Rodada n. 3 Direito Civil Temas: Bens; Bem de família

Documentos relacionados
Direito Civil. Bem de Família. Professora Alessandra Vieira.

1. DO BEM DE FAMÍLIA 1.1. DO BEM DE FAMÍLIA VOLUNTÁRIO DIREITO DE FAMÍLIA

BuscaLegis.ccj.ufsc.br

DIREITO CIVIL I. Dos Bens 3/3/2010

Direito Civil. Dos Bens. Professor Fidel Ribeiro.

Bem de família, Bem de família voluntário, Bem de família legal, Súmula 549 do STJ, Impenhorabilidade do bem de família.

Bens são todos aqueles objetos materiais ou imateriais que sirvam de utilidade física ou ideal para o indivíduo.

Art. 79. São bens imóveis o solo e tudo quanto se lhe incorporar natural ou artificialmente.

BENS NO CÓDIGO CIVIL

Parte Geral: domicílio e bens

UNIVERSIDADE PRESIDENTE ANTÔNIO CARLOS - UNIPAC FACULDADE DE CIÊNCIAS JURÍDICAS E SOCIAIS DIREITO CIVIL FAMÍLIA QUADROS ESQUEMÁTICOS

Natureza: incorpora-se ao solo naturalmente. Ex: árvore. Acessão Física: incorpora-se ao solo de forma artificial. Ex.: construções.

Fiscal Direito Civil Bens Márcia Albuquerque

NOÇÕES GERAIS DE DIREITO CONCEITO. É um conjunto de normas de conduta impostas para regularizar a convivência humana em sociedade.

TERMINOLOGIAS TÉCNICAS NO PROCEDIMENTO JUDICIAL

BENS JURÍDICOS. Acessão Física: incorpora-se ao solo de forma artificial. Ex.: construções.

DIREITO TRIBUTÁRIO. Garantias e Privilégios do Crédito Tributário Garantias do crédito tributário Impenhorabilidade. Prof.

Os conceitos de BEM e COISA, como objeto de direito, não são pacíficos na doutrina clássica, havendo uma série de definições.

Universidade de Brasília UnB - Faculdade de Direito Disciplina: Teoria Geral do Direito Privado Professora: Ana Frazão BENS

BENS I 6/5/2017 PREÂMBULO TOTIUS LATINITATIS LEXICON

Turma e Ano: Turma Regular Master A. Matéria / Aula: Direito Civil Aula 09. Professor: Rafael da Mota Mendonça

GERALDINE PINTO VITAL DE CASTRO Juíza Federal Convocada VOTO. Juíza Federal Convocada GERALDINE PINTO VITAL DE CASTRO (Relatora):

CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM DIREITO CIVIL.

CURSO ON-LINE DIREITO CIVIL TRE-PE ANALISTA JUDICIÁRIO

Resumos de leitura obrigatória AULA 30-03/06/2019 (...) CASOS PRÁTICOS

BENS DE FAMILIA JICEX

T E O R I A GER A L D O DIREITO CIVIL

PROF. JOSEVAL MARTINS VIANA. Módulo 24 PROCESSO DE EXECUÇÃO DO NOVO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL

DIREITOS REAIS DE GARANTIA

DOS BENS CONCEITO CLASSIFICAÇÃO DOS BENS CÓDIGO CIVIL 1. QUANTO À MOBILIDADE

Direito das Coisas. VI - Direitos Reais em Coisa alheia

Institutos de Direito Aula - Garantias

PROF. JOSEVAL MARTINS VIANA FASE DE CUMPRIMENTO DE SENTENÇA E DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA NA RELAÇÃO DE CONSUMO

GERALDINE PINTO VITAL DE CASTRO Juíza Federal Convocada

PROTEÇÃO JURÍDICA DO BEM DE FAMÍLIA

AULA DEMONSTRATIVA APRESENTAÇÃO PESSOAL

Material Teórico. Direito Civil. Parte Geral. Tema 4. Bens. Conteudista Responsável: Profª Marlene Lessa. cod CivilGeralCDSG1701_ a04

Alienação fiduciária em garantia

ROTEIRO X BENS ASPECTOS GERAIS

Institutos de Direito Aula - Garantias

Módulo 19 Imposto sobre a Transmissão de bens imóveis por ato oneroso ITBI. Incidência e imunidade na integralização de capital social das empresas.

