Belo junto com gracioso, bonito ou sublime, maravilhoso, soberbo _ é um adjetivo que usamos frequentemente para indicar algo que nos agrada. Nesse sentido, aquilo que é belo é bom e, de fato em diversas épocas históricas criou-se um laço estreito entre o Belo e o Bom. Infinitas são as coisas que consideramos boas, um amor correspondido, uma honesta riqueza, um quitute refinado. Umberto Eco em A História da Beleza
Algumas definições: Estética - é a disciplina que estuda filosofia da arte. Segundo Baumgarten, em Aesthetica, 1750, estética é a lógica do sensível. Porém, as discussões sobre arte e seus múltiplos significados advêm desde Platão, filósofo da Antiguidade Grega, que nos deixou diversos legados como o conceito de Belo. Para Platão o Belo se constituía no mundo das idéias sendo realizável através da música e da poesia. As artes plástiscas, pintura e escultura, estavam no âmbito da imitação, foi só pós-aristóteles que elas adquiriram o caráter de representação. A base do pensamento platônico é de que o Belo deriva da beleza universal, isto é, constitui-se na idéia, na essência do Ser, pois é um aspecto deste que se comunica com o intelecto por meio dos sentidos, não nasce, nem morre, é eterno. Os gregos consideravam o Belo a partir de três aspectos fundamentais: o moral, o estético e o espiritual. Para Kant, filósofo alemão, 1724-1804, distinguir se algo é belo ou não, depende de um entendimento do objeto vinculado à imaginação, aos sentimentos de prazer ou de desprazer. O juízo do gosto não é lógico, mas estético. Para se contemplar o belo não é necessário o conhecimento cognitivo, mas sim uma disposição para se praticar o exercício da atenção. Nossa experiência estética surge a partir da contemplação desinteressada.
Vênus de Willendorf, Pedra, 24 000-20 000 a.c, Museu de História Natural, Viena
Vênus de Cnido, cópia romana do original de Praxíteles, mármore, 300 a.c A obra de arte só pode ser apreciada e compreendida no contexto de seu tempo.
Doríforo, cópia de um original grego, 450-440 a.c, Mármore, alt. 1,98m, museu Nacional de Nápolis
Imagens comparativas, diversas representações de Vênus
Introdução à linguagem visual: Artistas, historiadores da arte, filósofos e especialistas de vários campos das ciências Humanas têm abordado a questão da procedência do significado nas artes visuais. Um dos trabalhos mais significativos nesse campo foi realizado pelos psicólogos da Gestalt, cujo principal interêsse tem sido os princípios da organização perceptiva, o processo da configuração de um todo a partir das partes. Rudolf Arnheim aplicou grande parte da teoria da Gestalt à interpretação das artes visuais. Em seu livro Arte e Percepção Visual ele explora não apenas o funcionamento da percepção, mas também a qualidade das unidades visuais individuais e as estratégias de sua unificação em um todo final e completo. Qualquer acontecimento visual é uma forma com conteúdo, mas o conteúdo é extrememente influenciado pela importância das partes constitutivas como a cor, o tom, a textura, a dimensão, a proporção e suas relações compositivas com o significado.
