estética carlos joão correia ºSemestre
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- Gustavo Cabreira da Mota
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1 estética carlos joão correia ºSemestre
2 Vanessa Bell: The Memoir Club (1943)
3 Dir-se-á que os objectos que provocam esta emoção variam de indivíduo para indivíduo e que, por isso, um sistema de estética não pode ter validade objectiva. A este reparo deve responder-se que qualquer sistema de estética que pretenda assentar numa verdade objectiva é tão manifestamente ridículo, que não merece ser discutido. Não dispomos de outro meio para reconhecer uma obra de arte que não seja o sentimento que ela suscita em nós. [...] Embora todas as teorias estéticas tenham de se basear em juízos estéticos e, em última instância, todos os juízos estéticos tenham de ser uma questão de gosto pessoal, seria precipitado afirmar que nenhuma teoria estética pode ter validade geral. Embora A, B, C, e D sejam obras que me emocionam e A, D, E e F as obras que emocionam o leitor, pode muito bem acontecer que x seja a única qualidade que ambos estamos convencidos de que é comum a todas as obras da sua própria lista. Podemos estar todos de acordo em matéria de estética e, não obstante, discordar quantas às obra de arte particulares, quanto à presença ou ausência da qualidade x. Clive Bell 1949: 8-10; 2009: 23-24
4 hopewell
5 ana baptista. 2013
6 nijinsky. sacre du printemps/stravinsky
7 ésquilo. oresteia
8 patrice chéreau. ring/wagner
9 bill viola. tristão
10 apollinaire. caligrama
11 tarkovsky. sacrifício
12 anish kapoor. cloud gate
13 spiral galaxy. george crumb
14 «Porque nos emocionam tão estranhamente certas disposições e combinações de formas?». Para a estética será suficiente que elas nos emocionem. [...] Parece-me possível, embora de modo algum certo, que a forma criada nos emociona tão profundamente porque expressa a emoção do seu criador. Talvez as linhas e cores de uma obra nos transmitam algo que o artista sentiu. Se assim for, isso explica o curioso mas inegável facto de aquilo a que chamo beleza material (a asa de uma borboleta, por exemplo) não emocionar a maioria de nós do mesmo modo que uma obra de arte o faz." Clive Bell 1949:49; 2009:45
15 Por que razão sente, então, o artista a emoção que deve expressar? Por vezes, a emoção chega-lhe certamente através da beleza material. A contemplação de objectos naturais é frequentemente a causa directa da emoção do artista. Devemos nós pensar, por isso, que o artista sente, ou sente às vezes, pela beleza material aquilo que nós sentimos por uma obra de arte? Será que, por vezes, para o artista a beleza material é de algum modo significante ou seja, capaz de provocar emoção estética? (...) Será que ele sente algo por detrás dela [beleza material] do mesmo modo que nós imaginamos que sentimos algo por detrás das formas de uma obra de arte? Devemos pensar que a emoção expressa pelo artista é uma emoção estética que sentiu por algo cujo significado habitualmente escapa às nossas sensibilidades grosseiras? Clive Bell 1949: 50-51; 2009:45
16 A emoção que o artista sentiu no seu momento de inspiração não foi sentida pelos objectos vistos como meios e sim na qualidade de objectos vistos como formas puras ou seja, como fins em si mesmos. Não sentiu emoção por uma cadeira como meio para o bem-estar físico, nem como um objecto associado à vida íntima de uma família, nem como o lugar onde alguém se sentou a dizer coisas inesquecíveis, nem sequer como algo ligado à vida de centenas de homens e mulheres, mortos ou vivos, por centenas de laços subtis. É claro que um artista sente emoções como estas pelas coisas que vê, mas em momentos de visão estética vê os objectos como formas puras e não como meios envoltos em associações. É pela forma pura, e sempre através dela, que ele sente a sua emoção inspirada. Ver objectos como formas puras é vê-los como fins em si mesmos. Clive Bell 1949:52; 2009:46
17 Quem nunca teve, pelo menos uma vez na vida, a súbita visão da paisagem como forma pura? Por uma vez, essa pessoa, em lugar de ver a paisagem como campos e casas, sentiu-a como linhas e cores. Nesse momento não recebeu da beleza material uma emoção indiscernível daquela dada pela arte? E se assim foi, não é certo que essa pessoa recebeu da beleza material uma emoção que geralmente só a arte pode dar porque conseguiu ver a paisagem como uma pura combinação formal de linhas e cores? Podemos dizer que sentiu a sua significação [significance] como um fim em si, tendo-a visto na sua forma pura, libertando-a de todo o interesse acessório e adventício, de tudo o que adquiriu através do comércio com seres humanos, de todo o seu significado como um meio? O que é a significação de algo como um fim em si? O que é que sobra quando despimos uma coisa de todas as suas associações, de toda a sua significação como um meio? O quê senão aquilo a que os filósofos costumavam chamar «a coisa em si» e aquilo a que agora chamam «arealidade última»? Seria, porventura, excêntrico da minha parte sugerir que a significação da coisa em si é a significação da Realidade? Clive Bell 1949:53-54; 2009:46-47
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21 A teoria de Bell é uma teoria estética. Centra-se exclusivamente nos aspectos visuais das obras de arte: as intenções dos artistas, o contexto histórico, e assim por diante, são irrelevantes. O que faz de algo uma obra de arte é a sua capacidade para produzir um certo tipo de efeito no apreciador sensível em virtude da sua aparência. Este tipo de teoria tinha mais plausibilidade quando Bell escreveu sobre ela no início do século XX. Parece improvável conseguir captar na sua definição tudo aquilo a que hoje queremos chamar «arte». Artistas como Marcel Duchamp, Andy Warhol e Joseph Beuys produziram intencionalmente objectos que não exibem propriedades estéticas como convencionalmente as entendemos, e que contudo têm sido tratados como casos paradigmáticos de obras de arte moderna. Para estes três artistas, os aspectos conceptuais das suas obras podem ser pelo menos tão importantes como a sua aparência visual. Compreender estas obras envolve uma compreensão da teoria da arte e das ideias particulares a que as obras fazem alusão. Warburton 2007: 47; 2003: 34
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