Tributação na Propriedade

Dando seqüência à nossa série de exercícios, vamos ao que interessa!

PLANO DE ENSINO. Promover o desenvolvimento das competências e habilidades definidas no perfil do egresso, quais sejam:

R E L A T Ó R I O DES.ª LIÉGE PURICELLI PIRES (RELATORA) 1

Capítulo VI Bens QUESTÕES 1. DISTINÇÃO ENTRE BEM E COISA. Capítulo VI Bens 257

ANTONIO CARLOS ANTUNES JUNIOR

CONSELHO UNIVERSITÁRIO - CONSUNI. III SETOR DE ABERTURA: UDESC/REIT/SECON Secretaria dos Conselhos Superiores

CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM DIREITO CIVIL.

Direito das Coisas. VI - Direitos Reais em Coisa alheia

Imposto Predial e Territorial Urbano - IPTU

Dos Procedimentos Especiais

Já vimos que os romanos faziam distinção entre bens corpóreos e incorpóreos.

Conceito de Contabilidade

PÓS GRADUAÇÃO DIREITO E PROCESSO TRIBUTÁRIO

CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM DIREITO PROCESSUAL CIVIL.

MATERIAL DE APOIO PARA AULA 2 E 3 DE MONITORIA EM DIREITO CIVIL I FAG MONITOR: Fabrício Marcelino de Lima

Planejamento Patrimonial. Questionamento para mulheres de executivos

Rodada #1. Direito Civil

V O T O CONHECIMENTO Conheço do agravo de petição, por satisfeitos os pressupostos de admissibilidade.

Artigos 79 a 103 Código Civil

Imposto sobre Transmissão de Bens Imóveis - ITBI

Direito Civil. Dos Direitos Reais Sobre Coisas Alheias. Prof. Marcio Pereira

Sumário. Capítulo I A Lei de Introdução

Introdução ao Direito

ATRIBUTOS ou DIREITOS da PERSONALIDADE

SEFAZ DIREITO empresarial Prof. Fidel Ribeiro

Instituições de Direito Pessoas Jurídicas (i)

CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM DIREITO IMOBILIÁRIO.

ESTADO DA PARAÍBA PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA GABINETE DE DESEMBARGADOR

I A LEI DE INTRODUÇÃO AO CÓDIGO CIVIL (LICC)

SUMÁRIO INTRODUÇÃO... 15

DIREITO DO CONSUMIDOR

CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM DIREITO CIVIL E PROCESSO CIVIL. Aula Ministrada pelo Prof. Fábio Cáceres (Aula 09/05/2018)

Aula 8 Os Bens I: Por Marcelo Câmara

ITBI e o Alcance da Imunidade no Caso de Imóveis Integralizados ao Capital Social da Empresa (RE RG - SC)

Antes de apontar as diversas correntes, vamos diferenciar a universalidade de fato da de direito conforme SYLVIO MARCONDES:

DIREITO PROCESSUAL CIVIL

Curso/Disciplina: Direito Empresarial Aula: Fase Falimentar do Processo Professor: Priscilla Menezes Monitora: Vanessa Alves.

