TAREFA DA SEMANA DE 03 A 07 DE JUNHO PORTUGUÊS - 3ª SÉRIE



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TAREFA DA SEMANA DE 03 A 07 DE JUNHO PORTUGUÊS - 3ª SÉRIE 1. POÇAS D ÁGUA As poças d água são um mundo mágico Um céu quebrado no chão Onde em vez de tristes estrelas Brilham os letreiros de gás Néon. (Mario Quintana, Preparativos de viagem, São Paulo, Globo, 1994.) Levando-se em conta o texto como um todo, é correto afirmar que a metáfora presente no primeiro verso se justifica porque as poças a) estimulam a imaginação. b) permitem ver as estrelas. c) são iluminadas pelo Néon. d) se opõem à tristeza das estrelas. e) revelam a realidade como espelhos. 2. Leia a estrofe que segue e assinale a alternativa correta, quanto às suas características. Visões, salmos e cânticos serenos Surdinas de órgãos flébeis, soluçantes... Dormências de volúpicos venenos Sutis e suaves, mórbidos, radiantes... a) valorização da forma como expressão do belo e a busca pela palavra mais rara Parnasianismo. b) linguagem rebuscada, jogos de palavras e jogos de imagens, característica do cultismo corrente do Barroco. c) incidência de sons consonantais (aliterações) explorando o caráter melódico da linguagem Simbolismo. d) pessimismo da segunda geração romântica, marcada por vocábulos que aludem a uma existência mais depressiva Romantismo. e) lírica amorosa marcada pela sensualidade explícita que substitui as virgens inacessíveis por mulheres reais, lascivas e sedutoras Naturalismo. Ciência e Hollywood 5 Infelizmente, é verdade: explosões não fazem barulho algum no espaço. Não me lembro de um só filme que tenha retratado isso direito. 6 Pode ser que existam alguns, mas se existirem não fizeram muito sucesso. 10 Sempre vemos explosões gigantescas, estrondos fantásticos. Para existir ruído é necessário um meio material que transporte as perturbações que chamamos de ondas sonoras. Na ausência de atmosfera, ou água, ou outro meio, as perturbações não têm onde se propagar. 7 Para um produtor de cinema, a questão não passa pela ciência. Pelo menos não como prioridade. Seu interesse é tornar o filme emocionante, e explosões têm justamente este papel; roubar o som de uma grande espaçonave explodindo torna a cena bem sem graça.

11 Recentemente, o debate sobre as liberdades científicas tomadas pelo cinema tem aquecido. O sucesso do filme O dia depois de amanhã (The day after tomorrow), faturando mais de meio bilhão de dólares, e seu cenário de uma idade do gelo ocorrendo em uma semana, em vez de décadas ou, melhor ainda, centenas de anos, 9 levantaram as sobrancelhas de cientistas mais rígidos que veem as distorções com desdém e esbugalharam os olhos dos espectadores (a maioria) que pouco ligam se a ciência está certa ou errada. Afinal, cinema é diversão. 15 Até recentemente, defendia a posição mais rígida, que filmes devem tentar ao máximo ser fiéis à ciência que retratam. Claro, isso sempre é bom. Mas não acredito mais que seja absolutamente necessário. 1 Existe uma diferença crucial entre um filme comercial e um documentário científico. 12 Óbvio, 2 documentários devem retratar fielmente a ciência, educando e divertindo a população, mas filmes não têm necessariamente um compromisso pedagógico. 13 As pessoas não vão ao cinema para serem educadas, ao menos como via de regra. Claro, 3 filmes históricos ou mesmo aqueles fiéis à ciência têm enorme valor cultural. Outros educam as emoções através da ficção. 14 Mas, se existirem exageros, eles não deverão ser criticados como tal. Fantasmas não existem, mas filmes de terror sim. Pode-se argumentar que, no caso de filmes que versam sobre temas científicos, 4 as pessoas vão ao cinema esperando uma ciência crível. Isso pode ser verdade, mas elas não deveriam basear suas conclusões no que diz o filme. No mínimo, o cinema pode servir como mecanismo de alerta para questões científicas importantes: o aquecimento global, a inteligência artificial, a engenharia genética, as guerras nucleares, os riscos espaciais como cometas ou asteroides etc. 8 Mas o conteúdo não deve ser levado ao pé da letra. 16 A arte distorce para persuadir. E o cinema moderno, com efeitos especiais absolutamente espetaculares, distorce com enorme facilidade e poder de persuasão. O que os cientistas podem fazer, e isso está virando moda nas universidades norte-americanas, é usar filmes nas salas de aula para educar seus alunos sobre o que é cientificamente correto e o que é absurdo. Ou seja, usar o cinema como ferramenta pedagógica. 17 Os alunos certamente prestarão muita atenção, muito mais do que em uma aula convencional. Com isso, será possível educar a população para que, no futuro, um número cada vez maior de pessoas possa discernir o real do imaginário. MARCELO GLEISER Adaptado de www1.folha.uol.com.br. 3. No título do texto, a palavra Hollywood é empregada por causa da identificação entre a indústria cinematográfica e uma localidade dos Estados Unidos que concentra empresas do ramo. Esse emprego, portanto, configura uma figura de linguagem conhecida como: a) metáfora b) hipérbole c) metonímia d) eufemismo GATES E JOBS Quando as órbitas se cruzam 7 Em astronomia, quando as órbitas de duas estrelas se entrecruzam por causa da interação gravitacional, tem-se um sistema binário. Historicamente, ocorrem situações análogas quando uma era é moldada pela relação e rivalidade de dois grandes astros orbitando: Albert Einstein e Niels Bohr na física no século XX, por exemplo, ou Thomas Jefferson e Alexander Hamilton na condução inicial do governo americano. Nos primeiros trinta anos da era do computador pessoal, a partir do final dos anos 1970, o sistema estelar binário definidor foi composto por dois indivíduos de grande energia, que largaram os estudos na universidade, ambos nascidos em 1955. Bill Gates e Steve Jobs, apesar das ambições semelhantes no ponto de convergência da tecnologia e dos negócios, 5 tinham origens bastante diferentes e personalidades radicalmente distintas. À diferença de Jobs, Gates entendia de programação e tinha uma mente mais prática, mais disciplinada e com grande capacidade de raciocínio analítico. Jobs era mais intuitivo, romântico, e

