RELATÓRIO DA ADMINISTRADORA DA INSOLVÊNCIA (Elaborado nos termos do art.º155º do C.I.R.E.) Notas prévias: Publicidade de Sentença efectuada no Portal Citius em 25-09-2014 Reunião realizada com a insolvente em 07-10-2014 Visita à actual residência da insolvente em 04-11-2014 Assembleia de Credores agendada para 19-11-2014 às 10:00 horas DADOS DE IDENTIFICAÇÃO: ANA SOFIA VIEIRA MENDES NIF: 214 501 620 DATA DE NASCIMENTO: 18-08-1986 ESTADO CIVIL: Casada RESIDÊNCIA: Avenida Carteado Mena, n.º 294, 1.º Esquerdo, 4935-091, Viana do Castelo Nº DE DEPENDENTES: 1 SITUAÇÃO FACE AO EMPREGO: Trabalhadora por conta de outrem 2. ACTIVIDADE A QUE SE DEDICOU NOS ÚLTIMOS 3 ANOS E PRINCIPAIS CAUSAS DA SITUAÇÃO ACTUAL - Artigo 155ª, nº 1, alínea a) do CIRE - Análise dos elementos incluídos no documento referido no artigo 24ª, nº 1, alínea c) do CIRE- A SITUAÇÃO ACTUAL Do agregado Familiar A insolvente é uma pessoa singular, actualmente com 28 anos de idade. É casada civilmente com José Luís Rodrigues do Monte desde 14-02-2014. A insolvente e o seu marido são pais de Leonor Mendes do Monte, actualmente com 3 anos de idade. O agregado familiar da insolvente é assim composto por si, pelo seu marido e a sua filha menor. Dos rendimentos auferidos A insolvente trabalha na sociedade Eurest (Portugal) -Sociedade Europeia de Restaurantes Lda., NIPC 500 347 506, a desempenhar a função de Empregada de Distribuição Personalizada. Na reunião realizada a insolvente referiu à AI que a referida sociedade presta serviços de confecção de refeições no Hospital da Unidade Local de Saúde do Alto Minho, EPE. Em contrapartida do trabalho prestado a insolvente aufere um rendimento ilíquido mensal de 528,12. 1/6
Na reunião realizada a insolvente informou ainda a AI que o seu marido encontra-se desempregado, desde o ano de 2011, pois teve um acidente de trabalho nesse mesmo ano e ficou em recuperação prolongada, tendo recebido uma indemnização, paga de uma só vez. Ainda de acordo com os documentos indagados, aferiu-se que o marido da insolvente aufere um subsídio mensal no montante de 201,90 euros pago pelo Instituto da Segurança Social, I.P. Por sua vez, da análise às declarações de rendimentos da insolvente, reportadas aos últimos três anos, retira-se a seguinte informação: Ano Rendimentos declarados pela insolvente 2013 9.167,70 2012 7.398,81 2011 2.811,09 Todos os rendimentos declarados pela insolvente de 2011 a 2013 foram auferidos na sociedade Supermercados Froiz Portugal Lda, NIPC 503 624 403. - Das Despesas do Agregado Familiar De acordo com as declarações constantes da Petição Inicial, a insolvente ( )só tem como rendimentos o seu vencimento, já que o seu marido se encontra desempregado ( ). Paga de renda de casa 250,00/mês. Gasta com electricidade, gás e água uma média de 130,00/mês. Tem despesas com o infantário da filha, roupas e alimentação, de cerca de 150,00/mês. Bem como despesas correntes com a sua alimentação, vestuário, produtos de higiene e demais despesas correntes inerentes ao funcionamento de uma casa, nunca inferiores a 250,00/mês. ( ) E só com a ajuda de familiares e amigos tem conseguido sobreviver. B CAUSAS DA SITUAÇÃO ACTUAL Do teor da Petição Inicial as causas da actual situação da insolvência da ora insolvente vêm fundamentadas: ainda no estado de solteira a requerente contraiu diversos empréstimos perante, particulares, Bancos e empresas de prestação de serviços, o que resultou um acumular de uma dívida que ronda actualmente 19.199,17. Na reunião realizada, a insolvente referiu à AI que as dívidas que contraiu foram para ajudar a sua irmã na aquisição de uma viatura. 2/6
