Vacinas e Programas de Imunização

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Transcrição:

Vacinas e Programas de Imunização Eliseu Alves Waldman Departamento de Epidemiologia - Faculdade de Saúde Pública da USP HEP-152 - Epidemiologia das Doenças Infecciosas 2019

Qual foi a importância em saúde pública do sarampo, poliomielite, tétano, difteria, coqueluche e rubéola?

Até a década de 1960 situava-se entre as principais causa de óbito entre crianças menores de 5 anos Desafios atuais Sarampo Casos de sarampo no Brasil. 1980 2012. Pressões para a reintrodução por meio de casos importados Aumento do Intercâmbio internacional Grandes eventos esportivos e religiosos Casos, óbitos e letalidade por sarampo no Brasil, 1980 a 2000 Fonte: SVS/Ministério da Saúde

1980 1981 1982 1983 1984 1985 1986 1987 1988 1989 1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 Óbitos Óbitos 1980 1981 1982 1983 1984 1985 1986 1987 1988 1989 1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 Casos Casos Casos de coqueluche no Brasil, 1980 a 2012. 60.000 50.000 5156 40.000 2070 1.245 848 704 1031 1310 1327 838 793 1275 910 30.000 20.000 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 Ano 427 10.000 Óbitos por coqueluche no Brasil, 1980 a 2010. 0 450 ANO 400 45 40 40 Fonte: SVS/Ministério da Saúde 350 300 250 35 30 25 20 15 10 27 10 12 19 19 21 21 18 18 12 18 200 150 5 0 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 Ano 100 50 0 ANO Fonte: SVS/SIM/DATASUS/Ministério da Saúde

25 I ncidencia por 100.000 hab. FIGURA 5 Incidência da Poliomielite e Mortalidade Infantil. Município de São Paulo. Período de 1933 a 1990 Mortalidade Infantil por 1.000 N.V. 200 20 Mortalidade Infantil 150 15 100 10 5 50 0 33 35 37 39 41 43 45 47 49 51 53 55 57 59 61 63 65 67 69 71 73 75 77 79 81 83 85 87 90 Mortalidade Infantil Incidencia 0 Figura 2: Taxa de mortalidade por poliomielite no município de São Paulo. 1924 1995. Fontes: Museu Emilio Ribas da Sec. da Sa de de SÆo Paulo Fund. Seade

Figura 3: Casos e óbitos por poliomielite. Brasil. 1980 2012. Fonte: SVS/Ministério da Saúde

p/100.000 habitantes-ano Figura 1: Taxa de mortalidade por diarreias em menores de cinco anos de idade. Brasil e macrorregiões Sul e Nordeste. 1980 2011. Mortalidade por Diarréia 40 30 20 10 0 Nordeste Sul Brasil Fonte: SIM/SVS/MS (http://tabnet.datasus.gov.br/cgi/deftohtm.exe?sim/cnv/obt10uf.def). Acesso em 15/04/2014

Resposta Imune Ativa Passiva Natural Infecções clínicas Placenta Infecções subclínicas Leite Materno Artificial Vacinas Soros Imunoglobulinas Anticorpos monoclonais

Princípios da Vacinação Imunidade Ativa Proteção produzida pelo sistema imune da própria pessoa Permanente ou duradoura Imunidade Passiva Proteção transferida por outra pessoa ou animal Proteção temporária

Vacinas e suas caraterísticas As vacinas são preparados biológicos (microrganismos, toxoides, subunidades) São vacinas pasteurianas Estimulam o Sistema imune do organismo a produzirem anticorpos contra determinado agente As vacinas tem por objetivo proteger de forma segura um individuo/população de uma determinada infecção As vacinas devem ser avaliadas antes e após licenciadas para uso rotineiro

Princípios da Vacinação Classificação de Vacinas: Viva atenuada Vírus Bactéria Replicação do agente Inativada Não há replicação Estímulo da imunidade celular e humoral Conferem proteção duradoura

Princípios da Vacinação Vacinas vivas e atenuadas - Forma atenuada (enfraquecida) do vírus/bactéria selvagem - Necessário se replicar para ser efetiva - Resposta imune similar à infecção natural - Em geral, produz imunidade com 1 dose (exceto as orais) - Possibilidade de reações adversas mais graves Viral sarampo, caxumba, rubéola, varicela, febre amarela, rotavírus, pólio oral Bactéria BCG

Células Inteiras Vírus (polio, HepA, raiva) Bactéria (pertussis) Princípios da Vacinação Vacinas Inativadas Frações Proteínas Toxóides (difteria, tétano) Subunidades (influenza, pertussis acelular) Polissacarídeos pura conjugadas Geralmente requerem 3-5 doses Títulos de anticorpos diminuem com o tempo

