EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR E AS ATIVIDADE INTEGRADORAS DE CONHECIMENTO 1

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Transcrição:

EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR E AS ATIVIDADE INTEGRADORAS DE CONHECIMENTO 1 Diego Francisco Lorencena De Oliveira 2, Adriano Modesto Da Silva 3, Iêndora Caroline Biancon 4, Maristela Righi Lang 5, Marli Dallagnol Frison 6, Isabel Koltermann Battisti 7 1 Pesquisa de campo realizada durante o componente curricular Prática De Ensino Interárea: Ensino Médio, do curso de graduação em Educação Física, na Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul Unijuí 2 Acadêmico do curso de graduação em Educação Física Licenciatura da Unijuí, e-mail: dlorencena@gmail.com. 3 Acadêmico do curso de graduação em Educação Física Licenciatura da Unijuí, e-mail: modesto.adriano@hotmail.com. 4 Acadêmico do curso de graduação em Educação Física Licenciatura da Unijuí, e-mail: ic-biancon@bol.com.br. 5 Professora do Curso de Letras: Português e Inglês da Unijuí, uma das docentes da disciplina Prática De Ensino Interárea: Ensino Médio; e-mail: marilang@unijui.edu.br. 6 Professora do Curso de Quimica da Unijuí, uma das docentes da disciplina Prática De Ensino Interárea: Ensino Médio; e-mail: marlif@unijui.edu.br. 7 Professora do Curso de Matemática da Unijuí, uma das docentes da disciplina Prática De Ensino Interárea: Ensino Médio; e-mail: isabel.battisti@unijui.edu.br. Introdução No contexto atual, o Ensino Médio passa por constantes mudanças em sua organização curricular, a Educação Física Escolar (EDF escolar) se encaixa e se faz presente em todas as discussões de reformulação dos currículos. Nesse sentido, as Diretrizes Curriculares Nacionais do Ensino Médio (DCNs) específica a Educação Física como um dos componentes curriculares obrigatórios e a caracteriza como integrada à proposta pedagógica da instituição de ensino, sendo sua prática facultativa ao estudante nos casos previstos em lei (BRASIL, 2013, p. 186). Integra a área de conhecimento das Linguagens, juntamente com as Artes e as Línguas Portuguesa, Materna (para populações indígenas) e Estrangeira Moderna. Compõe, assim, o currículo do Ensino Médio com as áreas da Matemática, Ciências da Natureza e Ciências Humanas. As Orientações Curriculares para o Ensino Médio apresentam a identidade da EDF Escolar como Cultura Corporal do Movimento e traz como base os saberes construídos pelos alunos sobre o seu corpo e o corpo dos outros, valores éticos e estéticos, além dos saberes corporais referentes às práticas esportivas e corporais. Ainda, o mesmo documento caracteriza a EDF escolar como uma disciplina que transcende os espaços tradicionais da escolas, podendo explorar e interagir com a comunidade escolar e o contexto onde ela se insere. Assim, por meio dessas particularidades, espera-se que os alunos tenham a oportunidade de vivenciar o maior número de práticas corporais possíveis (BRASIL, 2006). Levando em consideração as peculiaridades da EDF escolar, as atividades integradoras de conhecimento podem e se encaixam de forma pertinentes nas práticas da disciplina. Nesse

sentido, a interdisciplinaridade se destaca como uma possibilidade de construção de conhecimento e preparação para educação proficiente dos sujeitos. No entanto, esse tipo de abordagem ainda se apresenta como dificultosa e traz muitas dúvidas aos professores de Educação Física (se ampliando às demais áreas). Essa perspectiva constitui-se, muitas vezes, pelas poucas experiências durante a formação inicial, falta de diálogo entre os professores e dificuldade de superar o modelo tradicional de ensino (MILANI; DARIDO, 2017). Tendo como objetivo a formação integral dos indivíduos, a interdisciplinaridade busca a aproximação dos conteúdos e das temáticas pertinentes ao contexto escolar em que os sujeitos estão incluídos. Organizando e construindo saberes comuns que, intrinsicamente, podem se fortalecer através de uma abordagem interdisciplinar entre as disciplinas que fazem parte da estrutura escolar (AUTH, 2014). Este estudo tem como objetivo ampliar entendimentos acerca do lugar da Educação Física Escolar no contexto da interdisciplinaridade no Ensino Médio, comparando dados, buscados por meio de uma pesquisa de campo exploratória. Procedimentos Metodológicos O presente artigo caracteriza-se como uma pesquisa exploratória[1], por meio da qual levantamos os dados presentes nos PPP s de duas escolas da rede estadual de educação do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul, estudando as ementas, os objetivos, os conceitos e os conteúdos que são responsabilidade da Educação Física Escolar, além de uma conversa informal e questionamentos com os professores de Educação Física e alunos do segundo ano do Ensino Médio das respectivas escolas. No presente texto uma das Escolas é indicada como Escola A e a outra como Escola B e as conversas informais, bem como as respostas dos questionamentos, foram registradas na forma de anotações. Os dados produzidos foram analisados mediante elementos teóricos e documentos oficiais que norteiam o currículo escolar da Educação Básica, de forma especial a Educação Física do Ensino Médio. Resultados No que diz respeito à ementa, aos objetivos e aos conceitos da disciplina de Educação Física, em sua essência, propõe um estudo sobre as práticas corporais, por meio das diversas manifestações das possibilidades expressivas dos sujeitos, oportunizando experiências do conhecimento técnico/prático, crítico e contextualizado, destacando o cuidado com o seu corpo e o corpo do outro, além de priorizar o protagonismo social dos alunos. (ESCOLA A, PPP, 2014). Como objetivo central, os documentos tencionam oportunizar a aprendizagem de forma contextualizada da Cultura Corporal do Movimento, significando as práticas corporais. Nesse sentido, proporcionando conhecimento aos sujeitos

