Turma e Ano: Responsabilidade Civil/2016 Matéria / Aula: Responsabilidade Civil/Aula 13 Professor: Rafael da Mota Mendonça Monitor: Amana Iquiene da Cunha Silva Aula 13 Observação número quatro sobre a contagem do prazo de 30 dias se o fornecedor devolve o bem com o mesmo problema ou com outro problema. Aqui há três correntes bem definidas. A primeira corrente diz para nós que são concedidos 30 dias para cada vício que aparecer. Então, se, por exemplo, o fornecedor realizar o reparo em dez dias e, posteriormente, o produto apresentar o mesmo vício, o fornecedor tem mais 20 dias para efetuar o reparo. Notem que é uma posição mais conservadora que visa beneficiar o fornecedor. No produto apareceu o vício A. Depois de retornar para o consumidor, ele volta a apresentar o mesmo problema. Por essa corrente, o fornecedor terá mais 20 dias para resolver este problema. Para essa primeira corrente, se o fornecedor sana o vício A e ao retornar para o consumidor o produto passa a apresentar o problema B, será preciso apresentar novamente o produto ao fornecedor, que terá mais 30 dias para sanar o vício B. Essa orientação, na opinião do professor, retira totalmente a razão de ser do Código de Defesa do Consumidor. A segunda corrente vai dizer para nós que são concedidos 30 dias para cada vício que aparecer. Se o mesmo vício retornar, mesmo que o primeiro vício reapareça em prazo inferior a 30 dias, não será concedido mais prazo com base na quebra da confiança que se estabelece entre fornecedor e consumidor. Se, no vício A, o fornecedor devolve em 10 dias e depois reaparece o mesmo vício A, ele não terá mais 20 dias de prazo para substituir a parte viciada. Essa, na opinião do professor, é uma orientação mais mediana, que favorece tanto ao consumidor quanto ao fornecedor. Então, serão 30 dias para cada vício que ocorrer. A terceira corrente, mais favorável para o próprio consumidor, dirá que o fornecedor tem apenas uma oportunidade de sanar o vício. Então, se surgiu o vício A, ele tem 30 dias para substituir as partes viciadas. Se ele me devolve e aparece o vício B, eu já posso demandar contra ele exigindo uma das hipóteses do art. 18, 1º, CDC. Então, aqui o fornecedor tem uma oportunidade de sanar o vício que apareceu primeiro e todos os outros que venham a aparecer. Eu não posso ficar toda hora sanando vicioszinhos. Por essa corrente o fornecedor tem 30 dias para sanar os vícios em geral. É uma orientação bem pró-consumidor.
A orientação majoritária é essa terceira. É a que mais se encontra nos manuais de responsabilidade civil e é a que, segundo o professor, mais se coaduna com a razão de ser do CDC. É aquela que tem maior proximidade com a questão principiológica do CDC. Ainda em vício do produto, uma quinta observação diz respeito às perdas e danos. Notem que nas hipóteses de reponsabilidade por vício do produto eu vou exigir substituição das partes viciadas ou abatimento do preço do produto, mas isso não exclui a possibilidade que o consumidor tem de exigir as perdas e danos que decorram desse vício do produto. Ora, as hipóteses do 1º do art. 18, CDC não vão revestir de proteção o consumidor das perdas e danos, motivo pelo qual não se exclui que elas sejam também exigidas pelo consumidor. Então, mesmo que o vício do produto tenha sido solucionado pelo fornecedor no prazo legal de 30 dias, não se exclui, em hipótese alguma, a possibilidade de o consumidor exigir o pagamento de perdas e danos. Podemos exemplificar com o caso em que o fornecedor privou o consumidor do uso da coisa pelo período de 30 dias em que realizou a substituição das partes viciadas, hipótese em que o exercício regular de um direito enseja indenização das pessoas lesadas. Então, notem que, quando o fornecedor fica com o produto durante 30 dias para substitui as partes viciadas, ele está no exercício regular de um direito reconhecido. Ninguém tem dúvida disso. O fornecedor, nesse caso, não está praticando ilícito. Por exemplo, eu comprei um carro que veio com uma parte viciada. Levei no fornecedor para trocar a parte viciada. Enquanto o carro fica com o fornecedor eu tenho que pagar táxi, ônibus, pagar alguém para levar meu filho para a escola, etc. Então, houve alguns danos pelo tempo que o carro ficou com o fornecedor para efetuar a substituição da parte viciada. Houve algum ato ilícito praticado pelo fornecedor até aqui? Não. Mas me causou um dano? Sim. Então ele está no exercício regular de um direito. É admitida responsabilidade civil pela prática de atos lícitos? Nós já vimos quando estudamos o art. 188, CC que, via de regra, não, salvo nas hipóteses de estado de necessidade (art. 188, II c/c art. 929 e art. 930, CC). Aqui temos uma outra hipótese. As perdas e danos são devidas sempre, ainda que ocorridos dentro do prazo legal que o fornecedor tem para ficar com o bem e substituir a parte viciada, ou seja, por mais que o fornecedor esteja no exercício regular de um direito reconhecido. Essas foram as observações que o professor considera importantes e passíveis de serem cobradas em provas.