Polissacarídica pura Pneumococo Meningococo Princípios da Vacinação Vacinas polissacarídicas Não apresentam resposta imunogênica consistente em crianças <2 anos de idade Não há resposta booster Imunogenicidade aprimorada por conjugação Polissacarídica conjugada Haemophilus influenzae tipo b Pneumococo Meningococco T - Dependente Antígenos proteicos Memória celular e humoral persistente T- Independente Antígenos polissacarídicos Não tem memória celular

Princípios da Vacinação Vacinas recombinantes Antígenos vacinais produzidos por engenharia genética (Hepatite B, HPV) Vacinas são produzidas pela inserção de um segmento do gene viral no gene de uma célula de levedura. Essa célula produz o antígeno de superfície da HepB/HPV

Vacinação Simultânea Aplicação de vacinas em diferentes locais ou diferentes vias Ex. BCG e Hepatite B ao nascer

Combinada Vacinação Aplicação de dois ou mais antígenos em um único ponto de aplicação (mesma seringa, mesma agulha) Ex. DPT, Sabin (3 poliovirus), Tríplice viral, Tetravalente (DPT e Hib), Pentavalente (DTP- Hib + HepB).

Conceito de Programa de Imunização Iniciativas que visam alterar a ecologia de determinados agentes infecciosos e o comportamento das doenças a eles associadas, buscando proteger a população humana, mediante a contínua incorporação de novos conhecimentos científicos e tecnológicos às intervenções de saúde pública Chen RT, Orenstein WA. Epidemiologic methods in immunization programs. Epidemiol Rev 1996; 18(2):99-117.

ETAPAS DO DESENVOLVIMENTO DE UMA VACINA Fases do desenvolvimento de vacinas Fase I Edward Jenner 1)Informações preliminares de imunogenicidade (testes laboratório) 2) Avalia efeito dose-resposta e da excreção do agente Fase II - Analisa a imunogenidicidade, os efeitos dose-resposta, a segurança, a excreção do agente e os efeitos adversos

ETAPAS DO DESENVOLVIMENTO DE UMA VACINA Fase III 1) São desenvolvidos estudos de campo na população alvo (abrange centenas a milhares de indivíduos); Edward Jenner 2) Analisa a segurança da vacina, a proteção contra a doença e marcadores de proteção (soro conversão); 3) Estima-se também a eficácia/efetividade do produto, a duração da proteção conferida e observam-se eventos adversos mais frequentes Fase IV Vigilância de Eventos Adversos Pós-Vacina

Programas de Imunização - Intervenção de saúde pública de melhor custo-efetividade - Constitui componente obrigatório dos programas de saúde pública - Os programas de imunização adquirem características distintas em diferentes países - No Brasil as vacinas incluídas no PNI são obrigatórias e de acesso universal e gratuito

Programas de Imunização Principais Objetivos a serem alcançados para o Bom Desempenho 1) Elevadas Coberturas de Vacinação 2) Equidade no acesso 3) Impacto favorável da Intervenção (curto, médio e longo prazo) 4) Segurança de vacinas * 5) Segurança sanitária em situações de emergência em saúde pública *

População Suscetícel

Número Básico de reprodução: R 0 =4

Vacinação em Massa

Vacinação em Massa

Número Básico de reprodução: R < 1

Imunidade de Rebanho Estado imunológico coletivo de uma população Efeito indireto de intervenções

Impacto da Intervenção -Análise de impacto de curto e médio prazo -Análise de impacto de longo prazo Início da Vacinação Casos Período de Lua de Mel 0 Tempo (anos)

Taxas de incidência* da doença meningocócica segundo o sorogrupo da Neisseria meningitidis. Município de São Paulo (SP), de 1998 a 2012. Impacto da Intervenção Introdução da vacina Impacto da vacina conjugada contra o meningococo C no município de São Paulo Taxas de incidência * da doença meningocócica, segundo a faixa etária. Município de São Paulo (SP), de 1998 a 2012. Introdução da vacina Taxas de incidência * da doença meningocócica em menores de cinco anos. Município de São Paulo (SP), de 1998 a 2012. Introdução da vacina Fonte: Conde MTRP 2014; Sinan * 100.000 habitantes-ano

Alteração da imunidade das populações decorrentes da aplicação de longo prazo das novas tecnologias médicas (antibióticos e vacinas)

Equidade no acesso Hipótese da Equidade Inversa* * Victora CG, Vaughan JP, Barros FC, Silva AC, Tomasi E. Explaining trends in inequities: evidence from Brazilian child health studies. Lancet 2000;356:1093 8.