- Do passivo da Insolvente O passivo reclamado e arrolado pela insolvente computa o montante global 20.520,74 euros. Da sua análise, verifica-se que o mesmo decorre, essencialmente, de pequenos créditos ao consumo obtidos junto de entidades financeiras e bancárias e junto de um particular. CONCLUINDO, Da análise dos elementos constantes na Petição Inicial e dos restantes elementos obtidos por indagação da AI, afere-se que a situação de insolvência advém do incumprimento do pagamento dos financiamentos contraídos, de montante considerável face aos padrões de rendimento auferidos pela insolvente. Com efeito, com a situação de desemprego do seu marido, a insolvente ficou sem suporte financeiro para dar continuidade às suas obrigações e ao sustento da sua unidade familiar, desequilibrando toda a sua situação monetária. O certo é que, actualmente, face ao rendimento auferido pela insolvente, ao montante do passivo e às despesas que tem a seu cargo, verifica-se que esta não detém condições financeiras suficientes para saldar, atempadamente e pontualmente, todas as obrigações decorrentes dos actos anteriormente elencados. 3. ANÁLISE ESTADO DA CONTABILIDADE DO DEVEDOR E OPINIÃO SOBRE OS DOCUMENTOS DE PRESTAÇÃO DE CONTAS E DE INFORMAÇÃO FINANCEIRA - Artigo 155ª, nº 1, alínea b) do CIRE Não aplicável por força da alínea f) do nº 1 do artigo 24º do CIRE (não tem contabilidade organizada) 4. PERSPECTIVAS DE MANUTENÇÃO DA EMPRESA DO DEVEDOR, NO TODO OU EM PARTE, DA CONVENIÊNCIA DE SE APROVAR UM PLANO DE INSOLVÊNCIA, E DAS CONSEQUENCIAS DECORRENTES PARA OS CREDORES NOS DIVERSOS CENÁRIOS FIGURÁVEIS - Artigo 155ª, nº 1, alínea c) do CIRE Pelo que foi possível apurar, decorrente das diligências encetadas, inclusive das buscas efectuadas junto da Administração Tributária e Serviços de Registo Predial e Automóvel, verifica-se que: 1. A insolvente encontra-se a desempenhar a função de Empregada de Distribuição Personalizada na sociedade Eurest (Portugal) -Sociedade Europeia de Restaurantes Lda. NIPC 500 347 506, auferindo um salário ilíquido mensal de 528,12; 2. De acordo com o que vem dito na P.I. A requerente só tem como rendimentos o seu vencimento, já que o seu marido se encontra desempregado, não sendo possuidora de qualquer outro património. Dos elementos obtidos, o marido da insolvente aufere um subsídio mensal no montante de 201,90 pago pelo Instituto da Segurança Social, I.P.; 3/6
3. Das buscas efectuadas não é conhecido à insolvente nenhum bem imóvel nem nenhum veículo automóvel. A insolvente declarou ainda à AI, na reunião realizada, que todos os bens móveis da casa onde vive são propriedade do senhorio ou do seu marido, e neste caso, adquiridos antes do casamento ; 4. Na reunião realizada, a insolvente informou ainda a AI que não é beneficiária de qualquer contrato de arrendamento ( ) não é titular de quaisquer direitos creditórios ( ) não é detentora de bens móveis em regime de aluguer ou locação financeira ou venda com reserva de propriedade ; 5. O passivo conhecido à insolvente cifra-se no montante aprox. de 20.500,00 euros; 6. É, pois, manifesta a insuficiência económica da insolvente, porquanto não dispõe de quaisquer meios capazes de liquidar as suas dívidas vencidas; 7. Pelo que se verifica que, actualmente, face aos rendimentos auferidos pela insolvente, não existe possibilidade de esta vir a gerar receitas suficientes para fazer face às suas obrigações. Consequentemente: I. Sem qualquer património passível de ser apreendido e integrado na massa insolvente, em benefício dos credores, a insolvente não dispõe de meios para fazer face aos créditos que venham a ser apurados. II. E a massa insolvente (inexistente) é insuficiente para a satisfação das custas do processo e das restantes dívidas da massa insolvente. 5. EXONERAÇÃO DO PASSIVO RESTANTE Na petição inicial, veio a insolvente requerer ao Tribunal que lhe fosse concedida a exoneração do passivo restante, nos termos do disposto no Capítulo I do Título XII do CIRE, nomeadamente dos artigos 235º, 236º e 237º. Para tal declara expressamente que preenche todos os requisitos e se dispõe a observar todas as condições exigidas pelo artº 239º do CIRE. A administradora de insolvência não tem conhecimento de que a insolvente se enquadre em nenhuma das situações previstas no artigo 238º n.