2) Vício do serviço art. 20 do CDC Art. 20. O fornecedor de serviços responde pelos vícios de qualidade que os tornem impróprios ao consumo ou lhes diminuam o valor, assim como por aqueles decorrentes da disparidade com as indicações constantes da oferta ou mensagem publicitária, podendo o consumidor exigir, alternativamente e à sua escolha: I - a reexecução dos serviços, sem custo adicional e quando cabível; II - a restituição imediata da quantia paga, monetariamente atualizada, sem prejuízo de eventuais perdas e danos; III - o abatimento proporcional do preço. 1 A reexecução dos serviços poderá ser confiada a terceiros devidamente capacitados, por conta e risco do fornecedor. 2 São impróprios os serviços que se mostrem inadequados para os fins que razoavelmente deles se esperam, bem como aqueles que não atendam as normas regulamentares de prestabilidade. Todas essas hipóteses podem ser exigidas de imediato, não sendo necessário esperar 30 dias para substituição das partes viciadas, uma vez que não se trata de vício do produto, mas do serviço, então não há que se falar em substituição de parte viciada. Pode-se então exigir de pronto todas as hipóteses do art. 20, CDC. Uma primeira observação que se pode fazer a respeito do tema é que se trata de responsabilidade civil objetiva, por mais que não seja dito expressamente, uma vez que é a regra na seara consumerista. Quando o legislador quis excepcionar essa regra, ele o fez expressamente. Importante ressaltar que a responsabilidade pelo vício do serviço é objetiva até mesmo para os profissionais liberais, não se aplicando a exceção do art. 14, 4º do CDC. Este é aplicado apenas para fato do serviço. Essa é uma orientação majoritária. É claro que há outras posições minoritárias às quais o professor mencionará quando da análise do próprio art. 14, CDC. A responsabilidade por vício do produto ou do serviço é solidária. Então, todos que, de alguma forma, compõem a cadeia produtiva devem responder pelos vícios do serviço. Embora não esteja expresso que a responsabilidade é solidária, seguindo a mesma lógica da responsabilidade objetiva, esta é a regra nas relações de consumo, regra esta que está presente no art. 7º, parágrafo único e no art. 25, 1º, CDC. O professor ressalta que essa legislação consumerista ganhou o nome de código porque ela dá uma disciplina organizada, codificada. Então, do art. 1º ao art. 7º, CDC, o que temos são disposições gerais das relações consumeristas. Do art. 7º em diante temos disposições específicas sobre os contratos, sobre a responsabilidade civil, sobre o consumidor individualmente e coletivamente em juízo, etc. No que diz respeito do art. 1º ao 7º há disposições gerais que concernem à toda a disciplina consumerista como o conceito de consumidor, fornecedor, direitos básicos do consumidor,
princípios de uma relação consumerista, etc. Nessa esteira, nós temos no art. 7º, parágrafo único, a regra da responsabilidade solidária. Então, aqueles fornecedores que participam de uma cadeia produtiva respondem solidariamente pelos vícios do produto e do serviço. Quando o legislador quiser excepcionar essa regra deve fazê-lo de forma expressa. É a mesma linha de pensamento para a responsabilidade objetiva. Tanto que no vício do produto o professor se referiu ao 5º como uma forma de excepcionar a responsabilidade daqueles fornecedores. Aqui, portanto, ocorre o mesmo. Visto isso, cabem algumas observações importantes. Uma primeira observação com relação com art. 20, CDC, diz respeito às opções do consumidor nos vícios de qualidade do serviço. Nesses vícios em que o serviço não foi prestado da maneira como contratado, vejamos o que o consumidor pode fazer: Art. 20 {...