aprendidos em sala de aula o mais próximo do real, preparando-os para o mercado de trabalho. No entanto, não devem tomar o lugar de outros métodos educacionais, mas somar esforços e complementá-los para suprirem as deficiências na educação tradicional.

Alternativas para aumentar o uso Incentivar o desenvolvimento de jogos de empresas nas IES, e que estes sejam softwares livres para que outras instituições também o utilizem sem custos de aquisição. Criar redes de professores interessados no método para que possam ampliar os estudos sobre o tema, treinar suas habilidades com os jogos de empresas e a sua vinculação com os conceitos abordados em sala de aula.

Preparação para o uso A partir da identificação de pontos fortes e fracos na utilização dos jogos de empresas em sala de aula, é possível desencadear ações no sentido de melhorar a técnica, treinar as pessoas envolvidas, dominar a tecnologia e evitar experiências mal sucedidas.

Futuros Trabalhos Verificam-se perspectivas de ampliação do trabalho, dentre os quais, um estudo em IES na qual professores já utilizam os jogos de empresas na formação de administradores, abrangendo as percepções dos envolvidos a respeito desse recurso didático.