Número de casos e óbitos Novos Desafios do PNI Doenças infecciosas reemergentes Febre amarela Distribuição espacial de epizootias de casos humanos de febre amarela. Brasil. 2000 2010. Pesquisa: -Necessidade de desenvolver nova vacina efetiva e segura Vigilância: - Aumentar a sensibilidade da vigilância da síndrome febril, ictero-hemorrágica - Em populações sentinelas (primatas não humanos) Casos e óbitos por febre amarela. Brasil. 1990 2010. 90 80 70 60 50 40 30 20 10 0 ANO Casos Óbitos Fonte: Ministério da Saúde/SVS Fonte: SVS/Ministério da Saúde

Programa Nacional de Imunizações (PNI): criação em 1973 I - Constitui uma das experiências mais bem sucedidas em saúde pública no Brasil 1) Criou equipes especializadas nas três esferas de poder Faculdade de Saúde Pública 2) Elaborou legislação tornando obrigatória a vacinação da população infantil 3) Criação de Comissões Técnicas Assessoras 4) Aperfeiçoamento de procedimentos voltados à aquisição de vacinas 5) Criação e fortalecimento de laboratórios de referência para o controle de qualidade e segurança de imunobiológicos.

Programa Nacional de Imunizações (PNI): criação em 1973 6) Programa Nacional de Autossuficiência de Produtos Imunobiológicos Santa Casa de S. Paulo 7) Apoio a inquéritos de cobertura vacinal que passam a ser feitos com certa regularidade a partir dos anos 80 8) Mais recentemente, o incentivo a pesquisas focalizando a eficácia/efetividade e segurança de vacinas 9) Implantação de sistema de vigilância para EAPV para garantir a segurança das vacinas

Programa Nacional de Imunização Mudanças dos calendários vacinais mudança na situação epidemiológica PNI vacina de varíola deixou de ser obrigatória vacina de poliomielite e DTP:2, 4 e 6m EAPV em SP vacina tríplice viral (sarampo, caxumba e rubéola) aos 15 meses. Hib 1968 73 78 79 80 84 88 1992 98 99 Primeiro calendário SP BCG oral intradérmica introduzida a vacina dupla adulto (dt) para pessoas a partir de 7 anos Com a erradicação global da varíola, a vacina foi extinta. reforços de vacina poliomielite e DTP aos 5 e 6 anos de idade e de dt a cada 10 anos vacina hepatite B passou a fazer parte do calendário básico e a febre amarela, para áreas de risco

Programa Nacional de Imunização Mudanças dos calendários vacinais mudança na situação epidemiológica SCR 4 a 6 anos Pneumo 10 e MenC vacina tetraviral (SCR-Varicela) 15m Hepatite A 2002 04 Tetravalente DTP+Hib 06 Rotavírus 10 12 Pentavalente (DTP+Hib+Hep B) 13 14 Mar 14 Ago 14 Dez Vacina HPV (11,12,13 anos) dtpa Gestante

Calendário Básico 2015 Ao nascer Idade BCG, Hepatite B Vacina 2 meses (DTP-Hib-HB) PENTA, VIP, Rotavírus, Pneumo10 3 meses MenC 4 meses (DT-Hib-HB) PENTA,VIP, Rotavírus, Pneumo10 5 meses MenC 6 meses (DTP-Hib-HB) PENTA, VOP, Pneumo10 9 meses Febre amarela 12 meses Hepatite A, MenC 15 meses DTP, VOP, Pneumo10, SCR-Varicela (Tetraviral) 5 anos DTP, VOP 9, 10, 11 anos 15 anos 6m a < 5 anos HPV (meninas) dt Influenza

Calendário para crianças maiores de 7 anos de idade e adolescente, 2015 Intervalo entre as doses Primeira visita 2 meses após a primeira visita 4 meses após a primeira visita Vacina BCG Hepatite B dt Sabin Tríplice viral Hepatite B dt Sabin Tríplice viral Febre amarela Hepatite B dt Sabin Esquema dose única primeira dose primeira dose primeira dose primeira dose segunda dose segunda dose segunda dose segunda dose dose inicial terceira dose terceira dose terceira dose a cada 10 anos dt, febre amarela

Calendário da gestante 2014 Intervalo entre as doses Vacina Esquema Primeira visita 2 meses após a primeira visita Hepatite B dt Hepatite B dt primeira dose primeira dose segunda dose segunda dose 6 meses após a primeira visita Hepatite B dt terceira dose terceira dose Puerpério tríplice viral Em qualquer fase da gestação Influenza Dose anual