Texturas Nesta composição gráfica Tanaka evoca a antiguidade por meio das texturas, da imagem feminina esmaecidada sob o fundo com leves e variados tons de rosa e das letras que parecem ter sido escritas sobre uma pedra. Mas,também é clara a ponte com o moderno pelo destaque que o designer dá a letra B. Seu desenho e sua inclinação para a esquerda se contrapõem aos demais elementos do cartaz, criando uma instigante atmosfera entre o velho e o novo. Iko Tanaka, cartaz para a exposição o Homem e a Escrita, Etrúria, 1995, offset, 1030 x 728 mm, Morisawa & Co, Ltd
Uma das técnicas visuais mais dinâmicas é o contraste que se manifesta numa relação de polaridade com a técnica oposta, a harmonia. Contraste Instabilidade Assimetria Irregularidade Complexidade Fragmentação Profusão Exagero Espontaneidade Atividade Ousadia Ênfase Transparência Variação Distorção Profundidade Justaposição Acaso Harmonia Equilíbrio Simetria Regularidade Simplicidade Unidade Economia Minimização Previsibildade Extase Sutileza Neutralidade Opacidade Estabilidade Exatidão Planura Singularidade Sequencialidade
Harmonia O cartaz realizado para o teatro Ginza reúne simultâneamente elementos harmônicos como equilíbrio simétrico, regularidde, simplicidade, minimização e também, contrastantes como as cores que se iluminam quando colocadas sobre o fundo negro. Iko Tanaka, cartaz para o teatro Ginza Saison, Offset, 1030 x 728 mm, 1986, Teatro Ginza Toquio
Contraste As composições de Carson de um modo geral são assimétricas, irregulares, com elementos justapostos, espontâneas ao ponto do acaso. Sua comunicação é intrincada, fragmentada, reunindo imagens com texturas e universos díspares, mas que no todo se interligam. David Carson, página do livro David Carson:2nd sight, 1997, Nova Iorque
Composição: fundamentos sintáticos
Sintaxe: em termos lingüísticos sintaxe significa a disposição ordenada das palavaras, em termos visuais significa a disposição ordenada de partes. A composição é a reunião do olhar do criador e dos elementos que constituem a imagem: ponto, linha, forma, textura, cor, direção, profundidade.
Equilíbrio
A influência mais forte sobre a percepção humana é a necessidade que o homem tem de equilíbrio. Sendo assim, o equilíbrio é a referência visual mais forte e firme do homem. Ele se manifesta de diversas formas, mas sempre a partir de um eixo vertical horizontal. Equilíbrio simétrico Assimétrico Assimétrico
O objetivo de Mondrian foi o de criar um idioma plástico universal baseado na estruturação vertical-horizontal (uma verdadeira obcessão). Mondrian, Composição nº 3, óleo sobre tela, 1923
O cartaz da Bauhaus 1923, possui o eixo e a direção em sentido diagonal.
O equilíbrio das composições de Lissistzky baseia-se nos contrapesos. El Lissitzky, História suprematista de dois quadrados, impressão sobre papel, 1922
o artista concreto foi um tipo de designer, pesquisador de formas Luis Sacilotto, Concreção 5521, esmalte sobre madeira, 1955
Tensão
As tensões são os meios mais eficazes para criar efeitos em resposta ao objetivo da mensagem. As opções visuais são as polaridades. Repouso Tensão
Com a descoberta das superfícies moduladas, Ligia deu um passo arrojado, pois aboliu a diferença entre um quadro, um painel encaixado, um móvel. Ligia Clark, Planos em superfície modular nº 5, tinta industrial sobre madeira, 1957
Os artistas brasileiros concretos e neoconcretos exploraram as teorias de percepção da Gestalt, criando a poética da forma. Aluísio Carvão, Claro-vermelho, óleo sobre tela, 1959 Helio Oiticica, Metaesquema, guache sobre cartão, 1958
As setas de Willys de Castro conduzem o olhar do observador para várias direções, criando dinamismo visual e ritmo. Willys de Castro, Pintura, óleo sobre tela, 1957
Elementos de Comunicção Visual
A base teórica da Gestalt é a crença de que a abordagem da compreensão e da análise de todos os sistemas exige que se reconheça que o sistema, objeto ou acontecimento como um todo é formado por partes interatuantes, que podem ser isoladas e vistas como inteiramente independentes, e depois reunidas no todo. Portanto decompor uma imagem em seus elementos constitutivos é um processo que proporciona a melhor compreensão de uma obra visual.
O ponto O ponto é a unidade visual mais simples e mínima. Os pontos quando se ligam dirigem o olhar do observador e, quando em grande número e justapostos criam a ilusão do tom ou de cor.
Andy Warhol, Marylin, serigrafia
Cecilia Abs, Fetiches, composição digital, 2001
Manet, Almoço na Relva, óleo sobre tela, 1870, Museu do Impressionistas, Paris,