Boletim Informativo PRP Prevenção de Riscos Profissionais Editorial Embora as micro e pequenas empresas representem quase 99 % das empresas europeias e empreguem cerca de metade da força de trabalho, contribuindo significativamente para a economia, uma percentagem substancial não dispõem de disposições adequadas em matéria de SST; assim, a segurança e saúde dos seus trabalhadores encontra-se muitas vezes mal protegida (OSHA). Edição de maio 2017 Os custos dos acidentes são especialmente preocupantes para as empresas de menor dimensão, que registam, segundo a OSHA, 82 % das lesões profissionais e 90 % do número total de acidentes mortais. Visite o O impacto de um incidente de SST pode ser desastroso para uma pequena empresa. Destaques nesta Edição: Atualização de dados estatísticos sobre acidentes de trabalho mortais e graves em 2016 2 Uma Publicação Departamento de Segurança e Saúde no Trabalho da UGT FICHA PRÁTICA PRP n.º 28 A Segurança e a Saúde nas Micro e Pequenas Empresas Resultados do Inquérito Nacional às Condições de Trabalho de Portugal Continental 3 10
Página 2 PRP Boletim de Prevenção de Riscos Profissionais Atualização de dados estatísticos sobre acidentes de trabalho mortais e graves ocorridos em 2017 Segundo os dados publicados no site da ACT, ocorreram em Portugal, entre janeiro e abril de 2017, 34 acidentes de trabalho mortais e 2 acidentes de trabalho graves. Tipo de acidente Acidentes Mortais Acidentes Graves Nas instalações 31 48 In itinere 0 0 Em viagem, transporte ou circulação 3 2 Total 34 50 [informação atualizada a 28 de abril de 2017] Esta informação poderá ser consultada na página eletrónica da ACT, carregando aqui. Nota: As estatísticas sobre acidentes de trabalho, aqui apresentadas, referem-se apenas aos acidentes de trabalho que são objeto de ação inspetiva no âmbito da atuação da ACT. Aceda ao nosso Blog em: http://sst-ugt.blogspot.pt/
Página 3 Ficha Prática n.º 28 A Segurança e a Saúde nas Micro e Pequenas Empresas Embora as micro e pequenas empresas representem quase 99 % das empresas europeias e empreguem cerca de metade da força de trabalho, contribuindo significativamente para a economia, uma percentagem substancial não dispõem de disposições adequadas em matéria de SST; assim, a segurança e saúde dos seus trabalhadores encontra-se muitas vezes mal protegida (OSHA). 1 - Como se encontram definidas as PME s? As PME encontram-se divididas em três categorias, a saber micro, pequenas e médias empresas. Na Recomendação 2003/361/CE da Comissão, de 6 de maio de 2003, estas são definidas da seguinte forma: Uma média empresa emprega menos de 250 pessoas e tem um volume de negócios anual inferior a 50 milhões de euros e/ou um balanço total anual inferior a 43 milhões de euros. Uma pequena empresa emprega menos de 50 pessoas e tem um volume de negócios anual ou balanço total anual não superior a 10 milhões de euros. Uma microempresa emprega menos de 10 pessoas e tem um volume de negócios anual ou balanço total anual não superior a 2 milhões de euros. Continuação...
2 - Que desafios enfrentam as micro e pequenas empresas? Os dados mostram que os trabalhadores das empresas de menor dimensão encontram-se sujeitos a maiores riscos do que os das empresas de maior dimensão, e que as primeiras sentem mais dificuldades para controlar os riscos. Diversos estudos, entre os quais o Inquérito Europeu às Empresas e Riscos Novos e Emergentes (ESENER) da EU-OSHA, revelam que os desafios associados à gestão da saúde e segurança no trabalho (SST) são bastante significativos nas empresas mais pequenas. 3 - Quais as razões subjacentes às dificuldades de gestão da SST? (Informação retirada do portal da OSHA) A gestão relativamente deficitária da SST, segundo a OSHA, pode ser atribuída a caraterísticas específicas típicas das micro e pequenas empresas, tais como: - Os elementos estruturais e organizacionais do trabalho e do emprego; - A situação económica e as relações laborais; - A diversidade e a flexibilidade das empresas; Aceda ao nosso Blog em: http://sst-ugt.blogspot.pt/ Cont.