Direitos Reais. Posse: direito de retenção; responsabilidade pelos danos causados à coisa;

Superior Tribunal de Justiça

GERALDINE PINTO VITAL DE CASTRO

Direito Empresarial. Professora Carolina Lima. (facebook idem)

A Execução Fiscal e o novo CPC. < competência > Prof. Mauro Luís Rocha Lopes

PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 3ª REGIÃO

XVII EXAME UNIFICADO 2ª Fase Civil #ProfessorAoVivo em 12/1/2016 PROFESSOR AO VIVO. Revisão Prof. Darlan Barroso Estudo Dirigido Execução GABARITO

Capítulo 1 Histórico e Objetos do Direito Civil... 1 Capítulo 2 Introdução ao Direito Civil... 15

XXII EXAME DE ORDEM DIREITO CIVIL: FAMÍLIA E SUCESSÕES PROF.ª CARLA CARVALHO

PÓS-GRADUAÇÃO MBA - DIREITO IMOBILIÁRIO. Prof. Durval Salge Junior TURMAS 14 e 04 (on-line) 02/10/2018 LOCAÇÃO DE COISAS

Dados Básicos. Legislação. Ementa

Imposto sobre Transmissão de Bens Imóveis - ITBI

CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM DIREITO CIVIL. Condomínio Edilício.

CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM DIREITO CIVIL E PROCESSO CIVIL. Aula ministrada pelo Prof. Durval Salge Junior. (02/07/2018) Holding Familiar.

CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM DIREITO TRIBUTÁRIO.

DIREITO CIVIL. Direito das Sucessões. Sucessão Legítima Ordem de Vocação Hereditária Parte 2. Prof ª. Taíse Sossai

SUMÁRIO PARTE I SÚMULAS DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL CAPÍTULO I DIREITO ADMINISTRATIVO... 19

Sujeição Passiva na Relação Jurídico- Tributária

SEPARAÇÃO E SUCESSÃO NO CASAMENTO E NA UNIÃO ESTÁVEL. Aspectos Relevantes

SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO AO DIREITO DAS COISAS

Transcrição:

Rodada n. 3 Direito Civil Temas: Bens; Bem de família 1

EQUIPE: Priscila Couto Franquini Advogada Graduada pelo Instituto Cuiabano de Ensino e Cultura de Mato Grosso - Especialista em Direito Penal e Processo Penal pela Fundação Escola do Ministério Público do Estado de Mato Grosso. Atuou como Assessora jurídica junto ao Ministério Público do Estado de Mato Groso na Promotoria da Saúde Coletiva até o ano de 2016. Exerceu a função de Analista Tributário e Trabalhista da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Mato Grosso - FAMATO. Atuou na função de Membro do Conselho de Contribuintes como representante da FAMATO/MT na Secretaria de Fazenda do Estado de Mato Grosso. Fundadora do site Estudo destacado e Coordenadora do curso OAB destacada. Conteudista e Professora de Legislação Penal Extravagante no curso OAB Destacada. Luana Araújo Advogada- Graduada pela PUC/Rio de Janeiro - Professora do canal Ciências Criminais - Digitalinfluencer com mais de 52,7 mil seguidores do instagram @resumapas - Pósgraduanda pela Escola Paulista de Direito em Penal e Processo Penal. Professora de Direito Processual Penal e Direito Penal Parte especial no Curso OAB Destacada. Mônica Amâncio Advogada- Graduada pela UNIBRASIL - Curitiba - Pós-graduanda pela Estácio de Sá em Direito Processual Civil. Professora de Direito Processual Civil, Ética da OAB, Direito Civil e Direito Empresarial do Curso OAB Destacada. Adriene dos Santos Advogada- Graduada pela Universidade Tiradentes/SE - Pós-graduanda em Direito Penal pela FAVENE e Sócia do Escritório de Advocacia Vieira Marques. Professora de Direito do Trabalho, Processo do Trabalho, Arbitragem, Teoria do Direito e Direito Previdenciário no Curso OAB Destacada. 2