da aprendizagem, de uma forma crítica e reflexiva preparando-os para a vida social subsequente (idem). Como conteúdos específicos do segundo ano do Ensino Médio, podemos destacar que, em uma escola, esses foram bem resumidos. De acordo com os documentos, eles se baseiam em Importância da Educação Física para a Saúde ; Ginástica de Academia ; Práticas Corporais Expressivas (dança e ritmo); e Práticas Corporais na Natureza. Já os conteúdos da outra escola, esses estão de acordo com o referencial curricular Lições do Rio Grande (RIO GRANDE DO SUL, 2009), pois não especifica os conteúdos, apenas norteia o ensino, possibilitando uma interpretação, ao mesmo tempo em que abre possibilidades concretas de realizar o planejamento de acordo com o documento orientador, citado anteriormente, contemplando os esportes, a ginástica, as práticas expressivas e na natureza, trazendo intrinsicamente os saberes procedimentais, conceituais e atitudinais dos sujeitos. No que diz respeito à identificação das disciplinas como área de conhecimento, os documentos estão em concordância com a sua área, no caso específico da Educação Física, está contemplada no campo das Linguagens. No entanto, em nenhum momento durante o estudo realizado nos documentos oficiais das escolas, verificamos alguma menção sobre atividades interdisciplinares que poderiam ser propiciadas aos alunos do 2º ano do Ensino Médio. Em um segundo momento, realizamos um contato com os sujeitos envolvidos com o Ensino Médio. A partir de conversas informais, interpelamos a Coordenação Pedagógica, o Professor de Educação Física e os alunos (estes durante as aulas de Educação Física) de ambas as instituições. O objetivo era encontrar algum vestígio do conhecimento desses sujeitos em relação à área em que a Educação Física se insere, além de possíveis detalhes que identificariam a presença de alguma atividade interdisciplinar durante as aulas. A Coordenação Pedagógica e o Professor de ambas as escolas têm o conhecimento de que a Educação Física faz parte da grande área das Linguagens, mesmo não conseguindo argumentar sobre o porquê dessa realidade. Inclusive um dos professores não sabia explicar o sentido desta organização, já o outro citou que existem formações continuadas para os professores e que essa clareia as possibilidades de produção de sentido do porquê da EDF estar presente na área de linguagens. Já os alunos entendem a Educação Física como uma prática isolada, não vendo nenhuma semelhança ou possibilidade de a disciplina estar relacionada com a área das Linguagens. Salienta-se, inclusive, algumas expressões de espanto, como: Educação Física não tem nada a ver com Português (Aluno da Escola B). Dentro das possibilidades das práticas interdisciplinares, as duas escolas trabalham a partir de um tema estruturante de ensino durante o ano, para o ensino médio, voltado diretamente à pesquisa. No planejamento escolar, a interdisciplinaridade se torna evidente, quando se