dotado de mais instinto para tornar a tecnologia usável, o design agradável e as interfaces amigáveis. Com sua mania de perfeição, era extremamente exigente, além de administrar com carisma e intensidade indiscriminada. 3 Gates era mais metódico; as reuniões para exame dos produtos tinham horário rígido, e ele chegava ao cerne das questões com uma habilidade ímpar. Jobs encarava as pessoas com uma intensidade cáustica e ardente; Gates às vezes não conseguia fazer contato visual, mas era essencialmente bondoso. 4 Cada qual se achava mais inteligente do que o outro, mas Steve em geral tratava Bill como alguém levemente inferior, sobretudo em questões de gosto e estilo, diz Andy Hertzfeld. Bill menosprezava Steve porque ele não sabia de fato programar. Desde o começo da relação, 6 Gates ficou fascinado por Jobs e com uma ligeira inveja de seu efeito hipnótico sobre as pessoas. Mas também o considerava essencialmente esquisito e estranhamente falho como ser humano, e se sentia desconcertado com a grosseria de Jobs e sua tendência a funcionar ora no modo de dizer que você era um merda, ora no de tentar seduzi-lo. Jobs, por sua vez, via em Gates uma estreiteza enervante. 2 Suas diferenças de temperamento e personalidade 1 iriam levá-los para lados opostos da linha fundamental de divisão na era digital. Jobs era um perfeccionista que adorava estar no controle e se comprazia com sua índole intransigente de artista; ele e a Apple se tornaram exemplos de uma estratégia digital que integrava solidamente o hardware, o software e o conteúdo numa unidade indissociável. Gates era um analista inteligente, calculista e pragmático dos negócios e da tecnologia; dispunha-se a licenciar o software e o sistema operacional da Microsoft para um grande número de fabricantes. Depois de trinta anos, Gates desenvolveu um respeito relutante por Jobs. De fato, ele nunca entendeu muito de tecnologia, mas tinha um instinto espantoso para saber o que funciona, disse. Mas Jobs nunca retribuiu valorizando devidamente os pontos fortes de Gates. Basicamente Bill é pouco imaginativo e nunca inventou nada, e é por isso que acho que ele se sente mais à vontade agora na filantropia do que na tecnologia, disse Jobs, com pouca justiça. Ele só pilhava despudoradamente as ideias dos outros. (ISAACSON, Walter. Steve Jobs: a biografia. São Paulo: Companhia das Letras, 2011. p. 189-191. Adaptado) 4. Assinale a sentença cuja figura de linguagem foi indicada corretamente entre parênteses. a) Gates e Jobs Quando as órbitas se cruzam. (comparação) b) Jobs encarava as pessoas com uma intensidade cáustica e ardente; (catacrese) c)... ora no modo de dizer que você era um merda, ora no de tentar seduzi-lo. (metáfora)