Gustavo Aguiar Advogado - Graduado em Direito pela Faculdade MultiVix - Especialista em Direito Penal e Processual Penal pela FDDJ - Professor de Direito Penal e Processual Penal nos Cursos Preparatório JC e Dominando o Edital - Ex-Inspetor Penitenciário do Estado do Espírito Santo Autor do livro Direito Constitucional Simplificado, Ed. Clube de Autores, 2018. Professor de Direito Penal e Direito Internacional no Curso OAB Destacada. Débora Anastácio Calzoarai Advogada- Graduada pela Faculdade de Ciências Sociais Aplicadas de Sinop Grupo UNIC Pós Graduada em Processo Civil pela Fundação Escola Superior do Ministério Público de Mato Grosso Advogada atuante no escritório CLA Advocacia e Consultoria, Professora de Direito Ambiental, Direito Tributário, Estatuto da Criança e do Adolescente -ECA, Direito do Consumidor CDC e Filosofia. 3

SUMÁRIO 1. BENS... 5 1.1 Principais classificações dos bens... 5 1.1.1 Quanto à tangibilidade... 5 1.1.2 Quanto à mobilidade... 5 1.1.3 Quanto à fungibilidade... 7 1.1.4 Quanto à consuntibilidade... 7 1.1.5 Quanto à divisibilidade... 7 1.1.6 Quanto à individualidade... 8 2. DO BEM DE FAMÍLIA... 8 2.1 Bem de família convencional ou voluntário... 9 2.2 Bem de família legal... 11 JURISPRUDÊNCIAS E SUMÚLAS... 11 QUESTÕES DESTACADA... 13 3. REFERÊNCIAS:... 15 4

1. BENS Silvio Rodrigues entende que coisa é gênero e bem seria espécie. Coisa proporciona ao homem uma utilidade, sendo suscetível de apropriação. Todos os bens são coisas, mas o inverso não acontece sempre. 1 O professor Flávio Tartuce assim esquematiza: Coisas= tudo que não é humano Bens= coisas com interesse econômico e/ou jurídico 1.1 Principais classificações dos bens 1.1.1 Quanto à tangibilidade a) Bens corpóreos, materiais ou tangíveis: possuem existência corpórea, podem ser tocados, a exemplo de um carro. 2 b) Bens incorpóreos, imateriais ou intangíveis: são aqueles abstratos, os quais não podem ser tocados, a exemplo temos os direito de autor, hipoteca, penhor. 3 1.1.2 Quanto à mobilidade a) Bens imóveis: não podem ser removidos ou transportados sem sua deterioração ou destruição. Os bens imóveis possuem ainda uma subclassificação: a.1) bens imóveis por natureza: formado pelo solo e que quanto se lhe incorporar de forma natural. 4 ex: solo; subsolo. 1 TARTUCE, Flavio. Lei de introdução e parte geral. 13º Ed. Rio de janeiro: Forense, 2017, p. 282. 2 Ibidem, p. 283. 3 Idem. 4 Idem. 5

a.2) bens imóveis por acessão física industrial ou artificial: são aqueles bens formados por tudo que homem incorporar permanentemente ao solo, não podendo removê-lo ou deterioração. Ex: plantações; construções. 5 a.3) bens imóveis por acessão física intelectual: tudo que foi integrado intencionalmente para a exploração industrial, aformoseamento e comodidade. 6 A respeito dos bens imóveis, seguem os artigos relacionados: CC, Art. 79. São bens imóveis o solo e tudo quanto se lhe incorporar natural ou artificialmente. Art. 80. Consideram-se imóveis para os efeitos legais: I - os direitos reais sobre imóveis e as ações que os asseguram; II - o direito à sucessão aberta. Art. 81. Não perdem o caráter de imóveis: I - as edificações que, separadas do solo, mas conservando a sua unidade, forem removidas para outro local; II - os materiais provisoriamente separados de um prédio, para nele se reempregarem. b) Bens móveis: os que podem ser transportados sem deterioração, destruição ou alteração. Os bens móveis assim se subdividem: b.1) bens móveis por natureza: podem ser transportados sem qualquer dano, por foça própria ou alheia. Quando o bem puder ser movido de lugar para outro por conta própria será chamado de semovente (animais). 7 b.2) bens móveis por antecipação: são os bens que eram imóveis e foram mobilizados por uma atividade humana. Ex: a árvore que se transforma em lenha. 8 b.3) bens móveis por determinação legal: situações em que a lei determina que o bem é móvel, conforme consta no art. 83 do CC: Art. 83. Consideram-se móveis para os efeitos legais: I - as energias que tenham valor econômico; 5 Ibidem, p. 284. 6 Idem. 7 Ibidem, p. 285. 8 Idem. 6