} I - a reexecução dos serviços, sem custo adicional e quando cabível; II - a restituição imediata da quantia paga, monetariamente atualizada, sem prejuízo de eventuais perdas e danos; III - o abatimento proporcional do preço [...] Sobre a reexecução do serviço, é admitida desde que o inadimplemento seja relativo. Lembrando, o inadimplemento relativo ocorre quando o credor, nesse caso, consumidor, ainda tem interesse no cumprimento da obrigação, ou seja, o resultado prático da obrigação ainda lhe interessa. Por isso, o consumidor pode exigir a execução específica da obrigação principal previamente acordada. Ao contrário do inadimplemento absoluto, no qual o credor/consumidor não tem mais interesse no cumprimento da obrigação, restando-lhe apenas exigir perdas e danos. Então, a reexecução do serviço é admitida desde que o inadimplemento seja aquele que admite a execução específica do que foi previamente acordado. Uma segunda observação diz respeito às opções do consumidor nos vícios de quantidade do serviço. Embora seja muito mais notório percebermos vícios do produto com relação à quantidade e vícios do serviço com relação à qualidade, o oposto é possível em ambos os casos. Tanto que estudamos vícios de quantidade tanto no artigo 18 quanto no artigo 19 do CDC. A doutrina majoritária defende a aplicação analógica dos vícios de quantidade aos vícios do serviço. Então vamos aplicar de forma analógica o art. 19 do CDC que fala de vícios de quantidade ao artigo 20, CDC que fala de vícios do serviço.
Imaginem, por exemplo, um pintor que é contratado para pintar 4 paredes do curso Master Juris por um determinado preço fixo. Ele somente realiza a pintura de 3 paredes. Estas ficaram em perfeitas condições, mas faltou uma parede. Há, nesse caso, vício de quantidade. Vício de qualidade seria as paredes ficarem mal pintadas. Nessa hipótese o consumidor pode fazer uso das opções do art. 19, CDC, de forma adaptada. Por exemplo, nos vícios de quantidade do serviço, o consumidor poderá pedir abatimento do preço, pois se paguei por 4 paredes e ele apenas pintou 3 paredes cabe um abatimento do valor a ser pago. Poderá ainda o consumidor exigir que seja pintada a quarta parede ou, por fim, poderá exigir a restituição imediata da quantia já paga e mais as perdas e danos porque, talvez, sem as paredes devidamente pintadas o curso Master não pôde iniciar as suas aulas e teve que indenizar seus alunos em x% do valor da mensalidade. Essa foi a segunda observação sobre a possibilidade concreta de se exigir reparação por vício do serviço com relação à qualidade nas relações de consumo. Uma terceira observação diz respeito às perdas e danos. Notem que, entre as opções que o art. 20 nos dá, o inciso II é uma opção que diz respeito às perdas e danos. As perdas e danos são devidas sempre e não apenas nessa hipótese do artigo II. Na hipótese do inciso I em que se estabelece a possibilidade de reexecução desde que o inadimplemento tenha sido relativo e no inciso III que fala do abatimento também é possível pedir as perdas e danos. Então, cuidado para não ter a impressão de que as perdas e danos são devidas apenas na hipótese do inciso II porque elas são devidas sempre. Outra observação importante diz respeito ao artigo 21 do CDC. Art. 21. No fornecimento de serviços que tenham por objetivo a reparação de qualquer produto considerar-seá implícita a obrigação do fornecedor de empregar componentes de reposição originais adequados e novos, ou que mantenham as especificações técnicas do fabricante, salvo, quanto a estes últimos, autorização em contrário do consumidor. Então notem que serviços de assistência técnica podem ser prestados de forma defeituosa, viciada, sim. Quando, para substituir uma parte viciada frente a um vício do produto, o fornecedor encaminha o produto para uma assistência técnica e ela substitui a parte viciada por uma determinada peça que não seja original ou que seja usada, ela está cometendo um vício do serviço. Nesse sentido, é possível, sim, haver um vício do serviço quando da substituição.