d)... Jobs, por sua vez, via em Gates uma estreiteza enervante. (metonímia) Igual-Desigual Eu desconfiava: todas as histórias em quadrinho são iguais. Todos os filmes norte-americanos são iguais. Todos os filmes de todos os países são iguais. Todos os best-sellers são iguais Todos os campeonatos nacionais e internacionais de futebol são iguais. Todos os partidos políticos são iguais. Todas as mulheres que andam na moda são iguais. Todas as experiências de sexo são iguais. Todos os sonetos, gazéis, virelais, sextinas e rondós são iguais 1 e todos, todos 2 os poemas em verso livre são enfadonhamente iguais. Todas as guerras do mundo são iguais. Todas as fomes são iguais. 3 Todos os amores, iguais iguais iguais. Iguais todos os rompimentos. A morte é igualíssima. Todas as criações da natureza são iguais. Todas as ações, cruéis, piedosas ou indiferentes, são iguais. Contudo, o homem não é igual a nenhum outro homem, bicho ou coisa. Ninguém é igual a ninguém. 4 Todo ser humano é um estranho 5 ímpar. best-sellers livros mais vendidos gazéis, virelais, sextinas, rondós tipos de poema CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE Nova reunião: 19 livros de poesia. Rio de Janeiro: José Olympio, 1985. 5. e todos, todos os poemas em verso livre são enfadonhamente iguais. (ref. 1 e 2) Os versos livres são aqueles que não se submetem a um padrão. Considerando essa definição, identifica-se nos versos acima a figura de linguagem denominada: a) antítese b) metáfora c) metonímia d) eufemismo Quando Bauer, o de pés ligeiros, se apoderou da cobiçada esfera, logo o suspeitoso Naranjo lhe partiu ao encalço, mas já Brandãozinho, semelhante à chama, lhe cortou a avançada. A tarde de olhos radiosos se fez mais clara para contemplar aquele combate, enquanto os agudos gritos e imprecações em redor animavam os contendores. A uma investida de Cárdenas, o de fera catadura, o couro inquieto quase se foi depositar no arco de Castilho, que com torva face o repeliu. Eis que Djalma, de aladas

plantas, rompe entre os adversários atônitos, e conduz sua presa até o solerte Julinho, que a transfere ao valoroso Didi, e este por sua vez a comunica ao belicoso Pinga. (...) Assim gostaria eu de ouvir a descrição do jogo entre brasileiros e mexicanos, e a de todos os jogos: à maneira de Homero. Mas o estilo atual é outro, e o sentimento dramático se orna de termos técnicos. Carlos Drummond de Andrade, Quando é dia de futebol. Rio: Record, 2002. 6. O fragmento em que a convergência estilística predominante é a que se estabelece entre metonímia e personificação encontram-se em a) da cobiçada esfera. b) semelhante à chama. c) o couro inquieto. d) de fera catadura. e) de aladas plantas. A questão toma por base um texto de Millôr Fernandes (1924-2012). Os donos da comunicação Os presidentes, os ditadores e os reis da Espanha que se cuidem porque os donos da comunicação duram muito mais. Os ditadores abrem e fecham a imprensa, os presidentes xingam a TV e os reis da Espanha cassam o rádio, mas, quando a gente soma tudo, os donos da comunicação ainda tão por cima. Mandam na economia, mandam nos intelectuais, mandam nas moças fofinhas que querem aparecer nos shows dos horários nobres e mandam no society que morre se o nome não aparecer nas colunas. Todo mundo fala mal dos donos da comunicação, mas só de longe. E ninguém fala mal deles por escrito porque quem fala mal deles por escrito nunca mais vê seu nome e sua cara nos veículos deles. Isso é assim aqui, na Bessarábia e na Baixa Betuanalândia. Parece que é a lei. O que também é muito justo porque os donos da comunicação são seres lá em cima. Basta ver o seguinte: nós, pra sabermos umas coisinhas, só sabemos delas pela mídia deles, não é mesmo? Agora vocês já imaginaram o que sabem os donos da comunicação que só deixam sair 10% do que sabem? Pois é; tem gente que faz greve, faz revolução, faz terrorismo, todas essas besteiras. Corajoso mesmo, eu acho, é falar mal de dono de comunicação. Aí tua revolução fica xinfrim, teu terrorismo sai em corpo 6 e se você morre vai lá pro fundo do jornal em quatro linhas. (Millôr Fernandes. Que país é este?, 1978.) 7. Millôr Fernandes emprega com conotação irônica o termo inglês society, para referir-se a a) pessoas dedicadas ao desenvolvimento da sociedade. b) pessoas que fazem caridade apenas para aparecer nos jornais. c) sociedades de atores de teatro, cinema e televisão. d) norte-americanos ou ingleses muito importantes, residentes no país. e) indivíduos presunçosos da chamada alta sociedade. 8. Aquele bêbado Juro nunca mais beber e fez o sinal da cruz com os indicadores. Acrescentou: Álcool. O mais, ele achou que podia beber. Bebia paisagens, músicas de Tom Jobim, versos de Mário Quintana. Tomou um pileque de Segall. Nos fins de semana embebedava-se de Índia Reclinada, de Celso Antônio. Curou-se 100% de vício comentavam os amigos.

