TÍTULO: 4 a FEIRA CULTURAL O HOMEM E O CINEMA AUTORAS: EVANDRA CRISTINA DA SILVA E RENATA APARECIDA DOS SANTOS ESCOLA ESTADUAL JARDIM DAS ROSAS (SERRANA/SP) COMUNICAÇÃO RELATO DE EXPERIÊNCIA DESCRIÇÃO DO PROJETO E DA AÇÃO. O PROJETO 4 a FEIRA CULTURAL O HOMEM E O CINEMA veio de encontro a uma ação que já é desenvolvemos ha quatro anos na Escola Estadual Jardim das Rosas. Essa ação é um projeto que se refere a uma Feira Cultural, na qual cada ano é explorado um tema. Neste ano o eixo gerador das ações foi o homem e a construção de suas relações com os outros e consigo mesmo. Essa discussão partiu das relações exploradas em filmes, no qual o diretor baseia-se em situações reais para a construção dos personagens. Na verdade a pretensão da Feira Cultural era comprovar que o filme não é um mero instrumento de diversão e lazer, mas um recurso pedagógico eficaz para desenvolver a visão critica do educando. A partir disso, o nome dado a feira foi: 4 a Feira Cultural O Homem E O Cinema. A Feira Cultural envolve toda a escola, na qual cada grupo de professores tem a liberdade de a partir do projeto ancora desenvolver suas ações. E foi a partir da Feira Cultural que nós nos encontramos. Nós: alunos, professoras Renata Aparecida dos Santos (História) e Evandra Cristina da Silva (Educação Artística). E a partir de 2001 passamos a elaborar e desenvolver uma série de projetos. Sempre pensamos os projetos relacionados aos conteúdos das disciplinas que lecionamos e de acordo com a faixa etária a qual iremos desenvolver nossa ação. A ação que realizamos é sempre no sentido de junto com aluno construir algo significativo, principalmente para ele, que o ajude a construir o conhecimento. Assim tornando-se ativo na sua própria construção do saber. A nossa ação dentro da 4 a Feira Cultural O Homem E O Cinema se fez em dois momentos, atendendo as necessidades reais dos alunos, na sua necessidade de expressão, de acordo com a faixa etária, a situação de risco social, no tocante a situação econômica e na estrutura familiar. 1
1 a AÇÃO: OS SALTIMBANCOS DA ALEGRIA. Os Saltimbancos da Alegria surgiram após a constatação (diagnóstico) da carência afetiva e emocional dos educandos das 5 as séries. E também da preocupação de não perder os mesmos futuramente. Dizemos esse perder, pois a escola está localizada num bairro periférico e essa comunidade apresenta um índice de violência considerável. A maioria dos pais de nossos educandos são trabalhadores rurais, pedreiros, domésticas, e que por viver uma situação econômica precária estão ausentes do cotidiano dos seus filhos. Os Saltimbancos da Alegria veio mostrar para os alunos o quanto é importante à solidariedade, o compartilhar, a união, a troca de idéias e o respeito. A ALEGRIA é aquele ingrediente essencial para a existência humana, conclusão essa encontrada pelos próprios alunos. A tristeza que me desculpe, mas a alegria é essencial. A solidariedade esteve presente na construção dessa ação em vários momentos. Um desses momentos mais marcantes foi na pintura do rosto para as apresentações, na qual cada aluno envolvido se preocupava se o outro estava bem, se o rosto estava todo pintado para não descobrirem quem estava atrás da máscara; no cuidado de proporcionar a um aluno cadeirante da escola essa mesma vivência ele tem que participar, uma das frases mais ouvidas. Professora posso levar ele para dar uma volta?. A troca de idéias aconteceu na construção do roteiro das apresentações que aconteceriam dentro da sala de aula, na seleção das músicas que acompanhariam essas apresentações, quantas pessoas o espaço comportaria e a função de cada um dentro do espetáculo. Respeito no momento de cada um dentro do espetáculo desde os expectadores até os artistas-alunos e com a limitação de cada um. A união na montagem da sala, na confecção de cada animal, palhacinhos (bonecos), na