Direito de Família. Consuelo Huebra



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Transcrição:

Direito de Família Consuelo Huebra

Casamento A lei só admite o casamento civil, mas o casamento religioso pode produzir efeitos civis na forma dos arts.1515 e 1516, C.C.

Parentesco Natural pessoas que descendem de um mesmo tronco. Civil vínculo de parentesco imposto por lei. Consanguineo pessoas que descendem de um mesmo tronco. Por afinidade relação estabelecida entre um cônjuge ou companheiro e os parentes consanguíneos do outro. Linhas e Graus Linha vinculação entre os parentes = reta (art.1591 C.C.) ou colateral (art.1592 C.C.) Graus número de gerações entre os parentes

Parentesco Na linha reta contam-se os graus apenas pelo número de gerações entre os parentes e na linha colateral/transversal a contagem deve partir de um dos parentes, subir até o ascendente comum e retornar até o outro parente (art. 1594 C.C). OBS: Na linha colateral a lei limita o parentesco ao quarto grau. No parentesco por afinidade, para saber se a linha é reta ou colateral, basta se colocar no lugar do cônjuge ou companheiro. A contagem de graus deve sempre passar pelo cônjuge ou companheiro e seguir até o parente que você quer se vincular. OBS: Na linha colateral a lei limita o parentesco ao segundo grau (art.1595, parágrafo primeiro).

Impedimento Matrimoniais Impedimentos Absolutos art.1521 C.C. Impedimentos Relativos art.1550 C.C. Os Impedimentos Absolutos geram nulidade e os Impedimentos Relativos geram anulabilidade, mas no Direito de Família o casamento nulo ou anulável produz efeitos ex tunc.

Impedimentos Matrimoniais Casamento Putativo = casamento nulo ou anulável que excepcionalmente produz efeitos para o cônjuge de boa-fé (art.1561 C.C.). Casamento Nuncupativo = casamento realizado sem as formalidades legais (arts.1540 e 1541, C.C.)

Efeitos do Casamento (Patrimoniais) Regime de Bens : Comunhão Total, Comunhão Parcial, Separação Total e Participação Final nos Aquestos. A escolha do regime deve ser feita através de pacto pré-nupcial, salvo se for o regime legal = Comunhão Parcial (art.1640 C.C.).

Efeitos do Casamento (Patrimoniais) O pacto pré-nupcial é formal e condicional (art.1653 C.C.), e ainda deve ser registrado para produzir efeitos erga omnes (art.1657 C.C.). No regime de Comunhão Parcial só se comunicam os bens posteriores ao casamento, adquiridos onerosamente (art. 1658 C.C.). Os arts. 1659 e 1660, C.C. esclarecem os bens que se comunicam e os bens que não se comunicam, respectivamente.

Alimentos Inclui alimentação, vestimenta, moradia, saúde, educação, lazer. Os parentes e os cônjuges podem ser devedores de alimentos (art.1694 C.C.) O juiz deve fixar os alimentos de acordo com a necessidade e a possibilidade das partes (art.1695 C.C.). OBS: Em regra os alimentos são civis (estabelecidos de acordo com o padrão social). Na linha reta qualquer parente pode pedir pensão ao outro, na linha colateral só os parentes de segundo grau (arts.1696 e 1697, C.C.)

Alimentos O cônjuge culpado pela separação só tem direito a alimentos naturais (art.1704, parágrafo único C.C.) Os alimentos são irrenunciáveis (art. 1707 C.C.) Os alimentos podem ser revistos, mesmo depois de transitada em julgado a sentença (art.1699 C.C.),bastando a mudança da situação de fato das partes.

SUCESSÕES Consuelo Huebra

SUCESSÕES Ordem de Vocação Hereditária entre cônjuges art.1829 C.C. Ordem: Descendentes, em concorrência com o cônjuge sobrevivente, dependendo do regime de bens do casamento (1829,I,C.C.) Ascendentes, em concorrência com o cônjuge sobrevivente, independentemente do regime de bens do casamento (1829,II,C.C.) Cônjuge sobrevivente (1829,III,C.C.) Colaterais na seguinte ordem: irmãos, sobrinhos, tios e colaterais de quarto grau (primos, tio-avô e sobrinho-neto) art.1843, caput, C.C.

SUCESSÕES Concorrendo com descendentes o cônjuge sobrevivente só herda dependendo do regime de bens do casamento: (art.1829,i,c.c.) 1. Herda no regime de comunhão parcial, desde que o de cujus tenha deixado bens particulares. 2. Herda no regime de Separação Total de Bens = Convencional. 3. Herda no regime de Participação Final nos Aquestos, desde que o de cujus tenha deixado bens particulares (aplicação analógica das regras relativas à Comunhão Parcial).