II - os direitos reais sobre objetos móveis e as ações correspondentes; III - os direitos pessoais de caráter patrimonial e respectivas ações. Obs: navios e aeronaves são bens móveis especiais ou suigeris, uma vez que apesar de serem móveis a lei os tratam como imóveis, necessitando de registro especial e admitindo-se hipoteca. 9 1.1.3 Quanto à fungibilidade a) Bens infungíveis: são aqueles que não podem ser substituídos por outros da mesma espécies, qualidade e quantidade. b) Bens fungíveis: conforme art. 85 do CC: São fungíveis os móveis que podem substituir-se por outros da mesma espécie, qualidade e quantidade. 1.1.4 Quanto à consuntibilidade a) Bens consumíveis: bens móveis que uma vez utilizados tem sua destruição imediata. b) Bens inconsumíveis: são aqueles que proporcionam reiteradas utilizações, permitindo que retire sua utilidade, sem deterioração. 10 1.1.5 Quanto à divisibilidade a) Bens divisíveis: segundo o art. 87 do CC: Bens divisíveis são os que se podem fracionar sem alteração na sua substância, diminuição considerável de valor, ou prejuízo do uso a que se destinam. Ademais o art. 88 dispõe que: Art. 88. Os bens naturalmente divisíveis podem tornar-se indivisíveis por determinação da lei ou por vontade das partes. 9 Idem. 10 Ibidem, p. 287. 7

b) Bens indivisíveis: não podem sofrer divisões, pois isso acarretaria sua desvalorização ou perda das qualidades. 1.1.6 Quanto à individualidade a) Bens singulares ou individuais: o art. 89 do CC dispõe que: São singulares os bens que, embora reunidos, se consideram de per si, independentemente dos demais. b) Bens coletivos ou universais: o art. 90 do CC assim conceitua: Constitui universalidade de fato a pluralidade de bens singulares que, pertinentes à mesma pessoa, tenham destinação unitária. 2. DO BEM DE FAMÍLIA A proteção do bem de família encontra-se na Lei 8009/1990 e de acordo com está nada mais é do que uma proteção ao direito de moradia, bem como encontra relação com a dignidade da pessoa humana. O STJ adota a tese do patrimônio mínimo, pois reconhece que o imóvel residido por pessoa solteira está protegido pela impenhorabilidade da Lei 8009/1990. A respeito foi editada a súmula 364 do STJ: O conceito de impenhorabilidade de bem de família abrange também o imóvel pertencente a pessoas solteiras, separadas e viúvas. Outro ponto importante é a questão da alegação de impenhorabilidade pelo fiador do contrato de locação: O STJ possui entendimento pacificado no sentido de que o fiador NÃO PODE alegar impenhorabilidade do bem de família. (REsp n. 1.363.368) Súmula 549-STJ: É válida a penhora de bem de família pertencente a fiador de contrato de locação. 8