A inobservância do art. 21 do CDC constitui, inclusive, crime nos termos do art. 70 do CDC: Empregar na reparação de produtos, peça ou componentes de reposição usados, sem autorização do consumidor: Pena Detenção de três meses a um ano e multa. Essa foi a quarta observação. A quinta observação está no art. 22 do CDC: Os órgãos públicos, por si ou suas empresas, concessionárias, permissionárias ou sob qualquer outra forma de empreendimento, são obrigados a fornecer serviços adequados, eficientes, seguros e, quanto aos essenciais, contínuos. Parágrafo único. Nos casos de descumprimento, total ou parcial, das obrigações referidas neste artigo, serão as pessoas jurídicas compelidas a cumpri-las e a reparar os danos causados, na forma prevista neste código. O art. 22 trabalha com órgãos públicos, concessionárias e permissionárias, garantindo a aplicação dos termos do art. 20 para vícios de serviços públicos. Qualquer vício de serviço público é tratado como outro vício qualquer. Então, pessoas jurídicas de direito público que prestam serviço público se submetem a essa disciplina de vício do serviço. Assim como também se submetem as pessoas jurídicas de direito privado prestadoras de serviço público. Há algumas observações importantes a serem feitas a esse respeito. Quando se fala em serviço público, não vamos esquecer das aulas de direito administrativo. O serviço público pode ser uti universi ou uti singuli. Serviço público universal é aquele destinado a todas as pessoas, há destinatários incertos, indeterminados. É o caso dos serviços de saúde e segurança pública. Já os serviços públicos de utilização singular são aqueles em que os destinatários podem ser identificados. São os serviços públicos de transporte, telefonia, luz, gás, etc. Nesses casos os usuários são pessoas certas e determinadas. Serviços públicos de utilização universal só podem ser prestados pela Administração Pública, que é remunerada para a prestação desses serviços através dos impostos. Os serviços públicos de utilização singular podem ser prestados pela Administração Pública, que cobra por eles as taxas - hoje é mais difícil que a Administração Pública preste esses serviços diretamente em razão da desestatização ocorrida na década de 1990 -, sendo realizados, em sua maioria, por um particular. O art. 175, CF é o que permite a delegação de serviço público. Com relação a esse tema, há a lei 8987/95 que fala da permissão e da concessão para o particular realizar o serviço público. Aqui, o particular cobrará a chamada tarifa pública.
Discute-se muito em que hipóteses o CDC incidirá. Existem algumas orientações bem próconsumidor; algumas defensorias públicas adotam essa postura de aplicar o CDC em qualquer das situações explicitadas. Por exemplo, se o serviço público for de telefonia, transporte público, segurança, coleta de lixo, o CDC regulará cada relação, não importando se o serviço público é de utilização universal ou singular. Essa não é a orientação que encontramos na doutrina. Essa é uma orientação que as defensorias públicas tentam indicar. Há, majoritariamente, duas orientações bem definidas. A primeira é capitaneada pela professora Cláudia Lima Marques de que o CDC regula os serviços públicos de utilização singular de forma geral, tanto os prestados pela Administração Pública quanto os que são prestados pelo particular, porque é possível identificar o destinatário e assim estabelecer uma relação de consumo. Já a segunda corrente, mais conservadora e capitaneada pelo professor Sérgio Cavalieri, vai dizer que o CDC regula apenas serviços públicos de utilização singular prestados pelo particular porque nessas relações é que seria possível distinguir uma escolha de qual fornecedor contratar. É claro que a orientação da nossa professora Cláudia Lima Marques é a mais utilizada pela jurisprudência. Portanto, vocês podem defender que o CDC regula a prestação de serviços públicos de utilização particular em geral. Então, quando ao mencionar o art. 22, CDC, o professor está se referindo à possibilidade de aplicação, sim, do art. 20, CDC, ou seja, vícios do serviço, nas hipóteses de prestação de serviços públicos. Sendo assim, o art. 22 aplica o art. 20 às pessoas de direito público ou privadas prestadoras de serviços públicos de utilização singular, segundo orientação majoritária da jurisprudência. O professor gostaria de fazer algumas remissões a partir do artigo 22, CDC. A primeira é para o art. 4º, VII: Art. 4º A Política Nacional das Relações de Consumo tem por objetivo o atendimento das necessidades dos consumidores, o respeito à sua dignidade, saúde e segurança, a proteção de seus interesses econômicos, a melhoria da sua qualidade de vida, bem como a transparência e harmonia das relações de consumo, atendidos os seguintes princípios: [...] VII - racionalização e melhoria dos serviços públicos; Então, é um princípio basilar das relações de consumo que os serviços públicos sejam melhorados.