PRP Boletim de Prevenção de Riscos Profissionais - O distanciamento face à regulamentação; - As atitudes e competências dos proprietários e dos trabalhadores neste tipo de empresas ou o seu curto ciclo de vida. Estas características fazem com que seja mais difícil às micro e pequenas empresas criarem e manterem um ambiente de trabalho seguro e saudável. 4 - Existem outros fatores a ter em conta na gestão da SST? Comparativamente às empresas de maior dimensão, a gestão da SST nestas empresas é também afetada por outros fatores, nomeadamente: - Dificuldades ao nível da regulamentação, uma vez que são normalmente heterogéneas, se encontram geograficamente dispersas e carecem de uma representação coesa. - Restrições orçamentais, ou seja, padecem muitas vezes de falta de recursos para empreender iniciativas nas áreas da segurança e da saúde e intervenções como o pagamento de aconselhamento, informações, ferramentas e controlos em matéria de saúde e segurança. - Os recursos reduzidos impedem a realização de atividades de prevenção. - Não é prioritário ter boas condições de SST. - As avaliações de riscos podem revelar-se caras e complexas, em especial quando uma empresa não possui os recursos ou o know-how em matéria de SST para as realizar. - As organizações que promovem ou criam boas condições de segurança e saúde no local de trabalho podem ter dificuldade em contactar diretamente com as micro e pequenas empresas. Cont.
Página 6 5 - Que fatores influenciam a não adoção de ações em prol da SST nestas empresas? Podemos apontar os seguintes fatores: Desconhecimento sobre a legislação de SST. A legislação e as recomendações técnicas associadas são muitas vezes complexas e de difícil compreensão; Precariedade de infraestrutura física de pessoal e equipamentos; Busca de benefícios e/ou resultados de curto prazo; Pequena estrutura diretiva, focada em outras áreas; Menor acesso a fontes de informação; Falta de acesso fácil aos serviços de apoio adequados (falta informação de quais serviços disponíveis e quem pode oferecê-los); A ideia errada de que pequena empresa significa também pequeno risco em relação à saúde e segurança no trabalho.. PRP - Prevenção Riscos Profissionais
Página 7 A falta de conhecimento a respeito dos custos envolvidos em acidentes de trabalho e doenças profissionais, desvia recursos que deveriam ser aplicados na prevenção para outros fins; Trabalhadores pouco capacitados e escassos recursos para capacitá-los. 6 - Quais as consequências dos acidentes para as micro e pequenas empresas? Para as micro e pequenas empresas, é muito mais difícil recuperar de um incidente de SST. O impacto é superior ao verificado em empresas de maior dimensão, já que não é fácil substituir rapidamente trabalhadores com funções estratégicas e as interrupções repentinas da atividade empresarial podem originar a perda de clientes e de contratos importantes. Um incidente grave pode levar ao encerramento de uma empresa devido aos custos diretos da resolução do incidente ou à perda de clientes e/ou contratos. Mesmo os pequenos incidentes e casos de problemas de saúde podem duplicar o nível de faltas ao trabalho por doença. 7 - Quais os recursos que facilitam a avaliação de riscos por parte das pequenas e médias empresas? Uma avaliação dos riscos adequada é fundamental para garantir a saúde nos locais de trabalho. Porém, as avaliações de riscos podem revelar-se bastante problemáticas, em especial para as micro e pequenas empresas, que podem não ter os recursos ou o know-how em matéria de segurança e saúde no trabalho ocupacional para as realizarem de forma eficaz.
Página 8 PRP Boletim de Prevenção de Riscos Profissionais A plataforma Online Avaliação de Riscos interativo (OiRA) da EU-OSHA visa ajudar a superar estas dificuldades, constituindo a primeira iniciativa a nível da UE destinada a incentivar as micro e pequenas empresas europeias (sobretudo através dos Estados- Membros e parceiros sociais, ao nível da UE e nacional) a avaliarem os respetivos riscos. Além disso, os e-guides (guias eletrónicos) desenvolvidos em conjunto com as campanhas «Locais de trabalho saudáveis» fornecem toda uma série de informações e conselhos em matéria de gestão da SST especificamente dedicados às micro e pequenas empresas. 8 - No que consiste a plataforma OIRA? A plataforma OiRA permite construir ferramentas em linha fáceis de utilizar e sem custos, que podem ajudar as micro e pequenas empresas a pôr em prática um processo faseado de avaliação de riscos, começando pela identificação e avaliação dos riscos no local de trabalho, passando pela decisão e a aplicação de medidas preventivas, e terminando no acompanhamento e na elaboração de relatórios. A plataforma OiRA é utilizada por parceiros sociais setoriais (organizações patronais e de trabalhadores) e pelas autoridades nacionais (ministérios, inspeções-gerais do trabalho, institutos de SST, etc.) para produzir ferramentas de avaliação de riscos setoriais direcionadas para as pequenas empresas. No total, estão disponíveis 99 ferramentas (e mais algumas em desenvolvimento) para 16 países ou a nível da UE, cobrindo uma ampla variedade de setores diferentes. Aceda ao portal do OIRA Aqui.