Não podemos confundir com a impenhorabilidade do bem de família nos contratos de locação comercial. Isso porque, o STF entende que NÃO é penhorável o bem de família do fiador no caso de contrato de locação comercial. Ou seja, o fiador nesse caso poderá alegar a impenhorabilidade. (RE n. 605709/SP) 2.1 Bem de família convencional ou voluntário Afetação por escritura pública registrada no registro de imóveis. CC, arts. 1711 e ss. Art. 1.711. Podem os cônjuges, ou a entidade familiar, mediante escritura pública ou testamento, destinar parte de seu patrimônio para instituir bem de família, desde que não ultrapasse um terço do patrimônio líquido existente ao tempo da instituição, mantidas as regras sobre a impenhorabilidade do imóvel residencial estabelecida em lei especial. Parágrafo único. O terceiro poderá igualmente instituir bem de família por testamento ou doação, dependendo a eficácia do ato da aceitação expressa de ambos os cônjuges beneficiados ou da entidade familiar beneficiada. Art. 1.712. O bem de família consistirá em prédio residencial urbano ou rural, com suas pertenças e acessórios, destinando-se em ambos os casos a domicílio familiar, e poderá abranger valores mobiliários, cuja renda será aplicada na conservação do imóvel e no sustento da família. Art. 1.713. Os valores mobiliários, destinados aos fins previstos no artigo antecedente, não poderão exceder o valor do prédio instituído em bem de família, à época de sua instituição. 1 o Deverão os valores mobiliários ser devidamente individualizados no instrumento de instituição do bem de família. 2 o Se se tratar de títulos nominativos, a sua instituição como bem de família deverá constar dos respectivos livros de registro. 3 o O instituidor poderá determinar que a administração dos valores mobiliários seja confiada a instituição financeira, bem como disciplinar a forma de 9

pagamento da respectiva renda aos beneficiários, caso em que a responsabilidade dos administradores obedecerá às regras do contrato de depósito. Art. 1.714. O bem de família, quer instituído pelos cônjuges ou por terceiro, constitui-se pelo registro de seu título no Registro de Imóveis. Art. 1.715. O bem de família é isento de execução por dívidas posteriores à sua instituição, salvo as que provierem de tributos relativos ao prédio, ou de despesas de condomínio. Parágrafo único. No caso de execução pelas dívidas referidas neste artigo, o saldo existente será aplicado em outro prédio, como bem de família, ou em títulos da dívida pública, para sustento familiar, salvo se motivos relevantes aconselharem outra solução, a critério do juiz. Art. 1.716. A isenção de que trata o artigo antecedente durará enquanto viver um dos cônjuges, ou, na falta destes, até que os filhos completem a maioridade. Art. 1.717. O prédio e os valores mobiliários, constituídos como bem da família, não podem ter destino diverso do previsto no art. 1.712 ou serem alienados sem o consentimento dos interessados e seus representantes legais, ouvido o Ministério Público. Art. 1.718. Qualquer forma de liquidação da entidade administradora, a que se refere o 3 o do art. 1.713, não atingirá os valores a ela confiados, ordenando o juiz a sua transferência para outra instituição semelhante, obedecendo-se, no caso de falência, ao disposto sobre pedido de restituição. Art. 1.719. Comprovada a impossibilidade da manutenção do bem de família nas condições em que foi instituído, poderá o juiz, a requerimento dos interessados, extingui-lo ou autorizar a sub-rogação dos bens que o constituem em outros, ouvidos o instituidor e o Ministério Público. Art. 1.720. Salvo disposição em contrário do ato de instituição, a administração do bem de família compete a ambos os cônjuges, resolvendo o juiz em caso de divergência. Parágrafo único. Com o falecimento de ambos os cônjuges, a administração passará ao filho mais velho, se for maior, e, do contrário, a seu tutor. Art. 1.721. A dissolução da sociedade conjugal não extingue o bem de família. 10