Calendário do adulto entre 20 e 59 anos, 2015 Intervalo entre as doses Vacina Esquema Primeira visita Hepatite B (até 49 anos) dt Tríplice viral (nascidos a partir 1960) Febre amarela primeira dose primeira dose dose única dose inicial 2 meses após a primeira visita Hepatite B dt segunda dose segunda dose 4-6 meses após a primeira visita Hepatite B dt terceira dose terceira dose A cada 10 anos dt, febre amarela dose reforço

Calendário do Idoso, 2015 Intervalo entre as doses Primeira visita 2 meses após a primeira visita 4-6 meses após a primeira visita Anualmente A cada 10 anos Vacina dt Febre amarela dt dt Influenza dt, febre amarela Esquema primeira dose dose inicial segunda dose terceira dose

Principais Características do PNI I) É um programa de vacinação maduro, todas as doenças incluídas foram controladas ou eliminadas II) Complexidade elevada e crescente, não só pela ampliação contínua do número de vacinas de uso universal, mas também pela dimensão da infraestrutura (ex: cadeia de frio) e pela necessidade de articulação (formal ou informal) com um complexo industrial de produção de vacinas

Principais Desafios do PNI I) É um programa de vacinação maduro, todas as doenças incluídas foram controladas ou eliminadas Principais desafios: - Manter coberturas homogeneamente elevadas p/ todas as vacinas - Monitorar a percepção de risco da doença versus de EAPV - Identificar fatores associados a não adesão - Evitar a reemergência de doenças já controladas/eliminadas Instrumentos disponíveis - Registros informatizados de imunizações - Vigilância de doenças imunopreveníveis - Vigilância de EAPV

Principais Desafios do PNI II) Elevada e crescente complexidade, não só pela ampliação contínua das vacinas de uso universal, pelas dimensões da infraestrutura e pela necessidade de articulação formal ou informal com um complexo industrial Principais desafios: - Elevação dos seus custos (sustentabilidade) - Ampliação da dependência de vacinas importadas e/ou de transferência de tecnologia - Utilização mais frequente de vacinas combinadas torna a investigação de EAPV bem mais complexo

Orçamento do Programa Nacional de Imunizações para compra de imunobiológicos, 1995-2015 3.500.000.000 3.000.000.000 HPV HepA dtpa 2.500.000.000 MMRV 2.000.000.000 PCV10 MenCc VIP 1.500.000.000 1.000.000.000 Hib Influenza PCV 7 MenCc (CRIEs) Rotavirus Hep B 500.000.000 0 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 Observação: 2010 Não inclui Vacina Influenza H1N1: aproximadamente R$ 1,4 milhões Fonte: CGPNI/DEVEP/SVS

Principais Desafios do PNI II) Elevada e crescente complexidade, não só pela ampliação contínua das vacinas de uso universal, pelas dimensões da infraestrutura e pela necessidade de articulação formal ou informal com um complexo industrial (continuação) Principais desafios (continuação): - Necessidade de formação de RH para investigação de EAPV de potencial relevância - Identificar o ritmo ideal de introdução de novas vacinas versus aplicação de recursos no desenvolvimento de novas gerações de vacinas menos reatogênicas (Ex: febre amarela) Instrumentos disponíveis - Avaliação de custo/efetividade - Avaliação do impacto da introdução de novas vacinas - Pesquisa científica e inovação tecnológica - Vigilância de EAPV

Instrumentos disponíveis para garantir a manutenção do bom desempenho do PNI I - Vigilância epidemiológica de doença imunopreveníveis Foco: - Investigação exaustiva de resíduos de fontes de infecção e de suscetíveis e da cadeia de transmissão - Análise contínua das características da evolução de agentes etiológicos de doenças controladas por imunização (ex.: fenômeno do switching para Neisserias miningitidis) - Avaliação de Impacto de médio e longo prazo - Perda da imunidade da população pela menor exposição aos agentes em função do sucesso do programa - Características dos agentes em função de seus diferentes mecanismos de evolução - Evolução da gravidade da doença

Critérios de avaliação de efetividade de Programas de Imunização 1) Cobertura 2) Equidade no acesso 3) Impacto da Intervenção 4) Segurança das vacinas

Cobertura Vacinal - As estimativas de cobertura vacinal são habitualmente fundamentadas em dados administrativos de doses aplicadas. Limitações: Essa metodologia apresenta imprecisões a) Pode ocultar diferenciais intra-urbanos que marcam, geralmente, a falta de equidade no acesso à vacinação. Alternativas mais efetivas do que dados administrativos: 1) Inquéritos de cobertura vacinal 2) Uso de Registros Informatizados de Imunização