º 1 do CIRE. ISTO POSTO, AI PROPÕE à Assembleia de Credores: a) Que, após a apreciação da exoneração do passivo restante, seja o processo encerrado por insuficiência da massa insolvente ao abrigo do disposto no artigo 232º do CIRE. Com base na informação prestada nos pontos I e II anteriores, a AI muito respeitosamente REQUERER A Vª EXA: b) Que, nos termos do disposto no artigo 153º nº 5 do CIRE seja dispensada da elaboração do inventário. 4/6
6. DESCRIÇÃO DAS CONDIÇÕES ACTUAIS DE VIDA DA INSOLVENTE A AI, em 04-11-2014 na companhia da insolvente, efectuou visita ao imóvel onde a insolvente reside, tendo verificado que: Da Habitação: a) A insolvente reside em imóvel arrendado mediante o pagamento de uma renda mensal no valor de 250,00; b) O imóvel corresponde à fracção D do prédio urbano localizado na Avenida Carteado Mena, freguesia de Darque, concelho de Viana do Castelo, composto por sala, cozinha, 2 quartos, 1 WC e 1 corredor; c) Trata-se de imóvel de construção antiga, modesto, dispondo, no entanto, das condições mínimas de habitabilidade; d) Não foram vistos sinais exteriores de riqueza. Dos rendimentos: e) A insolvente trabalha na sociedade Eurest (Portugal) -Sociedade Europeia de Restaurantes Lda., a desempenhar a função de Empregada de Distribuição Personalizada na sociedade, auferindo um rendimento líquido mensal de 477,48; f) O marido da insolvente encontra-se desempregado, auferindo um subsídio mensal de 201,90 pago pelo ISS, I.P. Do património: g) Não são conhecidos à insolvente quaisquer bens imóveis ou bens móveis sujeitos a registo. Das despesas do Agregado Familiar: h) A insolvente arrolou na Petição Inicial despesas no montante global de 780,00 euros, a título renda de casa ( ) electricidade, gás, e água ( ) infantário da filha, roupas e alimentação ( ) despesas correntes com a sua alimentação, vestuário, produtos de higiene e demais despesas correntes inerentes ao funcionamento de uma casa ; i) A insolvente logrou comprovar junto da AI as despesas de renda de casa ( 250,00); água e luz (aprox. 45,00) e do infantário da sua filha ( 24,82); j) A insolvente declara na Petição Inicial só com a ajuda de familiares e amigos tem conseguido sobreviver. 7. SENTIDO DE PARECER DE QUALIFICAÇÃO DE INSOLVÊNCIA Atenta a nova redacção do nº 1 do artigo 188º do CIRE, e dado que a AI não perspectiva, a curto prazo, obter factos novos, deixa, desde já, aqui expressa a sua opinião quanto ao sentido do parecer de qualificação da insolvência. Desde logo, e dado que a insolvente não estão obrigada a possuir contabilidade organizada o que dificulta todas as analises que se possam fazer no sentido de apurar responsabilidades na gestão do seu património e negócios efectuados, apenas os elementos juntos aos autos pela insolvente, bem como os obtidos por indagação, serão aqui atendidos: a) Sempre que solicitado, a insolvente colaborou com a Administradora de Insolvência; b) Não se lhe conhece quaisquer bens ou fontes de rendimento, para além do seu vencimento mensal ilíquido de 528,12; 5/6
c) As dívidas actuais tiveram a sua origem na obtenção de pequenos créditos ao consumo que, de acordo com as declarações prestadas pela insolvente, destinaram-se a ajudar financeiramente a irmã da insolvente na aquisição de um veículo automóvel; d) Pelo que não foram encontrados quaisquer factos que pudessem levar, pela dedução de causa e feito, à imputação na pessoa da devedora a sua insolvência como culposa, nomeadamente a ocorrência de quaisquer actos enquadrados no art.º 186º CIRE. PEDE DEFERIMENTO, Muito atentamente A administradora da insolvência, ANEXO: Lista provisória de credores 6/6