Parágrafo único. Dissolvida a sociedade conjugal pela morte de um dos cônjuges, o sobrevivente poderá pedir a extinção do bem de família, se for o único bem do casal. Art. 1.722. Extingue-se, igualmente, o bem de família com a morte de ambos os cônjuges e a maioridade dos filhos, desde que não sujeitos a curatela. OBS: Importante ficar atento às exceções da impenhorabilidade do bem de família convencional (1.715). 2.2 Bem de família legal O art. 1º da Lei 8009/1990 dispõe que: O imóvel residencial próprio do casal, ou da entidade familiar, é impenhorável e não responderá por qualquer tipo de dívida civil, comercial, fiscal, previdenciária ou de outra natureza, contraída pelos cônjuges ou pelos pais ou filhos que sejam seus proprietários e nele residam, salvo nas hipóteses previstas nesta lei. Em regra a impenhorabilidade só poderá ser reconhecida se o imóvel servir de residência ou moradia permanente da entidade familiar, não se admitindo a tese do simples domicílio. 11 A exceção a regra anterior consiste nos casos de locação do bem, em que a renda do imóvel alugado serve para manter a entidade familiar. JURISPRUDÊNCIAS E SUMÚLAS PROCESSUAL. EXECUÇÃO. IMPENHORABILIDADE. IMÓVEL - RESIDÊNCIA. DEVEDOR SOLTEIRO E SOLITÁRIO. LEI 8.009/90. - A interpretação teleológica do Art. 1º, da Lei 8.009/90, revela que a norma não se limita ao resguardo da família. Seu escopo definitivo é a proteção de 11 Ibidem, p. 309. 11

um direito fundamental da pessoa humana: o direito à moradia. Se assim ocorre, não faz sentido proteger quem vive em grupo e abandonar o indivíduo que sofre o mais doloroso dos sentimentos: a solidão. - É impenhorável, por efeito do preceito contido no Art. 1º da Lei 8.009/90, o imóvel em que reside, sozinho, o devedor celibatário. (EREsp 182.223/SP, Rel. Ministro SÁLVIO DE FIGUEIREDO TEIXEIRA, Rel. p/ Acórdão Ministro HUMBERTO GOMES DE BARROS, CORTE ESPECIAL, julgado em 06/02/2002, DJ 07/04/2003, p. 209) PROCESSUAL CIVIL. EXECUÇÃO. PENHORA DE IMÓVEL. BEM DE FAMÍLIA. LOCAÇÃO A TERCEIROS. RENDA QUE SERVE A ALUGUEL DE OUTRO QUE SERVE DE RESIDÊNCIA AO NÚCLEO FAMILIAR. CONSTRIÇÃO. IMPOSSIBILIDADE. LEI N. 8.009/90, ART. 1O. EXEGESE. SÚMULA N. 7-STJ. I. A orientação predominante no STJ é no sentido de que a impenhorabilidade prevista na Lei n. 8.009/90 se estende ao único imóvel do devedor, ainda que este se ache locado a terceiros, por gerar frutos que possibilitam à família constituir moradia em outro bem alugado. II. Caso, ademais, em que as demais considerações sobre a situação fática do imóvel encontram obstáculo ao seu reexame na Súmula n. 7 do STJ. III. Agravo improvido. (AgRg no Ag 385.692/RS, Rel. Ministro ALDIR PASSARINHO JUNIOR, QUARTA TURMA, julgado em 09/04/2002, DJ 19/08/2002, p. 177) PROCESSUAL CIVIL. EXECUÇÃO. PENHORA DE IMÓVEL. BEM DE FAMÍLIA. LOCAÇÃO A TERCEIROS. RENDA QUE SERVE A ALUGUEL DE OUTRO QUE SERVE DE RESIDÊNCIA AO NÚCLEO FAMILIAR. CONSTRIÇÃO. IMPOSSIBILIDADE. LEI N. 8.009/90, ART. 1O. EXEGESE. SÚMULA N. 7-STJ. I. A orientação predominante no STJ é no sentido de que a impenhorabilidade prevista na Lei n. 8.009/90 se estende ao único imóvel do devedor, ainda que este se ache locado a terceiros, por gerar frutos que possibilitam à família constituir moradia em outro bem alugado. II. Caso, ademais, em que as demais considerações sobre a situação fática do imóvel encontram obstáculo ao seu reexame na Súmula n. 7 do STJ. 12