A segunda remissão que faremos do art. 22, CDC é para o art. 6º, X, CDC: Art. 6º São direitos básicos do consumidor: [...]X - a adequada e eficaz prestação dos serviços públicos em geral. Então, é um direito básico do consumidor ter serviços públicos adequados sendo prestados. Do art. 22, CDC façam também remissão à súmula 407 do STJ: É legítima a cobrança da tarifa de água fixada de acordo com as categorias de usuários e as faixas de consumo. Essa súmula é importante porque termina uma discussão antiga e também porque diz respeito à serviços públicos. Outra súmula importante é a 356 do STJ: É legítima a cobrança de tarifa básica pelo uso de serviços de telefonia fixa. É uma súmula que teve sua importância, mas que hoje não tem tanta por hoje a regra ser a telefonia móvel. Outra súmula importante é a 412 do STJ que assim dispõe: A ação de repetição de indébito de tarifas de água e esgoto sujeita-se ao prazo prescricional estabelecido no código civil. Então o STJ entende que o prazo prescricional específico é o do código civil mesmo serviços de água e esgoto sendo serviços de consumo, uma vez que a hipótese de repetição do indébito tem previsão específica no art. 206, CC com um prazo prescricional extraordinário ali elencado. A última súmula para se fazer remissão com o art. 22, CDC é a súmula vinculante 27 do STF que assim dispõe: Compete à justiça estadual julgar causas entre consumidor e concessionária de serviço público de telefonia quando a Anatel não seja litisconsorte passiva necessária, assistente nem opoente. Então, quando há a Anatel, por ter natureza de agência reguladora federal, a demanda vai para a justiça federal. Quando não há a Anatel, a demanda fica na justiça estadual. A última observação importante sobre vício do serviço está no artigo 23 do CDC: A ignorância do fornecedor sobre os vícios de qualidade por inadequação dos produtos e serviços não o exime de responsabilidade.
Não é preciso demonstrar má-fé do fornecedor. Não é preciso demonstrar que ele conhecia o vício. O fornecedor responderá pelos vícios do serviço independentemente de conhecê-los ou não. Esse artigo 23, CDC aborda, sem dúvidas, a teoria do risco da atividade econômica. Ora, se o fornecedor está tendo acesso a todos os bônus de uma atividade econômica, ele também deve arcar com os ônus dessa atividade. Então, independentemente de o fornecedor ter ou não conhecimento dos vícios de qualidade ou quantidade dos serviços que realiza, responderá por todos eles. Com esse artigo 23, CDC podemos concluir que a teoria dos vícios redibitórios não é aplicada às relações de consumo. Vamos lembrar que o art. 443 do CC diz que, frente à vícios redibitórios, o fornecedor/alienante responde por perdas e danos desde que fique demonstrado que ele conhecia o vício. Então, o nosso alienante responde pelas perdas e danos que decorrem de um vício redibitório desde que o adquirente prove que ele conhecia o vício, ou seja, desde que o adquirente prove a sua má-fé. Já nas relações de consumo, com base no art. 23, CDC, o fornecedor responde pelos vícios do serviço, incluídas as perdas e danos, independentemente de o consumidor demonstrar ou não a sua má-fé, independente do consumidor provar ou não que o fornecedor sabia do vício porque a responsabilidade civil nas relações de consumo é pautada na teoria do risco. Para terminarmos a disciplina dos vícios falta o ponto 3 que diz respeito aos prazos para reclamar vícios do produto e do serviço, ponto esse que será estudado na próxima aula, bem como os fatos do produto e do serviço.