apresenta um tema estruturante de ensino, no entanto, mesmo com a indicação natural de trabalho em conjunto e possibilidades de diálogo, as aulas de Educação Física não se adaptam a essa realidade (pelo menos nesses dois contextos). Essa máxima também reflete nas outras disciplinas, nas quais as atividades relacionadas aos temas estruturantes, em ambas as escolas, são propostas em momentos específicos (Festas e atividades isoladas, por exemplo), não havendo um diálogo entre as disciplinas durante as aulas de cada componente ou até mesmo na área de conhecimento. Quando questionado os alunos sobre o conceito de interdisciplinaridade, eles não tinham ouvido falar do termo e não entenderam o questionamento, no entanto, com a modificação do termo, para atividade integrada entre duas ou mais disciplinas, conseguiram entender o que fora solicitado, mas não conseguiram citar ou exemplificar alguma prática que presenciaram durante a caminhada escolar. Isso pode ser dito em relação a ambas as escolas. Conclusão A proposição em conjunto das especificidades da Educação Física de forma interdisciplinar, com o auxílio de um dos responsáveis pela formação inicial dos acadêmicos de Educação Física, torna-se importante no contexto cultural que envolve as práticas da disciplina nas escolas da rede estadual, isso porque os futuros professores de Educação Física entrarão nesse contexto com habilidades suficientes para realizar de forma eficiente essas possibilidades. Os documentos oficiais que norteiam os saberes curriculares que precisam ser proporcionados aos alunos, devem ser levados em consideração quando as escolas forem escolher salienta-se que isso nem se torna necessário, uma vez que o referencial já indica seus conteúdos. Os responsáveis devem levar em conta essas orientações, pois direcionam o aprendizado para cada idade específica e as possibilidades de construir um sentido para as práticas são evidentes. A falta de experiência sobre a interdisciplinaridade ficou evidente em ambos os casos, o que demonstra a necessidade de estudos e entendimento sobre a importância de práticas interdisciplinares na formação inicial dos sujeitos, pois sugestiona a construção do conhecimento, possibilita um sentido ao aprendizado, propiciando aos alunos uma compreensão maior sobre o tema proposto, mas não somente em momentos específicos, mas sim dentro das especificidades de cada disciplina/área de conhecimento. Destaca-se também a necessidade de diálogo entre os professores, já que é de extrema importância para efetivar práticas interdisciplinares na escola. Durante a formação inicial dos futuros professores, componentes que tencionam o aprendizado de possibilidades interdisciplinares são de extrema importância, pois abrem o leque de opções e permitem a busca de

experiência no convívio com áreas distintas da sua. No que diz respeito a professores que já são formados e não possuem experiência com as práticas de ensino integradas, as formações continuadas podem ser de grande valia para a proposição de práticas interdisciplinares. Para os alunos das escolas, proporcionar atividades que integrem as diferentes áreas do conhecimento são de grande importância para o entendimento de alguns conceitos, já que proporcionam a utilização de vários recursos para buscar a formação crítica e reflexiva e se tornarem cidadãos protagonistas na sociedade. Referências AUTH, M. A. Interdisciplinaridade. In: GONZÁLEZ, F. J.; FENSTERSEIFER, P. E. (Org.). Dicionário Crítico de Educação Física. Ijuí: Ed. Unijuí, 2014. 3º edição, p. 393-395. BRASIL. República Federativa do. Diretrizes Curriculares Nacionais Gerais da Educação Básica/ Ministério da Educação. Secretária de Educação Básica. Diretoria de Currículos e Educação Integral. Brasília: MEC, SEB, DICEI, 2013.. Orientações Curriculares Para o Ensino Médio: Linguagens, Códigos e suas Tecnologias. Secretaria de Educação Básica. Brasília, Ministério da Educação, Secretaria de Educação Básica. Conhecimentos de Educação Física, vol. 1, 2006. p. 213-239. ESCOLA A. Projeto Político Pedagógico (PPP), 2014. ESCOLA B. Projeto Político Pedagógico (PPP), 2014. GIL, A. C. Como classificar as pesquisas. In: GIL, A. C. Como elaborar projetos de pesquisa. 4a ed. São Paulo: Atlas; 2002. p. 41-57. MILANI, A. G.; DARIDO, S. C. Princípios de interdisciplinaridade e contextualização no Ensino Médio. In: DARIDO, S. C. (Org.). Educação Física no Ensino Médio: diagnóstico, princípios e práticas. Ijuí: Ed. Unijuí, 2017. p. 171-182. RIO GRANDE DO SUL. Referencial Curricular para as Escolas Estaduais. In: RIO GRANDE DO SUL. Referencial Curricular Lições do Rio Grande: Linguagens, Códigos e Suas Tecnologias, Artes e Educação Física. Porto Alegre: Secretaria de Educação, 2009. [1] Estas pesquisas têm como objetivo proporcionar maior familiaridade com o problema, com vistas a tomá-lo mais explícito ou a constituir hipóteses. Pode-se dizer que estas pesquisas têm como objetivo principal o aprimoramento de ideias ou a descoberta de intuições. Seu planejamento é

portanto, bastante flexível, de modo que possibilite a consideração dos mais variados aspectos relativos ao fato estudado. (GIL, 2002, p. 41)