desmontagem, nas refeições. Compartilhar, a alegria de fazer e ver essa alegria no rosto do expectador. Até mesmo na participação e no envolvimento de alunos das 6 as séries nas apresentações. Ressaltando toda a magia desse acontecimento dado a faixa etária na qual os alunos se encontram, no qual o egocentrismo é predominante e mesmo assim aceitaram e acolheram a participação de alunos de outras séries. Coordenados por um aluno da 7 a série que era o apresentador. Também dentro dessa ação houve um momento que foi a abertura da Feira Cultural, no qual houve uma integração total dos alunos das 5 as séries e o inicio da formação de rede de colaboradores (pais de alunos) para a consolidação do trabalho. Na apresentação das gatinhas A História de uma Gata todas as alunas das 5 as séries participaram sendo quatro alunas foram as responsáveis pela coreografia da dança e ensaiar 54 alunas. A partir da 2
música Piruetas os alunos apresentam a chegada de um circo numa cidade (respeitável público...). Todas essas ações visam a construção de conhecimento do aluno, viabilizando o desenvolvimento de várias competências, tais como a leitora, trabalho em equipe, expressão visual, tridimensional e corporal. 2 a AÇÃO: OS MENINOS DO MURO A feira tem início com a pintura do muro, é como se a cada ano a alma se renovasse ou nascesse, é a história viva da feira cultural. Viva porque envolve a vida quem passa e de quem faz. De quem faz é percebida a transformação comportamental e intelectual. É o amadurecer dos meninos ao longo dos anos. Os monitores hoje, não eram os mesmos do passado. Mas sempre estiveram envolvidos no processo de construção da pintura do muro. Essa pintura consiste na expressão 3
de imagens que vem a tona, a partir do tema da feira. Ela é o elo de interação da comunidade com ocorre ou vai ocorrer na feira cultural. O processo de construção dessa pintura sempre se inicia com uma reunião entre os monitores, decidindo as regras, estabelecendo dadas e prazos para entrega e seletiva dos desenhos e a responsabilidade de cada um pelos diversos materiais. No segundo momento acontece a reunião com alunos autores dos desenhos selecionados, no qual são apresentadas as regras, e responsabilidades, de como esse trabalho acontecerá na parte externa da escola, qual deve ser o comportamento dos mesmos. Deixando claro que as regras deverão ser seguidas, sob a pena de não irem mais ao muro, caso não cumpram o contrato estabelecido. Contrato verbal, pois a palavra é a atitude, na qual fica claro que promessa é divida. Demonstrando que a responsabilidade tem um peso e importância, que isso é percebido nas altitudes dos mesmos. Ir ao muro torna-se tão vital que realmente essa atitude é aprendida pelo aluno. Essa pintura é expressão máxima, é ele, é marca dele que tem de ficar, esse grupo de alunos tornando-se um, e ele reconhecendo-se dentro desse desenho. A própria comunidade sente que há uma mobilidade em torno do muro, o qual ela vê transformar em algo novo, renovando o seu caminho entorno da escola, daí criando vínculos com a comunidade e respeito. 4
O canal de realização estética é inerente à natureza humana e não conhece diferenças sociais. Pesquisadores já mostraram que o ser humano busca a solução de problemas através de dois comportamentos básicos: o pragmático e o estético, isto é, buscam soluções que sejam mais práticas, mais fáceis, mais exeqüíveis, porém ao mesmo tempo, mais agradáveis, que lhe dêem maior prazer. 1 Pensando na fala de Ana Mae, a aprendizagem através da arte ela se torna uma estratégia que alia o prazer e o saber, pois o aluno é o próprio construtor do objeto e do conhecimento. E isso para o mesmo é sólido, devido a concretude da realização. 1 BARBOSA, Ana Mãe.A imagem no ensino da arte. São Paulo. Editora Perspectiva, 1998. 5
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