Só ele sabia que andava bêbado que nem um gambá. Morreu de etilismo abstrato, no meio de uma carraspana de pôr do sol no Leblon, e seu féretro ostentava inúmeras coroas de ex-alcoólatras anônimos. ANDRADE, C. D. Contos plausíveis. Rio de Janeiro: Record, 1991. A causa mortis do personagem, expressa no último parágrafo, adquire um efeito irônico no texto porque, ao longo da narrativa, ocorre uma a) metaforização do sentido literal do verbo beber. b) aproximação exagerada da estética abstracionista. c) apresentação gradativa da coloquialidade da linguagem. d) exploração hiperbólica da expressão inúmeras coroas. e) citação aleatória de nomes de diferentes artistas.

Gabarito: Resposta da questão 1: [A] As poças de água despertam sensações que estimulam o mistério e a imaginação, como se afirma em [A]. Resposta da questão 2: [C] É correta a opção [C], pois uma das características mais marcantes da estética simbolista é a musicalidade, transmitida ao verso através do uso de figuras sonoras como a aliteração, repetição sistemática de um mesmo fonema consonantal. Na estrofe transcrita, são recorrentes as aliterações: em s (salmos e cânticos serenos / Surdinas de órgãos flébeis, soluçantes) e em v (volúpicos venenos / Sutis e suaves). Resposta da questão 3: [C] Trata-se de metonímia, figura de linguagem baseada na substituição de um nome por outro com que mantém contiguidade, no caso o nome da cidade pela indústria cinematográfica que a tornou famosa. Resposta da questão 4: [C] As opções [A], [B] e [D], ao contrário do que é indicado, apresentam frases com expressões metafóricas, da mesma forma que a opção [C], esta última devidamente caracterizada. Resposta da questão 5: [A] Por não estar sujeito a regras métricas de versificação, o verso livre deveria exprimir a sensação de liberdade do poeta que desejava escapar aos padrões rígidos do academicismo conservador. No entanto, Carlos Drummond observa que até mesmo os poemas que adotam esse procedimento são enfadonhamente iguais, gerando um paradoxo, ou antítese, como se refere em [A]. Resposta da questão 6: [C] A metonímia consiste no emprego de um termo por outro, dada a relação de semelhança ou a possibilidade de associação entre eles, e personificação atribui sentimentos ou ações próprias dos seres humanos a objetos inanimados ou seres irracionais. Assim, é correta a opção [C], pois a expressão couro inquieto, que se refere à bola em movimento, concentra essas duas figuras de linguagem. Resposta da questão 7: [E] O termo society é usado com ironia por Millôr Fernandes para designar os indivíduos exibicionistas que obstinadamente querem aparecer nas colunas sociais e fazem dessa prática o seu objetivo de vida. Resposta da questão 8: [A] Em Aquele bêbado, o personagem decidiu que iria deixar de consumir álcool, mas acabou por morrer de etilismo abstrato. O paradoxo da expressão revela o uso metafórico do verbo beber para descrever a atitude apaixonada de quem se entrega às sensações para admirar intensamente o

espetáculo da vida e usufruir do prazer pleno que as múltiplas e variadas manifestações artísticas lhe provocavam. Assim, é correta a opção [A].