SUCESSÕES A partilha entre cônjuge sobrevivente e descendentes é feita, a princípio, por igual, mas caso todos os descendentes sejam comuns, a parte do cônjuge não pode ser inferior a um quarto sobre os bens particulares (art.1832 C.C.).

SUCESSÕES Concorrendo com ascendentes o cônjuge sobrevivente herda sempre, independentemente do regime de bens do casamento (art.1829,ii,c.c.) e herda sobre tudo, e não apenas sobre os bens particulares. Concorrendo com os pais do de cujus tem direito a uma quota igual, cabendo um terço a cada um. Concorrendo só com o pai ou a mãe, a quota também é distribuída igualmente, mas concorrendo com ascendentes de grau superior (avós e outros) o cônjuge tem direito a metade da herança e a outra metade é dividida por linha (paterna e materna) (arts.1837 e 1836,C.C.)

SUCESSÕES Ordem de Vocação Hereditária entre Companheiros art.1790 C.C. Ordem: Descendentes, em concorrência com o companheiro sobrevivente (art.1790, I e II,C.C.) Ascendentes, em concorrência com o companheiro sobrevivente (art.1790,iii,.c.) Colaterais, em concorrência com o companheiro sobrevivente (art.1790,iii,c.c.) Companheiro sobrevivente (art.1790,iv,c.c.)

SUCESSÕES Concorrendo com descendentes o companheiro sobrevivente tem direito a uma quota igual a de cada um daqueles, mas caso os descendentes não sejam comuns, receberá apenas a metade da que cabe a cada um (art.1790, I e II,C.C.) Concorrendo com ascendentes ou outros quaisquer parentes sucessíveis, só tem direito a um terço (art.1790, III,C.C.).. OBS: A base de cálculo da herança do companheiro é sempre a meação do de cujus, ou seja, os bens comuns (art.1790, caput,c.c.), a não ser que ele seja o único na linha sucessória (art.1790,iv,c.c.)

SUCESSÕES Colaterais Os irmãos bilaterais recebem o dobro dos unilaterais (art.1841,c.c.), o mesmo ocorrendo com os sobrinhos (art.1843 C.C.) Na linha colateral a representação não ultrapassa os sobrinhos (art.1853 C.C.)

SUCESSÕES Indignidade, Deserdação e Renúncia Considerando a regra geral A pena não pode ultrapassar a pessoa do culpado, os descendentes do indigno ou do deserdado herdam por representação, o que não é possível na renúncia (art. 1811 C.C.) Se o renunciante for o único de sua classe a herança é entregue à classe seguinte, incluindo seus filhos que nesse caso herdam por direito próprio, e não por representação (art.1811 C.C.)

DIREITOS REAIS Consuelo Huebra

DIREITOS REAIS Posse Teoria Subjetiva (Savigny) X Teoria Objetiva (Ihering) Corpus e animus Corpus = Conduta de dono

DIREITOS REAIS Posse Posse conduta de dono (art.1196 C.C. Teoria Objetiva de Ihering) Propriedade X Posse Propriedade é matéria de direito e posse é matéria de fato. OBS: Excepcionalmente um proprietário pode não ter posse.

DIREITOS REAIS Posse Posse X Detenção (art.1198 C.C.) o detentor também age como dono em relação à coisa, mas não no interesse próprio, sempre no interesse de outro, com quem possui um vínculo de dependência. Posse X Atos de Mera Permissão ou Tolerância (art.1208, primeira parte, C.C.) Os atos de mera permissão ou tolerância são vistos como uma espécie de detenção.

DIREITOS REAIS Classificação da Posse Classificação da posse: - Posse direta e indireta (art.1197 C.C.) Um desdobramento, resultado de um contrato. OBS: Esse desdobramento é sempre temporário, já que o possuidor direto é alguém que, em determinado momento, tem que restituir sua posse ao possuidor indireto.

DIREITOS REAIS Classificação da Posse Posse justa e injusta (art.1200 C.C.) Justa é aquela que não é violenta, clandestina ou precária, o que significa que injusta é a que possui um desses vícios. A violência, a clandestinidade e a precariedade são os vícios da posse. Os dois primeiros ocorrem no início da posse, na sua origem. Nestes casos a posse só nasce quando os vícios se extinguem. No último caso o vício surge no curso de uma posse já existente. Precariedade é a violação do dever de restituição da posse, com base num contrato anterior. Ex: um locatário que se nega a restituir a posse sobre a coisa, no tempo ajustado. A posse precária não gera usucapião.