III. Agravo improvido. (AgRg no Ag 385.692/RS, Rel. Ministro ALDIR PASSARINHO JUNIOR, QUARTA TURMA, julgado em 09/04/2002, DJ 19/08/2002, p. 177) SÚMULA N. 364 STJ: O conceito de impenhorabilidade de bem de família abrange também o imóvel pertencente a pessoas solteiras, separadas e viúvas. Súmula 549 STJ- É válida a penhora de bem de família pertencente a fiador de contrato de locação. QUESTÕES DESTACADA 1- A luz do Código Civil, analise as afirmativas a seguir. I. Os animais e as coisas podem ser objeto de direito. II. Apenas as coisas podem ser objeto de direito. III. Apenas as pessoas podem ser sujeitos de direito. IV. Pessoas e coisas podem ser sujeitos de direito. V. Os animais não são sujeitos de direitos. Marque a opção que apresenta as afirmativas CORRETAS. (A) I V. (B) I III V. (C) I II III IV. (D) II IV. (E) I II IV V. 2- Em relação aos bens, sua classificação e espécies, (A) consideram-se bens móveis, para os efeitos legais, o direito à sucessão aberta. (B) conservam sua qualidade de bens móveis os materiais destinados a alguma construção, enquanto não forem empregados; readquirem essa qualidade de bens móveis os provenientes da demolição de algum prédio. 13

(C) não perdem o caráter de bens móveis as edificações que, separadas do solo, mas conservando sua unidade, forem removidas para outro local. (D) entre outros, consideram-se bens imóveis para efeitos legais os direitos pessoais de caráter patrimonial e ações respectivas. (E) são divisíveis os bens móveis cujo uso importa destruição imediata da própria substância, sendo também considerados tais os destinados à alienação. 3- De acordo com o disposto no Código Civil a respeito dos bens, é CORRETO afirmar: (A) A lei não pode determinar a indivisibilidade do bem, pois esta característica decorre da natureza da coisa ou da vontade das partes. (B) A regra de que o acessório segue o principal tem inúmeros efeitos, entre eles, a presunção absoluta de que o proprietário da coisa principal também seja o dono do acessório. (C) Para os efeitos legais, considera-se bem imóvel o direito à sucessão aberta. (D) Pertenças são obras feitas na coisa ou despesas que se teve com ela, com o fim de conservá-la, melhorá-la ou embelezá-la. 4- São móveis os bens suscetíveis de movimento próprio, ou de remoção por força alheia, sem alteração da substância ou da destinação econômico-social. São exemplos de bem móveis, EXCETO: (A) Os direitos pessoais de caráter patrimonial e respectivas ações. (B) O direito à sucessão aberta. (C) As energias que tenham valor econômico. (D) Os direitos reais sobre objetos móveis e as ações correspondentes. Determinado indivíduo tinha direito de usufruto de uma casa. Tal direito era transmissível a seus sucessores que com ele habitassem à época de sua morte. Além disso, ele era proprietário de um pequeno barco. Quando de seu falecimento, foi aberta a sucessão. 14

5- De acordo com o Código Civil, os referidos bens direito real de usufruto; direito real sobre o barco; direito à sucessão aberta são classificados, respectivamente, como bens: (A) imóvel, móvel e imóvel. (B) móvel, imóvel e móvel. (C) imóvel, imóvel e imóvel. (D) móvel, móvel e móvel. (E) imóvel, móvel e móvel. Gabarito: 1- B 2- B 3- C 4- B 5- A 3. REFERÊNCIAS: TARTUCE, Flavio. Lei de introdução e parte geral. 13º Ed. Rio de janeiro: Forense, 2017. 15