Página 9 9 - Existem dados estatísticos que ilustrem a realidade das micro e pequenas empresas relativamente à gestão da SST? O estudo ESENER-2 revela que estas empresas se encontram atrasadas em relação às suas homólogas de maiores dimensões no que respeita às disposições em matéria de SST, sendo que 30 % das microempresas não realizam avaliações de risco periódicas, em comparação com 3 % das empresas com 250 ou mais trabalhadores. Além disso, das micro e pequenas empresas que não realizam avaliações de risco, mais de 80 % acreditam que «os riscos e perigos já são conhecidos» ou que «não há problemas de maior». As conclusões do relatório mostram que, de acordo com o Eurostat, os acidentes fatais durante o período de 2008 a 2012 foram mais comuns em empresas com menos de 50 trabalhadores. Participar é fazer Prevenção E Participar é Agir! Fonte: Portal da OSHA
Página 10 Inquérito Nacional às Condições de Trabalho Foram divulgados pela ACT os resultados do Inquérito às Condições de Trabalho em Portugal Continental. Divulgamos, na nossa publicação, alguns dados deste inquérito: O inquérito às entidades empregadoras revela que mais de um quinto das 1004 entidades empregadoras inquiridas indica que nelas se realizam atividades ou trabalhos de risco elevado, das quais se destacam o trabalho em obras de construção (11,4%) e trabalhos em altura (10,7%). Este estudo revela também que aproximadamente 44% das entidades empregadoras referem dispor de um programa de promoção e vigilância da saúde. Destas, uma ampla maioria (88,5%) faz exames periódicos (anuais ou bianuais) e mais de metade faz exames de admissão (52,3%). Os dados referentes ao inquérito realizado aos trabalhadores revela que a maior parte dos/as trabalhadores/as mantém boas relações no trabalho. Cerca de 81% afirmam concordar com a frase tenho muito bons amigos e/ou boas amigas no trabalho. Por outro lado, 72,6% dizem sentir-se em casa na organização onde trabalham.
Página 11 De um modo geral, o inquérito mostra que a grande maioria das pessoas inquiridas (89,9%) sente-se satisfeita com o seu trabalho, não havendo diferenças, a este nível, entre mulheres e homens. Outros dados que podemos referir são: - De acordo com o Inquérito Nacional às Condições de Trabalho, cerca de 18,9% das mulheres e 18% dos homens inquiridas/os consideram que o horário de trabalho não se adapta aos compromissos familiares, pessoais ou sociais que têm fora da atividade profissional; - A realização de tarefas que implicam movimentos repetitivos da mão ou do braço é o fator de risco físico mais comum, afetando 83,2% de trabalhadores/as; - 71,1% dos inquiridos/as relataram ficar de pé durante longos períodos de tempo; - 46,8% dos inquiridos/as relataram trabalhar em posições cansativas ou dolorosas; - 42,5% dos inquiridos/as relataram ficar sentado/a longos períodos de tempo; - Cerca de três em cada dez trabalhadores/as referem estar sujeitos/as ao transporte de cargas pesadas (29,5%); - Mais de 10% de trabalhadores/as mencionam ter que utilizar máquinas e equipamentos de trabalho perigosos (19,1%); - 18,5% dos inquiridos/as relataram trabalhar em ambiente sujeitos a ruídos forte; - 15% dos trabalhadores inquiridos relataram estar sujeitos a vibrações; - 21,1% declaram que raramente ou nunca podem fazer uma pausa quando desejam; - 3,8% mencionam que raramente ou nunca têm tempo suficiente para terminar o seu trabalho Consulte aqui o Inquérito às Condições de Trabalho em Portugal Continental.
Página 12 Publicações da UGT em destaque Levantamento de Clausulado sobre Álcool e drogas em Meio laboral de 2016 Obteve-se da análise dos BTE publicados durante o ano de 2016, a um total de 138 convenções. Apenas 14 convenções são acompanhadas de clausulado sobre a problemática do álcool e drogas em meio laboral. A análise do conteúdo das Convenções permite-nos retirar as seguintes conclusões: rência à política/regulamento de álcool e drogas. sensibilização e de prevenção, sendo que destas, apenas 2 convenções referem a participação dos Representantes dos Trabalhadores para a SST e Sindicatos nestas ações de informação, formação e prevenção. -se que apenas 1 das convenções publicadas, faz referência à avaliação de riscos que podem potenciar os consumos, referindo que a empresa deve proceder à avaliação de riscos relativos às condições de trabalho que poderão potenciar os consumos testes de despistagem no âmbito da medicina do trabalho. Aceda ao documento Aqui.
Página 13 Uma Publicação Departamento de Segurança e Saúde no Trabalho da UGT Prevenção + Segurança = Investimento Seguro