DIREITOS REAIS Classificação da Posse Posse civil e natural a primeira encontra fundamento num título, o que não ocorre com a segunda.

DIREITOS REAIS Classificação da Posse Posse de boa-fé e de má-fé o possuidor de boafé ignora o vício ou o obstáculo que lhe impede a aquisição do direito sobre a coisa. O possuidor de má-fé, ao contrário, é um sujeito que sabe que não tem direitos sobre a coisa. A lei presume a boa-fé daquele que tem justo título (art. 1201, parágrafo único, C.C.). Justo título é uma circunstância, documentada ou não, que justifica alguém acreditar que possui direitos sobre uma coisa.

DIREITOS REAIS Efeitos da Posse Efeitos da posse: O possuidor de boa-fé tem direito a indenização por benfeitorias necessárias e úteis, realizadas por ele, com ou sem autorização do proprietário, podendo, inclusive, exercer sobre o bem o direito de retenção, pela valor delas. Não pode, entretanto, pedir indenização pelas benfeitorias voluptuárias, mas somente retirá-las, desde que isso não cause dano á coisa (art.1219 C.C.) O possuidor de má-fé só tem direito a indenização por benfeitorias necessárias e mais nada, nem mesmo o direito de retenção pelo valor delas, conforme o art.1220 C.C.

DIREITOS REAIS Efeitos da Posse O possuidor de boa-fé tem direito aos frutos percebidos (recebidos), ao passo que os frutos colhidos posteriormente à quebra da boa-fé devem ser, por ele, restituídos ao proprietário, deduzidas as despesas de conservação e custeio da coisa (art.1214 C.C.). O possuidor de má-fé tem que devolver o valor relativo aos frutos percebidos, respondendo ainda pelo valor daqueles que, por culpa sua, deixou de perceber, também deduzidas as despesas de produção e custeio (art.1216 C.C.)

DIREITOS REAIS Efeitos da Posse Usucapião forma de aquisição originária da propriedade através do exercício qualificado da posse. Exercer a posse qualificadamente significa revesti-la dos requisitos legais. Existem cinco tipos de usucapião e cada um exige um número diferente de requisitos: usucapião extraordinária (art.1238 C.C.), ordinária (art.1242 C.C.), especial, que se divide em rural e urbana (arts. 1239 e 1240, C.C.), coletivo (art.10 do Estatuto da Cidade Lei 10.257de 2001), e familiar (art.1240 A C.C.)

DIREITOS REAIS Efeitos da Posse Entretanto, cinco requisitos são básicos e devem estar presentes em qualquer uma das espécies, embora a lei não diga isso. A posse tem que ser: Pública e notória; Mansa e Pacífica; Contínua; Duradoura; com Animus Domini (intenção de dono) Com relação aos demais requisitos, vale esclarecer que quanto maior o tempo, menor o número dos outros requisitos, e assim reciprocamente. Não cabe usucapião sobre bem público (art.102 C.C., art.183, parágrafo terceiro, e 191, parágrafo único, ambos da CRFB)

DIREITOS REAIS Efeitos da Posse A lei admite a acessão de posses soma do tempo das posses do antecessor e do possuidor seguinte, para efeito de usucapião (art.1243 C.C.). A sentença da ação de usucapião tem efeito meramente declaratório (art.1241 C.C.). Não se deve confundir usucapião com expropriação social, regulada nos parágrafos quarto e quinto do art.1228 C.C.

DIREITOS REAIS Propriedade Direito real por excelência (art.1228 C.C.). O exercício da propriedade não é ilimitado, devendo cumprir função social conforme art.5, inciso XXIII, da CRFB (art. 1228 e parágrafos, C.C.)

DIREITOS REAIS Aquisição da Propriedade Aquisição da Propriedade Tradição entrega da coisa (art.1267 C.C.) Quanto aos bens imóveis a tradição é simbólica, representada pelo registro da escritura no RI (Registro de Imóveis). Existe ainda a tradição consensual, também chamada por tradição ficta, realizada através de cláusula contratual = Ex: Constituto Possessório = presume a entrega do bem ao adquirente sem que isso tenha acontecido realmente. Neste caso há ainda o desdobramento da posse em direta e indireta, cabendo esta última ao adquirente e a primeira ao alienante (art.1267 C.C.).